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História Psycho Lunatic - What a wicked game to play, to make me feel this way


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Opaaaa,
Atrasei um pouco, mas voltei!
Decidi que vou deixar em aberto se vou postar terça ou quarta, haha. Dependendo da semana fico muito ocupada na terça e não dá pra postar, mas as vezes dá, então vou deixar assim, quando der eu posto!

Antes de ir para o capítulo, vou chamar a atenção para as músicas do título e dos dois povs, ficando claro todo o meu amor por Corey Taylor né? Fala sério hahaah

Espero que gostem desse <3
Boa leitura!!

Capítulo 27 - What a wicked game to play, to make me feel this way


What a wicked game to play, to make me feel this way

Wicked Game - Stone Sour

(Que jogo perverso para jogar, para fazer eu me sentir assim) 

POV: Brian

Sleeping Dogs - Zakk Wylde ft. Corey Taylor

“Gone but not forgotten

You cut me down just to watch me bleed”

(“Foi embora, mas não foi esquecido

Você me cortou apenas para me ver sangrar”)

 

Passei em frente à casa de Johnny andando devagar. Pela janela da sala eu conseguia ver todos ali reunidos, alguns debruçados em um carrinho de bebê no centro da sala, outros conversando com Lacey. Sai do campo de visão da janela e caminhei até a porta, sentindo minhas pernas bambearem. Talvez eu não deveria ter bebido tanto antes de vir, talvez eu… “Ah, foda-se o que eles pensam” foi o que minha mente ecoou, enquanto eu batia três vezes na porta, com os nós dos meus dedos. 

A verdade era que eu nem deveria ter ido até lá. Por mais que eu adorasse Johnny e quisesse lhe dar um abraço em um dia tão especial, eu sabia que seria uma presença indesejada. Sabia que ninguém queria me ver ali, muito menos no estado que eu me encontrava. 

Já era tarde demais quando eu pensei em sair andando e fingir que nunca batera na porta, pois ouvi a chave girar na fechadura. Quase consegui visualizar todos ali parando de conversar e olhando a porta com curiosidade, sem saber quem estaria na porta, ou talvez, imaginando que poderia ser eu e ficando apreensivos com o que eu faria. 

Quando a porta se abriu eu já não sabia mais se me arrependia de ter ido até lá ou não. Johnny me observou com as sobrancelhas franzidas e um olhar preocupado, depois, sem dizer nada, deu um passo para trás, liberando a entrada para que eu passasse. 

Meus passos eram lentos enquanto eu entrava na sala e via todos os rostos voltados para mim. O silêncio era esmagador e me pressionava, quase como se fosse outra pessoa me julgando com o olhar. O sorriso de Lacey vacilou quando me viu, talvez, como mãe, ela não quisesse um bêbado viciado tão próximo ao filho dela. Johnny e Zacky pareciam me analisar com o olhar, talvez tentando examinar o quanto eu estava bêbado. Mais um pouco que eles me olhassem com aquela expressão e eu iria querer dizer na cara deles que estava completamente louco, que bebera quase duas garrafas de whisky e, agora, quase não conseguia andar como um ser humano. 

Os únicos que sorriam eram Brooks, Kelly e Meaghan, mas o olhar deles denunciava que também não estavam confortáveis, talvez temessem a minha presença ali, ou simplesmente não soubessem como agir por me conhecer menos. Já Matthew e Valary estavam lado a lado, rígidos e tensos. Seus olhares vacilavam entre eu e a pessoa que estava ao lado deles. 

Eu parei de andar quando a vi. Eu sabia que ela estaria lá, apesar de tentar convencer meu cérebro do contrário. Talvez eu a tivesse visto de primeira, talvez eu já tivesse sentido seu cheiro ou escutado sua risada quando ainda estava do lado de fora. Eu simplesmente sabia que ela estava ali. Os braços soltos ao lado do corpo, a respiração regulada, me encarando como se eu fosse um desconhecido. Em minha mente, um filme de todos os momentos que vivemos juntos passava por minha cabeça. Ao mesmo tempo que a raiva que eu sentia por ela me consumia. 

Por que ela ainda não tinha entendido que se afastar de mim seria cada vez pior? Por que ela não entendia que eu não queria viver se não fosse ao lado dela? Por que ela simplesmente não me entendia? 

— Eu… Johnny me disse que vocês estavam em casa. — Eu disse olhando para Lacey, quase como se me desculpasse — Achei que… Achei que deveria vir, já que não poderia perder um momento como esse. — O silêncio ainda dominava o ambiente e eu quase queria gritar para que aquilo parasse, mas consegui me controlar. Me apoiei em uma das paredes, com uma das mãos nos bolsos, tentando parecer relaxado, porém sentindo a presença dela. Eu sentia seu perfume, seu toque, seus cabelos correndo pelo meio dos meus dedos, como sensações que pulsavam ao meu redor e me empurravam em sua direção. Quando não consegui mais me controlar, sem pensar e para quebrar o silêncio, eu disse: — Só não sabia que Jenny estaria aqui. 

O nome dela saíra de minha boca como um palavrão, como se eu cuspisse algo intragável e eu tinha total consciência daquilo, apesar de ter sido levado pelo álcool que corria em minhas veias. Olhei em sua direção, esperando alguma reação da parte dela, mas ela me olhava sem qualquer expressão em seu rosto: estava séria, totalmente concentrada em mim, sem esboçar qualquer sentimento que fosse. 

— Vamos, Jenny. Venha me ajudar na cozinha. — Disse Valary, apoiando protetoramente a mão nas costas dela e a levando embora.

Eu quase suspirei quando aquilo aconteceu, apesar de achar estranho aquela relação entre ela e Valary, fiquei aliviado. A presença dela me sufocava naquela sala ampla. 

Talvez eu tenha errado em falar aquilo para ela, talvez eu tenha errado desde o início, talvez… Talvez o certo fosse não ter ido bêbado até lá, ou ter parado de beber de uma vez por todas. Talvez o certo fosse aceitar que eu estava errado, aceitar que eu deveria ir para a reabilitação e… Aceitar que a saudade dela estava me consumindo por dentro, com muito mais velocidade que o álcool poderia curar. 

 

“Gone but not forgotten

I gave you the last word and that’s the last 

Thing you’ll take from me”

(“Foi embora, mas não foi esquecido

Eu te dei a última palavra e essa é a última coisa que vai tirar de mim”) 

 

POV: Jenny

Snuff - Slipknot

“So save your breath I will not hear 

I think I made it very clear”

(“Então poupe seu fôlego, eu não a ouvirei

Acho que deixei isso muito claro”) 

 

Soltei o ar que segurava assim que Valary encostou a porta. 

— Eu não acredito que isso está acontecendo. — Suspirei em voz baixa, ajudando Val a organizar algumas torradas e patês que Lacey deixara separado na ilha de sua cozinha americana. 

— Jenny… — Valary disse, eu sentia seu olhar sobre mim — Não se sinta culpada ou qualquer coisa do tipo… Nós estamos tentando fazer o que é certo. Brian está… Se matando. 

— Ele parece me odiar.

Deixei o pacote de torradas que eu segurava em cima da mesa e levei minhas mãos às têmporas, pressionando, como se tentasse tirar à força aquela dor de cabeça que começava a me incomodar. Val ficou em silêncio ao meu lado, enquanto eu tentava organizar meus pensamentos. Podia quase ouvir ela pensando no que dizer, até que finalmente ela falou:

— Acho que você deveria conversar com ele. 

— Eu… Não acho que isso seria uma boa ideia. — Eu disse, sentindo meu coração apertar em meu peito — Ele não parece muito feliz comigo. 

Senti as mãos frias de Valary em meu braço, me confortando. Eu levantei o olhar para ela e um sorriso triste se abriu em seu rosto. 

— Você é a única que vai conseguir convencer Brian, Jenny. Você tem que tentar. 

Eu assenti, me jogando no banco alto e apoiando os cotovelos no balcão. Val terminou de colocar os patês em potes separados e disse:

— Vou levar esse aqui, você leva as torradas?

— Sim. — Respondi com a voz falhando, eu ainda não estava pronta para ver Brian de novo. 

Ela abriu a porta com o pé e depois de passar a fechou novamente, me deixando sozinha no ambiente. Organizei as torradas com a maior calma que pude, colocando os pequenos pedaços perfeitamente alinhados, ganhando tempo para me preparar. Quando não pude mais enrolar, peguei a bandeja nas mãos, mas antes que desse um passo em direção à porta, ela se abriu e Brian entrou na cozinha. 

 

“The air around me still feels like a cage 

And love is just a camouflage”

(“O ar ao meu redor ainda parece uma gaiola

E o amor é só uma camuflagem”) 

 

O barulho da porta se fechando lentamente foi o único som que poderia ser ouvido depois que ele entrou. Apoiei a bandeja de torradas em cima do balcão novamente e esperei. Brian deu dois passos vacilantes em minha direção e parou, distante apenas alguns centímetros. Sustentei seu olhar firme, sem me permitir demonstrar fraqueza.

— Jenny… — ele disse suavemente, sem aquele tom desgostoso com que dissera meu nome na sala.

— Brian. 

Ele andou mais um passo e encostou sua mão sobre a minha, fazendo todos os pêlos do meu corpo se arrepiarem com seu toque quente. Naquele momento, eu precisei reunir toda a minha força para não voar em seu pescoço e beijá-lo, porque eu precisaria ser forte e não poderia me deixar levar pela saudade. 

— Você está bem? — Perguntei inutilmente, a voz não mais que um baixo murmúrio. Eu sabia qual seria sua resposta, já que as olheiras escuras que marcavam a parte de baixo de seus olhos denunciavam que ele não estava nada bem. 

Brian negou com a cabeça, se aproximando ainda mais. Agora nossos corpos estavam quase colados e seu rosto a centímetros do meu. 

— Você sabe o que eu preciso para ficar bem. — Ele disse em uma voz rouca, olhando para algum ponto acima da minha cabeça. Sua mão subiu por meu braço até chegar em minha nuca, que segurou, para depois olhar para mim.

Minha pele reagia sob o seu toque e eu precisava manter minha cabeça no lugar, enquanto sentia aquelas mãos grandes me tocando. Fiquei em silêncio, enquanto sentia o calor de seu corpo junto ao meu. O ar fugira dos meus pulmões, as palavras se embolavam em meu cérebro e eu não era capaz de formar uma única frase. Era quase como se estivéssemos nos conhecendo de novo, fora exatamente aquilo que acontecera comigo quando nos encontramos nos bastidores, tanto tempo antes. Quase em uma outra vida. 

— Eu não aguento mais ficar longe de você. — Brian disse. Sua voz saiu como uma súplica, enquanto sua mão pressionava minha nuca para se aproximar dele. Ele abaixou o rosto em frente ao meu e estava quase me beijando, quando eu senti o seu hálito tocar meu rosto e aquele cheiro…

Apertei a torrada em minha mão, que eu nem sabia que segurava. Os farelos se espalhavam por meu dedo, enquanto o perfume do álcool me envolvia como um gás venenoso. Eu não queria sentir aquilo, não naquele momento, não naquela situação. Eu queria esquecer tudo que estava acontecendo e mergulhar meus lábios nos dele, me entregar para Brian como fiz tantas outras vezes. Mas aquele cheiro me lembrava de tudo, me lembrava do porque eu deveria ser forte. Empurrei ele com força e me afastei vários passos, de modo que eu não pudesse perder o controle de novo. 

— Você sabe o que precisa para ficar bem. — Eu repeti o que ele dissera, jogando os farelos na pia, ficando de costas para ele — E não sou eu. Não agora. 

Abri a torneira e deixei que a água levasse embora os pedaços de torrada, sentindo minhas mãos tremerem. O efeito que aquele homem causava em mim não era saudável e sim muito perigoso. 

— É você. Sempre será você. — A voz de Brian soou tão perto de meu ouvido que eu tive que me controlar para não pular de susto. 

Sua respiração tocou minha nuca, ao mesmo tempo que ele me pressionava contra o balcão da pia. Seus braços fortes apoiaram no mármore de ambos os meus lados, me prendendo entre o móvel e seu corpo. Fiquei de costas, sem querer pensar na situação que me encontrava e no que eu sentia pressionar minha lombar. 

— Brian… — eu disse em um tom de aviso. — Me deixe sair daqui. 

— Pelo menos me diga onde está morando. — Ele pediu, sussurrando em meu ouvido. — Eu não posso ficar longe de você. 

Fiquei em silêncio, tentando formular uma resposta. Era óbvio que eu não iria falar nada para ele, mas foi difícil me concentrar para dizer aquilo, quando Brian afastou meu cabelo curto e começou a depositar beijos na base do meu pescoço. 

— Brian. — Eu disse, tentando manter um tom firme na voz. — Eu estou bem, estou morando em um lugar bom. Por favor… Me deixe sair daqui. 

Tão rápido quanto começou, senti ele se afastar e seu calor ir embora de meu corpo. Quase pedi para que ele voltasse, para que me abraçasse, beijasse, me fizesse sentir sua mais uma vez. Eu me virei lentamente, recuperando o fôlego para tentar convencê-lo de algo, que eu começava a duvidar que daria certo. Brian ainda estava perto, porém deixara um espaço para que eu pudesse sair, se quisesse. 

— Eu preciso de você, Jenny. — Ele disse e mais uma vez eu senti o hálito dele me envolver. 

— Você precisa se cuidar, Brian. — Eu respondi séria, puxando sua mão para que eu pudesse confortá-lo e mostrar que estava do seu lado. — Precisa de remédios e da certeza de que vai… Parar com esse vício. 

— Eu preciso de uma coisa só nesse momento. — Ele falou, sua voz se enrolava um pouco e aquilo fez meu peito se apertar. Ele puxou minha mão e beijou a ponta dos meus dedos, como já fizera tantas vezes antes.

— Pense em Jimmy, Brian. — Eu disse, não querendo trazer aquele assunto, mas tentando desesperadamente fazer ele entender. — Pense em todas as pessoas que sofreram quando ele morreu. A família dele, seus amigos, os fãs e… Você. Pensa em quantas pessoas vão sofrer se algo acontecer com você. Pensa em todos os perigos que você se coloca e coloca os outros quando bebe desse jeito. 

— Com o Jimmy foi diferente. — Brian respondeu simplesmente. — As pessoas o amavam. 

— Brian, tenho certeza de que sua família te ama, Matt, Johnny, Zacky, Dan… Eu te a… — comecei a dizer, mas ele colocou o dedo sobre os meus lábios me impedindo de continuar. 

— Não diga isso, por favor. — Ele disse, sua voz estava embargada e se acumulavam lágrimas em seus olhos. — Não fala isso agora porque sei que não é verdade. Por favor, só… Não fala. 

Aquelas três palavras ficaram entaladas em minha garganta e me sufocaram. Meus olhos embaçaram e meu peito se contorceu com a vontade de chorar. Eu queria dizer que o amava com toda a sinceridade do mundo. Eu queria gritar para o mundo aquelas três palavras e mostrar para todos que eram palavras verdadeiras. Mas aquele pequeno gesto de Brian estilhaçara o meu coração. 

Ele afastou seus dedos de meus lábios quando teve certeza de que eu não diria nada, depois disse em um tom monótono:

— Eu vou embora. 

Foi apenas quando ele virou de costas, que senti uma gota quente e salgada rolar por meu rosto. 

 

“I only wish you weren’t my friend

Then I could hurt you in the end

I never claimed to be a saint”

(“Eu só queria que você não fosse minha amiga

Assim eu poderia te machucar no final

Nunca afirmei ser um santo”) 

 

Me apoiei no balcão quando Brian passou pela porta, como se ele tivesse sugado toda a minha energia ao sair. Meu corpo todo estava trêmulo e fraco e eu queria chorar até meus olhos secarem. Passei as mãos por meus olhos, afastando aquelas gotas traiçoeiras. Organizei as torradas mais uma vez, respirando fundo enquanto eu ouvia Brian se despedir das pessoas na sala. 

Finalmente, ouvi a porta da frente se fechando, respirei fundo, peguei a bandeja e caminhei em direção à sala. Senti o olhar de Matt e Valary sobre mim, que rapidamente vieram ao meu lado para perguntar o que acontecera. Eles não perguntaram mais nada depois que eu acenei negativamente a cabeça, eles deviam ter visto minha expressão. Fiquei apenas alguns minutos ali, ouvindo apenas burburinhos das conversas, sem prestar atenção em nada, apenas tentando entender porque Brian me impedira de dizer que eu o amava. Será que não era aquilo que ele queria?

Quando não consegui mais ficar naquele lugar, fingindo que tudo estava bem, me despedi de todos e fui embora, sob protestos de Johnny e Matt. Foi Valary quem os convenceu de que eu deveria estar cansada. 

A caminhada até meu apartamento foi difícil. O ar noturno estava frio e eu passei os braços contra meu peito para tentar me esquentar um pouco. Durante toda a caminhada, tive a sensação de que alguém me observava e olhei por cima dos ombros algumas vezes, sem ver nada de diferente. Será que todo aquele estresse também me deixara paranóica?

Entrei em casa sentindo um certo alívio. Felipe estivera mudo o dia todo, portanto, enquanto eu preparava um chá bem quente no pequeno fogão, para me esquentar, digitei uma mensagem para ele, perguntando se estava tudo bem. 

Eu estava sentada no sofá, com as mãos em volta da caneca fumegante, quando três batidas secas soaram na porta. A luz fraca do abajur de chão, mal iluminava o ambiente e deixava o apartamento todo com um tom sombrio. Eu adorava aquele clima quando estava lendo um livro de terror, porque deixava tudo mais assustador. Porém aquele mesmo tom amarelado, com uma luz fraca que deixava longas sombras no chão e um desconhecido batendo em minha porta, me fez sentir medo. 

Caminhei vacilante até a entrada, desejando que a porta possuísse um olho mágico. Como não tinha, deixei o fecho trancado e abri apenas a fresta que o comprimento da corrente permitia. Quase perdi o fôlego quando vi quem estava do outro lado. 

— Brian? — Perguntei, fechando a porta para tirar a tranca e poder abrir totalmente. — O que está fazendo aqui? Como encontrou meu apartamento?

Ele não respondeu, apenas entrou e fechou a porta atrás de si, apoiando as costas ali logo depois. Em suas mãos, carregava uma garrafa praticamente vazia, que me deixou com uma mistura de sentimentos: um pouco de raiva de sua teimosia e um pouco de tristeza por sua situação.

— Você precisa se controlar. — Eu disse, alcançando a garrafa e tirando de suas mãos. Ele não me impediu quando eu apoiei o objeto na mesa de centro, apenas me observou. 

— Eu te segui — ele murmurou, ainda encostado na porta. 

Eu me aproximei, ainda sentindo a ferida que ele abrira pouco antes pulsar em meu coração. “Por que você não me deixa te dizer que o amo?” Eu me perguntei, enquanto passava as mãos por seus cabelos pretos. Brian fechou os olhos, sentindo o meu carinho, enquanto minhas mãos iam e voltavam por seus fios macios. Quando ele os abriu de novo, percebi uma mudança em sua expressão e soube que nunca deveria tê-lo deixado entrar ali. Nunca deveria ter ficado sozinha com ele. 

Antes que eu pudesse pensar, meus lábios já estavam colados nos de Brian e nós nos beijávamos com urgência. Ele segurou meu rosto com ambas as mãos, entrelaçando os dedos em meu cabelo, enquanto eu apoiava ambas as mãos em seu peito musculoso. Sua mão invadiu minha blusa, puxando a peça para cima e se livrando dela rapidamente. 

Sem interromper o beijo, Brian me puxou para seu colo e me levou tropeçando até o sofá. O gosto de álcool preenchia toda a minha boca e eu sabia que aquilo que fazia era muito errado: eu tinha que manter a decisão de me afastar. Se ele soubesse que toda vez que invadisse meu apartamento daquela maneira eu iria me entregar para ele, todo o meu plano com Matt iria por água abaixo e três semanas de sofrimento não teriam valido de nada. 

Ele me deitou no sofá, mas antes de se colocar sobre mim, se livrou de sua própria camiseta e tirou a calça, jogando em um canto qualquer da sala. Suspirei quando vi a boxer branca que usava, apertada em volta de seu corpo. “Jenny, isso é muito errado” Lembro de ouvir uma voz em meu cérebro dizer, mas eu não conseguia pensar coerentemente e nada poderia me tirar daquela situação. 

Meu corpo suplicava por Brian e eu já não tinha mais controle sobre ele, quase como se um instinto me guiasse. As suas mãos habilidosas e ágeis puxaram minha calça e calcinha de uma só vez e, quando me dei conta, estávamos completamente nus. 

Ele me penetrou sem nem menos sentir se eu estava pronta para ele, mas é claro que eu estava e nós dois soltamos um gemido rouco quando nossos corpos se conectaram. Brian entrou em mim com toda a força que tinha, segurou meu cabelo, apertou meus seios e me beijou com uma fúria que eu nunca vira antes. Minhas unhas enterravam em sua carne cada vez que ele ia mais fundo em mim e eu não conseguia controlar os gemidos altos. 

O prazer profundo que me dominou naqueles minutos, o perfume de Brian que entrava em minhas narinas e todas as sensações que me dominaram ficaram gravadas em minha mente como uma tatuagem. Naquelas três semanas, eu sonhara tantas vezes com situações parecidas, que era quase difícil de acreditar que não era um sonho. 

Chegamos ao clímax juntos, ambos ofegantes e com o suor escorrendo por nossos rostos. Brian se afastou lentamente de mim e se levantou para se limpar no banheiro. Eu recolhi todas as roupas espalhadas e me vesti antes que ele voltasse. Mesmo depois daquilo, eu estava determinada a tratá-lo com frieza. 

Brian voltou para a sala sorrindo, quase como se todos os seus problemas estivessem solucionados. O seu rosto estava mais corado, as olheiras nem pareciam tão fundas, mas o sorriso, que brilhava em seu rosto segundos antes, morreu quando me viu vestida. 

— Baby? — Ele perguntou cauteloso. 

— Brian… — suspirei, entregando as roupas para ele e me afastando até uma distância segura. — Você tem que ir embora. 

— Mas eu achei que…

— Achou errado. — Eu disse, firme, observando ele se trocar — Você tem que ir embora.

— Jenny, eu não vou embora agora que… — ele começou a dizer, já vestido, caminhando em direção à garrafa de whisky que eu deixara na mesa. 

— Não. — Eu disse, puxando o objeto antes que ele o alcançasse. Caminhei até Brian e o empurrei até a porta, ainda segurando a garrafa. — Você precisa escolher, Brian. Se quer a mim e a sua família ao seu lado ou se prefere ficar com isso aqui.

Eu levantei a garrafa na altura dos seus olhos e percebi que o olhar dele vacilou entre o meu rosto e o whisky. O sorriso já sumira fazia tempo e ele parecia pensar no que eu dissera, o que me deixou profundamente triste: ele não deveria pensar. 

— Jenny, eu…  — Brian começou a dizer, mas se interrompeu, respirou fundo algumas vezes e continuou: — Não quero ficar longe. 

— Você viu o que acontece quando a gente fica perto? — Perguntei, sentindo a mão de Brian caminhar até a minha cintura, ao mesmo tempo que eu me esquivava. — Você tem que se concentrar em uma só coisa e é na sua saúde. 

— E você não pode ficar do meu lado enquanto eu faço isso? — Brian perguntou, seu olhar era tão triste que quase me matou. 

— Eu vou sempre estar do seu lado. — Eu disse, segurando sua mão. — Mas você precisa se cuidar, por favor. E precisa ir embora. 

— Eu não vou pra lugar nenhum, você sabe, não é? — Ele perguntou — Vou ficar na minha casa e quando você decidir que vai parar com essa merda, pode me procurar. Ainda bem que sabe onde eu moro. 

Eu encolhi com cada palavra que ele falava, conforme o seu tom ficava cada vez mais enfurecido. E fiquei sem reação quando ele puxou a garrafa da minha mão e saiu do apartamento, batendo a porta atrás de si. Ainda estava parada, olhando o lugar onde ele estava segundos antes, naquele ambiente mal iluminado e com a vontade de chorar subindo por meu peito, quando ouvi um barulho alto no corredor, parecido com um punho batendo a parede. 

Foi só depois que o silêncio reinou no corredor, que eu me permiti chorar mais uma vez por causa daquele homem. 

 

“So if you love me, let me go

And run away before I know”

(“Então se me ama, deixe-me ir

E fuja antes que eu saiba”) 

 

Eu estava concentrada em meu desenho, pensando no móvel que eu poderia montar naquela pequena sala. Era o espaço onde a banda passava a maior parte do processo criativo, talvez alguns livros e pôsteres de coisas que eles gostavam os inspirasse a criar. Já se passara uma semana desde que eu vira Brian e a vontade de saber como ele estava me corroía, mas eu não me permitia me distrair, todos aqueles dias eu acordara cedo e caminhara até o estúdio para trabalhar. O espaço começava a adquirir uma identidade e o projeto já parecia sair do papel. 

Naquele dia, eu estava particularmente concentrada e quase pulei de susto quando a porta do estúdio se abriu e três pessoas entraram apressadas no espaço. 

— Jenny. — Disse Matt, me dando um abraço caloroso, apesar de sua expressão fechada. 

— Está tudo bem? — Eu perguntei, olhando Johnny, Zacky e o vocalista, já imaginando o pior. 

— Não nos vemos desde aquele dia na casa do Johnny… — Matt começou — E eu não sei o que aconteceu entre você e Brian aquele dia, mas faz uma semana que ele pegou o carro e foi embora. 

— Ele não está em Huntington Beach?! — Perguntei alarmada, lembrando exatamente das suas palavras: de que estaria em casa. 

— Não. — Zacky negou e depois disse: — Mas acho que sabemos onde ele está e vamos até lá buscar ele. 

— Queremos que você venha com a gente. — Foi Johnny quem disse. 

— Mesmo porque ele vai mandar a gente se foder, mas acho que pode escutar você. — Completou Matt. 

— Tudo bem. — Eu disse — Para onde vamos?

 

“Deliver me into my fate

If I’m alone, I cannot hate”

(“Me entregue ao meu destino

Se estou sozinho, eu não posso odiar”) 

 

Chegamos em Las Vegas em algumas horas. Durante todo o trajeto, fui com a cabeça apoiada no vidro e a mente em um turbilhão de pensamentos confusos. Por que os três não me disseram antes que Brian não estava na cidade? Por que esperaram uma semana para ir atrás dele? O que Brian fazia em Las Vegas sozinho? 

Matt parecia saber exatamente onde ele estava, pois, assim que passamos pela famosa placa da cidade, ele virou algumas ruas, entrou em vielas e, finalmente, estacionou em frente à um prédio baixo e muito luxuoso. O espaço parecia um pequeno hotel, mas os carros caríssimos e os executivos que entravam e saíam de lá me faziam questionar porque aquele lugar não ficava na avenida principal da cidade, onde os grandes hotéis e cassinos estavam. 

— Matt, não sei se é uma boa ideia a Jenny entrar. — Disse Johnny, alternando o olhar entre eu e o amigo. — E se…?

— Tem razão. — O vocalista respondeu. 

— Nem pensar. — Eu disse, firme — Vocês estão doidos? Eu vim até aqui e preciso saber como Brian está. 

Johnny arregalou os olhos para mim, Matt parecia que ia protestar, mas Zacky interrompeu, dizendo:

— A ideia toda não foi trazer Jenny para convencer Brian? Ele nem vai acreditar em nós que ela está aqui fora, se ele não a ver com os próprios olhos. E dúvido que saia, por medo de que a gente o arraste de volta para casa.

Os outros dois deram de ombros e indicaram para que eu os seguisse. 

Nós entramos no ambiente amplo, muito parecido com o saguão de entrada de um hotel cinco estrelas e, logo, fomos recebidos por uma mulher. Matt conversou com ela em voz baixa, me impedindo de escutar. Enquanto isso, eu observei o ambiente, notando que daquela entrada, se ramificavam vários corredores, o mais próximo da entrada levava até um cassino enorme, mas eu não conseguia enxergar os outros. 

Matt acenou para que nós três seguíssemos a mulher, que já andava apressada na frente. Percebi que ele guardava a carteira no bolso, provavelmente teria pago para receber qualquer informação que fosse sobre o paradeiro de Brian. 

Minha mente começou a trabalhar e eu finalmente notei o que era aquele lugar, quando passamos por um grande salão onde algumas mulheres dançavam no palco e entramos em um corredor. A luz era avermelhada e o ambiente tinha um tom místico, era um corredor, com tendas de pano, penduradas no teto, dos nossos dois lados. 

— Isso aqui é um stripclub? — Perguntei, com a voz esganiçada e soando desesperada. 

Os três não me responderam, pois nem pareciam me ouvir: seus olhos estavam fixos na tenda onde a funcionária parou. Ela apontou para dentro do lugar e disse que era ali, depois voltou pelo mesmo caminho em que entramos. 

— Ah, Brian… — suspirou Zacky, ao mesmo tempo que Matthew se virava para mim com preocupação. 

Seu corpo cobriu minha visão e eu não conseguia enxergar nada que se passava ali dentro. 

— Jenny… Foi um erro trazer você até aqui. Acho que devia esperar lá fora mesmo. — Ele disse, já tentando me empurrar para longe. 

— Matthew! — Exclamei com raiva — Brian está lá dentro? Está com alguém?

Antes que ele pudesse me impedir, abri caminho entre ele e Johnny e parei na frente da entrada da pequena tenda. O espaço apertado carregava uma luz azulada, que ao se misturar com a vermelha de fora dava um tom arroxeado ao ambiente,  um sofá preto dava quase a volta toda na tenda, deixando um vão para a porta e um cheiro forte de perfume preenchia minhas narinas. Tudo o que eu conseguia ver era as costas de uma mulher ruiva, que usava um conjunto de calcinha e sutiã que não cobria nada, fazendo um lapdance. Seu corpo voluptuoso rebolava em cima das pernas de um homem e, apesar de não ver seu rosto, eu reconheci a calça com o zíper no joelho, o pedaço de tatuagem que ia até seus pulsos. Mas o que o denunciou foram as letras que formavam a palavra “Marlboro” em seus dedos, que apertavam a bunda da mulher em seu colo. 

 

“Come away with innocence 

And leave me with my sins”

(“Vá embora com a inocência

E me deixe com meus pecados”) 

 

Senti meu corpo inerte ser puxado para trás. Johnny se colocou na minha frente, bloqueando minha passagem, enquanto Matt entrava no espaço em um rompante. Eu não tive reação enquanto a cena se desenrolava em minha frente e senti o fôlego fugir de meus pulmões, quando a mulher, assustada, pulou do colo de Brian e ele olhou o amigo com uma expressão furiosa. 

— Que porra está acontecendo aqui? — Perguntou a mulher. Sua beleza e maquiagem impecáveis apenas pioraram a minha situação e eu tive vontade de sentar ali mesmo no chão e me encolher. Eu só queria que tudo aquilo acabasse. — Você sabe que não pode invadir uma seção privada. 

— Brian, que merda você está fazendo? — Matt perguntou, ignorando a mulher, sua voz mostrava que ele estava prestes a explodir. 

— Matthew, vai a merda! Até aqui você quer foder com minha vida? — Ele perguntou, se levantando. 

Por sorte, ele não olhou o lado de fora, pois se virasse o rosto, iria me ver ali, totalmente paralisada pelo choque do que eu acabara de ver. Quase quis que Matt entrasse em minha frente novamente, pois como eu era da altura de Johnny, conseguia enxergar tudo o que se desenrolava do lado de dentro. 

— Claro que não, Brian. — Matt respondeu, em um tom de voz irônico — Você já fode sua própria vida sozinho. Não precisa de mim para isso. 

— Se me der licença. — Disse Brian, puxando a ruiva pelas mãos. — Eu tenho um assunto para terminar. 

Fiquei atônita enquanto o olhava tirar um bolo de notas de dentro do bolso e colocar entre os seios da mulher. Ela sorriu e se aproximou mais dele, depois o guiou até uma outra entrada da tenda. 

— Brian, onde pensa que vai?! — Matt gritou, antes que os dois saíssem — Você vai voltar para casa com a gente. 

Brian não respondeu, apenas se virou de costas para o amigo e riu em desdém. 

— Tem alguém aqui que você precisa ver. — Disse o vocalista, por fim, em uma tentativa desesperada. 

Brian girou o corpo nos calcanhares, sua sobrancelha franzida e uma expressão que me pareceu assustada e descrente. Ele olhou na direção da porta, seu olhar passou por Zacky e Johnny até chegar em mim. Ele soltou a mão da mulher e soltou os braços ao lado do corpo, em uma posição derrotada. Quando deu um passo em minha direção, eu não aguentei mais, virei as costas e fui embora, sentindo a raiva me consumir por inteira. 

 

“My heart is just too dark to care

I can’t destroy what isn’t there”

(“Meu coração está escurecido demais para se importar

Eu não posso destruir o que não está lá”) 


Notas Finais


SOCORRO, mais um final BAPHONICO pra vocês hahaha

Sobre as músicas: Sleeping Dogs do MA-RA-VI-LHO-SO Zakk Wylde é só amor né? Ainda mais com Corey Taylor junto. e Snuff não tem como não amar. Se vocês não as conhecem (o que eu acho bem dificil), façam um favor a si mesmas e ouçam pf.

Quero MUITO saber como está o psicológico de vocês no momento (imagino que abalado, depois desse capítulo) e quero MUITOOO saber o que acharam e os palpites para o próximo capítulo.

Espero vocês nos comentários!! E até o próximo <3
Beijooos,
Juu


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