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História Quando Acontece. - Nosso Eu Nunca.


Escrita por: Mrs_Smile

Notas do Autor


É um pássaro?
É um avião?

Não é um capítulo novo para vocês!!!!!! Heyyy \o/ \o/ \o/

Capítulo 25 - Nosso Eu Nunca.


– Eu sugeri, você começa então. – falei olhando para a Lara que fez uma expressão engraçada. – Que expressão é essa? Tá com dor de barriga? – perguntei rindo um pouco e suas expressões fecharam.

– Eu estava tentando levantar uma das sobrancelhas, sua idiota. – E cruzando os braços voltou a olhar para o céu.

– Não consegue fazer isso? – pergunte elevando uma das sobrancelhas e ela me olhou revirando os olhos.

– Ah, vai se foder Katherine! – Era um humor muito volúvel para uma pessoa tão pequena.

– Você vem junto? – perguntei maliciosa e ela riu. “Ponto meu.” Pensei a acompanhando no riso.

– Tarada, comece logo, vá. – Voltou a ficar de lado me olhando atentamente.

– Certo. – falei pensando no que falar. – Eu nunca fui em nenhum dos shows dos meus cantores favoritos.

– E quem seriam esses? – perguntou curiosa.

– Emicida, Rashid, Projota... – citei alguns e por um instante ela ficou inquieta.

– Projota? – repetiu abrindo um sorriso lindo.

– Acho que você conhece. – Sorri e ela acenou positivamente com veemência.

– É um dos meus favoritos também. É um bom sonho. – Aquele brilhozinho no olhar fizeram querer levar ainda mais aquele plano louco a diante.

– Vai, sua vez. – Incentivei para que ela continuasse a brincadeira.

– Eu nunca andei a cavalo.

– Sério? Você não disse que sua avó mora no interior? – perguntei desacreditada lembrando de uma das conversas que tivemos.

– Não é por que ela não mora em Salvador que ela mora no interior. – me repreendeu por generalizar as coisas.

– Mas lá não tem cavalo? – ignorei sua fala.

– Tem, mas a minha avó não tem um então eu nunca andei a cavalo. – respondeu olhando para o céu novamente. “Andar a cavalo.” Fiz uma nota mental. – Sua vez.

– Eu nunca tive um cachorro. – falei entristecida.

– Tá de brincadeira, né? – perguntou me olhando de soslaio.

– Não, como estou sempre viajando, nunca tive a oportunidade de ter um cachorro. Em compensação meu avó tem vários animais na fazenda dele.

– Seu avó tem uma fazenda? – Percebi que não sabíamos muito uma da outra e pretendia remediar aquilo.

– Sim, e é aqui na Bahia. – comentei e ela virou de lado para me olhar.

– Não sabia que tinha parentes por aqui.

– E tem mais, morei lá na fazenda quando ela bem pequenininha. – sorri nostálgica.

Era verdade que não lembrava de nada já que não passava de um bebê. Mas adorava as viagens de fim de ano para a fazenda do meu vô Chico. Eram dias felizes até começarmos a viajar.

– Quer dizer que você é baiana? – perguntou sorrindo de canto.

– Na verdade eu nasci em Minas. – Realmente não sabíamos nada uma da outra.

– E é, Uai? – tentou imitar o sotaque da minha terra natal e eu ri.

– Meu Deus, isso foi muito fofo! – comentei e ela ficou sem seito.

– Isso é bem bão então! Mar bão mermo. – Lara continuou.

– Besta. – falei rindo.

– Onde é a fazenda do seu avô? – A menor parecia curiosa.

– Em Lençóis. – falei e ela começou a rir.

– Qual a graça? – Passei tanto tempo viajando que acabei esquecendo o quanto pessoas de Salvador poderiam transformar tudo em uma forma de piada.

– É que um tio meu costumava dizer isso quando iria dormir. – Era um riso contido, seus olhos expressavam saudades.

– Como assim? – perguntei ainda sem entender.

– Eu vou para Lençóis. – Lara falou pausadamente como se eu tivesse algum tipo de retardo mental.

– Ataa!! – Era uma boa analogia.

– Mineira. – Revirou os olhos e usou minha natalidade como um tipo de trocadilho.

– Uai, a baiana aqui é você, minha rainha. – Misturei os dois sotaques brincando com a menor. – Não sou muito fã de dormir o dia todo na rede e comer acarajé. – brinquei mesmo temendo tomar uns tapas.

– Ei! Baiano não fala assim!  – tentou me repreender e eu levantei uma das sobrancelhas. – Não somos preguiçosos e para o teu governo eu nem gosto de acarajé.

– Você mora em Salvador e não gosta de Acarajé? – estava desacreditada.

– Nem todo coveiro gosta de cadáver. – rebateu.

– Touché. – Admiti enfim que ela tinha um pouco de razão.

– Fora as brincadeiras. – voltou a falar depois de alguns instantes de um silêncio agradável. – Acho que não sei onde fica Lençóis.

– Conhece Chapada Diamantina?

– Claro, sempre quis ir lá.

– A fazenda do meu avó fica ali pertinho. – comentei.

– Ai, que foda. – A menor parecia deslumbrada.

– Agora é sua vez. – falei tentando voltar a brincadeira.

– Esse é meio besta, mas eu nunca fui em um acampamento de verão. – falou voltando a olhar para o céu.

– Acho que alguém assistiu muito Camp Rock. – impliquei.

– Pior que foi mesmo. – brincou rindo.

– Tá, vamos lá. Eu nunca tive um irmão. – falei.

– Se eu fosse você não consideraria isso um sonho. – Lara sorria olhando para o céu e a luz da lua refletia na piscina deixando a visão ainda mais deslumbrante. – Tenho quatro irmãos, e acredite, você não iria querer trocar comigo.

– Ser filha única é solitário. – Comecei a olhar para o céu assim como ela.

– Você não parece gostar de viajar tanto. – comentou pensativa.

– E não gosto, mas meu pai precisa viajar, minha mãe acompanha me levando junto.

Viajar nunca foi meu estilo de vida preferido, certo que haviam os benefícios, mas em minha mente os malefícios superavam. Sempre batia uma saudade de quando passava o fim de ano na casa do vô, tudo bem que minha mãe me avisou que passaríamos o natal lá, mas aquilo não mudaria muita coisa.

– O que seu pai faz? – Realmente não lembrava de ter comentado a profissão do meu pai.

– Ele é marinheiro. – respondi.

– Que legal! Meu pai era, ia trabalhar em um submarino mas só que desistiu quando minha mãe engravidou. – comentou.

– Olhe pelo lado bom já temos algo em comum. – Lara me olhou e sorriu.

– Pais potencialmente machistas? – perguntou me fazendo rir.

– Também. – Era aquele jeitinho dela que me encantava. – Vai, sua vez.

– Eu nunca pulei de uma cachoeira. – falou e eu imaginei a cena.

– Tinha que ser pequena. – impliquei.

– O que a senhorita esta insinuando? – perguntou fazendo mais uma vez aquela careta engraçada.

– Você deveria parar de tentar levantar uma sobrancelha, parece que tá com dor de barriga. – continuei a implicar fazendo a menor revirar os olhos mais uma vez.

Ficamos mais uma vez em silêncio, não era algo desconfortável, eu apenas permaneci observado a menor que olhava distraidamente para o céu. Os meninos ainda brincavam alegremente, as perguntas estavam mais leves já que a maioria estava mais sã que antes depois de algumas rodadas.

– Sabe, sempre gostei das estrelas. – comentou um pouco aérea.

– São interessantes mas nunca prenderam muito a minha atenção. Sempre preferi coisas mais próximas. – admiti.

– Em parte é na distância que me prendo. – continuou.

– Gosta de coisas que estão longe? – perguntei confusa.

– O que realmente me interessa é o que acontece por conta da distância, muitas delas já nem existem mais, mas ainda sim as vemos brilhar. – Nunca prestei muita atenção na aula de ciências, então aquele assunto ainda era um pouco desconhecido para mim.

– E é? – Eu estava surpresa.

– Elas estão a anos-luz da terra, então, se alguma estrela morrer e deixar de brilhar hoje, só veremos isto daqui a anos, o mesmo tanto de anos que ela tem de distante. – Lara explicou.

– Não tinha reparado nisso. – minha fala saiu baixa.

– Há coisas que muitos deixam passar, são coisas importantes, que são interessantes mas acabam sendo irrelevantes para várias pessoas. – Me perguntava a onde ela queria chegar.

– É a verdade, mas há pessoas que conseguem ver deslumbre em tudo. – tentei não generalizar.

– São poucos os que conseguem ver a beleza que as pequenas coisas possuem.

– É, verdade. – acabei por concordar com a menor.

– Por isso não ligam quando me chamam de pequena. – brincou me fazendo revirar os olhos.

– Isso tudo foi uma forma de se achar? – perguntei incrédula.

– Na verdade essa última parte foi só uma forma de mudar o assunto. – Lara falou com um sorriso sapeca nos lábios.

– Já vi que não poder saber mais teus sonhos através da brincadeira. – fingi que aquilo não tinha muita importância.

– Eu sou m livro aberto, é só prestar atenção. – a menor deu de ombros.

– São apenas esses os teus sonhos? – perguntei sendo finalmente direta.

– Quero ser engenheira civil, perder o medo de avião. Acho que sonhos se definem ao longo do tempo, junto com a maturidade. – Mesmo não sendo muitas, eu ainda tinha informações. – Quando eu era mais nova queria muito ir na Disney.

– E hoje?

– Ainda quero ir na Disney. – Lara me olhou sorrindo.

– Devo concluir que sua maturidade não mudou? – usei minha ironia em um tom divertido entrando na brincadeira.

– Você que sabe, não assumo esse B.O. – e com essa frase se levantou estendendo a mão para me ajudar.

– Você é divertida. – fiquei de pé e começamos a caminhar lentamente para perto do grupo que ainda brincava distraidamente.

– Não se engane, as vezes do nada dou umas crises existências grotescas. – Conversávamos como se fossemos amigas conversando amenidades, aquele clima entre nós estava suave e sua alegria me contagiava.

– Estilo estado BV? – Paramos um pouco vendo a nossa roda de amigos rindo com alguma frase sem sentido de alguém.

– O que isso tem ser boca virgem. – perguntou confusa.

– Não é virgem de boca. – comecei a corrigi-la rindo com sua frase. – É estado Bem Avançado. – expliquei.

– Então não seria BA?

– Faz sentido. – Cocei o queixo parando para pensar melhor na minha forma de falar.

– Claro que minha linha de raciocínio faz sentido, quem não faz sentido aqui é você. – Lara falou dando de ombros e recomeçando a andar sem aviso prévio.

– Para onde tá indo, nanica? – perguntei vendo que ela não estava indo em direção aos garotos.

– Nanica é meu pau. – rebateu meu apelido.

– Iria ser pequeno mesmo, se tivesse um, levando em consideração o seu tamanho. – continuei implicando.

– Posso não ter um, mas ainda sim faço um trabalho ótimo. – falou se virando em minha direção e dando um sorriso de canto.

“O que tem de pequena tem de provocativa.” Pensei levantando uma das sobrancelhas. Lara começou a andar de ainda de costas ainda me olhando e só se virou novamente depois de me mostrar a língua sapeca.

– Só Jesus na causa. – Ouvi essa frase em um grito vinda do grupo sentado na grama e sorri.

– Acho que ai, nem Jesus na causa. – sussurrei rindo um pouco.

– Você vem? – Lara perguntou parando na porta que dava para dentro da casa.

– O que vai fazer? – Tive que dar uma leve corrida para conseguir alcança-la.

– Não tô afim de beber café e estou morrendo de fome. – ela possuía um olhar sapeca. “Essa ai com toda certeza vai aprontar alguma.” Conclui quando um sorriso brotou em seu rosto. – O que acha que vou fazer? Assaltar a geladeira claro. – respondeu sua própria pergunta.

Ri balançando negativamente a cabeça quando a vi seguir em direção a cozinha. Me surpreendia vê-la tão espontânea em minha frente, apesar de terem se passado meses desde que nos conhecemos, não nos falávamos muito.

A segui parando no umbral da porta vendo-a abrir a geladeira e agachar mexendo em algo. Pegou alguns sacos e colocou em cima da mesa abrindo-os com agilidade, ela se movia com destreza naquele local como se já estivesse ido ali diversas vezes.

– Você vem sempre aqui? – Logo percebi que aquilo parecia muito uma cantada.

– Essa é muito velha. – Lara gargalhou abrindo a embalagem de pães de forma.

– Não foi cantada. – Revirei os olhos trocando o peso da perna. – É que você parece familiarizada com essa casa. – Abri os braços mostrando o local.

– Vini vem sempre aqui quando faz festas. – a menor falou distraidamente fazendo seu sanduíche.

– É vocês devem ser bem próximos. – Joguei verde.

– Temos o mesmo sangue, acho que nada mais normal. – respondeu levantando o olhar por alguns instantes para me observar.

– Vocês são parentes então? – perguntei me sentindo um pouco aliviada.

– Ele é meu primo. – falou se sentando e apontando para a cadeira a sua frente. – Só por isso posso estar aqui até tão tarde.

– Seus pais são muito rigorosos com isso? – Não pretendia deixar a conversa morrer.

Caminhei até a mesa e me sentei a sua frente, haviam dois sanduíches e uma jarra de suco. A olhei surpresa, ela era rápida. Se fosse eu ali a única coisa que conseguiria era decepar um dos meus dedos.

– Faz parte da vida. – Deu de ombros abocanhando um de seus lanches e me estendendo o outro. – Não coloquei veneno ai. – falou ao me ver hesitar.

– Acho que não seria capaz de fazer algo do tipo. – comentei abocanhado o lanche que recebi. Havia acabado de descobrir que estava com muita fome.

– Tem certeza? – perguntou e eu a olhei por cima do meu sanduíche.

A menor tentou ficar séria mas o seu sorriso logo surgiu, aquilo estava realmente bom. Aquele estava sendo um dos melhores assaltos que já fiz a geladeira.

– Não terminamos o nosso Eu Nunca. – comentei depois de dar uma golada no suco que descobri ser de maracujá.

– Qualquer dia desses a gente termina, mas na próxima a gente conta ponto. – Lara sorrio de canto e voltou a atenção para o que estava fazendo.

Começamos a conversar amenidades e tive certeza do que queria fazer a partir daquele momento.


Notas Finais


Passando para mandar beijo para esses seres lindos que gostam das loucuras que escrevo... <3 Lovo muito vocês!!!

Tá chegando na parte que eu quero >.< Me empolguei!!!


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