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História Psycho Lunatic - You don't feel me here anymore


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


Ufa! Consegui postar mesmo na correria de fim de semestre.
Espero que continue assim hahah!
Enfim, espero que gostem desse capítulo, confesso que dei algumas risadas enquanto escrevia.
Boa leitura!

Capítulo 8 - You don't feel me here anymore


“You don’t feel me here anymore.”

Broken - Seether

(Você não me sente mais aqui)

POV: Jenny

 

Give Me Love - Ed Sheeran

“Give me love like never before

‘Cause lately I’ve been craving more

And it’s been a while but I still feel the same

Maybe I should let you go”

(“Me dê amor como nunca antes

Porque ultimamente tenho desejado mais

E faz algum tempo, mas ainda sinto o mesmo

Talvez eu deveria deixar você ir”)

 

Qualquer sentimento com que eu tentasse descrever o que eu senti quando sai pisando duro daquele elevador, seguindo por um corredor às cegas, não seria suficientemente preciso. Uma mistura de diversos sentimentos percorria meu corpo, enquanto eu deixava o homem da minha vida e sua cunhada sonolenta para trás. Virei para a direita e me deparei com um caminho sem saída. Sem qualquer intenção de voltar, encostei na parede e fui descendo lentamente até o chão, afundando meu rosto nas mãos. 

Ouvi enquanto o som de passos diminuía à medida que os dois, felizmente, seguiam na direção contraria à que eu tomara. Encostei minha cabeça na parede, sabendo que a vontade de chorar estava à espreita e esperava até que encontrasse algum pouco fraco em mim para aparecer com toda a sua força. Eu não iria derrubar uma lágrima por aquilo, seria ridículo chorar por algo que era claro que nunca aconteceria. Por que eu teria alguma chance? Era óbvio, desde o começo, que o universo encontraria algum modo de estragar tudo.

Mal sabia eu, ali sentada no chão, que em menos de uma hora, aquele mesmo homem estaria na porta do meu quarto do hotel, que ele estava pagando, implorando para passar a noite comigo, enquanto sua esposa estava no hospital. Pensar em tudo o que aconteceu antes, na cobertura, era absolutamente surreal. Naquele momento, já no meu quarto, completamente nua embaixo do chuveiro, jogando a água por meu corpo enquanto eu tentava clarear meus pensamentos, quase nem acreditava que eu tinha acabado de expulsar Brian Haner do meu quarto. 

O impulso de sair dali e ir procurá-lo era maior do que eu gostaria, mas ao mesmo tempo, a imagem de Michelle, a esposa maravilhosa de Brian deitada em uma cama de hospital, doente com sei lá o que, pensando em seu lindo marido, enquanto o mesmo enfia o pau na minha bunda não era nem um pouco agradável. 

“Obviamente a parte de enfiar o pau…” Pensei, mas não permiti que meu cérebro concluísse o pensamento. 

Joguei água em meu rosto, tentando clarear meus pensamentos e, mais do que tudo, tentando tirar aquela imagem da minha cabeça. Brian Haner estava interessado em mim, aquilo era inegável, fosse por uma simples necessidade de sexo ou não, ele queria e aquilo me deixava ainda mais furiosa comigo mesma.

— Como você foi expulsar Synyster Gates do seu quarto, Jenny? — Perguntei em voz alta para mim mesma, tentando encontrar algum sentido naquilo. 

Eu tinha certeza que quando contasse isso para as meninas elas não acreditariam e, se caso acreditassem, iriam me matar. Eu queria me matar. 

— Burra, burra, burra. — Falei de novo, me esticando para fora do box para pegar uma toalha. 

O fato de que eu poderia estar transando com ele, naquele exato momento, me perturbava tanto que eu tinha vontade de pegar uma garrafa no frigobar e quebrar em minha testa. Como fui estúpida a ponto de fazer aquilo? 

É claro que existia uma parte de mim que, além de estar com raiva de mim mesma, estava com um pouco de raiva de Michelle. Por que justo ela, que tem aquele homem quando quer, foi me atrapalhar no único momento que eu poderia ter com ele? Por que justo ela foi aparecer na minha mente, deitada em uma cama de hospital, com o rosto pálido? 

Também era claro que nenhuma mulher, em sã consciência, se deixaria atrapalhar por Michelle, que estava a quilômetros de distância, quando Synyster Gates está na sua porta, segurando sua bunda e implorando para te comer. Então, sim, a culpa era minha. 

A culpa era minha por ficar com a consciência pesada de transar com um cara enquanto sua esposa está no hospital. Eu provavelmente nunca me perdoaria por não querer ser a amante prostituta, sem coração, vagabunda, vadia que nem se importava que outra mulher estava sofrendo, enquanto ela estava aproveitando o corpo do homem mais bonito do mundo. Por que Brian Haner era o homem mais bonito do mundo. Antes eu apenas achava que ele era, agora eu tinha certeza. 

Mas de uma coisa eu tinha total e absoluta certeza: se Synyster Gates batesse em minha porta novamente, por qualquer que fosse o motivo, eu o arrastaria até que estivesse dentro do meu quarto e ele só sairia depois de… Eu definitivamente não seria capaz de mandar ele embora mais uma vez, a primeira havia sido praticamente impossível.

“Talvez eu devesse mesmo procurá-lo.” Pensei, enquanto vestia o sutiã.

 

“Maybe tonight I’ll call ya

After my blood turns into alcohol”

(“Talvez eu te ligue esta noite

Depois que meu sangue vire álcool”)

 

Sai do banheiro quente, sentindo um vento gelado bater em meu rosto, vestindo apenas calcinha e sutiã. Coloquei um roupão do hotel e caminhei lentamente até a porta. Em minha cabeça, eu me imaginava saindo dali, indo até Brian, embora eu não fizesse ideia de onde fosse o seu quarto. Ou até abrindo a porta, apenas para encontrar ele do outro lado. Coloquei a mão na maçaneta e, lentamente, a puxei, para depois me decepcionar ao ver o corredor vazio. 

Com um suspiro, fechei a porta e caminhei até minha cama, me jogando de qualquer modo, enquanto pensava, pela milésima vez, em tudo o que acontecera naquela noite. Encarei o teto branco e a lâmpada amarelada, até minha visão ficar tomada de pequenos pontos pretos, me virei de bruços e apoiei a cabeça nos braços lembrando o toque dos meus lábios nos de Brian. Lembrando de como ele flertara comigo mais cedo, na festa, e em como parecera aquele Brian que sempre imaginei: garanhão e dono de uma gigantesca lábia. Pensando no quanto ele me afetara, no quanto ele mexera com meus sentimentos. Apenas de lembrar de tudo, meus lábios formigaram e eu senti meu estômago se contrair. 

Em algum momento, as lembranças se transformaram em sonhos e eu me vi naquela mesma cama, deitada ao lado de Brian, completamente sem roupas. Minha cabeça encostava em seu peito e seus dedos traçavam círculos em minhas costas despidas. Eu me estiquei para plantar um beijo em sua boca, vi enquanto ele fechava os olhos, esperando por meu toque e também vi o sorriso que se formou em seus lábios quando me afastei, para depois acordar assustada, com a luz do sol batendo em meu rosto. 

 

“All I want is the taste that your lips allow”

(“Tudo o que eu quero é o sabor que seus lábios permitem”)

 

Levantei em um pulo, com medo de ter dormido demais. Corri até o meu celular e respirei aliviada quando vi que eram 9 da manhã, eu dormira apenas quatro horas. Passei os olhos por todas as mensagens que eu recebera, meu celular estava lotado de notificações, e respondi uma mensagem de Sofia, que perguntara onde eu estava, dizendo que voltaria para o apartamento de Lya em alguns minutos. Peguei todos os meus pertences com velocidade, colocando-os na bolsa e tirei o roupão que eu dormira, trocando pelas mesmas roupas que eu vestira na noite anterior. 

Quando passei a gola da blusa por minha cabeça, senti um perfume forte e me paralisei ao constatar que era o cheiro de Brian. Fiquei algum tempo de olhos fechados, sentindo aquele aroma maravilhoso, até finalmente sair do devaneio e me apressar em direção à porta. Antes de sair, decidi pegar uma folha do bloco de notas com o símbolo do hotel e, abrindo as gavetas do criado-mudo, encontrei uma caneta. Escrevi em poucas palavras um recado, que eu esperava que chegasse até Brian e sai do quarto. 

Assim que sai, avistei um carrinho branco no meio do corredor e me aproximei da mulher que dobrava algumas toalhas enquanto cantava uma música baixinho.

— Bom dia. Com licença… Eu estou hospedada naquele quarto ali — Eu disse em português, apontando em direção à minha porta — E preciso deixar um recado para um hóspede. Você estará por aqui pela manhã toda?

A mulher assentiu, com uma expressão intrigada no rosto e eu continuei:

— Se esse hóspede vier me procurar, você pode entregar isso para ele?

Estiquei o papel, entregando para ela e agradeci mais de dez vezes, enquanto me afastava em direção ao elevador. O motivo de ter entregue aquele recado para a camareira e não na recepção era simples: a camareira não sabia quem ele era e só entregaria se ele viesse me procurar, já na recepção o bilhete com certeza chegaria às mãos de Brian. A grande questão era que eu só queria que ele lesse aquele recado se ele estivesse me procurando, se não, eu iria fingir que nada da noite anterior tinha acontecido.

 

“Give me a little time to me, we’ll burn this out

We’ll play hide and seek, to turn this around”

(“Me dê um pouco de tempo, vamos queimar isso tudo

Vamos brincar de esconde-esconde para mudar isso.”) 

 

POV: Brian

 

Wasted Love - City and Colour 

“Crying out for more, just a little more

Tied down on the floor, like a prisoner of war”

(“Implorando por mais, apenas um pouco mais

Amarrado no chão, como um prisioneiro de guerra”)

 

 Não sei exatamente em que momento eu dormi, mas eu lembrava de ter visto o sol nascer e de talvez ter me cortado em um dos cacos de vidro. Levantei em um pulo e olhei o celular para consultar o horário. Eram 9 da manhã. Eu não tinha dormido nada. Fui até o banheiro cambaleando, sentindo a cabeça latejar e lavei meu rosto, me encarando no espelho. O Brian que olhou de volta para mim carregava olheiras escuras embaixo dos olhos e os lábios estavam apertados em uma linha fina e séria. A minha manhã poderia ter sido muito diferente se Valary não tivesse me atrapalhado naquele momento do elevador, afinal, eu poderia estar acordando com Jenny ao meu lado.

Ainda com a roupa do dia anterior, com a qual eu tinha adormecido, tentei arrumar o cabelo, para deixá-lo mais apresentável e coloquei um óculos escuros para disfarçar as olheiras, apesar de estar em um ambiente fechado. Sai do meu quarto e, torcendo para não encontrar ninguém na banda, fui até o quarto de Jenny. Mal sabia eu que, enquanto eu entrava em um elevador, Jenny estava no outro, descendo para a recepção.

Quando entrei no corredor, logo vi uma camareira parada mais ou menos onde era o quarto dela e torci para que não estivesse lá, porque isso significaria que ela já tinha saído. Me aproximei, confirmando que a camareira estava arrumando o quarto de Jenny e parei em frente ao carrinho. Ela começou a falar várias frases sem sentido para mim, em português e voltou correndo para dentro do quarto. Ainda confuso e tentando entender o que acontecia, observei enquanto a mulher voltava segurando algo nas mãos.

Ela me entregou um papel e apontou na direção do elevador, depois indicou o meu relógio. Eu não entendi uma palavra do que ela dizia, então caminhei atordoado até o elevador e fui para o meu quarto o mais rápido que pude, para ler o bilhete em segurança e sem o risco de alguém me encontrar. Me sentei na cama e abri a geladeira, para depois lembrar que tinha acabado com todas as garrafas na noite anterior, então finalmente abri o papel cuidadosamente dobrado e li as palavras escritas em uma letra corrida, porém muito bonita: 

 

“Sei que você deve ter várias garotas pelo mundo, mas quero que lembre de ontem com carinho. Foi a melhor noite da minha vida, espero que tenha sido boa para você. Fui embora bem cedo porque não quero te causar problemas. 

Ps.: Estarei em Milão na mesma época da sua turnê, acho que nos encontraremos de novo. Se você quiser… ou puder.

J.”

 

“You’re speaking diamonds crystal clear

So far away, I want you near.”

(“Você está falando tão claro quando um diamante

Tão longe, eu quero você perto”)

 

Olhei o que ela tinha escrito por vários minutos e me detive na frase que dizia que ela iria para a Europa no início do ano seguinte. Resolvi guardar o bilhete em um canto escondido de minha carteira e respirei fundo, tentando me recompor. O que Jenny causava em mim era algo completamente indescritível, eu ficava sem fôlego, algo dentro do meu corpo acendia e a única coisa que eu desejava era sair por aquela cidade a procurando. 

Mas eu sabia que aquele tipo de coisa só dava certo em filmes e do jeito que estava minha vida, eu provavelmente seria atropelado por um ônibus ao invés de encontrá-la. Levantei da cama e senti minha garganta implorar por alguma bebida. Como mágica, alguém bateu em minha porta e, por um segundo, pensei que seria Jenny, depois de desistir de ir embora mais cedo. Encostei na maçaneta com o coração acelerado e a abri, imediatamente me frustrando ao ver um funcionário do hotel esperando do outro lado.

— Sim? — Perguntei.

— Sr. Brian Haner? — Perguntou ele em um sotaque carregado, muito diferente do inglês suave de Jenny — Ontem conversei com o Sr. Baker sobre as bebidas que sobraram da festa de ontem, como vocês já tinham pagado por elas, então são suas e ele me disse para entregar para você logo de manhã…

Ele esticou os braços e só então eu vi que segurava uma sacola.

— Ah, sim, claro. — Eu disse pegando nas alças e vendo que tinham três garrafas de whisky fechadas. — Obrigado.

— De nada, Sr. Haner. Espero que tenham gostado do serviço de ontem. 

Eu agradeci novamente e vi enquanto ele se afastava pelo corredor, enquanto pensava no quanto aquilo era uma coincidência bizarra, bem quando eu implorava por álcool em meu sangue, uma sacola com três garrafas do melhor whisky que eu poderia querer surgem em minha porta como mágica. Entrei e já abri um dos lacres, ansioso por sentir a queimação descer por minha garganta. Quando, finalmente, dei um grande gole, sem nem me importar em colocar em um copo, pensei, rindo, no motivo pelo qual sobrou tanta bebida da festa: eu mesmo comprara aquele whisky e era especialmente para mim, mas ao lado de Jenny eu bebera apenas um copo durante a noite toda. Ela fazia a urgência por álcool ir embora. 

Alguns goles depois, ouvi uma voz alta na porta do meu quarto e, imediatamente, reconheci como Valary.

— Mich, você tem que parar de falar assim dele…

Entendi que minha cunhada falava ao telefone, quando ela ficou em silêncio e, logo depois, respondeu, parecendo conversar com minha esposa:

— Qual é o problema se ele bebeu? Ele não deu trabalho, voltou para o quarto dele e dormiu. Vamos deixar ele descansar, porque ele dormiu tarde ontem.

Guardei rapidamente a bebida embaixo da cama e corri para o banheiro para escovar os dentes, tentando disfarçar o cheiro de álcool e troquei de roupa, para parecer mais apresentável. Me sentei na cama e continuei ouvindo a conversa, enquanto percebia, com certo espanto, que Valary me defendia, enquanto Michelle devia estar me acusando, furiosa comigo por alguma razão que eu ainda desconhecia. Depois de poucas palavras tocadas ao telefone, entre as duas irmãs, Valary se despediu:

— Tá bom, vou acordar ele e falo que você ligou, mas acho que você mesma deveria falar com ele… Tchau.

Logo depois, ouvi uma batida fraca em minha porta e esperei ela se repetir para abrir a porta. 

— Você estava acordado? — Perguntou, surpresa ao me ver de pé.

— Sim, não consegui dormir direito hoje. — Eu disse, para depois mentir, achando graça ao lembrar que Valary dissera que eu não sabia mentir: — Fiquei preocupado com Michelle. Ouvi você conversando com ela… Como ela está?

Era verdade que eu estava preocupado com Michelle, mas aquele era, de longe, o motivo pelo qual eu dormira mal e minha cunhada com certeza não percebera.

— Está… bem. Já voltou para casa. — Disse ela.

— Que bom. Ótima notícia! — Falei, realmente aliviado, enquanto via Valary olhar para dentro do quarto, por cima do meu ombro. 

— Não tem ninguém aqui. — Eu respondi sério, entendendo porque ela viera falar comigo — Pode olhar se quiser.

Sai do caminho e deixei que ela entrasse em meu quarto. A cama arrumada era um claro sinal de que nada acontecera ali e eu estava seguro quanto a isso. O quarto também estava em ordem e cheirava à algum perfume do hotel, nada que ao menos lembrasse o odor que fica no ambiente logo após o sexo. Ela girou sobre seus próprios pés e olhou para mim, estudando minha expressão. Fiquei impassível e perguntei, com curiosidade.

— Ouvi algumas coisas que disse para Michelle… Por que me defendeu?

— Porque ela não precisa saber de todos os detalhes e eu acho que nós dois nos entendemos, certo? — Ela perguntou, com aquele tom de ordem que sempre usou com todos nós, desde que nos conhecera. 

— Claro, mãe. — Eu respondi rindo um pouco, sabendo que aquilo a deixava irritada e verdadeiramente feliz por ter Valary de volta ao normal, sem me olhar daquela maneira desconfiada.

Ela revirou os olhos e começou a sair do quarto, fiquei sério novamente e disse, puxando a porta para que ela passasse:

— De qualquer jeito, obrigado, Val. Eu juro que nada aconteceu. 

Infelizmente, aquilo que eu dizia era a mais pura verdade e eu sabia que minha cunhada acreditara, embora esperasse que ela não tivesse notado o tom de decepção em minha voz. 

— Vai dormir, Brian. Sua cara está péssima. — Disse Val — Peço para o Matt te acordar quando chegar a hora de ir para o aeroporto.

Quando eu fechei a porta novamente, a única coisa que estava em minha cabeça era o desejo de acabar com aquelas garrafas até a última gota.

 

“There’s more to say than should be said

Can’t get these words straight in my head

You make me feel so powerless.”

(“Tem mais para dizer do que deveria ser dito

Não consigo manter essas palavras direito na minha cabeça 

Você me faz sentir tão fraco.”)

 

Em meio à muito goles de whisky, enquanto eu apertava o botão do controle remoto, acabei adormecendo ali mesmo.  Tive um sono agitado, porém sem sonhos e acordei quando um barulho muito alto ressoou pelo quarto. 

— Mas que porra…? — Perguntei para ninguém em especial, enquanto tentava levantar da cama. Eu dormira meio sentado e com uma das pernas embaixo da outra, então sentia meu pé formigar, sem que eu conseguisse encostar no chão.

— BRIAN! — Ouvi o grito de Matt do outro lado, para logo depois escutar o barulho novamente. 

Demorei algum tempo para perceber que era o som do meu amigo praticamente derrubando a porta com o punho e, alarmado, falei o mais firme que pude:

— Já vou! — Pensei que tinha dito aquilo normalmente, mas depois Matt me contou que eu apenas balbuciara algo sem sentido em uma voz muito enrolada.

Senti meu pé parar de formigar e então fiquei de pé, andando um pouco tonto, mas usando a parede como apoio, consegui chegar à porta.

— Que foi? — Eu disse, abrindo a porta.

— Que porra aconteceu com você, cara? — Perguntou Matt, segurando meus ombros e olhando para mim — Você tá bêbado, seu merda? Caralho, são duas da tarde, como você consegue?

Resmunguei alguma coisa, sem muita paciência para sermões e voltei para a cama querendo dormir. Deitei sentindo a maciez do travesseiro, para logo depois despertar de novo com um tapa de Matt em minha cabeça.

— Caralho… — eu disse — Minha cabeça tá explodindo, dá para parar?

Obviamente para mim o que eu dissera soara dessa maneira, mas na verdade o que Matt ouviu foi: “minh… beça tá esssplodindo, dápapara?” 

— São duas da tarde. Nosso voo sai as 3:30 e o aeroporto é bem longe daqui! Temos que sair agora ou não vamos chegar. — Ouvi Matt dizendo ao longe, enquanto meus olhos fechavam novamente.

— Vai você. — Respondi irritado. — Vou ficar aqui.

“Vvvv ocê. Vvvou icar qui.”

— Brian, porra, que merda você fez… — comecei a ouvir Matt dizer e achei ter escutado ele reclamar sobre a minha atitude, sobre eu ter vomitado que nem um adolescente que não sabe beber e sobre a briga com Michelle não ser uma desculpa para eu agir como um retardado. 

Virei de costas, sem querer responder e pude sentir minha consciência flutuar novamente. 

— Valary e toda a equipe já foi para o aeroporto, só ficamos eu, você e Zacky aqui… — ainda conseguia ouvir ele dizer enquanto sentia meu corpo voar em direção ao mundo dos sonhos. 

Felizmente, não demorou muito até a porta bater e o silêncio reinar no quarto. Assim, consegui dormir um pouco mais, enquanto sonhava com Jenny, com seu sorriso e seu corpo sobre o meu, até que ouvi um barulho ensurdecedor da porta batendo de novo. 

— Acorda, Syn! — Mesmo a voz suave de Zacky fez minha cabeça latejar e eu tive vontade de mandar meus amigos para o inferno, mas já pude sentir que estava um pouco mais consciente. 

Abri os olhos, sentindo a luz entrar em meu cérebro e fritar meus neurônios, então pedi para que algum deles a apagasse para mim.

— Que horas são? — Perguntei confuso, sem ver a luz do sol do outro lado, logo depois da luz do quarto desligar. 

— Sete horas da noite — respondeu Matt, parecendo muito bravo. 

Sete? — Perguntei chocado — Eu dormi tudo isso? Espera… O voo não era na hora do almoço?!

— Perdemos o voo, porque por algum caralho de motivo, você não acordou nem comigo ajoelhado implorando para você levantar. — Respondeu Matt ainda mais irritado — Se você alguma garota de vinte anos ajoelhada chupando as suas bolas você acordava. 

— Calma, cara. — Disse Zacky conciliador — Matt está puto porque Valary voltou antes com as crianças e ele acha que algo terrível vai acontecer sem ele por perto. 

Eu olhei para o meu amigo e me senti verdadeiramente culpado. 

— Desculpa por isso, cara. — Eu disse, sendo sincero, enquanto me levantava. 

A tontura já tinha praticamente passado, mas minha camiseta estava com um cheiro horrível. Eu a despi e aproveitei para jogá-la no lixo, enquanto ia em direção ao banheiro. 

— E já temos um novo voo? — Perguntei, enquanto ligava a água do chuveiro. 

— Já. Vamos sair hoje as 11 da noite e devemos chegar lá amanha de manhã. — Respondeu Zacky, indo até o banheiro. — Vou fechar a porta e deixar você se limpar. 

Eu ainda conseguia ouvir uma discussão calorosa do outro lado, mas tentei ignorar, entrando embaixo do chuveiro. Não me demorei muito e, logo, já estava saindo, me sentindo culpado e burro por ter bebido daquele jeito. Escovei os dentes, tentando tirar aquele gosto horrível da boca e sai do banheiro, com a toalha enrolada no quadril. 

Matt me encarava de braços cruzados, enquanto Zacky, encostado na parede, arrumava os botões do casado que vestia.

— Eu não queria ter que fazer isso… — disse Matt soltando os braços — Mas cara… Estou preocupado com você. E vamos ser obrigados a conversar sério sobre o que está acontecendo, já que podemos demorar mais ou menos uma hora até ir para o aeroporto. 

Peguei uma calça jeans, uma cueca qualquer e uma camiseta preta em minha mala e voltei para o banheiro para vestir. Antes de fechar a porta eu tentei dizer:

— Eu… eu sei. — Então suspirei enquanto tentava lembrar do que acontecera enquanto eu estava bêbado. Lembrava de ter dispensado uma camareira que queria arrumar meu quarto e, em algum momento entre a segunda e a terceira garrafa, ter vomitado no chão e um pouco na minha camiseta, já que estava toda manchada.

Depois de me trocar, sai novamente do banheiro com a cabeça baixa.

— A gente só quer saber que merda está acontecendo com você, Syn. — Disse Zacky, olhando para mim.

— Tem muita merda acontecendo… — murmurei pensando, imediatamente, em Jenny, mas decidindo não mencioná-la. — E acho que toda essa história de aborto me abalou de verdade, sabe? Eu perdi a noção, mas sei disso. Sei que estou totalmente errado. Nem Michelle, nem vocês merecem isso. 

— Cara… Se tem alguma coisa errada, você pode contar com a gente, não precisa se afogar em bebida desse jeito. — Disse Matt apontando as garrafas jogadas na cama. — Você sabe que não fazemos mais isso. 

Eu assenti, colocando as mãos na cabeça e sentindo que ela iria explodir à qualquer momento. Me senti culpado por fazer aquilo com meus dois melhores amigos do mundo e mais culpado ainda por toda aquela situação lembrar muito o que passamos com Jimmy. 

— Eu juro que não vou fazer mais isso. — Eu disse em voz alta, mas pensei: “Pelo menos não na frente de vocês”. — Desculpa por só fazer merda. 

— Mas o que tá errado, cara? — Perguntou Matt. 

— Tudo. — Respondi — Minha vida inteira… Antes de eu sair de casa, Michelle me disse que abortou porque não queria ter um filho com um pai infiel como eu. E o que eu fiz durante essa turnê toda? Traí ela sei lá quantas vezes…

Zacky suspirou e perguntou, me olhando com curiosidade:

— Ontem você e Jenny…?

— Não. — Respondi seco, impressionado que ele lembrava o nome dela. Então, aproveitando a deixa eu menti novamente: — Não consegui… Comecei a me sentir culpado depois que Val veio me avisar que Michelle tinha passado mal e mandei ela ir embora. Então me toquei do quanto eu era um marido filho da puta e… Aquilo me consumiu. 

O que eles não sabiam era que Jenny tinha se sentido culpada e me mandado embora, não o contrário.

“E ai eu estava de manhã em meu quarto e um funcionário do hotel veio aqui avisar que tinham sobrado bebidas da festa de ontem. Eu nem pensei duas vezes antes de beber.”

O que eles também não sabiam era que eu tinha bebido porque o desejo por Jenny estava me consumindo, não a culpa por causa de Michelle.

— Eu falei para o cara deixar as sobras com você, já que era o seu whisky. — Disse Zacky balançando a cabeça — Eu nunca ia adivinhar que você ia fazer isso.

— O Brian de 1999 faria isso. — Disse Matt, um pouco mais humorado — Não bastasse o filho pequeno, acho que tenho um adolescente para cuidar.

— Vai se foder. — Eu disse, mostrando o dedo do meio para ele, enquanto levantava para arrumar minhas coisas, para depois continuar, um pouco mais sério: — Agora vou ter que lidar com Michelle em casa, ela vai me matar por atrasar vocês.

— Já cuidamos disso. Dissemos que teve um problema com os instrumentos e nós três ficamos aqui para resolver. Valary ajudou a sustentar a história. — Disse Matt, fazendo um movimento com a mão, como se dissesse para eu deixar isso pra lá.

Eu agradeci e continuei arrumando minhas coisas, quando Zacky perguntou, parecendo curioso:

— Cara… Eu não quero me intrometer nem nada, mas tem certeza que Jenny não passou a noite aqui? As redes sociais estão lotadas de vídeos dela, entrando ontem a noite do hotel e só saindo hoje de manhã…

Suspirei, cansado daquele assunto, com vontade de mandar todo mundo para a puta que pariu e disse:

— Como eu disse, eu não consegui continuar com ela, mas me senti culpado por mandar ela embora as quatro da manhã sozinha, então fui até a recepção e pedi um quarto para ela. Ela passou a noite no hotel, mas não comigo. 

Depois que eu falei tudo aquilo e processei o que Zacky dissera, percebi porque Valary tinha visitado meu quarto naquela manhã: ela estava procurando por evidências e, provavelmente, à mando de Michelle.

— Tudo bem, cara. — Disse Matt querendo mudar de assunto. 

Continuamos conversando por mais algum tempo, mas o tom sério deu lugar à brincadeiras e piadas e, quando saímos do quarto, deixamos toda aquela merda para trás. Fechei a porta e, enquanto arrastava minha mala pelo corredor, usando um chapéu, na tentativa de esconder um pouco meu rosto, comentei com meus amigos:

— Isso não vai mais acontecer e, quando chegarmos em casa, a primeira coisa que vou fazer é levar Mich para jantar. Eu vou aceitar tudo isso, porque não posso mais viver essa merda. 

Falei tudo aquilo com sinceridade, decidindo que, se eu não podia ficar com Jenny, então eu ficaria com a mulher que mais amo no mundo. Assim, eu tentaria arrumar a minha vida, ser feliz com ela de novo e esquecer aquela garota que me encantou, pelo menos até a turnê na Europa.

 

“Oh, I’ve been down so long

The day is nearly gone

I must carry on

With this wasted love”

(“Oh, estive para baixo por muito tempo

O dia já quase acabou

Eu preciso seguir em frente

Com esse amor desperdiçado”)


Notas Finais


E aiiii? O que acharam desse?

Syn sendo Syn e Jenny tendo a reação que eu teria se eu fizesse o que ela fez hahah, na verdade acho que eu ia mesmo pegar uma garrafa e estourar na minha testa, não só deixar na ideia. (ps: eu nunca faria, ia me agarrar nesse homem que nem um carrapato e passar super bonder se precisasse)

Ps: San e Keh, CADE VOCES? Achei que eu ia ser assassinada por causa do capítulo passado ahahah

Enfim, espero que tenham gostado e vejo vocês no próximo.
Beijoos,
Juu


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