História Quarentena - Capítulo Treze

O medo se apossava de todos os presentes.

O que era isso?

O que de fato ocasionou tudo isso?

Estavam todos bem e saudáveis, e do nada em poucos minutos tudo mudara.

Uns começaram a atacar os outros, e qualquer um que acabasse sendo mordido por uma “dessas coisas” acabaria também virando um.

Era um vírus?

Raiva humana?

Por que estavam em quarentena?

Por que alguém não entrava pela entrada do shopping e salvasse a todos?

Não havia sinal, não havia mais como se comunicar com o exterior. Ninguém parecia notar a ausência de quem estava dentro do shopping... E há quanto tempo estavam mesmo presos? Dois dias, três dias, não faziam a mínima ideia.

No momento nada mais importava que lutar pela sobrevivência e não ser mordido, pois após isso não havia mais volta.

Em meio aos destroços, ainda havia um pouco de esperança.

- Tenho minhas dúvidas de que sairemos vivos daqui. – Zac dita pessimista.

- Não diga isso! – Evan o repreende – Nós vamos sair e tudo voltará ao normal.

- Não vai meu caro! – Jerry os interrompe se intrometendo na conversa dos dois– Não sabemos o que há do lado de fora... Podem nos encontrar fugindo e nos matar ou essa infestação de zumbis afetou todo o país.

- Se nos colocaram em quarentena é para que isso não se espalhasse. – Henry afirma com convicção.

- Não podemos descartar a possibilidade dessa contaminação ou vírus ter conseguido brechas para alcançar outros lugares. – Rebecca era da área de saúde. Nunca em toda a sua vida vira algo do tipo, definitivamente essas pessoas não estavam normais. Comer umas as outras?

- Shh... – Nicholas trava o passo, fazendo com que os outros também parassem.

- Eu ouvi um rosnado. – Nick esconde-se atrás de sua irmã.

Evan recua um passo e sente algo encostar-se a seu ombro.

- Corram! – Grita a tempo antes de ser arremessado para o capô de um dos carros.

- Evan! – Zac tenta correr de encontro a si, mas é impedido por Jerry que o puxa para trás.

- Eu o ajudo, saia daqui! – Ordena a todos.

Nicholas pede para que todos o sigam, enquanto Jerry decide voltar e ajudar a Evan.

O segurança apertar o gatilho acertando em cheio a cabeça do zumbi.

O barulho foi o ápice para que atraísse outros zumbis para o estacionamento.

- Temos que sair daqui. Vamos! – Aperta novamente o gatilho, disparando contra os zumbis que surgiam.

Eram muitos.

Não iria conseguir matar todos a tempo

- Evan temos que ir!

- Não posso!

- Evan, são muitos, eles vão nos atacar! – Berra errando um dos disparos – Merda.

- Não posso... Fui mordido! – Confessa mostrando a ferida em seu pulso – Quando eu tentei encurrala-lo ao chão ele me mordeu.

Jerry olha-o abismado.

- Nós podemos dar um jeito nisso.

- Não podemos! – Grita desesperado – Não há o que ser feito...

- Evan... – À medida que os zumbis se aproximavam Jerry recuava.

- Não atire mais, irá gastar todas as balas. – Aconselha – Vá embora!

- O Zac...

- Diga a ele que era tarde demais para me salvar. – Seus olhos transbordam – Vão em frente, saiam daqui enquanto há tempo.

Jerry engole a seco.

- Adeus. – Gira os calcanhares iniciando uma corrida para alcançar os outros.

Evan o assistia ir embora enquanto ajoelhava-se ao chão.

Era tarde demais.

Estava condenado a se torna um deles.

E iria dar um fim a isso.

- Zac... – Posiciona a ponta da arma em sua testa, pronto para apertar o gatilho – Eu sinto muito...

Longe o bastante, Jerry escuta o disparo dado.

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- Cadê eles? – Zac pergunta sentindo-se ser tomado pelo desespero.

- A entrada! – Helena anuncia correndo tomando a frente da corrida.

Nicholas olha para trás avistando Jerry correr na direção do grupo.

- Corram! Eles estão vindo!

Um mutirão de mortos-vivos vinham atrás de si.

Helena é a primeira a pular para dentro da entrada, e ergue os braços para que Nick tivesse no que se apoiar para cair não de mau jeito – Venha! – O garoto a obedece pulando em cima de si.

Rebecca pula em seguida.

- Lucy e Henry vão agora! – Nicholas ordena enquanto disparava contra a aproximação dos zumbis.

- Ok! – Lucy pula, e Jerry chega a tempo para se esquivar dos ataques.

- Cadê o Evan? – O loiro pergunta transtornado – Onde ele está?

- E-ele foi mordido, Zac. Eu sinto muito. – Jerry lamenta, sendo o próximo a pular para a entrada.

- Isso não pode ser real! – Sua face se contorce pelo choro iminente – Ele não foi mordido...

- Zac, temos que ir agora! – Henry diz aflito sentindo a sua pulsação acelerada lhe sufocar.

- O Evan... Não podemos deixá-lo... – Tenta avançar para frente, mas é impedido por Nicholas que o puxa pela camisa e o joga na entrada do esgoto.

- Nicholas! – Henry tampa a boca com a mão – Não precisava disso. – Olha para a entrada escura, vendo Zac jogado no chão – Ele pode ter batido a cabeça.

- Não há tempo, entre!

Abalado pelo acontecido Henry pula na entrada socorrendo imediatamente a Zac.

- Adeus! – Nicholas salta em seguida e fecha a entrada do esgoto.

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- Zac, você está bem? – Henry indaga preocupado com o estado físico do seu amigo – Nicholas me ajude a levantá-lo!

O moreno após checar se entrada havia mesmo sido trancada, corre de encontro aos outros dois.

- E-eu... – Tosse expelindo uma boa quantidade de sangue para fora – Estou bem.

- Eu sinto muito pelo Evan. – Henry carinhosamente acaricia o seu rosto, machado pela sujeira e sangue – Mas precisamos seguir em frente.

Zac acena com a cabeça – Eu sei que sim.

- Onde estão os outros? – Nicholas olha para todos os lados não avistando nenhum dos outros por perto.

- Demoramos muito, eles devem ter corrido para alguma direção. – Henry rasga a manga de sua camisa e entrega a Zac para que a segurasse na ferida aberta de sua testa – Está sangrando muito.

- Certo, mas para qual direção? – Pergunta desviando o olhar da esquerda para a direita.

Não existia segurança, havia apenas uma arma com poucas balas dentro, a escuridão dificultaria em encontrar uma saída do esgoto. Uma direção certa a seguir.

Estavam à mercê dos mortos.

- Vamos para a direita. – Henry diz incerto.

Os três seguem adiante.

- Fiquem atentos a qualquer barulho. – Nicholas alerta – E não se...

- Socorro!

- É a voz de Nick! – Henry acelera os passos indo para o local de onde a voz vinha.

- Nick, onde você está? – Nicholas força a visão para tentar enxergar algo ou alguém.

- Socorro!

Os olhos de Henry recaem em um corpo estirado no chão.

- Não. – Aperta o passo e visualiza Helena deitada de lado enquanto segurava fortemente a sua barriga – Helena...

- Salvem o meu irmão. – Pede chorosa – Por favor, tire ele daqui.

- O que houve? – Nicholas agacha e tenta ajudá-la a levantar.

Helena recusa, pedindo para que os três se afastassem – Fomos a-atacados, eles estão aqui dentro. – Fecha fortemente os olhos, sentindo uma contração em sua barriga.

O Sangue não parava de jorrar.

- Eu fui mordida, não posso ir com vocês... Salvem ele...

Henry suspira pesadamente sentindo os seus olhos marejarem.

- Por favor, façam isso por mim. – Pede, antes de fechar os olhos e encostar a cabeça no chão.

- Ela morreu? – Zac pergunta boquiaberto.

- Ela irá virar um deles, precisamos encontrar os outros e sair daqui urgentemente! – Estira a arma para frente e pede para que os outros dois permanecessem atrás de si.

- Socorro!

- Nick, onde você está? – Nicholas avista uma silhueta correr em direção a si – Opa!

- Gente, sou eu! – Rebecca levanta os braços e o outro abaixa a arma.

- Helena morreu. – Henry avisa.

- Eu sinto muito. – Vira a cabeça e assobia altamente.

Lucy aparece ao lado de um assustado Nick.

- Onde está o Jerry?

- Foi tudo tão rápido... – Lucy dita – Quando olhamos ao redor nós estávamos cercados por eles...

- Jerry os despistou para o lado oposto. – Vendo o estado emocional precário de Lucy, Rebecca decide continuar – Ele nos disse para continuarmos indo para a direita que iriamos encontrar uma saída.

- Acho que devemos esperar por ele... – Henry olha incerto para cada um.

- Ele disse que se demorasse em voltar deveríamos ir embora. – Rebecca olha-o suplicante – Temos uma criança aqui, não podemos ficar.

- Ela está certa. – Nicholas concorda – Vamos seguir em frente!

Juntos, os seis seguem adiante.

Todo o esforço talvez tenha válido a pena.

- Ouviram isso? – Zac sussurra amedrontado.

- São rosnados, eles sabem que estamos aqui. – Rebecca diz visivelmente exausta – Estão bem atrás de nós.

- Olha! – Nick aponta o dedo desviando a atenção de todos para si – Deve ser a saída.

Nicholas suspira aliviado – Muito bem Nick. – Bagunça os cabelos do pequeno.

- Tenha cuidado! – Henry pede ao ver o seu namorado subir a escada e tenta força a tampa de ferro para cima – Parece estar emperrado. – Cerra os dentes aplicando o máximo de força possível.

Mais rosnados são ouvidos.

- Eles estão cada vez mais próximos. – Zac comenta olhando para o escuro do esgoto.

Alguns ratos passeavam por perto.

- Consegui! – Nicholas força a tampa para cima e avista depois de tantos dias o céu azul tomado por nuvens espalhadas.

Lucy eleva os braços agradecendo aos céus por finalmente estar livre e não ter mais que lutar por sua vida.

- Eu não sei... – Nick de repente se acanha e se encolhe a parede.

- O que foi, Nick? – Henry se inclina diante do menor.

- Tenho medo de que o mundo todo esteja assim. – Olha para cima, esperançoso de que voltaria a ter uma vida normal.

O céu parecia tão lindo visto de onde estavam.

Os rosnados estavam cada vez mais próximos.

- Vamos fazer o seguinte... – Lhe segura nas mãos – Você sobe, mas de olhos fechados, e quando todos nós estivermos lá em cima, aí você os abre, pode ser?

O pequeno acena concordando com a cabeça.

Nicholas sente um aperto no peito ao pegar na criança e ajudá-la a subir – Mantenha os olhos fechados.

- Estão fechados. – Diz de cima de onde agora estava.

Um por um começa a subir, até que todos já estivessem fora do esgoto.

De repente uma lágrima solitária desce pelo olho esquerdo de Henry.

Não havia ninguém por perto.

Mas havia corpos... Muitos corpos espalhados pelo chão.

Os carros estavam pegando fogo, alguns virados de lado com a gasolina a escapar.

As vidraças dos arranha-céus estavam todas rachadas ou quebradas.

O chão e o asfalto estava tomado por destroços e sinais evidentes de guerras.

Uma escura fumaça se dissipava pelo ar, junto com a esperança de todos os seis de voltarem a ter suas vidas normais de volta.

- Jerry estava certo. – Henry olha para o céu azul – O mundo já não é mais o mesmo.

Estavam em um cenário pós-apocalíptico... E isso era apenas o começo do fim.