Pidge suspirou aliviada quando finalmente conseguiu se deitar em sua cama.
Os casos passados para si já foram solucionados, sendo assim, estava na mais completa paz.
Bem, isso era o que a jovem pensava.
Se obrigou a se levantar na cama, resmungando enquanto caminhava pelo quarto a procura de seu celular.
Era o chefe da polícia.
Droga, mais trabalho!
— Senhor? — disse de forma tranquila, mas por dentro estava pronta para matar o homem.
Pidge perdeu a conta de quantas vezes suspirou enquanto o chefe do departamento em que trabalha lhe dava mais um caso.
Um jovem empresário havia sido morto no quarto de sua casa, encontrado já sem vida por um empregado que foi lhe acordar para ir ao trabalho como de costume.
O homem não quis dar muitos detalhes, mas disse que poderia ser um caso difícil para
Pidge, e que se visse que não conseguiria, poderiam passar o caso para outro.
Mas a mulher nunca passava seus casos para outros. Afinal, para quem mais iriam passar aquele caso, sendo que já havia sido repassado para si?
— Amanhã cedo estarei na casa da vítima. Não deixe que entrem nem toquem em nada da cena do crime — disse antes de desligar a ligação.
Voltou a se jogar na cama, deixando que todo seu cansaço fosse embora, relaxando ao máximo até cair no sono.
(...)
Pidge sentiu seu coração se apertar quando descobriu quem era a vítima envolvida.
Esperou alguns longos minutos no lado de fora, até tomar coragem para entrar na casa.
Matt estava morto. Seu corpo banhado a sangue caído no meio do quarto, enquanto pessoas o observava da porta.
— Deixem ela passar — disse um policial, abrindo espaço para que a garota caminhasse em passos lentos até o corpo de seu irmão.
Se segurava para chorar, afinal, estava em ambiente de trabalho.
Mas por que ninguém havia dito antes? Por que esperaram que ela visse e descobrisse por si só?
Seu coração sangrava e sua cabeça estava uma bagunça. Pensava seriamente em pedir para repassar o caso, mas era seu irmão alí.
— Detetive — Pidge virou seu corpo em noventa graus quando sentiu um toque em seu ombro. — Podemos repassar o caso, se preferir — disse o chefe do departamento de polícia.
— Eu nunca repasso um trabalho — respondeu firme em sua voz.
Precisaria de tempo até aceitar que era seu irmão caído naquele chão, mas mesmo que demorasse, tinha em mente que se sentiria mais tranquila em acompanhar o caso em primeira mão. Afinal, era ela quem solucionaria isso.
— Gostaria de te apresentar uma pessoa — Pidge apenas assentiu, saindo do quarto de seu irmão o mais rápido que conseguia. — O nome dele é Keith Kogane. É novo no departamento, mas é um ótimo profissional. — Enquanto o homem falava, Pidge andava para qualquer lugar que fosse. — Ele será seu parceiro nesse caso, já que pode te machucar bastante e-
— Eu não preciso de ajuda. Trabalho muito bem sozinha, e dessa vez não será diferente. — A garota parou na porta de casa, olhando para a movimentação dos profissionais que entravam e saiam da casa.
— Mas eu acho que nos daremos muito bem — Pidge virou seu rosto para o rapaz alto que trajava roupas descoladas. Uma camiseta branca e uma jaqueta preta por cima. Se era detetive, deveria no mínimo usar os ternos que seu departamento todo usava. Não que Pidge usava, mas era um caso à parte. — É um prazer te conhecer, detetive Pidge. — O rapaz depositou um selar na mão da citada, que estreitou seus olhos.
O tal de Keith tinha uma ótima aparências. A cicatriz no canto de seu rosto entregava perfeitamente qual era o tipo de pessoa que ele era; tipo briguento. Os fios negros como um abismo profundo combinavam com a pele clara como a neve, e os olhos encantadores eram capazes de prender qualquer um.
— Jura? — A garota olhou para seu chefe, como se perguntasse se realmente era aquele seu novo parceiro.
O sorriso sem graça dado por seu chefe confirmava tudo. Talvez não tivesse coisa melhor.
— Só para deixar claro, eu quem mando nessa equipe — Pidge olhou fixo para o rapaz de fios negros, que tinha um sorriso cínico em seu rosto. — Se você fizer algo que me tire do sério, seu trabalho acaba na hora.
— Certo, senhorita Holt. Irei fazer tudo conforme mandado — Keith colocou sua mão no bolso de sua jaqueta. — E quando iremos começar o trabalho?
(...)
Pidge passou sua mão em seus fios de cabelo, deixando um suspiro pesado sair de seus lábios enquanto desviava seu olhar das papeladas em sua frente.
Estava estudando cada coisa, cada prova, cada pista já coletada na cena do crime. A ficha de cada suspeito e todas as coisas que os demais profissionais conseguiram pegar no dia anterior, quando se iniciou a investigação.
Ver as fotos do quarto de Matt completo de sangue, de seu irmão deitado no chão sem vida, aquilo era demais para a pequena Holt. Demais!
— Toma — Pidge subiu seu olhar quando ouviu a voz de Keith.
O rapaz erguia um copo de café puro para a garota, que agradeceu antes de dar um bom gole na bebida.
— Encontrou algo de interessante? Algo útil que ajude no caso? — O Kogane se sentou em frente a Pidge, que o encarou.
Estavam trabalhando em um café vinte e quatro horas. A mesa cheia de copos vazios e papéis. Aquilo estava uma verdadeira bagunça. Keith ainda havia tentado arrumar algumas coisas, mas Pidge dizia que trabalhava melhor em meio a bagunça.
A Holt não dirigia palavras a Keith que não fossem sobre o trabalho, enquanto o rapaz tentava puxar assuntos diversos em momentos de pausa para respirar.
Já haviam gastado mais do que o recebiam naquele café. Não que fosse um problema, pois Pidge dizia que podia colocar tudo na conta da empresa, e que sempre fazia isso em horários de expediente.
— Bem, a arma do crime está em análise. Ele levou dois tiros no peito e um na perna, talvez para não correr ou tentar fugir. O assassino é alguém esperto, apagou suas pegadas e deu um jeito de encobrir digitais em boa parte dos objetos do quarto — disse Pidge.
— Talvez alguém tenha o ajudado. Com o disparo da arma, algum empregado pode ter corrido até o quarto para ver o que estava acontecendo. Não tem como alguém limpar seus rastros tão rápido assim — Keith disse antes de dar um gole em seu café. — Além do mais, é fácil pegar quem é pelas câmeras de segurança. Digo, uma casa daquele tamanho... o cara era podre de rico, e-
— As câmeras de segurança! — Pidge se levantou, começou a recolher os papéis espalhados pela mesa e olhou para Keith. — Ninguém me mandou arquivo as câmeras de segurança ainda. Talvez tenha algo lá que ninguém viu. — O Kogane ajudou a garota a pegar os papéis, levando parte deles e os dois copos de café enquanto Pidge corria para fora do estabelecimento.
— Não vai dizer que eu sou um gênio ou algo do tipo e me dar um beijinho na bochecha?
— Isso não é uma série adolescente, idiota, isso é a vida real — Pidge entrou em seu carro, colocando as papeladas no banco de trás, assim como Keith fez.
— Nem um beijinho?
— Quer ir para a rua? — indagou a mais baixa enquanto colocava seu cinto de segurança.
Keith ficou a encarar a garota, que encostou seu cotovelo no volante e voltou seu olhar para o rapaz, que sorriu sacana.
— Mas bem que poderia ser, uhm?
— Hum, deixa eu pensar... — Pidge ficou com seu olhar fixo no Kogane, que não deixava seu sorriso sair de seu rosto de forma alguma. — Não — Keith riu anasalado, negando com a cabeça após sua resposta. — Agora coloca o cinto de segurança, antes que eu te jogue para fora do carro.
— Você é a primeira garota que não se encanta com minha beleza e charme único.
— E você me lembra do Lance... isso me enoja — Keith dividia seu olhar entre a garota focada no volante, e a estrada.
— Lance? Seu namorado?
— Não. Lance Mcclain, meu ex-colega de turma. — O mais alto apenas assentiu, vendo Pidge estacionar o carro de mal jeito em frente a delegacia e tirar seu cinto. — Você fica aqui, eu já volto.
(...)
Pidge se encontrava de braços cruzados e cara fechada. Quase teve um infarto no meio da sala com os materiais de casos quando sentiu Keith descansar o braço em seu ombro.
Não havia dito para ele esperar no carro?!
— Encontrei. — O especialista que cuidava de toda a parte das câmeras disse em alto e bom tom, deixando Pidge um pouco mais animada.
Chegando perto do computador, Keith e Pidge olhavam com atenção cada segundo que passava na tela, tentando encontrar qualquer coisa que possa servir como pista.
Acelerando o tempo das imagens, demorou cerca de dois minutos até conseguirem ver algo que seria útil.
— Volta um pouco — disse Keith.
Às imagens da câmera de segurança mostravam duas pessoas se agarrando em meio aos corredores.
Um deles com os cabelos até o pescoço, deixando claro que era Matt quando o rapaz deixou sua cabeça no ombro de um outro rapaz de cabelos curtos, que logo puxou Matt até o quarto dele.
Passando um pouco mais para frente, Pidge pode ver apenas o rapaz mais alto sair de lá. Olhando para todos os lados enquanto saia de fininho.
— Essa foi a última vez que a vítima foi vista com vida.
— Volta um pouco, só mais uma vez — disse Keith, cerrando seus olhos. — Eu acho que conheço esse cara.
Voltando para a cena em que o rapaz saia do quarto de Matt, Keith pausou assim que o rosto do cara foi voltado em direção da câmera.
Tanto Pidge quando Keith arregalaram seus olhos.
— SHIRO? — gritaram juntos, voltando seus olhares um para o outro após isso.
— Você o conhece? — indagou Pidge, recebendo apenas um aceno positivo do de fios negros.
— Ele é filho do meu padrasto. Conheço ele desde muito jovem, não acho que ele seria capaz de matar alguém — Keith tentou defender o meio irmão, mesmo que não fosse necessário, pois Pidge conhecia muito bem o rapaz.
— Ele era melhor amigo do meu irmão. Eu não fazia a mínima ideia de que eles estavam juntos — Pidge disse e Keith arregalou.
— A vítima é seu irmão?! — A Holt apenas assentiu, mordendo seu lábio inferior. — Me desculpa, eu... eu não fazia ideia.
— Eu quem vou ter que me desculpar se acidentalmente bater no seu falso irmão. — A mais baixa começou a caminhar até a porta, parando apenas para esperar Keith. — O que está esperando? Temos um interrogatório para fazer.
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