História Que Sorte A Nossa - Capítulo 10

Lys

   Depois de ter acordado às 18:00 horas ( Digamos que cochilei mais 30 minutos, como sempre),  tomei um banho bem rápido e me arrumei.

  Coloquei um vestido solto, rosa, um pouco acima da cocha, solta nos ombros (O vestido é justo na cintura, e um pouco solto no quadril). Calcei uma gladiadora preta, na altura das canelas. Soltei meu cabelo, que já estava com algumas ondulações naturais, passei um batom rosa e saí, sem me esquecer do perfume e da minha câmera, claro, a pendurando no pescoço!

  Peguei minha bolsa de franjas preta, e saí do AP. 
   Claro que a Carol e a Amanda fazem Faculdade, e claro que elas iriam no carro da Carol, e mais óbvio ainda que eu dispensei a carona delas. Não sou maluca a ponto de colocar minha vida nas mãos daquelas loucas!

  Cheguei no térreo, correndo feito maluca, já que era 18:30 e eu necessitava de uma carona urgentemente.
   Fui andando rapidamente pelas calçadas, pois não avistei táxi algum. Cada segundo esperando, é um segundo perdido.
   Uma buzina me assusta, me fazendo pular no mesmo instante. Olho para o lado, vendo o carro preto que disparou essa buzina. Estava quase correndo de medo, quando o vidro da janela é abaixado e vejo que era o Bryan e a Sopph.

   Obrigada meu Deus!

- Entra amiga! - Chama-me Sopphie.

  Abri a porta e me sentei no banco de trás, agradecendo mentalmente por ter achado uma carona.

-Oi pessoal. Muitíssimo obrigada, estava achando que chegaria atrasada. - Agradeci.

- Oi, Lys.- cumprimentou - Digamos que o Hugo nos pediu para vir buscá-la. - Disse Bryan, arrancando o carro.

O Hugo? Por que ele não veio me buscar, então?
  Pára Lys, além de achar uma carona, ainda quer escolher o motorista?!

- Hum... então, devo agradecê- lo também?!

- Pode ter certeza, querida! - Sopph concordou, olhando para trás com um sorriso sugestivo nos lábios.

  Revirei os olhos. Claro que a Sopph não irá tirar a ideia de me juntar com o Hugo tão cedo.
  
- Já conversamos sobre isso, Sopphie! - repreendi-a.

  Ela me olhou inocentemente, piscando com aqueles cílios de boneca. Parecia até um cachorrinho de rua tentando conquistar um dono.

- Eu não disse nada demais, não tenho culpa se você está com esse pensamento na cabeça... - riu com um jeitinho sapeca.

- Só você, viu Sopph.

   Bryan ligou o som do carro e estava tocando uma música que amo demais.

- Acorda sol! Pra você brilhar pra ela... - Cantei aos berros.

   Bryan me olhou pelo retrovisor. Sopphie virou para me olhar, incrédula.

- Você... Gosta... do PaQua? - Sopphie disse com os olhos brilhando.

  Como não gostaria? A melhor banda que já ouvi...

- Amo esses meninos do PaQua! Mina, vem cá, que eu quero te beijar... - cantei - Vamos parar de nos olhar e vem me agarrar...

- Ah Ahhh... Vem viver a vida comigoo! - Sopphie completou.

- Cara... O Hugo vai pirar! - Bryan disse sorrindo.

  Pirar? Pelo quê?

- Como assim? - Minha curiosidade estava evidente.

- Por nada... - Sopphie desconversou.

   O trajeto todo foi percorrido por nós cantando todas as músicas do PaQua.

  Bryan estacionou o carro um pouco longe do Prédio da Faculdade. Meu coração bateu forte.

  Desci do carro. Bryan correu para abrir a porta para Sopphie, e me olhou com tristeza, acho que por eu ter aberto a porta do carro. O que há com esses homens daqui? Sempre tão cavalheiros...

- Senhoritas, chegamos ao nosso destino.

  Bryan ofereceu seus braços para nós. Tomamos o seus braços e fomos em direção ao grande Prédio.

   De longe, avistei um corpo inconfundível. Mesmo que tenhamos nos conhecido há pouco tempo, sabia que era o Hugo. A minha parte madura, queria andar. A minha parte criança, queria sair correndo. A parte que venceu, saiu correndo.

   Corri em direção à ele, que por sua vez, me avistou e abriu os braços. Ainda bem que eu não estava de salto.
   Pulei em seus braços fortes e ele me rodou no ar.

- Oi Chefinho! - Disse quando ele parou de me rodar.

- Oi gatinha! - Ainda estávamos abraçados. - Vejo que temos  algo comum... - Ele disse.
  
   Ele me soltou. Então eu vi a câmera pendurada em seu pescoço. Peguei a câmera e tirei uma foto dele, e nessa hora, ele fez o mesmo.

- Acho que estamos com os pensamentos em sintonia. - Ele observou.

- É mesmo! - concordei.

Olhei para os lados, procurando a Sopph e o Bryan, mas fora em vão. Eles já haviam entrado.

- Acho que nos deixaram aqui. - falei, Fingindo estar magoada.

  Ele pousou a mão em meu ombro e disse:

- Vamos conhecer a Faculdade?

Concordei, balançando a cabeça freneticamente. O que mostrou a ele que eu estava nervosa.

- Não fique nervosa. Vai dar tudo certo! - Sua mão desceu para a minha, entrelaçando nossos dedos.

  Eletricidade. É o que eu posso dizer sobre o que senti com esse  toque. Um choque, daqueles que você reza pra sentir de novo.
  Ele me puxou para dentro do Prédio, me mostrando cada cantinho daquele lugar.

   Encontramos nossa sala, e como prevíamos, estamos estudando juntos.

    O Prédio é lindo! E enorme. Três andares, muitas pessoas circulando... As paredes estão pintadas na cor azul e branca. A sala que estou, possui mesas duplas, o que achei super legal.
   Escolhi uma mesa na frente, e dessa vez, eu quem puxava o Hugo pela mão. Então nos sentamos e ficamos conversando.

- Como você pode conhecer cada canto dessa Faculdade, se começou a estudar neste ano?

   Ele riu.

- Eu esqueci de te falar. É que...

  Uma mulher parecendo uma modelo de capa de revista entra na sala, interrompendo nossa conversa.

- Boa noite, meus queridos! Me Chamo Ellen Rodrigues e sou uma das professoras de vocês. - Ela sorriu docemente - Muito bem... Como hoje é o primeiro dia, vamos fazer uma breve apresentação para nos conhecermos. Mas antes, devo dizer que estamos numa Faculdade, o que exige compromisso e, sobretudo, respeito para com todos que trabalham ou estudam aqui. Não tem moleza de Colégio, não! Faculdade é complicado... Passamos um assunto e vocês que devem correr atrás para aprender. Aqui, o professor só auxilia e explica, mas há muito que aprender por trás do que somente explicamos, pois são poucas horas na sala, não temos como explicar tudo a vocês. Vocês devem se interessar em buscar por mais. Sejam bem-vindos!

   Todos a aplaudiram e ela se curvou, fazendo reverência. Ela é uma figura! Séria quando deve, brincalhona quando pode. E aliás, ela tem um semblante conhecido para mim. Como se eu já houvesse a visto antes. Na infância, talvez.

- Essa professora é muito linda!- Comentei com o Hugo.

- Obrigado. - Disse sorrindo.

  Fiquei sem entender nada. Até que eu olhei para ela, e para ele. Fiquei nessa de girar o pescoço de um lado para o outro, até me dar conta de que a Professora é a mãe do Hugo.
  Ele tentou conter o riso.

  Quando o longo aplauso cessou, a professora continuou a falar.

- Silêncio, gente. Eu sei que sou amável e tudo o mais, mas vamos continuar. - Houve silêncio - Deixa eu me apresentar primeiro, ok?

- Ok! - Dissemos em coro.

- Como eu disse, me chamo Ellen Rodrigues. Tenho 36 anos. Tenho um lindo e maravilhoso filho de 19 anos, que todas as meninas babam em cima! - Todas as meninas gritaram "Ui". Uma mais ousada gritou "me apresenta!"

- E uma princesa de 11 aninhos. - continuou - Sou casada com Carlos Rodrigues, de 40 anos e que é um lindo e encantador marido, pai e pessoa. Dou aulas aqui desde os 26 anos de idade. Sou formada em jornalismo e letras. Oh... E para a garota que gritou que quer conhecer meu filho, é só olhar pra essa mesa aqui da frente - ela apontou para nós. Olhei para Hugo, ele estava vermelho de vergonha.

  A maioria parecia que já sabia o fato. O resto da sala ficaram impressionados e abalados com a beleza do Hugo. Homens com inveja, mulheres com desejo. Rolou até assobio.

- Gente, agora um detalhe. Hugo é meu filho, mas não há nenhuma prioridade à ele. De forma alguma! Em casa ele é filho, aqui ele é aluno! Então, sem comentários sobre ele ser privilegiado, pois, o que ele receber será pelo esforço dele.  E pelo o que estou vendo, acho melhor as moças se prepararem, porquê vocês têm uma boa concorrente... Não é Lys?

   Me assustei ao ouvir meu nome sendo proferido pela professora. Mas deve ser normal, já que nos nossos papéis há fotos e tudo mais. Talvez ela seja boa em decorar os nomes dos alunos. Só há essa explicação!

- Que isso, Professora! Somos amigos. - respondi.

   A professora revirou os olhos,  fazendo a sala inteira rir.

(...)

Hugo

   Depois de toda aquela apresentação e da minha mãe me fazer passar vergonha, outros professores entraram e deram assuntos leves para o primeiro dia.
   Com o fim do primeiro dia (noite) de faculdade. Decidimos ir numa lanchonete 24 horas que fica ao lado do Prédio da Faculdade.  Estávamos Bryan, Sopph, Lys e eu, sentados à mesa, conversando sobre o primeiro dia de aula.

- Olha, mas a Tia Ellen mereceu um beijo hoje! Bry, acredita que ela falou com as meninas que elas tinham uma forte concorrente pra conquistar o Hugo? - Bryan espantou-se. - Corto meu pescoço, mas não digo quem era a forte concorrente. - Sopph passou o dedo no pescoço, imitando uma faca, que apontava para Lys.

- SOPPHIE! - Gritamos Lys e eu ao mesmo tempo.

  Que vergonha! A Lys é minha amiga, colega de trabalho e de Faculdade. Vai ficar difícil conviver com as pessoas falando que estamos namorando ou que somos apaixonados um pelo outro! Culpa de minha mãe... Ela vai ouvir muito.
   E o pior: A Lys disse que éramos somente amigos. Ou seja, qualquer sentimento que eu estivesse cultivando em mim que não fosse amizade, deve ser arrancado. Não que eu estivesse cultivado sentimento maior...

- Calma gente! É brincadeira... Sei que são amigos e nada mais. Sei que nunca vão se apaixonar, nem sentir algo deferente quando se abraçarem ou pegarem nas mãos. Sei que vão se apaixonar por pessoas diferentes. Hugo com Paulina, Lys com Rodrigo... Aliás, Você já conheceu o Rodrigo, Lys? - Disparou Sopphie.

  Ela sabe como me atingir. Sabe que não gosto do Rodrigo e usa isso contra mim.
   E eu estou ferrado, pois eu sinto tudo isso que ela disse quando abraço ou pego na mão da Lys. Mas sei que não é nada, Sopphie só está dizendo para me irritar ou me confundir.

- Conheci, sim. Parece ser uma boa pessoa.
   
   O quê? Boa pessoa? Só pode ser brincadeira!

- Mas não me interesso nele. Não faz meu tipo. - Ela completou.

   CHUPA, SOPPHIE!

  Opa, por que eu fiquei alegre mesmo? Oh meu Deus!
 

- O que houve, Hugo? Por que está tão bravo? Trocaram seu sorvete de baunilha por limão? - Depois dessa, Bryan prendeu o riso. Lys ficou confusa. Eu queria enfiar esse patinho de sorvete na goela de Sopphie, que por sua vez, estava com um sorriso de deboche no rosto, pois sabia que tinha me feito ficar com ciúmes. Digo... Com raiva.

- Não querida prima. É porque tem uma aranha no seu cabelo. - Menti, com direito a cara de susto. Sopphie morre de medo de aranhas.

   Ela começou a gritar e bater a mão no cabelo, pedindo o Bryan pra tirar a aranha de lá. Estávamos nos contorcendo de rir, até que Bryan acabou com nossa alegria.

- É mentira dele, querida.

   Sopphie apenas me olhou com aquele olhar matador,  e agradeci por ela não ter super poderes.
   Mas mesmo com essa brincadeiras que me irritam, eu amo essa minha prima! Ela era minha boneca e ainda é.

  Claro, que sou um Homem Macho Masculino! Mas foi com Sopph que aprendi a proteger as mulheres, que aprendi a respeita-las. Sopph é uma das mulheres que mais amo. E se eu amo tanto a Sopph,  imagine a Nina, minha irmãnzinha?
   Ela só tem 11 aninhos e é uma menina maravilhosa! E linda. Tem olhos verdes, cabelos pretos ondulados e bochechas rosadas. Simplesmente linda!
  Já minha mãe, é alta e parece ser bem jovem! Tem os cabelos pretos bem lisos na altura da sua cintura. Tem olhos pretos, e um sorriso encantador, digno de troféu Melhor Sorriso. Ela engravidou muito cedo, mas meu pai sempre a amou e a ajudou nos sonhos dela. Principalmente a cuidar de nós.
  Meu pai é o brincalhão. Foi dele que herdamos as brincadeiras e o jeito alegre. Ele é alto e tem porte de atleta. Seus cabelos estão começando a ficar brancos, o que faz minha mãe morrer de ciúmes dele, pois as mulheres o assediam pra valer! Seus olhos são verdes, como os da minha irmã. Dizem que Nina e eu somos uma ótima mistura dos dois. Temos um pouquinho de cada um.

-  Oi pessoal! - Chega a Nanda, tirando-me de meus pensamentos. - Qual o motivo de tipo, toda essa risada?

  Sopphie começou a respirar fundo.

- Nós, tipo, não, tipo, te devemos, tipo, informação nenhuma. - Disse Sopphie.

- Acho melhor começármos a usar colete a prova de balas. - Lys cochichou em meu ouvido.

  Para ela, é um simples ato. Para mim não. Ela parece não ter se incomodado tanto com as brincadeiras que Sopphie fez agora a pouco. Eu ainda estou abalado.
   Para não deixar transparecer meu incômodo, resolvi fingir que estava tudo bem comigo.

- Mas como não temos, acho melhor desconversar e sair logo daqui... - Propus, conchichando em seu ouvido. Aproveitei para disfarçar e sentir seu perfume e, Deus me proteja! Como sempre, cheirosa...

- Faça as honras, chefe. - ela disse.

Cutuquei Bryan por baixo da mesa, enquanto Sopph e Nanda brigavam.

- Você cuida disso? Tenho que levar a Lys pra casa. - Sussurrei.

- Pode deixar! - Bryan piscou.

Coloquei o dinheiro encima da mesa, toquei no ombro da Lys, e saimos cuidadosamente. Sussurrei um obrigado para Bryan, que por sua vez Sussurrou um "CONQUISTE".

  Saímos da lanchonete e entramos no meu carro.

Até que enfim, vou passar um tempo a sós com a garota que me interessa. No sentido de amizade, claro!