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História Quatro Estações - Questões do coração


Escrita por: TaisWriterOQ

Notas do Autor


Olá gente <3 então mais um capítulo prontinho... este está bem mais calmo, é daqueles capítulos necessários para o futuro da história, entendem?
Como eu disse no twitter, uma pequena volta ao passado.
Escutem a música no momento especificado (link nas notas finais)
Aproveito para agradecer todo o carinho que vocês tem com a fanfic, sou muito grata. Obrigada por cada comentário, é muito importante para mim de verdade <3 saber o que sentem.
Espero que gostem. Boa leitura!
Para quem estava com "saudade" do antigo Robin, ainda está ele...

Capítulo 16 - Questões do coração


Fanfic / Fanfiction Quatro Estações - Questões do coração

               

 

                                       “ Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la. “

 

 

                                                                                                               Carlos Drummond De Andrade

 

 

 

 

 

 

                                                                                Robin

 

 

                                                                 Pouco mais de um ano atrás

 

 

  O murmúrio de vozes do grupo de soldados do meu batalhão é alto na parte traseira do furgão. Tenente Jones guia o veículo por entre as estradas, levantando poeira.

Eu estou no banco do carona disperso em meus próprios devaneios. Encaro uma fotografia minha e de Regina, deixando minha figura de lado, fitando apenas a de minha noiva. Minha mente mergulhou dentre as memórias, recordando-me daquele dia que fora uma loucura total. Quase incendiei nossa casa –sorri com a lembrança -, seria maravilhoso escutá-la gargalhar ao invés de ouvir piadas sem graça dos soldados que nos acompanham.

-Não chegamos na base e já está com saudades –comentou Ten. Jones, afrontando brevemente a foto em minhas mãos, tornando a fitar a estrada.

-Sim... –Concordei sem perceber –Até demais.

-Isso é amor, meu caro –disse debochado encarando minhas feições –Por que você não parece estar satisfeito com isso?

-É que... Me apaixonar por Regina não estava nos meus planos. Torna tudo mais difícil.

Confessei. Dizer tais palavras me causava arrependimento pelas atitudes que tomei, outra parte se dividia entre continuar com meu verdadeiro objetivo, me reprendendo por ter me apaixonado pelo meu alvo, ou findar minhas verdadeiras intenções.

-Não entendi, do que você está falando? –inquiriu Jones, mais uma vez me despertando de meus questionamentos interiores.

-Nada. Esquece.

Finalizei a conversa, tornando a guardar a fotografia no bolso de minha farda. Escorei minha cabeça no vidro da janela observando a região que adentrávamos. Uma das mais atingidas pela guerra.

Os estragos na cidade não poderiam ser piores, poucos casebres, os que restavam tinham telhados desabados, paredes perfuradas pelos mísseis. Assim como os prédios que eram verdadeiros destroços.

Crianças maltrapilhas vagam pela estrada, magras com feições de tristeza. Lamentável que uma criança presencie essa guerra tão de perto quanto se assistisse a um filme. Gostaria de dar-lhe um pão e dizer que tudo ficará bem, mas infelizmente esse dia poderá demorar a chegar.

 

 

 

                                                                                X X X

 

 

  Pouco mais de três horas haviam se passado desde que chegamos na base militar, o ambiente é denso, muito bem preparado e equipado. Caminho entre as tendas verde musgo que são os alojamentos dos soldados. Prosseguia em passos largos devido à chuva que nos assola com abundância, logo na primeira manhã de nossa chegada.

Não fugia da tempestade em si, corria com o intuito de conseguir chegar em uma tenda em especial, a única que contém um telefone, para que eu possa ligar para Regina como a mesma havia pedido.

Passei boa parte do tempo em que cheguei desde o dia anterior ponderando se devia ou não ligar, estaria cedendo ao fazer o que ela queria, porém, tive o súbito desejo de escutar sua voz. O que foi o bastante para que eu corresse a procura de um telefone. Adentrei a sala que era ocupada pelo major Steves.

-Preciso falar com minha noiva –declarei.

-Claro. Um dos maiores obstáculos dessa guerra são as nossas mulheres –disse o homem sorridente, batendo levemente em meu braço antes de retirar-se.

Fui até o objeto e disquei o número que sei de cor. Um trovão feroz alastrou-se pelo céu, seu barulho fora ensurdecedor. Alguns segundos passaram, até eu ouvir o primeiro toque da chamada internacional. Três vezes e o meu coração já saltitava tamanha expectativa.

-Alô –murmurou ela por fim, sua voz era carregada de sono.

-Regina, sou eu, como você está?

-Robin? –vociferou aumentando a voz parecia alegre. Já posso imagina-la sentando-se escorada na cabeceira da cama vestindo a camisola branca que me deslumbra –É você? Chegou bem?

Suas perguntas carregavam tanta ansiedade que ela sequer respondeu minha inquisição.

-Sim, sou eu, e sim, cheguei bem. Acho que acordei você.

-Tudo bem. Eu apenas tirei um cochilo enquanto aguardava você me ligar.

Ela me respondeu, eu me arrependi de não ter feito o ato antes.

-Que horas são aí? – Uma pausa, Regina certamente deve estar consultando o relógio no criado mudo.

-Quatro e vinte e cinco.

-Desculpe eu me esqueci do fuso horário.

-Eu não me importo. Estou feliz em falar com você –confessou docemente –Estou com saudades.

-Eu também –pontuei. Um sorriso bobo aflorou em meu lábio. Peguei a fotografia em meu bolso fitando-a como fiz durante boa parte de minha tarde ontem –Passei o dia pensando em você.

Revelei.

-Não vejo a hora do seu retorno.

-Eu acabei de chegar.

-Eu sei, mas, está tão frio sem você aqui ao meu lado, a cama está tão vazia.

Proferia manhosa.

-Só mais três semanas.

-Diga isso para o meu coração –bradou me fazendo rir diante daquele comentário.

-Quando eu voltar me acerto com seu coração. Me diga, como vão as coisas em Washington?

-Está tudo em ordem, não há o que se preocupar. E aí? Como está a situação?

-É uma guerra... –suspirei, recordando das crianças que vislumbrei ao chegar –São pessoas vivendo como...

Não consegui terminar de completar minha frase tamanha decepção. Engoli em seco. Diante do meu silêncio Regina tornou a prosseguir.

-Você vai fazer o que pode para ajudar essas pessoas, Robin. Esse sempre foi um dos teus objetivos. Exerça essa função com o mesmo empenho que usa para me conquistar todos os dias –imagino um sorriso moldar o rosto dela. Enquanto a culpa sobressalta sobre meus sentimentos diante de tais comparações –Eu confio em você e nas coisas maravilhosas que pode fazer por essas pessoas.

-Como é possível que você saiba tanto sobre mim, meus receios, mesmo que eu não o diga?

-Isso se chama amor. Reconhecer o ponto fraco e ajudar a superá-los.

Mais um trovão ecoou em meio a chuva constante. Acompanhado pela minha infração que, expandia-se cada vez mais. Mesmo contra minha vontade. As tormentas da tempestade cortaram a ligação por segundos.

-Ro... Robin?! – a chamada cortava.

-Estou aqui. É apenas uma tempestade.

-Me prometa que vai se cuidar...

-Eu prometo –disse meio tolo, confesso. Regina mantinha certas preocupações comigo como: ”coloque o casaco para não apanhar frio”, “se alimentou corretamente? ” fatos que por vezes me faziam recordar de minha mãe diante de tanto carinho. Eu deveria detestar todos esses atos como fiz nos primeiros meses, no entanto, eles haviam me conquistado. A situação está fora de controle, as palavras a seguir confirmam isso...

-Regina, eu... eu –gaguejava –Eu te...

Antes que pudesse finalizar minha declaração, novamente um trovão estridente se fez presente, tornando impossível comunicar-se. Interrompendo a ligação de imediato. Me fazendo sentir um misto de alívio e desespero, sequer sabia o que poderia acontecer a partir do momento em que revelasse meus sentimentos verdadeiro e traiçoeiros.

 Inerte fitava a fotografia que carregava comigo, voltei a perceber o quanto eu estava sorridente. A minha felicidade aparentava realidade, me fazendo questionar a partir de qual momento minha vingança tornou-se amor?

-Por que é tão difícil odiar você como antes? –acariciei a foto, especialmente o rosto dela –O que tem feito comigo? –inquiri buscando por respostas que não consigo encontrar –Como fui me apaixonar por você? Mesmo depois de ter matado minha noiva e meu filho.

 

 

 

 

                                                                                 X X X

 

 

 

                                                                            Tempo Atual

 

 

    A gargalhada contagiante de Regina ressoava pela cozinha. Enquanto meus braços abraçavam sua cintura e minhas mãos afagavam sua barriga lhe fazendo cócegas. Meu riso misturava-se ao dela. Ambos não parávamos de rir.

-Pare, Robin! Por favor –ela pediu em meio a risada tentando contê-la –As cebolas já estão fritando, elas irão queimar se não tomarmos as providências...

Protestou quase sem fôlego.

-Eu vou te soltar, mas se você debochar mais uma vez da forma que eu corto verduras irá ser pior.

-Eu já entendo, Tenente –disse irônica fazendo sinal de contenção.

Libertei a mesma de meus braços que livre correu até o fogão e remexeu as cebolas que fritavam na panela. Em passos lentos me aproximei dela abraçando-a por trás novamente, porém, dessa vez distribui beijos em sua nuca.

-Robin... –retrucou manhosa –Achei que estivesse aqui para aprender a cozinhar.

Murmurou arqueando a cabeça em meu ombro, na medida em que eu depositei mais beijos em seu pescoço. Traçando uma trilha.

-Estou. Mas, não posso lhe roubar um beijo?

-Apenas um? –inquiriu provocativa.

-Quantos você quiser...

Sussurrei virando-a de frente para mim, selando nossos lábios em um beijo demorado. Findado por Regina que saiu de meus braços encaminhando-se ao balcão de pia, onde encontrava-se uma vasta quantidade de legumes e verduras, além de utensílios de cozinha.

-Você vai preferir colocar o molho pronto ou fazê-lo naturalmente com tomates? –ela questionou. Em uma mão segurava a embalagem do produto na outra tinha a fruta em mãos.

-Hum... é difícil escolher.

-Você precisa se decidir, é um homem muito indeciso.

-Falou a mulher que experimentou trinta chocolates na semana passada e não escolheu nenhum. –retruquei fazendo-a rir.

-Eu tenho um paladar exigente.

-Eu percebi. Preciso impressioná-la está noite.

-Serei boazinha.

-Estava pensando... se eu escolher o tomate, você me ensinará a cortá-los corretamente?

Perguntei me aproximando do corpo dela novamente.

-Seria uma escolha sábia –ela piscou.

-Ótimo. Então vamos continuar a nossa aula.

Eu descasquei um tomate enquanto ela fazia o mesmo com o outro.

-Venha aqui –Regina pediu me posicionando no seu lugar diante da bancada.

-Corte ele na metade –assim foi feito –Parta em cinco divisões –comecei a executar, porém, ela me interrompeu –finas, você corta grossas demais.

-Ok. Entendi, professora.

Comentei o que a fez esboçar um pequeno sorriso.

 Logo depois senti o calor do corpo dela atrás do meu, suas mãos guiaram as minhas para que eu picasse o tomate em pequenas formas.

Minha respiração ficou pesada assim como a dela que eu sentia em meu pescoço diante do contato físico. A mão dela juntamente com a minha faziam movimentos constantes.

-Eu nunca tive uma professora tão sexy.

-Vou fingir que acredito.

-É verdade... elas eram todas gordas e estranhas. Nenhuma tão atenciosa quanto você. –elogiei. A mesma beijou delicadamente minha nuca –Então... eu fiz corretamente a lição?

Perguntei a fitando.

-Não é algo que se diga: minha nossa! Mas, considere-se aprovado.

Proferiu com escárnio.

Eu admiro o senso de humor que ela possui. Assim como tudo, Regina é uma raridade, daquelas que não queremos perder jamais. Extraordinária.

-Não encontro nada de errado em você. É perfeita!

Declarei nossos olhares se encontraram nos afrontamos por um longo período de tempo.

-Robin... eu não sou perfeita.

-É perfeita para mim. Doce e encantadora.

Proclamei percorrendo com meus dedos traços de seu rosto. Regina sorriu genuinamente.

-Isso porque você não me viu irritada, principalmente com esse zumbido da minha geladeira –a mesma fitou o objeto. Eu ri diante daquelas palavras –Esse barulho me tira a paciência. Escute.

 Ficamos em silêncio por alguns instantes, portanto o ruído fora aumentando gradativamente, estridente, tornando a soar fraco. Semelhante a uma orquestra com seus momentos agudos e outros baixos.

-Por que você não se livra dela então?

-Eu gosto dela e quando a gente gosta de algo não se desiste –o barulho tornou-se estridente –Mesmo que me enlouqueça ás vezes.

Concluiu revirando os olhos abraçando minha nuca. Eu gargalhei diante de suas contradições, enquanto nossos olhares perdiam-se um no outro, decifrando-os.

-Tuas controvérsias me cativam ainda mais –sorri –É por isso que eu te...

Proferia naturalmente até perceber a expectativa misturando-se com a surpresa no olhar dela. Só então notei as palavras que estava prestes a dizer. Tive medo de assustá-la, embora realmente sentisse o que estava prontamente a declarar.

-Adoro.

Completei. Finalizando o momento constrangedor que havia sido instaurado.

 Na verdade, eu não tenho medo somente de assustá-la e sim de descobrir que ela não nutre o mesmo por mim. A convicção que ama o homem que eu era me atormenta toda vez que divago, o que ela sente pelo homem que me tornei? Qual das versões ela gosta mais?

Regina lutará por mim isso é verdade, tampouco saberia se daria certo, no entanto, fora para trazer o homem pelo qual ela realmente amava à tona. Estaria eu suprindo suas expectativas?

-Eu amo essa música!

A mulher em meus braços exasperou. Rompendo o nosso silêncio. Só então eu notei que no rádio tocava: The time of my life.

-Me dê a honra dessa dança?

-Será um prazer.

  A guiei até o centro da cozinha, em seguida depositei uma de minhas mãos em sua cintura a outra encontrou-se com a dela, senti seu toque afagar meu ombro com a mão direita. De modo que começamos os primeiros passos; pés direitos para frente e para trás lentamente. Tornando a repeti-los mais rápido. O mesmo fora feito com a perna esquerda.

 

[...]

“Agora, eu tive as melhores horas da minha vida


Não, eu nunca me senti assim
Sim, eu juro é verdade
E devo tudo a você

Pois eu tive as melhores horas de minha vida
E eu devo isto a você
Estou esperando há muito tempo
Agora finalmente encontrei alguém
Que fique ao meu lado
Vimos tudo bem claro
Ao sentir esta fantasia mágica

Agora com paixão em nossos olhos
Não há como disfarçar secretamente
Então nós damos as mãos
Pois hoje entendemos a urgência

Apenas lembre-se

Você é a única coisa


Da qual nunca me canso
Então vou lhe falar o seguinte:
Isto pode ser amor porque

Eu tive as melhores horas da minha vida
Não, eu nunca me senti assim
Sim eu juro é verdade,
E devo tudo a você

Oh querida,

Com meu corpo e alma
Eu te quero mais do que você jamais saberá
Por isso vamos nos soltar,
Não tenha medo de perder o controle, não
Sim eu sei que está na sua mente,
Quando você diz "Fique comigo esta noite"
(Fique comigo) ... “

 

 

 

  A rodopiei deixando suas costas contra meu peito, abracei sua cintura enquanto nos embalávamos no ritmo da música. Inalei seu perfume me deliciando com seu aroma, como sempre. Fechei os olhos e me entreguei ao momento. É sensacional tê-la em meus braços tão leve e serena.

A música exigia movimentos constantes, sendo assim precisei virá-la a minha frente novamente.

-Esse momento está me fazendo recordar nosso primeiro encontro... nossa primeira dança.

-Eu queria tanto me lembrar... saber como fazer você se apaixonar. –Sussurrei.

Regina interrompeu seus passos de imediato.

-O que você disse?

-Eu gostaria de saber o que fez você se apaixonar por ele, digo por mim... pelo homem que eu era.

-Robin... –sua mão deslizou pela minha face, o toque suave –Você fala como se eu não estivesse apaixonada.

-E você está?

-Claro.

Ela respondeu sorridente, certamente eu deveria estar transparecendo minha aflição.

-Eu pensei que depois de tudo que eu fiz você sofrer nas últimas semanas...

-Eu sofri muito quando você supostamente morreu, e nem por isso deixei de te amar.

Amar... te amar -, essas foram as palavras de Regina que me deixaram atônito e satisfeito na mesma proporção.

Logo senti a cabeça dela aconchegar-se em meu peito. Abracei a mesma com mais destreza, desejo mantê-la aqui; no calor dos meus braços para sempre.

 

[...]

 

 Brindamos com as taças de cristais preenchidas por suco de laranja. Dias atrás eu havia dito a Regina que lhe acompanharia na luta contra o seu vício e que venceríamos essa batalha; juntos. A partir de então, não sorveríamos nenhum resquício de álcool.

As velas depositadas sob os castiçais iluminavam a mesa. Optamos por deixar a cozinha ás escuras “será mais romântico assim...” –dissera Regina, eu não iria contestar.

Apesar da pouca luz eu fitava suas feições à medida que seu paladar degustava o jantar.

-Então... como ficou? Acertei no meu macarrão? Qual a sua nota, professora Mills?

-Hum... sete – A encarei frustrado, apenas sete? –e meio.

-Só?

-Eu disse que era exigente. Então... vai continuar achando que sou perfeita?

-Nenhuma nota baixa fará com que eu mude meu conceito sobre você –esbocei um sorriso acariciando a mão dela –Agora me diga o motivo que não me fez ganhar um dez?

 

 

 

                                                                                 X X X

 

 

 

  A semana transcorreu rapidamente, o tempo decorria em grande velocidade enquanto eu estava ao lado de Regina. Entre jantares, passeios, caricias e conversas que perduravam até a madrugada, nosso relacionamento é construído. Se eu não tivesse perdido seis anos da minha memória, arriscaria dizer que estou vivendo o momento mais feliz da minha vida.

Adentrei o hospital a procura de Regina, preocupado. Ela estava estranha ao telefone quando liguei mais cedo. Algo está acontecendo.

No corredor uma das enfermeiras me disse que ela está na lanchonete ao entrar no ambiente esbarro em Emma.

-Desculpe. Você viu a Regina?

A mulher apontou para uma mesa que ficava nos fundos, logo avistei Regina que parecia dispersa em seus pensamentos.

-Boa sorte... ela está difícil hoje.

  A mesma estava tão distraída que sequer percebeu eu me aproximar só quando me sentei que ela percebeu minha presença. Selei meu lábio ao dela rapidamente. Notei seu olhar um tanto entristecido.

-O que você tem? Parecia distante ao telefone.

Pontuei enquanto estudava as feições dela, parecia ter chorado. Minha preocupação aumenta demasiadamente.

-Tive uma noite de insônia e a minha cabeça não para de latejar.

Ela explica esboçando um breve sorriso que não é capaz de me convencer.

-É só isso mesmo?

Perguntei desconfiado.

-Sim. Eu só preciso descansar um pouco para hoje á noite.

-Eu vou passar no seu apartamento para te buscar, assim chegamos juntos no recital.

-Tudo bem. Que horas?

-Pode ser ás oito?

-Claro.

-Louisa ficará tão feliz em ter todos a acompanhando, até Archie e Zelena se prontificaram a ir e passar ainda mais tempo juntos. Eu acho que eles estão usando a Lou como pretexto para se aproximar um do outro. Enfim, seja como for, estou animado, não me lembro de vê-la tocar em público. Será a primeira vez desde que retornei.

Eu proferia até perder o fôlego. Somente então percebi que Regina encarava a mesa estática.

-Regina? Regina? –tornei a chamá-la, fora no instante que a minha mão acariciou a sua que ela notou que eu lhe chamava.

-O que disse? Desculpe eu não prestei atenção.

-Eu percebi. –apesar da resposta curta respondi suavemente –Eu dizia que é a primeira vez que verei minha sobrinha tocar em público. –Repeti –Regina, o que está acontecendo? Eu posso te ajudar, você sabe que pode confiar em mim. Somos um casal, lembra? Dividimos nossos problemas...

Apertei sua mão com mais destreza na medida que meu olhar a afrontava com o intuito de lhe transmitir confiança.

-Não tem nada, Robin –ela suspirou –Já disse que é só uma dor de cabeça.

-Tudo bem. Se você não quer me contar, eu não vou insistir –proferi ríspido me levantando –Te buscarei ás oito.

Finalizei mais bravo do que deveria. Caminhava pelos corredores do hospital apressado, estou irritado. É óbvio que Regina está me escondendo algo, mas o que?

Esse é meu principal questionamento. Até meu corpo se chocar contra o de outra pessoa que consequentemente acaba derrubando o que carrega consigo. Pior que isso fora ver de quem se tratava. Com tantos médicos eu havia de esbarrar em Graham.

-Ah, é você? –eu inquiri com desdém, enquanto o ajudava a juntar os papéis que haviam caído.

-É impressionante como você se acha, Locksley...

-Como? –perguntei incrédulo.

-Isso mesmo que ouviu. Você se acha pelo fato de Regina ter lhe escolhido. Uma batalha pode ter sido vencida, mas a guerra continua tenente. Eu vou descobrir algo a seu respeito que te destruirá. Você era um homem ruim, Regina não te merecia. Acho que sabe disso. No dia em que você cair, será nos meus braços que ela irá se consolar.

 Essas palavras bastaram para que eu atingisse o médico com um murro no rosto, que o fez cair no chão. Algumas enfermeiras que passavam pelo corredor o ajudaram a levantar-se. O canto do seu lábio sangrava. Seu olhar estava sedento de raiva.

-Você fez isso por que tem medo da verdade, não é?

 

 

 

 

                                                                                  X X X

 

 

                                                                                   Síria

 

 

                                                          Duas semanas após minha chegada

 

 

 

    Me voluntariei a está guerra com o intuito de esquecê-la, na tentativa de conter qualquer sentimento que florescesse em mim por ela. Todavia, o resultado fora oposto, ao invés de transformar minha paixão em vingança novamente, descobri algo além do esperado: eu a amo. A distância que nos separa transformou-se em saudade, trazendo à tona esse amor.

Minhas vastas tentativas de tornar a odiá-la fracassaram. Parte de mim se dividi em despreza-la, já a outra acabou lhe amando.

 Começo a me culpar arduamente pelas barbáries que já fiz e que jamais irei reparar. Porém, meu lado sombrio ainda sedento por vingança exige que eu continue meu plano.

Se meu coração tivesse controlado seus sentimentos... Se Regina não fosse única.

Só há uma maneira de resolver essa situação: Lhe revelar a verdade, livrando-a de mim, e consequentemente diminuir a culpa que sinto regularmente todos os dias. Da mesma forma que irei ferir seu coração quando ela descobrir a falsidade que viveu: Que minha “paixão” não passou primeiramente de um desejo de vingança.

 Isto mudará meus planos e minhas reais intenções, entretanto, ambas opções serviram para romper minhas perturbações. Mesmo que isso signifique perde-la para sempre. Quem sabe assim, esse sentimento parta espontaneamente da mesma forma que chegará.

 A carta fora redigida e para minha surpresa as palavras foram escritas rapidamente com convicção –até demais.

 

 

“ Regina,

 

  Eu sinto sua falta. A todo momento. Meu coração procura pelo seu sorriso, seu beijo, seu carinho... No findar do dia, o seu rosto vem a minha mente fazendo questão de enaltecer meus sentimentos para contigo. Nos últimos dias eu acabei percebendo que além de estar apaixonado por você, eu te amo.

Neste momento, deve estar se perguntando “ele já não era apaixonado por mim, desde que nos conhecemos? “ A resposta é: não.

Eu não era.

Minhas intenções com você eram as mais terríveis... Transtornado pelo desejo de me vingar, te culpei pela morte de Victória, Rachel, como conhece. Como pode perceber, lhe omiti a verdade. Assim como tantas outras coisas. Você a operou naquela noite. Victória. Assim como o filho que ela gerava, meu caçula, ambos morreram na cirurgia.

E eu não consigo perdoá-la. Essa dor me aflige até hoje.

 Quando aparecesse em minha vida, acreditei que fosse o destino intercedendo ao meu favor –e, talvez estivesse, de outra forma que eu não fui capaz de perceber até agora.

 Meu objetivo ao te encontrar, era fazer com que você pagasse por toda dor que me causou, a minha chance de vingança. Você permitiu que eu adentrasse seu coração, e eu fiz coisas horrorosas na sua vida –que não foste capaz de notar. Somente agora começo a perceber que talvez o destino intervisse em nossas vidas para que nos encontrássemos, no entanto, que não fosse com a intenção de vingança -, como eu agi por instinto- e sim para que você com seu jeito doce de tamanha sutileza que carrega no peito, pudesse curar o coração deste homem que lhe escreve –um coração machucado.

Talvez você tivesse a missão de reparar seu erro, e eu a de amar verdadeiramente uma mulher.

 

                                                                               Espero que um dia possa me perdoar,

                                                                                                                                   R.L “

 

 

 

 

 

A carta fora enviada no dia seguinte.

 

 

 

 


Notas Finais


The time of my life: https://www.youtube.com/watch?v=WpmILPAcRQo

E aí o que acharam? O que aconteceu com essa carta, afinal? (Não é o que vocês estão pensando...) Bem, esse capítulo serviu para confirmar as suspeitas de vocês, que apesar de seu objetivo de vingança, o Robin acabou se apaixonando desde a primeira vez...
E a Regina, o que será que ela tem?
Encontrarão a resposta nos próximos dois capítulos, que se passaram na noite do recital, e que noite... importante em TODOS OS ASPECTOS!!! (Nada de spoiler)
Enfim, aviso que infelizmente o próximo capítulo irá demorar um pouco para sair, pois irei passar um tempo na minha vó, e só quando retornar terei tempo para escrever e atualizar a fanfic, isso pode levar umas duas semanas talvez. Respirem. Prometo voltar com capítulos gotosos de se ler e carregados de emoções. Aguardem.
Desculpem pelos comentários que não consegui responder, vou tentar responder o de todas, apenas não desistam de mim, ok? E me deixem suas opiniões sobre o que acharam desse capítulo, prometo que responderei todo mundo, assim que voltar.
Um grande beijo, fiquem com deus! Se cuidem. <3


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