História Quando éramos apenas crianças sob as estrelas - Distante

Não achei Shalom em lugar nenhum, provavelmente ele estava num escritório, e eu não queria entrar em nenhum deles. Acabei por achar uma pessoa bem diferente no corredor, e essa pessoa era Piper.

-CRYSTAL! -Ela se jogou em cima de mim.

-O que foi?!

-A Lana! Ela vai sair!

-O quê?! Por quê?!

-Ela já te contou? Sobre a...

-Sim, sim.

-Por causa disso! Ela vai pedir pro Shay hoje e a Judy amanhã!

-Como assim?

-Elas tão juntas!

-O quê?!

-Sim!

-AAAAAHHH!

-AAAAAHHH!

Começamos a pular com as mãos dadas e sorrir. Eu queria achar a Lana e perguntar muitas coisas pra ela! Todos os meus melhores amigos estavam achando o amor e eu estava ajudando! Sou praticamente o cupido.

-E então eu estive pensando... Se elas vão sair, logo só eu e as outras duas vamos ficar na competição, então Shalom vai ter que eliminar uma. Crystal, eu acho que eu realmente tenho chances de ganhar!

Sorri pra ela. Ela não tinha chances de ganhar, até porque Shalom terminaria com tudo isso, só não sei porque ele estava demorando tanto, e isso também era uma coisa que eu queria falar com ele.

Fui achar Shalom no almoço, mas não foi como sempre. Eu sorri pra ele e ele hesitou um pouco antes de dar um sorriso estranho. Fiquei observando ele enquanto comia, e em nenhum momento o olhar dele cruzou com o meu. Ele ficou olhando pra algum lugar além, dava pra ver que ele estava imerso nos pensamentos, distante, cogitando hipóteses, que não pareciam ser muito legais.

Ele saiu rápido, ao mesmo tempo que a maioria das pessoas, entao eu não consegui perguntar pra ele o que estava acontecendo.

De repente, uma coisa tomou conta de mim, e ela não é boa. Parecia que uma bomba de angústia tinha explodido no meu peito, e aquela voz de antes, me dizendo pra ficar preocupada, tinha começado a ficar mais alta na minha cabeça.

Passei o dia pensando nisso. Preferi ficar sozinha na biblioteca pra pensar. Ele não sabia sobre o beijo, a não ser que alguém tenha falado pra ele, ou ele tenha visto, o que eu acho muito dificil, já que era tarde e ele sempre tem trabalho de manhã, essa hipótese era quase que impossível.

Ainda sim, eu não devia ter feito aquilo, não foi certo. Ah, melhor não ficar pensando nisso.

Me distraí com livros até a hora do jantar. De novo, Shalom estava com aquele olhar, mas às vezes ele olhava pra mim. Não para me observar, mas sim como se me analisasse, bem rápido, ainda pensando em outra coisa.

Dessa vez eu fui rápida e consegui pegar ele saindo da sala de jantar e levei ele pra um canto.

-Ta tudo bem?

-Sim. Por quê?

-Ah, você tá meio estranho.

-C-Como assim?

-Meio distante. Sei lá.

-Ta tudo bem.

-Quer dar uma volta, então?

Ele mordeu o lábio e olhou pro relógio.

-Na verdade, as coisas tão bem massantes, e eu tenho que acordar cedo amanhã. Desculpa.

-Tudo bem. Boa noite.

-Boa noite. -Ele deu beijo na minha testa e depois saiu.

Aquilo não foi uma conversa de quem estava bem. Não mesmo.