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História Psycho Lunatic - The worst is yet to come


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Opaaa, oiii de novo!!

Então gente, decidi que vou postar todas as terças, então espero vocês por aqui! <3 Achei melhor definir um dia pra conseguir me organizar.

Sobre esse capítulo, ele é um pouquinho menor que o normal, porque na verdade ele estava gigante e eu achei melhor dividir em dois capítulos, se não fica cansativo para vocês lerem e assim desperta mais curiosidade. MUAHAHA

É isso, espero que gostem desse!

Boa leitura <3

Capítulo 18 - The worst is yet to come


“The worst is yet to come”

The Worst Is Yet To Come - Still Remains

(O pior ainda está por vir)

POV: Brian

It’s Not My Time - 3 Doors Down

“I look ahead to all the plans that we made and the dreams that we had 

I’m in a world that tries to take them away”

(“Eu olho para todos os planos que fizemos e todos os sonhos que tínhamos

Estou em um mundo que tenta levá-los para longe”) 

 

Quando a turnê chegou ao fim, eu não sabia se ficava aliviado ou se me sentia ainda pior. Por um lado, viajar com meu amigos me distraía e tocar quase todas as noites me mantinha ocupado. Todos os dias de shows eu me esforçava para não beber nada antes e assim que entrava no palco, como era nosso costume, começava e só iria parar quando adormecesse. Zacky, Johnny, Brooks e o resto da banda não pareciam notar nada estranho comigo, já que eu estava bebendo como sempre, só aumentava um pouco a quantidade e continuava a beber de verdade quando me retirava para meu quarto. 

Zacky chegou a me questionar sobre o que acontecera com Jenny e eu apenas tratara como se fosse uma fã qualquer. Levantei as sobrancelhas para ele e bati a palma de uma das minhas mãos nas costas da outra, fazendo um movimento repetido. Meu amigo riu, parecendo entender e não tocou mais no assunto. Algo parecido ocorreu com Johnny alguns dias depois e ele comentou que achara Jenny muito bonita. 

Pelo que eu pude perceber, Matt não contara para ninguém o que acontecera entre nós e me tratava normalmente na frente dos outros, mas quando estávamos sozinhos ele sempre me dirigia aquele olhar frio, parecendo decepcionado. Eu também não fazia qualquer esforço para me reconciliar. Meu amigo e Valary já tinham atrapalhado as coisas com Jenny duas vezes, tentando proteger Michelle, sem perceber que estavam só piorando as coisas. Quanto menos eu conseguisse ficar com Jenny, pior seria para mim e para eles.

 

Quando chegamos em Huntington Beach, Matt convidou todos para se reunirem na casa dele e comemorarem o fim da turnê. Valary e Michelle já nos esperavam por lá, mas eu decidi voltar para casa, com a desculpa de me arrumar e ficar mais apresentável, já que passara a noite no avião. Os outros também decidiram passar em casa antes para buscarem suas respectivas esposas e filhos. 

Cheguei em meu quarto, com uma sensação ruim na garganta: eu não queria ter voltado para aquele lugar. Durante a turnê, a falta de Jenny e o fato de eu ter dito aquilo sobre ela, a magoando, não me consumia tanto, mas ali, de volta para a minha casa, parecia que eu estava no lugar errado e que, na verdade, eu pertencia àquele quarto de hotel, ao lado dela. Era de onde eu nunca deveria ter saído. Mas, no fim, talvez fosse tudo para o bem. Em apenas dois dias, eu conseguira magoar aquela mulher maravilhosa, doce, incrível dizendo a pior merda que poderia. Provavelmente, era melhor para ela ficar afastada de mim. Eu não prestava e quem pode garantir que depois de um ano de relacionamento com ela, eu não fosse querer outras mulheres, como sempre aconteceu enquanto eu estive com Michelle? 

Fui direto para o meu armário, ficando extremamente feliz, assim que vi que eu ainda tinha uma garrafa de whisky fechada esperando por mim. Enquanto abria o lacre, com as mãos tremulas, pensava que precisaria comprar mais naquela noite mesmo. Direto do gargalo, tomei três grandes goles e suspirei de alivio. Antes de sair, escovei os dentes e troquei de roupa, disfarçando o motivo real de ter voltado para casa. 

Quando estacionei na frente da casa de Matt, percebi que aquele momento seguinte definiria como estariam as coisas entre eu e meu amigo e, principalmente, entre eu e minha esposa. Meus amigos já tinham chegado e eu podia ouvir a risada e a conversa alegre do lado de dentro. Entrei na casa sem bater e, assim que apareci na sala, todos ficaram em silêncio. Michelle, que estava rindo, se virou em minha direção e eu vi, lentamente, o sorriso morrer em seu rosto. 

Em apenas alguns instantes, ela se recompôs e veio em minha direção de braços abertos, sorrindo. Enquanto eu envolvia meus braços em sua cintura e lhe dava um beijo nos lábios, me perguntei se todos percebiam o que estava realmente acontecendo. O sorriso de Michelle para mim era frio, sem emoção e constrangido, seus braços não eram calorosos ao meu redor, assim como os meus também não o eram. O beijo que demos foi horrível, morto e sem paixão, mas mesmo assim todos exclamaram um ‘aah’ apaixonado quando nossos corpos se encontraram. Pude sentir o olhar feroz de Valary e Matt sobre mim, enquanto eu cumprimentava minha esposa, mas resolvi não me abalar. 

Enquanto eu a abraçava e sentia seu cheiro familiar, percebi algo que ainda não tinha notado: eu sentia falta de Michelle. Não da mulher que estava ali naquele momento, mas da minha namorada, de tantos anos antes, aquela garota alegre e de bem com a vida que me amava de verdade. Michelle, com o passar dos anos, se tornara alguém fria e que não me amava mais, e o mesmo ocorrera comigo. 

Eu apertei os braços ao seu redor, sentindo meu coração apertar com a saudade. Eu queria voltar para a época que éramos jovens ingênuos e sonhadores, eu não queria mais viver aquela vida.

— Estou com saudades. — Eu disse, da maneira mais sincera que pude. 

Michelle me olhou com curiosidade, percebendo o tempo presente do verbo, depois disse:

— Eu também.

O almoço foi relaxante. Conversamos, rimos e contamos tudo o que aconteceu durante a turnê. O tempo todo, eu lembrava de Jenny e dos nossos momentos juntos, quase sem prestar atenção na conversa que se desenrolava. Também sentia a vontade de beber corroer minha garganta, mas recusava todas as bebidas que me ofereciam. Enquanto isso, Michelle me dirigia olhares que eu não conseguia decifrar e me beijava e me abraçava sempre que podia.

Consegui ficar a tarde toda com apenas um copo de cerveja, tentando manter as aparências. Eu fazia tudo aquilo por Jenny, principalmente porque queria afastar as desconfianças de mim, para poder encontrar uma maneira de trazê-la para Huntington Beach. 

Quando Michelle e eu voltamos para casa, percebi que aquele modo de agir era só um teatro e vi exatamente qual seria o clima do nosso relacionamento dali para frente. Minha esposa, se é que eu ainda poderia chamá-la assim, entrou em casa, caminhou até a sala de televisão e bateu a porta atrás de si, sem dirigir a mim um único olhar. Apesar de saber que eu deveria ir atrás dela, senti alívio por ela saber em que ponto estava nosso casamento. 

Menos de cinco minutos depois, decidi sair de casa e ir até a loja de bebidas que ficava ao lado do condomínio. Carreguei o carro com caixas de garrafas de whisky e agradeci mentalmente quando entrei novamente e pude ouvir o som da televisão reverberando na sala ao lado: Michelle ainda não saíra de lá. Guardei as caixas de bebida na garagem, em um lugar perto das ferramentas, onde minha esposa nunca procuraria e voltei para o quarto com três garrafas nas mãos. Uma eu tomaria naquele mesmo momento, as outras eu guardaria no meu armário, mas provavelmente estariam vazias até o fim da semana. 

Assim que finalizei a primeira garrafa, fui até a lixeira do lado de fora para me livrar da evidência, sem que Michelle percebesse. Voltei para o quarto e me surpreendi ao ver minha esposa sentada na cama.

— Achei que não te veria mais hoje. — Eu disse, sem pensar claramente, graças ao efeito do álcool. 

Eu percebi que ela roía as unhas e balançava as pernas, impaciente. Era um sinal claro de que ela tinha algo a dizer. 

— Que foi? — Perguntei. 

— O que é isso? — Michelle perguntou, indicando o celular. Quando ela olhou em minha direção, pude ver que estivera chorando. Peguei o aparelho, para ver o que se tratava e vi o vídeo em que eu estava aos beijos com a modelo francesa. 

— Michelle. — Comecei, impaciente — Eu já pedi desculpas, já disse que não foi nada, eu…

— Eu estou cagando pra essa mulher do vídeo. — Ela gritou em uma voz histérica, caminhando em minha direção e tirando o celular da minha mão. — Eu quero saber que porra é essa que você fala.

Ela aumentou o volume exatamente na hora em que eu ouvia minha própria voz dizer “Jenny” em um tom entrecortado, como se eu estivesse sofrendo, o que eu realmente estava. Senti meu corpo todo enrijecer, já era difícil demais pensar nela, falar dela para minha esposa era ainda pior. 

— Jenny. — Respondi sério, sem deixar meu rosto revelar qualquer expressão.

— Ela é a Jenny, não é? — Michelle perguntou histérica, passando as fotos em seu celular, para depois mostrar uma imagem minha e dela, lado a lado, no aeroporto de Londres, a foto que minha própria esposa tirara. Como eu me recusei a responder, ela continuou: — Eu quero que você olhe nos meus olhos e diga que é ela! Eu quero que você me diga a verdade. 

— Ela é a Jenny. — Respondi simplesmente. 

— Eu sabia! Eu reconheci ela do aeroporto. — Ela disse, passando as fotos do backstage do show de Milão, enquanto gotas grossas caiam na tela do celular que ela segurava — Eu vi o modo como se olharam… Vocês já se conheciam, não é?

Eu assenti, incapaz de responder. 

— O que aconteceu entre vocês?

Fiquei quieto, olhando fundo nos olhos de Michelle. Mas ela foi capaz de entender, apenas através do meu olhar, pois saiu do quarto e, logo depois, pude ouvir o som do seu carro arrancando na rua. Pensei, aliviado, que aquela briga me poupara um trabalho e tanto, já que eu estava planejando contar tudo para ela de qualquer maneira. Agora que ela sabia a verdade, eu já não me preocuparia mais com nada, eu só viveria para um único propósito: trazer Jenny para Huntington Beach. 

 

“There might be more than you believe

There might be more than you can see”

(“Pode haver mais do que você acredita

Pode haver mais do que você pode ver”) 

 

Os dias que se seguiram àquela discussão foram melhores do que eu pensava que seriam. Eu não via minha esposa em nenhum momento do dia, mas sabia que ela estava voltando para casa a noite, pois via a xícara de café suja todas as manhãs, o barulho do chuveiro ligando logo que o sol nascia e o som de seu carro entrando na garagem todos os dias tarde da noite, quando eu já estava dentro do quarto. Enquanto isso, as únicas companhias que eu tinha eram as minhas garrafas de whisky e eu estava mais do que feliz naquela situação. 

Certo dia, acordei no horário habitual, logo depois que eu ouvi Michelle entrar no banho. Coloquei uma bermuda e uma regata e sai para o ar frio da manhã. Como eu sabia que minha esposa não poderia ver, em hipótese alguma, eu segurando uma garrafa de bebida, todas as manhãs, quando eu acordava, saía para correr na praia, enquanto esperava que ela saísse. Quando voltava para casa, o seu carro já não estava mais na garagem. 

Naquele dia, assim que virei a esquina, pude ver o carro dela ainda estacionado. Quase dei meia volta, mas decidi que era melhor me encontrar com ela de uma vez por todas, afinal, já fazia uma semana que eu não a via. Se era para morarmos sob o mesmo teto, pelo menos deveríamos encarar nossos problemas. 

Assim que cruzei a soleira da porta e vi não só Michelle sentada no sofá, mas Valary e Matthew também, me arrependi da minha decisão. 

— Que porra é essa? — Perguntei, sentindo toda a paz da corrida matinal se esvair. 

— Uma intervenção. — Respondeu Matt, sério. 

— Vão à merda. — Eu disse, irritado, com vontade de empurrar todos para fora, mas como não poderia fazer aquilo, me virei para sair da minha própria casa. 

Quando estava passando pela porta novamente, uma mão forte me segurou pelo braço. 

— Matthew, me solta, porra. 

— Não. — Ele disse, se colocando na minha frente e bloqueando a passagem — Isso não é mais um assunto bobo, Brian. Não é mais uma questão de bom senso. 

— De que merda vocês estão falando? — Perguntei. 

— Isso, Brian. — Michelle disse, apontando para seus pés. Só então percebi que ela se referia a um saco de lixo preto no chão. — Se passaram sete dias desde que você voltou, sabe quantas garrafas de whisky vazias tem nesse saco? SEIS, Brian. Seis garrafas de whisky. 

Tanto Valary quanto Michelle olhavam para mim com um olhar severo e eu podia sentir Matthew me analisando atrás de mim. 

— Quase uma por dia, Brian. — Disse Valary séria. De repente, me senti nos velhos tempos, quando algum de nós exagerava e minha cunhada era quem brigava e nos colocava nos eixos. Infelizmente, naquele caso eu já não tinha mais um eixo para voltar. 

 

“Looking back at the beginning of this

And how life was, just you and me and all of our friends

Living life like an ocean”

(“Olhando para trás, no inicio disso

E como a vida era, você e eu e todos os nossos amigos

Vivendo a vida como um oceano”) 

 

— Isso é ridículo. — Eu disse, fechando minhas mãos em punho — Você está me expondo. Colocando Matthew e Valary nessa discussão que não é deles. Isso resolvemos entre eu e você. 

— Eu já tentei sozinha, Brian! — Disse ela, pude ver lágrimas se acumulando em seus olhos — Eu tentei te avisar, mas eu não vou deixar você se matar assim! 

— Vocês bem que podiam deixar. — Murmurei, sentindo minhas mãos tremerem involuntariamente, com a certeza de que os três percebiam os movimentos trêmulos. 

Matt se colocou na minha frente, olhando fundo em meus olhos. Sua sobrancelha se curvava em preocupação, seus lábios formavam uma linha fina e séria. 

— Brian, sinceramente, nos últimos tempos estou cagando se você vai se machucar ou não. Você não é o mesmo e mudou de uma maneira que eu não entendo. Eu tentei entender, mas não consigo. — Ele dizia tudo isso com o rosto abaixado, falando as palavras em um tom baixo, de maneira que parecia que ele estava sofrendo por falar aquilo. Mas eu duvidei, parecia que ele queria se ver livre de mim.  — E eu não posso permitir que você se machuque. Porque se algo acontecer com você, todos nós vamos ficar machucados também. Somos uma família e você está sendo egoísta.

— Isso é ridículo. — Eu repeti, irritado. Naquele momento, a única coisa que passava por minha cabeça era que Matt e Valary tinham juntado as forças para tentar me reconciliar com Michelle. — Eu não estou bêbado todos os dias. Eu só…

— Brian, você mesmo me disse. — Meu amigo falou, com um sorriso incrédulo no rosto — Você admitiu que estava se afogando em bebida…

Eu olhei no fundo dos seus olhos, me lembrando da briga naquele dia em Milão e da circunstância em que eu me encontrava. Matthew me tirara do paraíso e me jogara direito no inferno, onde eu ainda vagava, desde aquele dia. Por causa daquele cara na minha frente, que se dizia meu amigo, eu deixara Jenny escapar por meus dedos.

 

“Now the currents slowly pulling me down

It’s getting harder to breathe”

(“Agora as correntes me puxam lentamente

E está ficando mais difícil de respirar”) 

 

— Brian, você já se machucou uma vez porque bebeu demais. — Disse Valary, ela estava com as pernas cruzadas, sentada em meu sofá e olhava as mãos entrelaçadas em seu colo. — Eu não quero que, da próxima vez, você machuque Michelle. 

Senti a raiva me corroer por dentro. Eu não queria explodir, mas o que surgiu dentro de mim foi muito maior do que eu conseguiria controlar. Quando percebi, meu punho já tinha esmurrado a parede com força, ao mesmo tempo que eu cuspia as palavras:

— Cala a sua boca, porra! De novo essa merda de história?! DE NOVO VOCÊS VÃO INSINUAR QUE EU ENCOSTARIA UM DEDO EM MICHELLE? — Gritei descontrolado, sentindo o sangue correr por minha cabeça — Vocês tem algum problema comigo, caralho?! Quando foi que eu dei motivo para vocês acreditarem que eu ia bater nela? Quando, alguma vez, eu coloquei a vida de Michelle em perigo. ME FALEM, AGORA. E se vocês não conseguirem encontrar um único momento, SAIAM DESSA CASA AGORA E CUIDEM DA VIDA DE VOCÊS. 

Matthew imediatamente se colocou entre mim e a esposa. Michelle, enquanto isso, chorava em um canto da sala. 

— Seu ingrato de merda. — Disse Valary, me olhando com uma fúria latente. — Quantas vezes eu não ajudei a sua banda?

— Na verdade, a banda do seu namoradinho. — Sussurrei sem conseguir me controlar, mas ela me ignorou.

— Quantas vezes eu não te limpei quando você estava todo vomitado? E depois ainda pergunta em que momento você deixou transparecer que ia agredir alguém. QUE TAL AGORA? Você acabou de dar um murro na parede, quem não garante que o próximo vai acertar alguém? 

— Vai se foder, Valary! Porra, você sabe que eu nunca faria isso com ninguém. — Eu disse, sentindo um líquido quente escorrer por meu rosto. 

Algo que eu disse em meio aquela discussão, irritou profundamente Matt, porque assim que eu parei de falar, ele, com o rosto vermelho, me agarrou pelo colarinho da camiseta. Ele me jogou contra a parede e ficou olhando para mim, eu sabia que tinha passado dos limites, mas não iria desistir. Continuei a encará-lo, mesmo quando ele disse, em uma voz baixa, com a respiração controlada:

— Valary e Michelle, saiam daqui agora. Eu e Brian temos alguns assuntos para tratar. 

 

“There’s a fear in me it’s not showing

This could be the end of me”

(“Existe um medo em mim, que não estou mostrando

Esse pode ser o meu fim”) 

 

POV: Jenny

Waterfall - Smashing Satellites

“Nothing, you always say I’m nothing

Those words fucking haunt me”

("Nada, você sempre diz que não sou nada

Essas palavras estão me perseguindo")

 

A água quente me envolvia, assim como os braços de Brian, apertados em volta da minha cintura, me aquecendo. Ele ainda estava dentro de mim e nossos corpos se moviam no mesmo ritmo. A luz à nossa volta era esverdeada e a fumaça cheirava fortemente à eucalipto. Sua mão espalmada em minhas costas me mandava choques elétricos por toda a minha coluna, enquanto a outra mão envolvia um dos meus seios. 

Um outro aroma escapava do corpo de Brian e vinha do seu perfume. O cheiro de seu cabelo, de sua pele, que encostava na minha, perfumava todo o ambiente e se misturava com o eucalipto, algo que eu sabia que ficaria muito tempo em minha pele. Sua mão passeou por meu corpo, subindo dos meus seios para minha clavícula, até meu rosto. Ele me puxou para um beijo e eu suspirei quando meus lábios encostaram os seus, como se fizesse algum tempo que não nos víamos. 

Senti uma náusea quando minha boca foi preenchida por um sabor estranho, metálico, como se fosse ferrugem. Me afastei de Brian para tentar entender o que acontecia e quis gritar, mas o ar não saía dos meus pulmões. Brian estava com a boca toda sangrando, o corpo nu totalmente coberto daquele líquido vermelho e a piscina em que estávamos estava tingida de rosa, meus braços estava respingados de sangue e tudo ao nosso redor, de repente, se tornara rubro. 

O grito estava preso em minha garganta e eu não entendi porque, até segurar o que estava me impedindo de falar e finalmente me dar conta do que acontecia: Brian apertava sua mão com força ao redor do meu pescoço. Quando o ar já estava faltando em meus pulmões, ele começou a rir e disse, com uma voz sombria ecoando em minha cabeça: 

— Adoro vocês gostosas… Tão ingênuas, ainda bem que não significam nada para mim. 

 

“The things you say always leave me 

Drowning in tears 

They’re pulling me under”

(" As coisas que você diz sempre me deixam

Afogada em lágrimas

Elas estão me puxando para baixo") 

 

Acordei ofegante, com a camiseta colada em minhas costas. Abracei minhas pernas e fiquei me balançando, até sentir a minha respiração se regularizar. Quando estava um pouco mais calma, tentei entender o que acontecera. Aquele sonho fora tão assustador que eu provavelmente gritara de verdade ao acordar. 

Fui até o banheiro cambaleando, com a consciência de que ainda era de madrugada: maldito fuso horário. Olhei em meu espelho velho, todo coberto de manchas, diferente do que eu tinha em Milão e vi o reflexo da pobre criatura de olhos inchados. Senti um gosto estranho e cuspi um líquido vermelho na pia. Quando a lembrança do sonho voltou para minha mente, apoiei os cotovelos no granito frio e deixei os soluços virem. Depois de alguns minutos, minha cabeça já latejava de tanto chorar e minha camiseta estava mais molhada ainda. Não sei como consegui voltar a dormir, mas, pela manhã, qualquer lembrança daquele sonho tinha se esvaído, talvez até o choro fora fruto da minha imaginação, mas eu não podia ter qualquer certeza. 

Voltar para minha antiga rotina, depois de um ano longe de casa, era muito estranho. Tudo parecia fora de lugar, na verdade, eu parecia fora de lugar, enquanto tudo continuava exatamente igual. Eu pegara o telefone de Giorgina e, durante toda a semana em que estivera de volta, continuei a conversar com ela. Ao mesmo tempo, eu reencontrara todas as minhas amigas, de quem eu sentira tanta falta. 

Meus pais, minha avó e minhas amigas foram me buscar no aeroporto no dia que eu voltara e fizeram uma comemoração e tanto quando eu apareci no portão de embarque. Abracei todos, sentindo o cheiro de casa e a esperança de que eu poderia me recuperar de tudo o que acontecera durante a viagem. Se por um lado eu fora para Milão para esquecer algumas coisas, e conseguira, adquirira novos problemas que me atormentavam e a esperança de voltar para casa e esquecer me mantinha de pé. 

Além disso, se tinha algo em que minhas amigas eram boas, era em ver o lado bom de tudo o que acontecera. Sim, Brian dissera tudo aquilo sobre mim, mas eu tinha conseguido transar com um dos caras mais bonitos do mundo e, de brinde, provavelmente conseguiria mais sexos dali alguns anos. Quando Sofia me fez ver por aquele lado, eu imediatamente fiquei mais alegre, ela tinha razão. 

Tudo seria muito mais fácil se eu não ficasse sonhando quase todas as noites com ele e, também, que ele não tivesse pego meu numero de celular. Depois daqueles acontecimentos entre eu e Brian em Milão, eu adquirira um hábito de ter um sobressalto toda vez que me celular tocava: eu sempre tinha a esperança de que seria ele, mas é claro, nunca era. 

Exatamente aquilo aconteceu, enquanto eu tomava banho em uma manhã cinzenta. Passava shampoo em meu cabelo, quando ouvi meu celular tremer contra o tampo da pia. Decidi não olhar antes de terminar de me lavar, tirei o sabão calmamente da minha cabeça e passei o sabonete por todo o meu corpo. 

Enquanto isso, minha mente viajava nas possibilidades: ao mesmo tempo que eu tinha uma falsa esperança em ser Brian, mesmo depois de seis meses, eu torcia para que não fosse Felipe. Desde que eu voltara de viagem, não tinha trocado nem uma palavra com ele, e nem iria. Eu não queria que ele me perguntasse nada sobre o show, nem sobre as fotos que saíram, pois sabia que minha reação arruinaria qualquer coisa entre nós. Eu precisava de um pouco de tempo sozinha para superar tudo aquilo. 

Quando finalmente passei a toalha por meu corpo e me vesti, olhei a tela do celular e meus olhos se arregalaram. Era uma mensagem de Luis, de apenas quatro palavras:

 

“Oi, Jenny. Tudo bem?”

 

Olhei alguns segundos para aquelas palavras, tentando entender o significado delas. O que será que Luis iria querer comigo? Principalmente depois da briga que antecedera a minha viagem. Sai do banheiro quente e me deitei na cama, ligando minhas músicas no aleatório. Tive que me controlar muito para não jogar o celular na parede quando ele começou a tocar “Afterlife”, do Avenged Sevenfold.

 

“Feel like I’m going crazy

Your gigs are quite amazing”

("Sinto que estou ficando louca

Seus shows são bastante surpreendentes") 


Notas Finais


E aiii, o que acharam?

Foi curtinho, eu sei, mas semana que vem tem mais! O clima ta esquentando em HB e eu quero muito saber a opinião de vocês, então comentem <3

E um recadinho antes de ir embora: Aguardem uma surpresinha na quinta-feira :x (não é outro capítulo)

Enfim, é isso!
Vejo vocês logo mais <3

Beijoos,
Juu


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