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História Quando nos Vênus, Juro a Marte - Cigarros e origamis.


Escrita por: bullshift

Notas do Autor


tive várias crises mas to feliz demais com todos os comentários sobre a fanfic, seja aqui, no wattpad, no twitter, no wpp. obrigada mesmo pelo apoio e se não fosse por vcs, eu ja teria desistido. to mt mal, me perdoa.

Capítulo 25 - Cigarros e origamis.


Fanfic / Fanfiction Quando nos Vênus, Juro a Marte - Cigarros e origamis.

Marte nunca esteve tão fora de órbita como durante aquele tempo.

— Tem certeza de que vai ficar bem? — Namjoon perguntou, encarando o rapaz sentado em sua cama com um de seus mangás nas mãos. — Posso cancelar, não tem problema.

Jeongguk apenas negou, tentando sorrir um pouco que fosse.

— Tudo bem, sério. — deu de ombros. — Você tem os seus compromissos.

O mais velho encolheu os ombros, continuando a fitar seu amigo.

— Tem certeza?

— Sim, hyung. Aproveite e não se preocupe.

Planejava passar o resto da noite ali, na cama de Namjoon, lendo os mangás do mesmo e escutando alguma música melancólica que fosse. Jeon não se importava de ficar sozinho e, mesmo triste, pelo menos sentia-se confortável o suficiente para sentir o que estava tão no fundo sem medo de ser julgado ou descoberto.

Assistiu seu amigo vestir o casaco e sorrir uma última vez antes de sair pela porta do quarto. Pouco tempo depois, ouviu as chaves na porta principal e soube que estava realmente sozinho.

E, bem, planejava mesmo ler até pegar no sono, mas não conseguia. Tentava distrair-se, tentava fazer outras coisas ou até mesmo pensar em algo aleatório, mas não conseguia. Aquela sombra no canto do quarto sempre o atormentava; como se tivesse de ir lá, como se precisasse descobrir o que havia de tão íntimo lá dentro.

Então finalmente ergueu-se, respirando profundamente antes de ir até o canto do quarto e puxar a capa de sua guitarra, colocando-a sobre a cama de seu melhor amigo. Não havia mexido naquele objeto desde que Jimin o deixara consigo, ainda na garagem de Hoseok. Não sabia o que estava escrito dentro dos origamis – mesmo que Jimin tivesse o dito sobre. Não mexeu, tentou não pensar, portanto não dormia. Park rondava sua mente e, no abismo cósmico que era sua cabeça, os tsurus atravessavam como meteoros.

Estavam prestes a colidir contra seu planeta.

Ajeitou-se no colchão e puxou lentamente o zíper da capa preta, suspirando um pouco ansioso. Seus olhos piscavam devagar, gravando a imagem de todas aquelas cores reunidas, aqueles pássaros de diferentes tamanhos que guardavam, cada um, um único segredo do então loiro.

Segredos esses que, de repente, Jimin quis compartilhar consigo.

Pensando nisso, o tatuado sentia seu peito doer e pesar, fazendo o ato de respirar se tornar um pouco mais difícil de exercer. Isto é, se realmente lesse aqueles origamis e soubesse o que era exatamente que Jimin desejava, então... Não seria real, certo?

— Se eu te contar, dá azar.

Daria azar aos desejos de Jimin?

— O meu desejo é você, Jeongguk.

Daria azar a si mesmo...?

Puxou os fios para trás, apertando os olhos antes de deitar-se outra vez no colchão, frustrado. Não sabia se deveria ler, não sabia se era o certo a se fazer. Isto é, mesmo que Jimin tivesse o entregado todos os origamis, era seu direito lê-los como se não significassem nada demais?

Entendia que, ao lhe entregar tudo, Park silenciosamente também o dava passe para que pudesse ler o que havia ali dentro. Contudo, o jeito como recebeu os tsurus, o modo triste e machucado como Jimin estava...

Não sabia se era o certo a se fazer, realmente. Talvez não possuísse coragem, não ainda.

Sentia que invadia a privacidade alheia mesmo que soubesse do que se tratava, mesmo que entendesse que tudo ali tinha conexão consigo mesmo e a relação que ele e Park construíram em tão pouco tempo. Então, deixaria que os meteoros continuassem rondando sua mente, o fazendo pensar se estava mesmo tomando as decisões certas sobre aquele e mais alguns assuntos.

Porque, além de tudo, Jeongguk sabia que não estava preparado para ver o que Jimin dizia tão intimamente sobre si. Quer dizer, seu subconsciente tinha noção de que estava tornando difícil algo que deveria ser natural, afinal, se apaixonar é se permitir viver.

E, naquele momento, Jeon não se deixava ao menos respirar.

Deitou no colchão, esticando-se para pegar o maço de cigarros e seu cinzeiro, colocando-os sobre a cama. Acendeu um e ergueu o braço, tateando a parede atrás do interruptor que Namjoon possuía perto da cabeceira.

Ao apagar a luz, o tatuado permitiu-se tragar da nicotina com calma, tentando clarear os pensamentos que o assombravam naquele e em vários outros instantes. A fumaça subia e aparecia por entre a luz da Lua pouco antes de sair pela janela semiaberta. Jeongguk sentia o corpo relaxar, mas a mente não desacelerava de modo algum. Isto é, mesmo que afastasse Jimin para que pudesse focar em si mesmo e no que queria, tudo ao seu redor o virava para ele, para o loiro.

E durante vários minutos arrastados, um cigarro atrás do outro, Marte pensava se estava mesmo fazendo a coisa certa. Imaginava se deveria contar à Park sobre sua recém descoberta de ser como seu pai, ou talvez se era uma boa ideia simplesmente fugir de tudo o que sentia dentro de si.

Enquanto encarava o teto – a bituca quase queimando a ponta dos dedos – a televisão no canto do quarto de seu hyung, instalada acima de uma mesinha onde também deixavam o videogame antigo do rapaz, ligou. Virou a cabeça na direção do aparelho de forma lenta, quase soltando uma risada soprada quando viu que estava conectado no canal onde assistia ao seu desenho favorito. Era normal a televisão antiga ligar sozinha, mas a ironia do universo era demais até mesmo para o vocalista.

Apagou o cigarro no cinzeiro, já colocando outro na boca quando ouviu a voz repleta de escárnio de Rick Sanchez:

— Me escute, Morty. Eu sei que situações inéditas podem ser intimidantes. Você está olhando ao redor e tudo é assustador e diferente, mas, sabe, encarar de frente, como um touro – é assim que crescemos como pessoas.

Suspirou profundamente, sentindo o peso que aquelas palavras tinham em sua vida.

Não queria admitir, mas aos poucos percebia que não deveria simplesmente fugir de Jimin como sempre fez quando alguém se aproximava mais do que deveria. Quer dizer, sentia que tinha o direito, afinal, estava tentando poupá-lo de sofrer por algo que não poderia acontecer. Contudo, o tatuado sabia que devia satisfações e, mesmo assim, mesmo após Park procura-lo e implorar por uma justificativa que fosse, Jeon fugiu.

Como sempre fazia.

Fitou a televisão durante mais algum tempo, rindo porque era o primeiro episódio de toda a saga de Rick and Morty e, mesmo assim, nunca prestou tanta atenção nas palavras do velho de fios azuis.

Apenas tirou a atenção dali quando a porta do quarto se abriu, mostrando Hoseok silencioso.

Os olhos de seu melhor amigo percorreram o cômodo escuro, observando com tamanha atenção a capa da guitarra repleta de origamis e as bitucas amassadas dentro do cinzeiro. A preocupação no semblante de Jung era nítida e, por isso, Jeongguk começava a se sentir mal. Não era seu intuito preocupar seus hyungs, nunca foi.

Por isso, Jeon também pensava no quanto precisava arrumar-se fora dali. Mesmo que amasse seus amigos como irmãos, sabia que sua personalidade causava algo neles que não era bom. O tatuado tinha consciência de que aquela situação não fazia bem para nenhum deles e, por isso, precisava urgentemente morar sozinho.

Precisava ir embora.

— Joon me disse que você estava sozinho... — Hoseok disse, sentando na ponta da cama. — Como a casa da minha aluna fica aqui perto, decidi passar pra te ver. Como você está?

Jeongguk sentou-se, suspirando profundamente enquanto olhava a cama repleta de cigarros e origamis.

— É, acho que tô bem. — respondeu baixinho. — Não precisava vir.

O mais velho sabia que seria uma discussão inútil e sem fundamento se respondesse que precisava, sim, estar ali. Jeongguk acreditava não merecer atenção e Hoseok, por sua vez, achava que o amigo merecia muito.

Ao invés de responde-lo, apenas fitou os tsurus que Jimin entregou, lembrando-se que evitaram o assunto durante um bom tempo. Afinal, nem ele nem Namjoon tinham coragem de questionar o amigo sobre o que era aquilo, qual era o propósito.

— Você ainda não me explicou do que se trata tudo... isso.

Jeongguk pareceu minimamente confuso antes de suspirar, olhando na direção da capa da guitarra.

Coçou a nuca antes de suspirar, apoiando as palmas das mãos contra o colchão.

— São origamis do Jimin. — pausou. — Tsurus. — lambeu os lábios enquanto fazia um novo silêncio, pensando se deveria realmente explicar ou não. — Existe uma lenda, se você fizer mil desses pássaros e fizer um desejo, ele vai se realizar.

Hoseok pareceu analisar as informações, mas ainda estava confuso.

— E... Por que ele te entregou?

O vocalista automaticamente quebrou o contato visual, encarando os dedos enquanto respondia, baixinho:

— Ele me disse que o desejo dele é encontrar sua alma gêmea. — suspirou, mordendo o lábio levemente. — Jimin desejou que eu fosse a alma gêmea dele.

Sua última frase saiu tão baixa que quase duvidava que Jung tivesse escutado, mas ele havia. Contudo, conhecia o amigo que tinha e, por isso, não insistiria demais naquele assunto. Porém, não deixava de estar curioso.

— Você... leu? — Jung perguntou, encarando a televisão.

— Não. — Jeon prontamente o respondeu. — Ainda não.

— Por quê?

— Não sei se devo. — deu de ombros. — São os segredos dele.

Jung suspirou.

— Mas ele te entregou, Kook. Será que a vontade dele não era te fazer ler?

O mais novo o fitou, mas nada disse. Talvez seu amigo tivesse razão, mas algo dentro de si o dizia que não estava preparado para encarar aquela situação. Claro, estava curioso, mas também estava preocupado com algo que não sabia exatamente o que era.

Existia o frio na barriga de saber que a pessoa de quem ele gostava escrevia sobre si, assim como um colegial que recebe uma carta de admirador secreto. Contudo, existia o medo de tornar palpável tudo o que Jeongguk temia e sabia que não poderia acontecer: ele e Jimin.

Era um renegado e, mesmo que assumisse que sentia algo pelo outro, sabia que a alma gêmea do mesmo o aguardava, em algum lugar.

— Olha, eu não posso te obrigar a ler, ou te dizer onde vamos estar amanhã, ou o que vai ser difícil ou fácil nessa vida, mas posso dizer, Kook, você é amado. — encarou seu amigo, a luz do quarto ainda estava apagada e ambos se encaram na escuridão, iluminados apenas pela tevê e a Lua. — E mesmo que o universo pareça injusto, mesmo que você seja um renegado, você ainda vai ter tudo o que precisa pra ser feliz. — ele completou. — Eu não sei o que tá acontecendo dentro de você agora, não sei como melhorar tudo isso para todos nós, mas eu posso te dizer que não é errado se deixar levar. Se deixar gostar de outro alguém. — Jung suspirou, fazendo uma pausa silenciosa antes de continuar. — Não é porque o universo quis assim que você deve aceitar. Logo você, cara. E eu só espero que isso te lembre que o seu propósito aqui tá longe de acabar, até porque é você quem decide. Você pode encontrar amor aqui, mesmo que não saiba o que vai rolar depois. Você pode ser amado, Kook, e você é.

Não sabia dizer em que momento as lágrimas inundaram seus olhos escuros.

— Sou?

Era uma pergunta retórica, quase inaudível e inacreditável.

— A resposta está nos origamis. — foi tudo o que seu amigo respondeu.

E, antes que acabasse chorando também, Hoseok decidiu que era hora de deixar seu amigo sozinho, pensativo novamente. Seu celular vibrou no momento em que se levantou, checando que era uma mensagem de Namjoon.

Jeon estava sem palavras, mas queria muito ter algo a dizer. Queria agradecer, queria se explicar, mas nunca conseguia. Pelo menos sabia que Jung o entendia.

— Joon disse que daqui a pouco tá vindo pra casa, então vou procurar o número daquele restaurante que fica aqui perto. — abriu a porta, fitando seu amigo com todo o carinho do mundo. — Posso pedir comida pra você também?

Assentiu para ele, sorrindo tremulamente porque a vontade de chorar era quase impossível de conter. Hoseok sabia que ele estava agradecido, afinal, conhecia seu amigo. Estava agradecido por poder cuidar dele também.

Ao ver a porta sendo fechada, Jeongguk ergueu-se apenas para desligar a televisão e acender a luz. Secou os olhos no tecido da camiseta, guardando o maço de cigarros no bolso da calça antes de deixar o cinzeiro perto da janela.

Então, seus olhos voltaram para os tsurus de Jimin. Pensava no que seu amigo havia dito, no fato de que Park havia os entregue todos eles e no que aquilo significava. Talvez... Talvez a melhor opção realmente fosse ler o que estava escrito ali.

Talvez, assim, Jeongguk entendesse finalmente.

Cruzou as pernas e se ajeitou, olhando atentamente para o mar de pássaros feitos de papel que estavam dentro da capa de sua guitarra. Tentava não pensar muito, mas era difícil quando sua mente estava repleta de tantas coisas, pessoas e situações.

Porém, não demorou-se antes de pegar um dos tsurus com a ponta dos dedos. Era um azul escuro que o lembrava a cor do céu noturno, meio amassado e inteiro escrito em branco. Não sabia se estava em seu direito, mas queria ler o que Park tinha para lhe dizer.

Sua respiração novamente parecia falhar, o coração batendo tão forte que poderia sair do peito a qualquer instante.

Então Jeongguk desmontou as dobras lentamente, sendo a data em que Jimin escreveu a primeira coisa que conseguiu ler.

Anos atrás. Jimin já desejava ter alguém ao seu lado há tanto tempo assim?

Terminou de desdobrar e suspirou, percebendo que ele não escrevia nada além da data, uma frase e seu nome embaixo.

 

Um dia, eu desejo que alguém olhe para mim do mesmo jeito como eu olho para as estrelas.

— Park Jimin

 

Suspirou tão pesadamente que sentiu o tronco estralando, subindo e descendo com intensidade. Jeongguk segurava o papel com cuidado, encarando a letra bonita de Jimin enquanto pensava na imagem dele escrevendo aquele pedido.

Conseguia imaginar como Park deveria ter passado horas observando as estrelas antes de sentar-se para escrever e dobrar tão delicadamente aquele tsuru. E, a ideia de que o professor de dança fazia aquilo há tanto tempo e com tanta força de vontade fazia com que o vocalista se sentisse triste. Sentia como se estivesse dificultando tudo.

Mas, então, o que deveria fazer?

Acariciou o papel com o polegar, pensando no que deveria fazer a seguir.

Contudo, como se ouvissem seus pensamentos, batidas na porta cortaram a linha de raciocínio dele, fazendo o mesmo perguntar com a voz levemente trêmula:

— O que foi? — agradecia quem que fosse por respeitar sua privacidade, mesmo que o quarto não fosse seu.

— Chegamos. — ouviu a voz de Namjoon, ele abriu a porta minimamente, pelo seu tom de voz Jeongguk já imaginava que Hoseok havia o contado. — Jin-hyung veio comigo e a comida está aqui. Tá com fome?

Suspirou outra vez, assentindo mesmo que seu amigo não pudesse ver.

— Sim, eu... Eu já vou.

A porta se fechou novamente e ele se prontificou em dobrar o origami em mãos da melhor forma que conseguia, colocando-o dentro da capa juntamente com os outros. Talvez não fosse a melhor hora para encarar aquela verdade exposta nos desejos de Jimin.

Daria um tempo para si mesmo entender o que já havia lido e, então, encararia mais desejos de Park.

 

 

Tentou aproveitar da presença de três de seus hyungs para distrair e se divertir um pouco, mas ainda sim era difícil. Possuía muito na mente e não sabia o que fazer; que passo dar.

Eram muitos problemas o rondando e, ao pensar ansiosamente em todos eles, não conseguia enxergar com clareza. Não conseguia se resolver.

— Beleza, eu e o Hoseok lavamos a louça hoje! — Namjoon disse, puxando o amigo para a cozinha enquanto juntavam os pratos. — Já voltamos.

Jung fez uma careta como quem diz que odeia lavar pratos, mas era necessário. Os amigos sempre revezavam e Jeongguk merecia ser um pouco mimado, afinal, estava nítido o quão amoado ele se sentia naquele dia.

— Vocês três parecem até irmãos. — Seokjin comentou, rindo de leve.

— Infelizmente sou o caçula. — Jeon respondeu, sorrindo um pouco também.

Jin o fitou, o semblante surpreso e debochado fazendo o tatuado mais novo não parar de sorrir.

— Qual o problema em ser o mais novo?! — colocou as mãos na cintura, erguendo levemente a voz. — É até melhor, eu sou também.

E o vocalista até pensou em seguir com o tom divertido, mas respondeu automaticamente antes que pudesse policiar a si mesmo:

— Não gosto de ser um fardo.

O homem de ombros largos o fitou.

— Mas quem disse que você é?

— Não precisam dizer. — encolheu os ombros, desviando o olhar para os pés. — Eu só... Eu queria ser independente. Sei que sou confuso e difícil de lidar, não gosto de dar trabalho.

Não falava aquilo para soar como uma vítima, muito pelo contrário. Jeongguk falava porque precisava desbafar, sentia muito por colocar tanto no ombro de outras pessoas. De pessoas que ele amava, muito.

— Você arranjou um emprego, faz faculdade e tem uma banda. Isso é bem incrível, na verdade. Não acha? — o Kim perguntou, realmente achava aquilo incrível.

— É... — riu sem graça, coçando a nuca. — Mas só eu acho.

O mais velho sabia que era mentira, afinal, ele também achava. Porém, precisava enfatizar que não importava o que os outros achavam. Era só a opinião de Jeongguk que deveria ter peso nas escolhas da vida dele, em quem ele era no mundo.

— E não é só isso o que importa?

Jeongguk o fitou profundamente. Os olhos escuros e tão brilhantes mostrando à Seokjin como aquele tipo de conversa era importante e, ao mesmo tempo, difícil para Jeon. Precisava de momentos como aquele, mas era quase impossível conseguir chegar até ali.

E, bem, Jin reconhecia aquele tipo de comportamento. Porque, apesar de ser extrovertido e barulhento, também possuía seus demônios internos e precisava organizar os pensamentos na própria mente. Era barulhento por dentro e por fora, então sabia que precisava, de algum modo, ensinar Jeon a ser assim também. Afinal, queria que ele fosse livre, que conseguisse expressar as próprias opiniões e parar de escorrer por dentro.

Queria fazê-lo explodir, não implodir.

— Então venha morar comigo.

O vocalista o fitou, confuso.

— O quê?

Não pensou muito antes de falar, mas certamente não se arrependia. Fez alguns cálculos mentais rápidos sobre onde aquela ideia poderia os levar e, após alguns segundos, se certificou de que um lugar ruim não era a resposta em nenhuma das opções.

— É! Vamos dividir um apartamento. — deu de ombros, como se fosse algo fácil e que resolveria todos os problemas. Talvez fosse, talvez resolvesse. — Eu já queria me mudar mesmo, esse ‘apê’ temporário me deixa frustrado por não poder mudar as coisas como eu gostaria. E eu andei visitando uns… Um deles é bem espaçoso, mas não gosto de ficar tanto tempo sozinho. Além de que eu gosto da sua companhia, e você não se sentiria um fardo, até porque você não é e nunca vai ser, e…

— Você não precisa fazer isso, hyung. — o interrompeu, surpreso e um pouco exasperado.

Seokjin conseguia ver nele o quanto Jeongguk acreditava que estava o oferecendo por pura piedade. Era absurdo o quanto ele acreditava não ser merecedor das coisas.

Jeon conquistava o universo aos poucos e isso era inspirador.

— Mas eu quero. — o fitou, encostando no joelho do mesmo apenas para frizar o quanto falava sério. — E você vai me pagar, da maneira como puder, no tempo que puder; então não será um favor, mas sim um negócio. Combinado?

O mais novo suspirou, mordendo o lábio inferior enquanto pensava em tudo aquilo. Eram muitas informações, muito para processar em tão pouco tempo.

E, mesmo assim, pensava se não estava recebendo a proposta apenas por pena.

— Eu não sei… — desviou o olhar até a cozinha, vendo Namjoon e Hoseok rindo enquanto se empurravam e brincavam com o detergente.

Os amava tanto. Jeongguk sentia o peito aquecer apenas de olhá-los e, por isso, não suportava o fato de que poderia os machucar tanto com apenas seu silêncio. Pois ele gostaria de ser mais aberto, de falar quando sentia algo bom ou ruim, de se expressar sobre tudo o que acontecia dentro de si mesmo. Mas não conseguia e, quanto mais se forçava, pior se sentia. Mais as coisas saíam de seu controle.

Então, a propósta de seu hyung não era de todo ruim. Na realidade, não era nada ruim, até porque era o que precisava naquele momento. Organizar sua vida e seu interior.

— Entendo que você queira fazer parte do mundo, Jungkook. Mas você precisa dar um passo de cada vez e, quando necessário, aceitar ajuda. — Seokjin voltou a falar, manso e extremamente paciente. — Não fazemos por pena, você não é amado por dó. As pessoas realmente gostam de você e, sendo sincero, eu gosto de você. Não seria um problema dividir o apartamento e, entre alguém que eu não conheço e meu assistente de trabalho que tem uma banda maneira, eu prefiro mil vezes você.

Sorriu para Jeongguk e o viu sorrir um pouquinho também.

Sabia que ele era apenas um garoto que precisava de ajuda, compreensão e calma. Tudo na vida dele era tão rápido, nada parecia respeitar o tempo de Marte.

— Tem certeza? — Jeon perguntou, fitando-o outra vez.

Seokjin respondeu prontamente:

— Claro!

E o peito de Jeongguk parecia explodir. Era uma quentura tão boa, um calor que formigava a ponta de seus dedos e aquecia o coração.

— Obrigado.

E estava realmente grato, mesmo se não fosse se mudar realmente, ou se o Kim se arrependesse daquela ideia impensada.

— Embora nós sejamos muito pequenos e o nosso tipo exista por pouco tempo no universo, você é uma parte importante de algo muito grande e bonito, Jeongguk. — disse com calma, apertando o ombro dele sem muita força. — Não se esqueça.

Você é uma parte importante.

Jeon sorriu, sentindo o peito esquentar enquanto pensava que, aos poucos, sentia-se cada vez mais parte de algo. Algo bom, feliz.

Estava abrindo-se levemente sobre as coisas e seus sentimentos, principalmente, e, com isso, o tatuado percebia que além de ser uma parte, ele também queria fazer parte.

Por isso, pensava que precisava mudar aos poucos.

E, se realmente era como Marte, seus passos lentos e mudanças mínimas faziam sentido. Um ano em Marte tem 687 dias terrestres, portanto Seokjin sabia que ele precisava de mais atenção e cuidado do que os outros esperavam.

Marte possuía anos longos, Jeongguk possuía longos pensamentos.

E se a Terra estava disposta a ajudar, então, talvez, aceitasse. Talvez as coisas começassem a melhorar, assim, lentamente. Tudo do que o tatuado precisava era calma. Minuto por minuto, hora por hora.

Um dia (marciano) por vez.

 


Notas Finais


OBRIGADA todo mundo que comenta e acompanha, sério! vocês me inspiram tanto, vocês nem fazem ideia! obrigada mesmo <3

OBRIGADA POR USAR A TAG #SaturnoUranoNetuno E OBRIGADA POR ACOMPANHAR, ATÉ A ATUALIZAÇÃO <3 Espero que estejam com o coração quentinho!

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GENTE ESQUECI DE FALAR O TRAILER VOLTOU <3 https://www.youtube.com/watch?v=MEqJ7KWsi2I


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