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História Quando eu era seu homem - Consequências


Escrita por: bel07

Notas do Autor


Olá, como estão todos? Espero que bem. Eu tive uns probleminhas, por isso demorei a postar.
Dedico esse capítulo a @Suirtemed. Obrigada por todo apoio!

Capítulo 56 - Consequências


Fanfic / Fanfiction Quando eu era seu homem - Consequências

 

Dia 02 de julho, China

Nas primeiras horas da manhã depois de ter visto seu amigo se sacrificar, Chris foi resgatado pela B.S.A.A. Ele sabia que tinha sua família para voltar e se sentia grato, mas doía ter perdido um amigo como Piers. Devia sua vida a ele e como forma de honrar a sua memória, decidiu continuar na BSAA como capitão.

Se perguntava se Jill o perdoaria por ter sumido e se transformado em um bêbado deplorável, digno de pena. 

"Como pôde não lembrar de sua esposa e sua irmã? Deus! Ele e Jill iam ter um bebê!" Ele imaginou tudo que ela teve que passar enquanto ele estava sumido, havia perdido tanta fase importante.

Chris mais do que ninguém sabia que tudo que ela passou na África com Wesker deixou marcas profundas e ela nunca mais falou em ter filhos. Esse era sempre um assunto delicado demais. Ele não faz ideia do peso de receber essa notícia sem que ele estivesse com ela para apoiá-la. Será que ela já sabia antes dele viajar ou ficou sabendo depois? Isso pouco importava, o fato é que ela teve que passar por tudo sozinha.

Ele não a acompanhou em nenhuma das consultas, não viu sua barriguinha crescer, nem segurou a mão dela em nenhum ultrassom. Se sentia péssimo e sabia que seu desaparecimento poderia ter afetado a gravidez e rezava para que nada de ruim tivesse acontecido com sua esposa ou com seu bebê. Ou ele jamais poderia se perdoar.

Ele não sabia como encarar Jill e muito menos como contar a sua irmã sobre Piers. 

...

Dia 02 de julho, EUA

Depois de enfrentar mais de 13 horas de vôo e dormido por quase todo esse período, Leon finalmente chegou aos EUA. Logo seus pertences foram retirados e em seguida ele e Helena foram para área médica onde vários exames e testes foram feitos. Uma vez que ambos entraram em contato com o vírus era necessário e imprescindível ter certeza de que tanto ele quanto Helena não representavam qualquer risco à segurança nacional.

Não era a primeira vez que ele passava por isso, e embora soubesse dos procedimentos e a importância deles, o agente só queria que tudo acabasse logo. 

Assim que foram liberados pela equipe médica, Leon teve apenas uma hora para descansar antes que todo o interrogatório começasse, e já haviam se passado outras tantas horas desde que ficara prestando depoimento, mas agora uma reunião havia sido convocada e isso significava mais tempo ali.

...

Dia 03 de julho, EUA

Pela manhã, Barry levou Claire até o aeroporto. Ela não conseguiu dormir direito de tanta ansiedade. Havia tanta urgência em vê-lo, tocá-lo e ter a certeza de que ele estava realmente ali... bem... precisava ter a certeza de que era real. 

O vôo durou cerca de duas horas, mas que pareceram uma eternidade pra ruiva. Por sorte quando chegou no prédio do DSO, Hunnigan estava conversando com um agente no Hall e autorizou sua entrada.

- Hunnigan!

- Claire! Bom vê-la novamente! Soube do Leon não é?

A ruiva assentiu. - Onde ele está?

- Ele já passou por uma junta médica, está bem, mas agora está em reunião, ele tem provas que o ajudarão a provar sua inocência.

- Eu sabia que ele jamais faria algo assim.

- Eu também. Me desculpe, Claire. Não consigo imaginar pelo que passou. Aceita um café? Te explicarei porque tive que confirmar a morte deles.

Claire concordou e Hunnigan a guiou até seu escritório onde poderiam conversar com mais privacidade. A chefe do FOS pediu 3 cafés à secretária, o que levou a ruiva a crer que mais alguém estava no escritório de Hunnigan.

Assim que entrou seu palpite se confirmou, Claire viu uma jovem mulher em pé de frente para uma grande janela de vidro que ia de uma ponta a outra. Ao perceber a chegada delas, a mulher se virou e Hunnigan fez as apresentações.

- Entre, por favor, fique a vontade! Essa é agente Helena Harper, ela estava com Leon.

- Claire Redfield, prazer! - A ruiva cumprimentou a mulher a sua frente. Ela era muito bonita, mas tinha um semblante triste e abatido.

Hunnigan explicou por alto o envolvimento de Simmons. Tudo que ela pôde dizer a ruiva fora somente o que já era ou que em breve seria de conhecimento de todos assim que a reunião acabasse. Apenas informações que poderiam ser trocadas entre as agências. 

Mas ao ouvir sobre o envolvimento do conselheiro de segurança seu primeiro pensamento foi Sherry. Hunnigan percebendo a preocupação da ruiva, tratou de tranquilizá-la dizendo que agora ela estava bem, e que em breve ela poderia vê-la também. Detalhes do ocorrido, Ingrid não podia dar a Claire e nem tinha autorização pra isso. Mas o mínimo que podia fazer era explicar a ela que anunciar a morte de Leon e Helena foi uma mal necessário. 

Hunnigan contava a loucura que foram os últimos dias quando foi interrompida, pois sua presença havia sido solicitada na reunião.

- Volto já Claire, Leon vai ficar muito feliz em vê-la.

Claire assentiu e a chefe do FOS se retirou deixando Claire com a agente Harper.

...

Por mais que Leon tivesse acostumado a todo protocolo, esta situação não era tão simples. O presidente da maior nação do mundo havia sido morto por um membro do governo que era seu braço direito e amigo. Óbvio que isso abalou as estruturas do governo.

Participavam da reunião os chefes das agências de segurança, pessoas do mais alto escalão do governo, generais e outras pessoas que Leon não fazia ideia de quem eram, mas eles o conheciam. Tudo aquilo era muito complicado e chato, mas ele não tinha como se livrar. Uma vez que havia começado não tinha hora pra acabar.

Mas relembrar do momento em que teve que por uma bala na cabeça de Adam, a quem ele estimava e considerava um amigo, não eram lembranças que ele gostaria de ficar remoendo, mas ele entendia como as coisas funcionavam. 

Pouco tempo depois de começar a reunião, Rebecca entrou acompanhada de outros cientistas do governo, além de Hunnigan. Leon pôde compreender um pouco mais sobre o vírus e o caos em que acabou se metendo. Becca era brilhante e havia aceitado trabalhar como consultora pra o governo, além da B.S.A.A.

- Boa tarde a todos. 

- Boa tarde, Dra. Chambers! O que temos de concreto sobre o C-vírus? - Dissera o outrora vice presidente dos EUA, agora atual Presidente.

- O Chrysalid Virus, abreviado por C-Vírus, foi batizado dessa forma pois o hospedeiro infectado diretamente com ele acaba criando uma espécie de casulo, ou crisálida em volta de seu corpo para que a mutação possa ocorrer. Ele é um vírus RNA artificial desenvolvido por Carla Radames com auxílio da “Família”. Relatórios de campo, além de documento cedidos pelo agente Kennedy nos ajudaram a compreender como ele foi criado. Carla era um prodígio e começou a trabalhar no C-vírus em 2001 a pedido de Simmons, depois de tentativas frustadas e sem sucesso, em 2002 o governo Norte-Americano conseguiu uma amostra do T-Veronica do corpo de Manuela Hidalgo. Derek dada a sua influência conseguiu colocar as mãos no vírus e o passou para Carla que fez experimentos para reduzir sua toxidade e decidiu que precisava aperfeiçoar o vírus. Ela extraiu dele o atributo responsável por causar mutações, atributo este que na verdade provinha do vírus Progenitor, usado na produção do T-Veronica.

Enquanto Rebecca falava e explicava um relatório detalhado foi entregue a cada um dos presentes.

- Entretanto, como podem ver, informações adquiridas pela B.S.A.A. nos mostra que o T-Verônica era um vírus muito agressivo e precisava de longos períodos de encubação para que o organismo do hospedeiro fosse capaz de suportá-lo, e é aí que Simmons entra mais uma vez. A forma que Carla encontrou para neutralizar essa agressividade, foi o usar o G-Vírus, que foi extraído do corpo de Sherry Birkin.

Leon sentiu muita raiva, aquele cretino usou Sherry de tantas formas que ele se sentia enojado. Uma sensação de impotência o invadiu quando lembrou de todo o sofrimento da pequena garota. Sua mente o levou a uma época que ela ainda estava sob os cuidados dele e de Claire. Tempo esse que ele prometeu que tudo ia ficar bem. Ele falhou com ela.

1998

Lá fora o céu estava escurecendo, o vento aumentou soprando as folhas secas por toda parte. Leon ainda estava se recuperando do ferimento em seu ombro. Claire havia feito um bom trabalho tratando de sua ferida. Eles tinham acabado de comer e Sherry conversava com Claire. A ruiva dizia que tinha feito balé, jazz e a pequena Sherry lhe confidenciou que não sabia dançar. Sua mãe e seu pai não tinham muito tempo pra ensiná-la ou colocá-la em uma escola de dança.

A ruiva sorriu e imediatamente garantiu a menina que a ensinaria. Essa foi uma das muitas coisas que ela aprendeu com Claire.

Claire pegou as mãos pequeninas de Sherry e a conduzia dando passos ritimados e Sherry imitava todos os movimentos, atenta a cada explicação. As duas riam toda vez que Sherry pisava no pé de Claire.

Leon nem sabe por quanto tempo ficou parado, congelado olhando as duas dançando e por um momento os horrores que viveram ficaram lá fora. Ele sorriu e desejou que esse momento nunca acabasse. Ali naquele quarto de motel barato, eles pareciam uma família e ele gostou disso. As gargalhadas tomaram conta do lugar e ele foi contagiado pelos sorrisos.

- Venha, Leon. - Dissera uma espoleta e mais nova dançarina.

- Sim, venha e dance com Sherry.

- Acho que vou ficar aqui só olhando. Não sou tão bom quanto vocês.

- Por favor, por favor, Leon - Murmurou Sherry fazendo beicinho e juntando uma mão na outra como em uma oração. Alguns dias antes, ele acordou e percebeu que Sherry não conseguia dormir, estava com medo do barulho que o vento fazia lá fora e das sombras que os galhos produziam.

Ela o confidenciou que não quis acordar Claire, pois a ruiva tinha ficado até tarde com ela tranquilizando-a até que ela finalmente conseguiu pegar no sono, mas agora despertou ao ouvir um barulho e não conseguia mais dormir.

Leon desejou que ela nunca tivesse passado por tudo que passou. Ele a chamou para o sofá, ligou a tv baixinho e os dois foram assistir desenho animado. Mas não antes dele prometer a ela que não deixaria ninguém machucá-la. Ela sorriu e o abraçou e disse que Claire dissera a mesma coisa e que ela confiava neles. Leon se viu cada vez mais apegado a Sherry.

De volta as súplicas da menina para que ele se juntasse a dança. Ele olhou pra Claire que tinha um lindo sorriso estampado no rosto. 

Uma felicidade o invadiu. Era o primeiro dia desde que fugiram de Racoon que Sherry não se assustava com todo e qualquer barulho e lá fora nem mesmo os trovões que anunciavam uma tempestade abalaram a menina. Como lhe negar esse pedido?

- Vamos Leon vai ser divertido. - Claire piscou o olho pra ele.

- Ok, me concede essa dança senhorita?

Sherry se curvou com suas mãozinhas agarradas uma em cada ponta de sua roupa como uma princesa. - Sim, senhor! - Para em seguida dançar com Leon enquanto Claire dançava com um esfregão deixado no quarto por alguma camareira.

Com Leon e Claire, Sherry se sentia verdadeiramente protegida. 

Mas quando a música acabou e uma lenta passou a tocar. Sherry sorriu um sorriso que hoje ele consegue perceber... um sorriso "malicioso" pra uma garotinha da idade dela... Ela se afastou e encarou Leon dizendo:

- Agora você vai dançar com Claire.

- Ei, e meu acompanhante? Ele é um pouco ciumento. - Disse ela sussurrando esta última frase, apontando para o esfregão e arrancando boas risadas de Sherry.

- Acho que ele não vai se importar de dançar comigo. Você não acha que sou uma boa dançarina? Eu aprendi rápido, Claire, não aprendi?

Claire sorriu com a perspicácia da pequena, olhou pra Leon que deu de ombros e esticou suas mãos pra ela.

Ela passou delicadamente as mãos sobre seu ombro ferido. Leon sentiu como se uma faísca tivesse sido acesa, mas ele não entendia o que isso significava.

No início foi meio sem jeito, mas logo ela estava mais a vontade e deitou sua cabeça sobre o ombro bom. Ela confiava plenamente em Leon e ele nela. Ele inspirou fundo sentindo o aroma frutado do shampoo que ela havia usado. Há pouco mais de um mês atrás ele não fazia ideia de quem eram aquelas pessoas e agora daria sua vida pra protegê-las. E não importa o que a vida traga se eles estivessem juntos tudo ia ficar bem.

__________________...___________________

Depois que arrancaram Sherry dele, o policial que foi pra Raccom pra ajudar nos casos de desaparecimentos, o policial ingênuo que só queria trabalhar no que sempre sonhou e dali a um tempo arrumar uma boa esposa e ter filhos, sabia que não tinha outra alternativa senão servir ao governo, embora doesse era a única forma de garantir a segurança de Sherry. Durante seu treinamento ele tentou não deixar sua mente vagar. Tentou ser forte. Tentou desesperadamente não pensar nas coisas que ele havia perdido, tentou não pensar nos planos que fizeram quando Claire retornasse e tentou com todas as suas forças não pensar na falta que Sherry e Claire faziam em sua vida.

O governo a tirou dele com a promessa de cuidarem dela e deram a guarda para Simmons que em nada diferia de Wesker. Adam confiava demais em Simmons e pagou caro, pagou com a própria vida por isso, e embora seus instintos o diziam que Derek não era uma pessoa confiável, nunca imaginou que ele fosse capaz de tudo o que causou. Quanto estrago e mortes aquele homem e os que o seguiam causaram.

Rebecca continuava com sua explicação e Leon procurou manter o foco, era fundamental se manter atento a cada explicação.

- E depois, Carla aperfeiçoou o C-vírus sem que Simmons soubesse com os anticorpos extraídos de Jake. Isso fez com que o vírus se tornasse ainda mais potente, criando um exército de soldados altamente inteligentes e organizados, e com enorme capacidade de mutação.

Enquanto Rebecca seguia com as explicações, Hunnigan se aproximou de Leon e disse a ele que Claire estava ali para vê-lo e que ela tinha autorizado a entrada dela e havia conduzido a ruiva até sua sala onde ela aguardava para encontrá-lo e assim que uma pausa fosse feita, ele poderia vê-la. Agora mesmo é que o agente teve que reunir todas as suas forças pra não sair correndo ao encontro dela.

Ele lutou com seus pensamentos que neste momento pertenciam a uma certa ruiva para continuar e tentar entender a exposição dos fatos expostos por sua amiga, Becca.

...

Hunnigan tinha acabado de sair e Claire resolveu puxar conversa com Helena. Ela parecia muito abatida e a ruiva estava preocupada.

- Você está bem? 

- Vou ficar... Então... você é amiga de Leon?

O que ela ia dizer? Eles tinham voltado? Apesar de não ter dúvidas em relação a eles, achava melhor conversar com Leon primeiro, havia tanto pra conversar. Acertar as coisas entre eles era fundamental e além disso ela queria e precisava falar com Piers também. Ele era muito importante pra ela. 

- Posso dizer que sou uma velha amiga. 

- Leon é um cara bom! Pra falar a verdade ele é uma pessoa maravilhosa! Não faz meu tipo, mas é gente boa!

Claire soltou uma gargalhada com a maneira de Helena se referir a ele. Helena era jovem, bonita e geralmente as mulheres caíam matando sem dó, mas ela realmente não parecia impressionada com a beleza de Leon.

- Sim, ele é. Diga pra mim que aquele doido não se arriscou muito? Sei o quão intenso ele é.

- Intenso? Você está brincando! Ele é insano! Você não faz ideia do que ele fez, me lembre de nunca deixá-lo no comando de um veículo seja terrestre ou aéreo. 

Outra gargalhada genuína da ruiva podia ser ouvida e Helena percebeu o quão alto astral era aquela mulher a sua frente. Ela não sabe explicar, mas Claire a fez se sentir bem a vontade.

- Quer dizer que teremos mais veículos além de um carro para o currículo dele?

- Sim, inclua nisso um avião e um helicóptero.

- Oh, meu Deus! Foi pior que em Racoon...

- Você também esteve em Racoon?

- Eu, ele e Sherry. 

- Eu a conheci. Uma boa garota.

- Sim, ela é. 

Helena notou como Claire pareceu preocupada com Sherry quando Hunnigan contava sobre Simmons e agora os olhos de Claire brilharam ao falar de Sherry. Se ela conheceu Leon em Raccom e veio aqui pra vê-lo, além de compartilhar o mesmo sentimento por Sherry, eles deviam ser realmente velhos amigos. Ao menos puderam tirar algo de bom dos eventos traumáticos que viveram.

Talvez ela consiga fazer o mesmo. Conhecer Leon já foi um bom começo. Em tão pouco tempo ela já o admirava e respeitava o agente.

Um pouco mais de conversa com a ruiva e Helena sentiu que ela era uma boa pessoa e Claire conseguiu arrancar algumas risadas de Helena, agora Leon e suas peripécias eram o assunto das duas e o agente estava na mira delas. Mas depois de muitas risadas, Helena suspirou e voltou a falar sério.

- Sabe, o que mais me impressionou em Leon foi seu caráter. Ele pode estar nisso tudo há tanto tempo, mas continua sensível ao sofrimento alheio, ele se importa com as pessoas. Eu até fui egoísta, mas ele não! Ele continuava preocupado em ajudar as pessoas. Ele... Ele não hesitou em me ajudar mesmo quando eu não tinha sido totalmente honesta com ele. Leon não me abandonou... Sabe... eu o admiro muito, ele é um homem bom e ganhou meu respeito e minha amizade. 

- Sim, esse é o Leon que conheço. 

Helena se sentiu mal, um pouco envergonhada ao se recordar de que enquanto tudo que ela queria e se importava era em encontrar sua irmã, Leon se importava com qualquer pessoa que cruzasse seu caminho e que ele tivesse condições de ajudar. 

Relembrar os acontecimentos dos últimos dias a deixaram um pouco emotiva e ela precisava de outro rumo pra conversa. 

- Mas é louco também. Ele não mede esforços pra proteger as pessoas, principalmente as que ama. Ele foi super protetor com Sherry e eu entendi que havia um carinho antigo ali, sabe? Algo paternal.

Claire não escondeu o imenso sorriso ao Helena falar de como Leon protegeu Sherry. E a mulher continuou.

- Mas agora vendo você com esse sorriso sei que ele não é o único. - Claire sorriu e assentiu e Helena continuou. - Mas Sherry não foi a única que Leon foi protetor. - Claire levantou uma sombrancelha curiosa e ela continuou a falar: -Você tinha que ver o que ele fez por uma mulher... Não sei bem qual a relação entre eles, mas... 

- Mulher? 

- Sim, uma asiática. Talvez você a conheça! Ficou claro pra mim que entre eles você sabe, rola alguma coisa a mais... 

- Asiática?

- Sim, o nome dela era...

- Ada?! O nome saiu com muito custo da boca de Claire, amargo como fel.

Claire podia jurar que quando escutou asiática, seu coração havia parado de bater, ela prendeu a respiração e sentiu seu corpo inteiro ficar dormente. Mas não ia tirar conclusões precipitadas só porque escutou o nome de Ada. Não podia dar bandeira pra Helena. Se esforçou pra emitir um sorriso e perguntou. 

- Como assim? O que ele fez por Ada?

Helena contou a ruiva tudo que Leon fez pra proteger Ada desde Tall Oaks até a China, mas ouvir que ele se jogou de um prédio e usou seu corpo para protegê-la de Simmons foi a gota d'água. Ela não podia mais ficar ali. Embora por fora parecesse firme, por dentro ela já estava desmoronando.

- Me desculpa, eu preciso ir ao banheiro!

- Claro. Eu tenho que aguardar aqui. Você sabe... As coisas não estão muito boas pra mim, então eu não vou a lugar algum.

Claire se esforçou pra esboçar um sorriso e saiu. 

Ao sair da sala sentia que suas pernas podiam traí-la a qualquer momento. Depois de entrar no banheiro, notou o quanto suas mãos tremiam ao trancar a porta. Ao encarar sua imagem refletida no espelho, já não pôde mais conter as lágrimas. Tantas coisas vinham a sua mente. As palavras de Helena fizeram sua mente voar e imaginar o que ela não queria... Como ele pôde? 

Dado o seu estado não tinha como voltar pra sala onde Helena aguardava. Claire precisava sair dali. E se demorasse a voltar, a mulher ou Hunnigan poderiam procurar por ela e ela não queria que ninguém a visse assim. Ela lavou o rosto, respirou fundo e procurou se acalmar, mas as palavras de Helena martelavam em sua mente. Ao sair do banheiro, imediatamente deixou a sede do DSO, pegou um táxi, mas não fazia ideia de pra onde iria.

Claire procurou manter a calma, não queria parecer como se sentia, completamente vulnerável. Não queria desabar na rua, muito menos dentro de um táxi com um estranho fazendo perguntas do tipo se estava tudo bem. Porque ela não estava nada bem!

- Só dirige, por favor!

"Como ele pode?" Ele arriscou a própria vida por Ada outra vez, depois de ter jurado amor a ela. A ruiva se sentiu uma idiota! 

"Chega"! "Você está surtando à toa, Claire!" "Não! Não era possível!" " Você o conhece." Tinha que ter algum motivo! Devia ter uma explicação lógica, racional pra esse comportamento! Ela era uma mulher adulta e conhecia Leon e ele não era assim! Ele teria que ser muito cafajeste e ele não era. Ela não podia ter saído assim, tinha que deixá-lo se explicar. Se sentindo estúpida por sair desse jeito pensou em pedir para o taxista retornar. Perdida em seus pensamentos, custou a perceber que o taxista a chamava.

- Moça? Moça? Seu telefone está tocando!

- Oh! Eu estava distraída... Obrigada!

Quando ela foi atender a ligação havia caído. Mas tinha várias mensagens de Jill e Barry. E por um momento o medo a dominou. Ela clicou com receio na mensagem de Jill e depois na de Barry, porém logo sentiu um alívio ao ler.

" Claire, sei que não querem me falar exatamente quando ele chega, acham que eu posso ficar ansiosa demais, e isso me prejudicar, mas Chris chegará a qualquer momento." Ele está voltando querida! " Nosso Chris está voltando". 

 

 "Claire, Chris está de volta!"

  Ao menos uma notícia boa! Sua conversa com Leon teria que esperar. 

  - Pro aeroporto, por favor!

...

Fotos passavam num projetor e Rebecca continuava sua explicação para aqueles homens e mulheres do governo. Leon e Hunnigan ouviam atentamente a explicação da Dr. Chambers.

- Bom, como podem ver essa BOW é chamada de J’AVOS. A B.S.A.A. já havia se deparado com elas. São criaturas geradas a partir da infeccão direta pelo C-vírus por meio de injeção. Possuem grande poder regenerativo e quando sofrem lesões, ferimentos ou tem algum membro arrancado em combate, várias mutações podem ser desencadeadas e desenvolvem no local ferido um membro maior e mais eficiente em combate. Um único J’avo pode sofrer mutação em vários membros. Também podem surgir novos “olhos” pelo rosto do hospedeiro, algo bem semelhante ao que o G-vírus causa nos hospedeiros. Os J’avos são considerados a mutação incompleta do C-vírus, porém, ao sofrer muitos danos eles podem se transformar em crisálidas. Essas sim são consideradas mutações completas, dela eclode um novo ser, muito mais poderoso e mortal do que os J’avos. Como podemos ver essas criaturas são alguns exemplos. 

Fotos de Napads, Gnezdo, Strelats, entre outros passavam num projetor deixando aqueles homens e mulheres perplexos com tudo o que viam. E depois de responder algumas perguntas, ela continuou com a exposição dos acontecimentos.

- Há também as criaturas geradas pela infecção indireta do C-vírus (inalação de um gás). Os hospedeiros acidentais transformam-se em zumbis e algumas variantes como Bloodshot, Shrieker, Whooper, entre outros. O gás pode ser dispersado no local de forma artificial através de mísseis (como aconteceu em Thatchi, na China), ou através da dispersão do gás pela Lepotitsa (como aconteceu em Tall Oaks). Os hospedeiros acidentais são consideravelmente mais fracos que os J'avos. 

- Mas eu não entendi. Como Helena e eu não fomos infectados ao entrar em contato com esse gás que você citou?

- Boa pergunta, agente Kennedy. Todas as substâncias, naturais ou sintéticas são potencialmente tóxicas. Na verdade, não há nenhuma que não seja tóxica. O que acontece é que as diversas substâncias diferem muito na toxicidade, mas é a dose que estabelece a diferença entre um tóxico e um medicamento. O que percebemos nesse gás é que a principal via de intoxicação é a respiratória, mas a via cutânea é outra forma de ingresso do gás. Ao ser inalado ele chega aos pulmões rapidamente. Ele é difundido pelos vasos sanguíneos, combinando-se com a hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio pelo corpo humano. Esse gás age de forma semelhante ao monóxido de carbono, ele possui cerca de 200 vezes mais afinidade com a hemoglobina que o gás oxigênio e, ao ligar-se a ela, diminui a quantidade de hemoglobina disponível para o transporte de oxigênio pelo corpo humano. Essa competição com o oxigênio pode levar à morte por asfixia. O diferencial é que a pessoa retorna como zumbi. O vírus também contém uma proteína que modifica outras proteínas. Essa proteína se aloja na cabeça e cria estragos semelhantes a um tiro no cérebro. Ela foi programada, e acreditem isso é muito difícil de se fazer, para se alojar no cérebro, destruir o lóbulo frontal, responsável pela moral, planejamento e inibição de ações impulsivas e manter de forma dormente o cerebelo, capaz de controlar a coordenação. A inserção dessa proteína num gás é muito, muito improvável.

- Mas foi feita.

- Sim. Carla combinou os vírus citados, e essa proteína foi encontrada em todos eles.

- Mas como o agente Kennedy relatou, ele e a agente Harper inalaram esse gás e não se transformaram. - Dissera um dos generais intrigado.

- Sim, as condições de exposição e a dose são fatores que determinam os efeitos tóxicos e consequentemente a morte e o retorno como zumbi. Se exposto exatamente na área em que o gás foi dispersado você tem apenas alguns segundos para tentar fugir, pois se inalado por muito tempo ou dependendo da quantidade de gás absorvido a situação pode ser irreversível.

- Foi assim que o Presidente... - Murmurou o atual presidente.

- Sim, senhor. - Assentiu com pesar a Dra. Chambers.

Os questionamentos e indagações sobre a atitude de Simmons não paravam de surgir.

- Meu Deus, que loucura! Isso tudo acontecia bem diante dos nossos olhos. - Dissera o atual presidente.

- Com todo respeito, Senhor, Todos confiavam em Simmons principalmente o presidente. - Dissera o atual conselheiro de segurança.

- E quem disse que aqui mesmo não tem gente dele? Ele tinha muita influência e com certeza não agia sozinho, Senhor Presidente.

- Você tem razão general, discutiremos isso em breve, deixemos a Dra. Chambers concluir suas explicações. 

- Obrigada. E por fim, O Haos, a BOW suprema resultante do C-vírus. Pelos documentos que vimos seu estágio não estava completo. E ela estava sendo escondida numa plataforma de petróleo e pelo depoimento da agente Sherry Birkin, agentes da B.S.A.A. ficaram para impedí-la, mas ainda não temos muitas informações sobre essa missão. Muito do que sabemos sobre essa BOW é graças aos documentos trazidos pelo agente Kennedy. E pelo que vimos se essa criatura alcançar o oceano, os danos serão incalculáveis atingindo toda a população global. Essa BOW é capaz de criar e de expelir este mesmo gás que citei, mas devido ao seu tamanho, a área que ela poderia infectar de uma só vez é muito maior que a da Lepotitsa. Após o seu completo desenvolvimento teria condição de se reproduzir de maneira assexuada no oceano, espalhando-se rapidamente pelos 7 mares e infectando todo o Globo em questão de pouquíssimo tempo.

Foi aí que Leon se deu conta de que Chris não saiu com Sherry. Mas se Claire estava aqui e nenhum alerta global fora emitido, era sinal de que ele deve ter conseguido impedir que Haos escapasse. 

- Quantos agentes ficaram pra impedir essa coisa?

- Dois, Senhor.

- O que? Isso é impossível!

- Não, pra eles.

- Como sabe agente Kennedy?

- Porque eu os conheço. Ninguém participou de mais missões como o capitão Chris Redfield. Ele é experiente e já saiu de muitas situações que pareciam impossíveis! Seu parceiro também é excelente no que faz. E além do mais... Redfield detesta o fracasso. 

- O agente Kennedy tem razão. Eu fui informada quando estava a caminho da reunião que a missão foi um sucesso! A BOW foi neutralizada. Mas ainda não tenho mais detalhes. - Dissera Hunnigan.

Mais uma vez seu pensamento voou até Claire. Para Leon se ele não fosse chefe do DSO e a seriedade do assunto, teria largado tudo pra ir atrás dela, mas Hunnigan o garantiu que ela estava esperando por ele. E ele contava os minutos pra ser dispensado. Rebecca continuou suas explanações juntamente com outros cientistas do governo 

- Para se vingar de Simmons, Carla planejou injetar uma amostra muito forte do C-Vírus nele, o que faria seu corpo se transformar em criaturas horrendas infinitamente. - Disse um dos cientistas que coordenava juntamente com Rebecca as pesquisas sobre esse novo vírus.

- Mas esse vírus é uma grande ameaça global.

- Sem dúvidas, General! Porém como a Dra. Chambers havia dito antes, esse é um vírus RNA e reescrever sequências grandes de RNA no laboratório é muito complicado, o C-vírus melhorado é muito difícil de fabricar e somente Carla fazia com sucesso. Dessa forma apenas uma quantidade limitada desse vírus foi fabricada.

O que eles não sabiam eram que Carla fizera apenas três doses, uma que ela entregou a um de seus capangas para infectar Simmons, outra que ela se injetou e a que Piers aplicou em si mesmo. E todos os seus documentos e pesquisas estavam na plataforma que fora completamente destruída e no laboratório da Quad Tower que Ada destruiu.

Assim que a Dr. Chambers e os demais cientistas e doutores terminaram suas explicações e o parecer técnico diante da infecção, a reunião prosseguiu com alguns generais abordando estratégias de segurança. Nomeações e exonerações eram discutidas com o atual presidente.  

Muitos assuntos foram abordados, mas quando finalmente uma pausa fora feita para no dia seguinte novamente retornarem, Leon dej graças, porém quando ia saindo com Hunnigan foi parado por um dos generais que queria parabenizá-lo sobre o seu excelente trabalho no combate ao bioterror. Leon procurou ser cordial e não deixou transparecer sua impaciência, ele sinalizou pra Hunnigan que iria logo em seguida. 

Hunnigan assentiu e se dirigiu para seu escritório, mas ficou surpresa ao chegar e não encontrar Claire em sua sala.

- Onde está Claire? 

- Eu não sei, achei que ela estava com você. Nós estávamos conversando quando ela disse que precisava sair. Como ela demorou a voltar, presumi que estivesse com você, ou com Leon.

- Estranho! Será que ela foi comer alguma coisa? Tem muito tempo que ela saiu?

- Uma hora ou um pouco mais, eu acho!

- Eu estava na reunião, mas falei rapidamente com Leon sobre Claire e ele não podia ter ficado mais feliz.

- Pelo jeito são realmente bons amigos!

- Muito mais que isso! É uma longa história. Mas aqueles dois se conheceram em Raccon, porém só anos depois resolveram assumir o que sentiam um pelo outro e depois de um tempo separados, acho que finalmente vão se entender.

- Hunnigan... O que você acabou de me dizer?

- Que finalmente acho que eles...

- Oh! Merda! 

- O que houve?

- Eu e minha boca enorme. Eu acho que sei porque ela foi embora.

Helena contava a Hunnigan o que tinha falado pra ruiva achando que ela era apenas uma amiga de Leon quando foram interrompidas.

- Onde ela está? - Leon entra na sala sem conseguir esconder a felicidade por saber que sua ruiva estava ali, fazendo com que Hunnigan e Helena se entreolhassem sem saber o que dizer.

 

 

Não Parem de Dançar

Às vezes a vida é má e eu não consigo ver a luz

Um pensamento positivo às vezes não é suficiente

Para fazer alguns erros parecerem certos

O que quer que a vida traga

Eu já passei por tudo

E agora estou de joelhos mais uma vez

 

Mas eu sei que devo seguir em frente

Embora me machuque, devo ser forte

Porque no fundo eu sei que muitos se sentem assim

 

Crianças, não parem de dançar

Acreditem que vocês podem voar

Para longe, bem longe

 

Às vezes, a vida é injusta

E você sabe que é fácil perceber

Ei Deus, eu sei que sou só um ponto neste mundo

Você se esqueceu de mim?

O que quer que a vida traga

Eu já passei por tudo

E agora estou de joelhos de novo

 

Mas eu sei que devo seguir em frente

Embora me machuque, devo ser forte

Porque no fundo eu sei que muitos pensam desse jeito

 

Crianças não parem de dançar

Acreditem que vocês podem voar

Para longe, bem longe

 

Estou me escondendo nas sombras?

Esqueça da dor e esqueça as tristezas

 

Mas eu sei que devo seguir em frente

Embora me machuque, devo ser forte

Porque no fundo eu sei que muitos sentem-se assim

 

Crianças, não parem de dançar

Acreditem que vocês podem voar

Para longe, bem longe

 

Estou me escondendo nas sombras?

Estamos nos escondendo nas sombras?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Não deve ser nada fácil ouvir que o homem que você ama arriscou a própria vida de forma passional pra proteger um antigo " amor ".
Não se esqueçam que Claire acha que Ada está envolvida até o pescoço com tudo o que aconteceu.
E como se já não fosse o bastante saber disso, nós sabemos a triste notícia que a aguarda com a chegada de seu irmão.
Sei que vocês ansiavam por um encontro de Leon e Claire, mas não pude deixar de mostrar o que aconteceu de outras perspectivas, pois a dele eu mostrei em outro capitulo. Sabemos o porquê ele agiu como agiu, mas suas ações envolveram outras pessoas e quero mostrar esses pontos de vistas e as consequências.

Até a próxima.

Segue o link da música do capítulo.

https://youtu.be/kQmfO25XMR8


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