Sou uma idiota. Por que eu aceitei? Só pode ser masoquismo. Sei que esse cara vai me trazer problemas e mesmo assim resolvo sair com ele, pensava s/n enquanto subia a escada até o apartamento de Carla. Tocou a campainha. Ninguém abriu. Voltou a tocar algumas vezes e nada.
Vou passar no parque. Carla deve estar lá com a menina, pensou.
Enquanto descia, o choro de um bebê chamou sua atenção. Aproximou-se da porta e teve certeza de que o barulho vinha lá de dentro. Tocou a campainha de novo. O choro era de Noelia, sem dúvida. Como ninguém atendeu à porta, ela foi até a portaria e pediu a Pepe, que já a conhecia, a chave de emergência de Carla. O porteiro sugeriu que talvez ela tivesse pegado no sono, não parecia preocupado. Angustiada, s/n subiu os degraus de dois em dois, enfiou a chave na fechadura, abriu e entrou. Não havia ninguém ali.
— Carla! — chamou, mas não houve resposta
Só se ouviam os gemidos de Noelia. Ela se dirigiu depressa ao quarto e a viu chorando desesperadamente no berço. Pegou-a no colo e tentou tranquilizá-la, ao mesmo tempo em que procurava Carla pela casa. Tentou abrir a porta do banheiro, mas estava trancado por dentro.
Aproximando o ouvido da porta, escutou a amiga soluçar.
Alarmada, gritou que abrisse a porta. Não sabia o que havia acontecido, mas estava ali para ajudar. Após um momento de espera angustiada, ouviu o girar da fechadura. A porta finalmente se abriu, e o que s/n viu a deixou sem fala.
Carla estava com o lábio sangrando e um machucado feio no rosto. Os olhos estavam inchados de tanto chorar, e o cabelo… O que tinha acontecido com o cabelo dela? A preciosa cabeleira ruiva de Carla estava cheia de falhas. O aspecto era terrível.
s/n tentou consolá-la. Conseguiu tirá-la do banheiro e levá-la até a sala, onde a sentou na cadeira e a cobriu com uma manta. Sem perder um segundo, ocupou-se em seguida de Noelia, que pegou no colo e levou consigo à cozinha para preparar uma mamadeira. A menina estava morrendo de fome. Depois, s/n trocou a fralda e a devolveu ao berço, onde ela adormeceu. Só então retornou para junto da amiga, que não dormira, e, com uma esponja, começou a limpar o sangue ressecado em seu rosto. Carla começou a chorar.
— Calma — disse s/n, abraçando-a.
— Ah, s/n… foi horrível.
— O que aconteceu? Quer que eu chame a polícia? — perguntou s/n, já levando a mão ao telefone.
— Não! Não faça isso. Por favor, não chame a polícia.
— Como posso não chamar? Você está com o lábio cortado, um olho inchado e hematomas por todo o corpo. Meu Deus! Quando cheguei, Noelia estava histérica. E seu cabelo, Carla… — Ela não terminou a frase. Estava perdendo o controle. — Por que não posso chamar a polícia? Quem fez isso com você tem que pagar. Quem foi?
Tapando o rosto com as mãos, Carla soluçou.
— Ele não queria. Fui eu, sou muito teimosa, eu…
Então Carla teve um ataque de tosse e contorceu o rosto em uma expressão de dor. Levou as mãos à barriga e tentou dizer alguma coisa, mas uma dor intensa a fez desmaiar.
Assustada como nunca na vida, s/n ligou para a emergência. Minutos depois, estava com Carla e Noelia numa ambulância.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.