História Quando você chegou - Eu quero você

Makino ON

— Yassop, pelo amor de Enel, traga a sua bunda aqui para baixo – Felipe gritou, da sala, para Yassop, que ainda estava no andar de cima. - Nosso voo sai em uma hora! Estamos atrasados!

Enquanto isso, Benn (com a ajuda de Luffy) corre de um lado para o outro, fechando malas e terminando de arrumar as coisas. Porque ficamos até tarde conversando – e porque os garotos beberam demais – acabamos perdendo a hora e acordando mais tarde do que deveríamos.

— Onde eu coloco esses pauzinhos? – Luffy pergunta, batucando no sofá.

— São baquetas , não pauzinhos – Felipe diz, rindo. – Coloque-as naquela bolsa preta.

— Parecem pauzinhos de comida japonesa para gigantes – Luffy continua a dizer, como se não tivesse ouvido Felipe.

— Meninos, temos que sair de casa em cinco minutos! – eu digo, subindo as escadas correndo em direção ao meu quarto. Precisava buscar minha bolsa e a chave do carro.

— Estou pronto, estou pronto – Yassop diz, correndo para a sala e quase me derrubando quando passa por mim na escada. – Mas perdi uma cueca em algum lugar. Maki, se encontrá-la, me mande por Sedex, por favor.

— Vou jogar no lixo! – grito para que ele possa me escutar.

Quando volto, paro no topo da escada ao ver Shanks entrando na sala. Eu não tinha o visto hoje ainda, já que ele não estava mais em casa na hora em que acordei. Meu coração imediatamente passa a bater mais forte e sinto meu rosto, para minha infelicidade, começar a corar ao lembrar da noite anterior. E ele nem mesmo havia olhado para mim ainda.

Fico parada onde estou enquanto o observo se despedir de seus amigos. Ele não iria conosco ao aeroporto, uma vez que Luffy queria muito ir e não haveria espaço suficiente no carro. Shanks não se importou de deixar seu lugar para meu irmão, porque disse que de qualquer forma já tinha um "compromisso" – o que me deixou muito curiosa. Quero dizer, ele não tocaria no pub essa noite, então aonde iria?

— Vê se volta logo, cara – Benn diz, dando um último abraço em seu amigo.

Shanks abre um sorriso triste.

— Voltarei quando puder.

— Vamos, Maki? – Felipe me chama. – Precisamos sair em um minuto.

E então os olhos de Shanks pousam sobre mim. Antes que eu possa me preocupar com todas as sensações que estou tendo, Yassop revira os olhos, suspira, e começa a falar:

— Nem pense nisso, cara. Temos menos de um minuto!

— Cale a boca – Shanks diz, dando um tapa no pescoço de seu amigo, sem tirar os olhos de mim. Em seguida, começa a correr em minha direção.

O que ele estava fazendo?

Tive pouco tempo para pensar, porque logo Shanks já estava em minha frente, com as mãos em minha cintura, me guiando para trás, onde os garotos não pudessem nos ver do andar de baixo. Minhas costas pressionaram contra a parede gelada, e a próxima coisa que senti foi o corpo de Shanks se juntando ao meu. Uma de suas mãos foi até minha nuca e imediatamente eu estava rendida – mesmo que quisesse, não conseguiria sair dali. Não havia nada no mundo que me fizesse querer parar o que estava acontecendo naquele instante, mesmo que eu não estivesse entendendo o motivo de tudo isso.

— Shanks...? – eu nem mesmo consigo manter meus olhos abertos.

— Não diga nada – ele sussurra contra a minha boca.

A próxima coisa que sinto são seus lábios sobre os meus, leves e gentis. Quando meu corpo finalmente começa a me obedecer novamente, e eu tento fazer daquele pequeno beijo de lábios fechados algo mais, ele afasta um pouco sua cabeça e pressiona sua testa contra a minha.

— Makino – diz, sorrindo, como se estivesse se desculpando – Eu quero muito, mas não posso te beijar de verdade agora. Não posso fazer tudo o que eu quero nos vinte segundos que temos antes que você precise levar aqueles idiotas para o aeroporto.

Eu balanço a cabeça, concordando, porque não consigo dizer nada.

— Vou dar um espaço para você pensar sobre isso... Sobre nós – diz, passando uma mão de leve em meu rosto. – Você e Toby não estão mais juntos há pouco tempo, e eu não quero apressar as coisas, mas não aguentava mais esperar.

Então ele tinha mesmo escutado o que eu falei na noite passada.

— Eu sou louco por você, Makino – ele continua, e abre um sorriso ainda maior em seus lábios. – Com certeza já deve ter percebido isso, mas eu precisava dizer em voz alta. Eu quero você, Makino.

Meus olhos estão um pouco arregalados, e eu luto para encontrar qualquer palavra sequer.

— Quando decidir o que quer – diz, se aproximando mais uma vez, roçando seus lábios nos meus, lentamente, e sua mão pressionando minha cintura com mais força – tem muito mais de onde esse beijo veio.

Deixando-me sem ar, ele começa a caminhar, virando-se para me olhar antes de entrar em seu quarto.

Seria um problema se eu entrasse em seu quarto e dissesse que não preciso pensar, porque sei exatamente o que quero?

— Makino, pare de namorar o Shanks e desça aqui! – Yassop grita.

— A Maki e o Shanks estão namorando? – escuto Luffy gritar, animado.

***

— Não acredito que você disse aquilo alto – dou um sermão em Yassop no caminho para o aeroporto, quando vejo que Luffy acabara adormecendo. – Agora ele vai pensar que é verdade.

— E não é? – Felipe me provoca. – Tenho certeza de que ele não foi lá em cima apenas para te dar um abraço amigável.

Sinto meu rosto corar.

— Isso não quer dizer que estamos namorando. Não quero que Luffy fique tendo falsas esperanças.

— Falsas esperanças? – Benn questiona, intrigado. – Não sei se você percebeu, mas o Shanks está apaixonadinho por você desde o dia em que chegou aqui, e eu sei que você também gosta dele. O que há para dar errado nisso?

— Talvez o fato de ele morar em Londres e eu em Houston?

— Maki – Benn pousa sua mão sobre a minha. – No momento ele mora na sua casa. Dorme a três metros de distância de você todas as noites. Viva o agora. Deixe para se preocupar com o amanhã, amanhã.

Eu respiro fundo. Sei que ele está certo.

— Vou sentir falta de vocês – digo. – Até de você, Yassop.

— Ei! – ele exclama em tom acusativo, rindo. – Você vai morrer de saudades. Talvez tenha sido bom eu ter perdido uma cueca na sua casa... Assim vai ter algo para se lembrar de mim.

— Nojento.

— Venha nos visitar outro dia, Maki – Felipe diz.

Eu balanço a cabeça, concordando. Era melhor eu parar de falar, antes que começasse a chorar. Aqueles três seres humanos irritantes haviam se tornado muito mais importantes para mim do que eu poderia imaginar. Agora, que estavam há poucos minutos de embarcar no avião, tudo o que eu conseguia pensar era que eu queria que eles não fossem. E, principalmente, me fazia pensar que eu queria que Shanks nunca tivesse que ir também.