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História Quédate. - Diecisiete.


Escrita por: woodynho

Notas do Autor


Olhem essa foto da cidade maravilhosa que é a minha. Ai que orgulho do meu Rio ❤

Desculpa os erros e boa leitura! ❤

Capítulo 17 - Diecisiete.


Fanfic / Fanfiction Quédate. - Diecisiete.

26 de dezembro de 2017 – Madrid, Espanha.

Embora o Natal em Málaga com os pais do Isco tenha sido realmente bom, eu não conseguia esquecer o que havia lido há dois dias atrás. Aquilo martelava na minha cabeça incontáveis vezes. Era agoniante e totalmente perturbador. Isco havia tentado de todas as formas me fazer se sentir bem, e realmente funcionou. Algumas vezes. Não era culpa dele, ele era maravilhoso comigo, mas eu não conseguia pensar em nada além daquilo. Eu tentava disfarçar para não preocupar ao Júnior, mas tinha hora que não era fácil como eu esperava que fosse.

— Morena, me diz o que houve — Marcelo pediu preocupado, por uma terceira vez.

Eu ergui o meu olhar, com o rosto molhado e vendo seus semblantes preocupados. Isco estava do meu lado, segurando a minha mão com força, me mostrando que estava ali. Mas ainda machucava, ainda martelava em meu peito de uma forma totalmente dolorosa. Ainda não conseguia acreditar em toda a mentira que foi a minha vida e em como o meu "pai" era sujo a esse ponto. Não queria acreditar que realmente cresci em uma família onde sou odiada por que na verdade ninguém nunca me quis.

— Não foi você quem fez isso com ela, não é, Francisco? — Marcelo perguntou para o espanhol ao meu lado.

— É claro que não! — Isco se defendeu.

— A última vez que conversei com a Maria vocês não estavam bem — Clarice disse calma, sem acusar.

— Nós estamos super bem, eu e ela já nos acertamos — Isco disse novamente, ainda calmo e baixinho.

— O Isco não tem nada com isso — Eu disse fungando — Eu ainda não acredito que não viram os noticiários.

— Eu estive ocupado nesses dias, morena — Marcelo disse — Você está me deixando preocupado.

— É difícil pra mim, Celo. É difícil acreditar nisso tudo por que me dói tanto — Eu disse suspirando — Vocês estão comigo há quase dez anos na minha vida, sabem de cada detalhe do que eu passei naquela casa, com a minha "família". Vocês sabem o quanto eu sempre me senti rejeitada, invisível e humilhada. Mas agora tudo se encaixa tão bem que eu me sinto uma idiota por não ter notado antes.

— É claro que nós sabemos, Maria. Por isso pedimos que você viesse para Madrid — Clarice falou, Marcelo assentiu.

Eu suspirei outra vez, recebendo mais um aperto em minha mão vindo do Isco.

— Na sexta-feira saiu uma notícia em um jornal do Rio. Nesse jornal falava sobre mim e o meu suposto pai — Eu disse.

— E o que dizia nele? — Marcelo perguntou.

— Vazaram informações de que eu sou adotada — Eu disse, percebendo o olhar suspreso dos dois.

— O quê?! — Clarice murmurou.

— Como assim adotada, Maria? — Marcelo perguntou com o cenho franzido.

— Nele dizia que a minha mãe legítima me deixou no orfanato do centro do Rio quando eu tinha meses, o meu "pai" precisava de uma boa campanha para entrar na Câmara dos Deputados, e então me adotou como ato para provar que era um bom moço. Ele não só confirmou na entrevista que não queria me adotar, como também disse que a gente se dá bem e que eu sabia sobre ser adotada — Eu disse e fiz uma pausa, deixando outras lágrimas descerem.

— Eu não acredito que ele fez isso — Clarice disse com a mesma expressão do marido.

— Isso é crueldade. Eu perdi vinte anos da minha vida naquela casa sendo infeliz e menosprezada, quando tudo poderia ter sido diferente se ele não fosse tão egoísta — Eu disse.

— Ei, Maria... — Marcelo levantou-se para se ajoelhar na minha frente — Morena, não adianta a gente se lamentar por isso agora, o tempo que já foi não volta mais e nós não podemos mudar as coisas. O que ele fez não está certo, eu concordo, e foi muito bom você ter descoberto a verdade.

— E o que eu faço agora? — Eu perguntei fungando.

— Nós vamos pensar em algo juntos, ok? Quando você estiver de cabeça fria. Agora você só precisa se acalmar — Ele disse.

Eu assenti, sentindo Isco passar seus dedos pelas lágrimas grossas que desciam em meu rosto. Eu me virei pra ele, vendo-o de braços abertos, então deixei meu rosto em sua nuca, tendo seus braços me envolvendo em um abraço apertado e protetor.

— Vai ficar tudo bem, amor — Isco disse baixinho, beijando meu rosto.

Eu sorri levemente, bebendo a água que Clarice havia me entregado a poucos minutos. Apesar da mágoa e momentaneamente raiva que eu sentia das pessoas que me adotaram e de Marília que ajudou tudo isso se tornar pior, a esperança de que meus verdadeiros pais ainda estivessem vivos permanecia dentro de mim. E eu morria de vontade de conhecê-los e saber o que realmente aconteceu para me deixarem daquela forma no orfanato.

Sinceramente, eu preferia ter sido rejeitada por dezoito anos da minha vida, vivendo um orfanato e saindo de lá de forma independente quando eu tivesse completado maior idade, ao ter os dois me adotando para me dar uma vida tão infeliz como eu tive. Isso não quer dizer que eu não sou grata pelo o que fizeram por mim mesmo me odiando, realmente além do amor que toda criança precisa, não me faltou nada material. Eu estudei em boas escolas, fiz bons cursos e por piedade de Deus, tive boas pessoas que me criaram. Mas é totalmente cruel adotar uma criança para conseguir um lugar na política.

Meu choro havia cessado. Eu estava calma, mesmo que ainda ferida. Era sempre assim. Algumas vezes, aquilo parecia querer arrancar meu coração fora pela forma que doía. Mas às vezes, eu simplesmente não me importava e queria apenas ir atrás da verdade e do meu verdadeiro passado. Eu queria descobrir mais sobre mim, sobre meus verdadeiros pais e sobre como eu possivelmente estaria agora.

Talvez não fosse aqui, o que também me fazia refletir que tudo o que eu passei me trouxe coisas maravilhosas; eu estava começando os meus negócios em Madrid, tinha meus melhores amigos ao meu lado que eu podia contar a qualquer momento, tinha o meu namorado que mesmo com pouco tempo juntos eu já o amava, e eu tinha Júnior que era como um filho para mim. Atualmente eu não tinha uma vida nada ruim, mas o que me trouxe até aqui não parecia tão bom.

Era tudo confuso demais para digerir em pouquíssimos dias.

— Eu quero ir pro Rio — Eu disse, recebendo os olhares surpresos.

— Maria... — Marcelo murmurou e soltou um suspiro — Você tem certeza, morena?

— Eu preciso ouvir deles. Preciso saber mais sobre mim, Celo — Eu disse.

— Eu vou com você — Isco falou ao meu lado.

— O que? Não, Isco você tem jogos com o Real. Tem o Júnior e...

— Maria, escuta, eu não vou te deixar sozinha agora nem que você insista — Ele disse deixando seus olhos castanhos nos meus — O Júnior pode ficar com a Victoria, eu tenho certeza que ela não se importaria. Quanto ao Real, só voltamos em campo no início de janeiro. Eu vou com você.

— Bom! Isso é muito bom, Isco — Marcelo disse assentindo — Só... Toma cuidado, Maria. Eu não gosto de ver você mal.

— Tudo bem. Eu vou ficar bem — Eu disse, pegando na mão do espanhol ao meu lado — Nós vamos ficar bem.

••••

28 de dezembro de 2017 – Rio de Janeiro, Brasil.

O desembarque foi extremamente conturbado. Não por Isco estar comigo, ele foi uma surpresa para todos, já que ninguém sabia sobre a estrela do Real Madrid estar chegando ao Rio. Mas, a minha vida sempre esteve em holofotes, por conta do meu "pai" prefeito. Eu sempre tive que andar nos eixos, a mídia me conhecia como filha dele. Eu tinha que tomar cuidado nas ruas do Rio, evitar sequentos para arrancar dinheiro da família Alencar. Minha vida era pública no Brasil, e com a polêmica sobre eu ser adotada ter vazado na empresa, isso estava pior.


"Você sabia mesmo sobre ser adotada?"

"Como foi descobrir sobre sua adoção?"

"É verdade que você e o seu pai se dão bem?"

"Você estava fazendo intercâmbio ou fugiu para Madrid para ficar com o jogador?"


Várias perguntas eram ouvidas enquanto eu e Isco passávamos de cabeça baixa. Isco estava de boné e óculos escuros, eu apenas usava óculos escuros não só para esconder meu rosto nada legal, mas também para fugir de tantos flashes e câmeras. Por fim, obviamente não respondi ninguém e nós seguimos direto para o carro que me esperava.

— Depois disso tudo, você gostaria de conhecer um pouco o Rio? — Eu perguntei, olhando para o moreno ao meu lado, que em momento algum soltava minha mão.

— Vai ser ótimo! Acha que a gente consegue ir até a praia? — Ele perguntou fazendo uma leve careta.

— Sim, provavelmente — Eu respondi rindo leve — É a sua primeira vez aqui?

— É sim. Na copa de 2014 eu não fui convocado — Isco disse, eu assenti simples.

— Vai ser legal então. Eu te levaria até o Maracanã, mas a temporada aqui no Brasil termina em dezembro — Eu disse.

— Então a gente volta em junho — Ele disse, mas logo franziu o cenho — Não, eu vou estar na Copa.

Eu ri vendo sua expressão, então ouvi a risada dele junto, vendo-o se inclinar para selar seus lábios nos meus. Isco se afastou, então eu deitei meu rosto em seu ombro.

— Nazaré e Maura vão gostar de conhecer você. Nas vezes em que liguei pra elas, sempre me perguntavam de você — Eu disse.

— Agora você me deixou nervoso, Maria — Ele disse, me fazendo rir — Não é engraçado, babe. Eu vou conhecer as mulheres que te tornou maravilhosa.

— Elas vão amar você, com toda certeza — Eu falei.

— Isso é bom — Isco suspirou em alívio.

Nós continuamos falando sobre qualquer coisa durante o caminho, e em poucos minutos chegamos em minha antiga casa. Eu agradeci ao Jaime, pedindo para que ele não retirasse nossas malas do carro e nós descemos. Isco voltou a pegar em minha mão, então caminhamos até a entrada da casa. Eu, como não morava mais aqui, toquei a campainha e esperei alguns poucos segundos. Nazaré me atendeu com um sorriso feliz e surpreso.

— Minha menininha! Que bom ver você! Oh meu Deus, Maria Lúcia — Ela disse me puxando para um abraço — Você está tão bonita! E só ficou fora por dois meses. Como você está?

— Está tudo bem, Nazaré. Obrigada. Eu senti sua falta — Eu disse sorrindo — Olha, esse é o Isco, meu namorado.

— Será que ele me entende? — Nazaré perguntou e nós rimos.

— Isco entende português, só não fala — Eu disse, vendo-a assentir.

— É um prazer conhecê-lo, querido — Nazaré estendeu a mão para o meu namorado.

— Igualmente — Isco soltou em espanhol, mas compreensível.

— Entrem, entrem! — Ela nos deu passagem.

— Onde está a Maura?! — Eu perguntei.

— Foi ao mercado para o seu pai, meu bem — Ela disse em um sorriso — Vocês querem algo?

— Não, obrigada. Quer alguma coisa, amor? — Eu olhei para o espanhol, mas o mesmo negou com a cabeça.

— O que faz aqui, querida? Achei que não te veria tão cedo — Ela disse apontando para o sofá, então nos sentamos.

— Você sabe por que eu vim, Nazaré — Eu disse sorrindo levemente — Eu só preciso de respostas.

— Não acredito que ele vá querer responder essas perguntas, meu bem — Ela sorriu triste para mim — Mas não custa tentar, uh?!

— Por que ele mentiu pra mim esse tempo todo? Eu merecia saber a verdade, Nazaré — Eu disse sentindo meus olhos marejando.

Isco agarrou novamente a minha mão, apertando-a e me fazendo fitá-lo.

— Seja forte, babe — Ele disse baixinho, então beijou minha testa — Eu estou com você.

— Obrigada — Eu sorri.

Voltei a olhar para Nazaré, que sorria para nós dois. Fomos interrompidos por barulhos na porta, em seguida as vozes que eu conhecia bem. Eu apertei a mão do Isco, olhando apreensiva para a porta sala. As risadas se cessaram quando Marília e meu pai me viram.

— Ora ora — O meu pai sorriu — Decidiu fazer como eu mandei e voltar para casa?

— A minha casa é em Madrid. Eu só vim conversar — Eu disse me levantando, vendo Isco se levantar junto.

— E trouxe o namoradinho? Ele é gato — Marília disse, passando os olhos por Isco.

— Marília a conversa não é com você, dá pra sair? — Eu perguntei irritada com aquilo.

— Voltou ousada, o que te deram em Madrid? — Ela riu debochada — Por mais que a visão seja ótima, eu realmente tenho mais o que fazer. Até logo, maninha.

Ela soltou um "maninha" com deboche, com a língua entre os dentes, ainda olhando para o meu namorado. Eu bufei, então ela riu e saiu da sala. Nazaré também havia se retirado; meu pai não gostava que empregados ficassem em conversas de família.

— O que você quer? Me trazer mais problemas? Já não basta ter sumido do nada sem avisar? — Ele perguntou fechando a expressão.

— Você quer apontar o que eu fiz quando não chega nem aos pés do que você fez. Você mentiu pra mim durante a minha vida toda e mente para todos daqui da cidade. Você é uma farsa! Como é que teve a cara de pau de dizer que eu sabia sobre a adoção? Eu sempre acreditei sobre ter nascido nessa família! Vocês sempre jogaram na minha cara sobre eu não ter o sangue e ganância de vocês, e estavam certos. Graças a Deus eu não tenho. Mas por quê mentiu? Eu merecia saber — Eu disse, com algumas lágrimas quentes descendo.

— Pra quê? Pra você sair igual uma tonta que é procurando por sua família de verdade? E quando achasse, hein? Espalharia para a mídia que não é e nunca foi dessa família? Que eu menti para todos? — Ele se alterou.

— Eles já sabem agora! Qual seria a diferença? Vocês não tinham o direito de fazer isso comigo. É a minha vida! Eu cresci no meio do ódio, ignorância e ganância, quando na verdade nada disso corre em minhas veias. Eu não sou uma de vocês e eu nunca fiz parte dessa família. Eu não faço a mínima questão de fazer, vocês são sujos! — Eu disse rindo sem humor — Eu não vim para discutir com você, eu já sei tudo o que precisava.

— Então por quê veio? A mídia vai lotar jornais e revistas sobre você. Veio procurar fama?

— Pelo amor de Deus! Como vocês são fúteis. O que a fama trás não me interessa nada — Eu disse — Eu já sei que me odeiam, que nunca me quiseram na família. Mas vocês realmente não precisam ver a minha cara nunca mais. Eu só quero saber com quantos meses me adotaram e aonde me adotaram.

— No principal orfanato do centro do Rio, você tinha cinco meses. É apenas isso? Já pode ir sumir de novo por que estava ótimo dessa forma — Ele disse, me olhando com cara de nojo.

Aquilo doía ainda mais. Ele saiu da sala, me deixando ali sozinha com Isco. O moreno parou em minha frente, envolvendo meu rosto em suas mãos e limpando as minhas lágrimas.

— Ei, vamos sair daqui, tudo bem? Já chega por hoje, Maria. Vamos descansar — Ele disse.

— Ok — Eu sussurrei, recebendo um abraço forte.

Por fim das contas, mesmo nos más dias, ter Isco ao meu lado sempre me mostrava que tudo ficaria bem se eu o tivesse comigo. E era isso que me fazia sentir-se segura, protegida e cada vez mais afundada naquela paixão. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo, apesar de vocês não estarem comentando muito. Pq sumiram? 😭

Muuuuuito obrigada pelos últimos comentários e favoritos. O fim de Quédate está cada vez mais próximo :(

Comentem aqui também, ok? É importante, de verdade... Eu tô nervosa pro jogo da liberta, então é isso. Até amanhã amores ❤


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