“Você consegue imaginar?
A vida que nós poderíamos ter vivido?”
Entramos por um dos tubos de ar da área do elevador e descemos por ele até o subsolo do Arkham. Ouvi a portinhola estourar quando Bruce a chutou. Ele pulou por ela, caindo no corredor. O segui, me pendurando na beirada e então descendo.
- Acha que ela vai nos ajudar? - perguntou ele, seguindo a frente de mim.
Aqui as luzes vermelhas pareciam mais escuras, e não havia salas adjacentes, apenas o fim de um corredor escuro numa grande estufa de vidro. A parte interior tinha uma luz quente para se assemelhar ao sol, o que ajudava no crescimento do cultivo de plantas da Hera. Bruce se achou na porta de vidro e usou uma espécie de caneta esferográfica a laser, que queimou a maçaneta, abrindo-a para dentro.
A mata no interior da estufa era de um verde deslumbrante. O solo gramado se estendia por entre as árvores frutíferas e as flores carnívoras. A luz ao topo parecia o próprio céu. Eu me sentia a Lana del Rey no clipe de Trópico.
Chegamos ao centro da estufa, onde havia uma macieira com diversas rosas entorno dela. Paramos ali por alguns instantes.
- Hera? - chamei-a - Sou eu, Arle!
Nada se mexeu ou fez barulho. Apenas silêncio.
- Ivy, preciso da sua ajuda! - gritei.
Apenas silêncio duplo.
- Ela não está aqui.
- Claro que está! - retruquei - A porta estava trancada, não tinha como ela ter… - uma raiz grossa ergueu-se pelo ar lentamente, apontando para Bruce - Fugido! - gritei, assim que a planta enroscou-se no pescoço do Morcego.
As mãos enluvadas do Batsy agarravam as raízes, tentando se afastar, mas não conseguia. Seu corpo foi erguido do chão e seus pés começaram a se debater.
- Hera! - gritei.
Ela apareceu em meio às flores. Ela sim parecia a Lana del Rey no clipe de Trópico, a folha de parreira para cobrir as partes íntimas, o cabelo esvoaçante vermelho taparam os seus seios. Seus lábios vermelhos estavam franzidos, embora seus olhos verdes, como a sua pele, encaravam Batsy se debatendo.
Andando, descalça, em meio as rosas, sua mão acariciou a raiz que enforcava o Batsy.
- Que belo presente você me trouxe, Arle - disse ela, com sua voz aveludada.
- Não, Hera, solta ele! - pedi.
As raízes não o apertavam mais, porém, continuavam a deixá-la preso no ar.
- O quê? Soltar ele? - indagou em descrença.
- O Coringa tomou o prédio, Ivy, ele me quer, só que não temos como chegar até lá, as portas de acesso foram seladas!
- E quem disse que isso é problema meu?
- Tudo bem, não é, mas precisamos que você abra espaço no teto até onde o Jeremiah operava.
Poison riu, pegando um maçã na macieira.
- Eu não vou fazer isso com ele vivo.
- Ivy, ele vai soltar todos os criminosos de Gotham - avisei - Eles podem acabar com a cidade!
- E desde quando você se importa com isso? - perguntou - Você é a namorada do Agente do Caos!
- Bem… Eu na verdade não me importo, mas…
- Você precisa nos ajudar - Bruce conseguiu dizer, arrancando um canivete de seu cinto e cortando a raiz que o prendia.
Ao cair no chão de pé, a planta se encolheu para dentro das flores, soltando um breve grito de dor num som agoniante.
- Como ousa? - disse Ivy, avançando em sua direção.
Intervi, me pondo entre os dois com os braços esticados para o lado.
- Ele não fez por mau - segurei seus ombros - Ivy, por favor, nos ajude.
Seu olhar de fúria, ao encarar os meus, se suavizaram aos poucos.
- E porque eu faria isso? - voltou a perguntar.
- Ora porque… Ora porque… - tentei pensar - Porque eu desisti dele! - respondi.
Hera me espreitou por alguns instantes, procurando saber se eu estava falando a verdade.
- Fala sério?
Afirmei, sorrindo.
Ela me abraçou no mesmo momento, quase estalando meus ossos antes de me soltar.
- Isso explica o cheiro de sexo vindo de vocês dois - olhou para mim e em seguida, para além de mim, onde estava o Batman.
- Vai nos ajudar ou não? - disse Bruce.
- Ah, querido, para quê tanta pressa?
- Temos menos de 5 horas antes dele soltar os presos do Arkham.
Ela ergueu as mãos para cima da cabeça. Deu de ombros e o olhou com destreza.
- Eu faço - confirmou por fim - Mas com uma condição - ergueu o indicador.
- Essa não… - afundei meu rosto numa mão, olhando para ambos entre a divisa dos dedos.
- Eu quero sair do Arkham.
- Nada de acordo - disse Batsy, dando meia volta.
Corri até ele e o peguei pelo braço, parando-o.
- O que pensa que está fazendo? Ela é a nossa única solução!
- Não, não é! - olhou de soslaio para uma Ivy que sorria para nós, acenando com a mão - Eu não vou deixar com que ela saia.
- E vai deixar com que mais de duzentos presos saiam por causa dela?
Ele parou para pensar por alguns segundos.
- Está certo.
Voltamos até a Poison Ivy.
- Ele aceita - disse eu.
- Mas você tem que ficar fora do meu radar nos próximos anos - disse ele, me interrompendo.
- Juro que farei o meu melhor e não cometerei nenhum crime! - ergueu a mão.
- Isso significa “palavra de escoteiro” - bati nas costas do Batsy.
- Se me derem licença...
Ivy andou rebolando até o centro onde estávamos.
O chão tremeu e a grama partiu, a terra se ergueu e junto com ela, uma quantidade de raízes que se entrelaçam, criando um cilindro contorcido e endurecido que pressionava o topo da estufa, assim como as paredes acima deles, quebrando-os.
- Por que você não fez isso antes? - perguntei para Ivy.
- Porque o sistema nunca esteve nas mãos de um lunático - sorriu - Agora subam.
- Espera! Subir? - perguntei, olhando para a abertura dupla nas raízes.
- É, subir! - reclamou Bruce, me enfiando em meio às raízes e vindo junto comigo.
Não consegui me despedir porque as raízes subiam com rapidez para cima. Os corredores apareciam rapidamente, mas soubemos que havia chegado quando o corredor vermelho estava completamente negro e a única coisa que se podia ver além dele era um grande painel fosforescente escrito “Painel de Controle”.
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