Pidge nunca pensou que diria isso, mas Keith era um cara muito legal e interessante. O rapaz era incrível, e um ótimo ouvinte, e a melhor pessoa para tirar todos os pensamentos tristes da cabeça da Holt.
Exceto nos momentos em que Keith agia como o Lance. Estilo garanhão, cheio de cantadas e falas sugestivas.
Não que Pidge estava reclamando. Algumas cantadas como: "você não é pescoço, mas mexeu com minha cabeça" a faziam rir como nunca, o que arrancava sorrisos bobos por parte do outro.
Deveriam estar trabalhando? Sim. Claro que deveriam. Mas já estava de noite, e estavam a mais de vinte e quatro horas acordados.
Um pouquinho de descanso e diversão não fazia mal a ninguém. Ainda mais a Pidge, que estava com a cabeça fervendo enquanto tentava solucionar o caso de seu irmão.
— Ei, Pidge, se eu me afogar na sua beleza, tenho direito a respiração boca a boca? — A citada riu alto com a cantada jogada sobre si.
Aquilo era péssimo.
— Quem sabe. — Soltando uma piscadela para o rapaz que suspirou enquanto sorria. — A bebida nem tem álcool, por que está agindo assim?
— Queria que você se esquecesse o fato disso não ter álcool para eu poder ter uma desculpa amanhã — Keith olhou para sua taça recém abastecida por Pidge. — Eu sei lá, você é a primeira garota que não se encanta pelos meus charmes de primeira. Acho que isso faz eu querer seu amor.
— Se apaixonou por mim em dois dias? Nossa, eu sabia que era incrível, mas não tanto assim — Keith sorriu, assentindo algumas vezes antes de voltar seu olhar para a garota.
— Você realmente já foi apaixonada pelo Shiro?
— Uhum. Temos que concordar que seu irmão é um puta homem — Pidge mordiscou seu lábio inferior após sua fala, voltando seu olhar para o rapaz ao seu lado. — Mas era aquelas paixonites de adolescência. Mesmo sabendo que nunca rolaria nada entre nós, eu não conseguia não gostar dele, isso até eu ir para a faculdade e ganhar um pouco mais de maturidade. O Shiro é gay, e não gostava de mim.
— Eu sou hétero e sou apaixonado por você — disse Keith, fazendo a Holt virar seu rosto por vergonha.
— Você não me parece muito hétero.
— Qual é? Por que todo mundo diz isso? — Pidge riu com a fala do Kogane.
— Eu acho que você não deveria dizer que é apaixonado por alguém que conheceu a poucos dias. Se me conhecesse um pouco mais, veria que eu sou extremamente desinteressante.
Keith usou sua mão para mover o rosto de Pidge em sua direção, acariciando sua bochecha em seguida.
— Eu te acho a mulher mais interessante que eu já conheci. Gosto do seu jeitinho independente, da forma inteligente que você fala quando estamos trabalhando... do seu sorriso e do jeitinho atrapalhado que você fica quando está com vergonha. — As maçãs do rosto de Pidge se encontrava uma bagunça corada. Talvez da mesma cor que a jaqueta que Keith emprestou para si horas atrás. — Vamos fazer assim...eu vou te dar um beijo, caso você não goste, pode devolver — Pidge sorriu pequeno, assentindo algumas vezes antes de sentir os lábios de Keith contra os seus.
Um beijo lento, apaixonante e viciante. As mãos de Pidge se encontravam no peitoral do Kogane, enquanto os de Keith ainda acariciava a bochecha da moça.
O ósculo duraria mais tempo caso Pidge não tivesse interrompido ele.
— E então? — indagou Keith.
— É...eu gostei. Acho que vou ficar com ele para mim. — O rapaz sorriu largamente antes de voltar a beijar os lábios do Pidge.
A Holt estava cada vez mais entregue ao rapaz. Subiu em seu colo para aprofundar o beijo, sentindo o volume sobre a vestimenta de Keith, o que a fez sorrir entre o beijo.
— Keith...você tem preservativo?
(...)
Keith resmungou baixinho quando os raios solares atravessam a janela e bateram em seu rosto, o acordando.
Droga de cortina esquecida aberta!
Mas todo o mal humor matinal foi embora quando se deparou com a garota deitada sobre seu peitoral.
O sorriso que surgiu em seu rosto foi involuntário, assim como as carícias que foram iniciadas no cabelo de Pidge.
— Uhm... bom dia. — A garota murmurou.
— Eu te acordei? Desculpa.
— Tudo bem, precisamos trabalhar de qualquer forma. — Movendo sua cabeça, Pidge sorriu largamente ao ver o rostinho amassado de Keith a encarando.
O Kogane depositou um selinho rápido nos lábios de Pidge, que beijou sua bochecha antes de se levantar.
Keith puxou o cobertor para cobrir o corpo nu da garota, antes de se levantar e ir a procura de suas roupas.
— Posso tomar um banho antes de ir? — indagou Keith, recebendo apenas um confirmar de cabeça de Pidge.
— Eu vou pegar uma toalha para você. — A garota se levantou sem se importar com sua nudez, e foi direto para o guarda roupa atrás de toalhas limpas.
Mas sua busca fora interrompida por um Keith manhoso que segurou sua cintura e depositou beijinho por sua bochecha e pescoço.
— Você é realmente insaciável — disse Pidge antes de virar para o rapaz, que sorria.
— Acha que fomos rápido demais?
— Eu tenho certeza disso.
(...)
Keith não conseguia focar em analisar a ficha do tal de Adam. Apesar de Shiro ainda ser um dos principais suspeitos, Pidge ainda pediu para ficar de olho no outro.
Mas o grande problema era que Keith só conseguia olhar para Pidge e pensar na noite incrível que tiveram.
Como a garota estava agindo como se nada tivesse acontecido, quando ela havia sido acordada com beijos e carícias do Kogane?
O rapaz pegou um pedaço de papel em branco, escreveu um bilhetinho e deu para Pidge, que o olhou sem entender muita coisa antes de ler.
"Papo de urubu, pena de galinha, se você quer um beijinho dê uma risadinha."
Pidge escreveu alguma coisa no verso no papel, sem expressão alguma.
"Papo de urubu, pena de galinha, foca no trabalho ou te darei uma rasteirinha."
Keith riu baixinho subindo seu olhar para Pidge, que pesquisava algo no notebook.
Pelo visto a Holt sabia muito bem separar trabalho da vida pessoal. Isso era bom, por um lado. Mas talvez fosse difícil para Keith ficar sem os mesmos carinhos que da noite anterior.
Voltou a prestar atenção na ficha do suspeito número dois.
Adam parecia ter uma vida comum. Trabalhava na mesma empresa de marketing que Shiro, estudou junto com Matthew no colégio, e os três pareciam ser bem próximos.
Entrando em redes sociais, era possível perceber que o rapaz era muito mais próximo de Shiro que de Matt. Haviam até storys marcados onde ele beijava Shiro.
Talvez eles tivessem um tipo de relação diferente do que Keith e Pidge imaginavam.
— Senhorita Holt — chamou Keith, recebendo toda a atenção da moça para si. — Acho que o suspeito um e o suspeito dois tem algo a mais que uma linda amizade. — Moveu seu notebook para a garota, que assistiu ao vídeo com suas sobrancelhas franzidas. — Precisamos conversar com o Shiro.
— Vamos conversar com esse Adam primeiro.
(...)
O homem alto de melanina morena encarava os dois detetives em sua frente sem entender muita coisa. Suas mãos algemadas em frente ao seu corpo e seus lábios prensados em aflição.
O que estava acontecendo, e porque estava sendo tratado como o pior dos criminosos?
— Senhor, nós precisamos conversar um pouco contigo — disse Keith cruzando suas pernas. — Você era amigo próximo de Matthew Holt, estou certo? — Adam apenas assentiu.
— Vamos direto ao assunto. Você matou o Matt? — indagou Pidge.
— Claro que não. Ele era meu amigo, nunca faria isso com ele! — Pidge bateu sua mão contra a mesa, usando como impulso para se levantar. Curvou seu corpo, ficando o mais próxima possível do rosto do moreno.
— Confessa logo porra! Eu sei que foi você quem matou meu irmão! Eu não faço a mínima ideia dos seus motivos, mas eu tenho certeza de que o Matt não fez nada de mal para você. Ele era uma pessoa incrível, que não machucava nem uma mosca! Agora se você não dizer a verdade para mim por bem, eu darei um jeito de você dizer para mim por mal, seu filho da...
— DETETIVE! — Keith gritou, interrompendo a Holt. — Venha, nós precisamos conversar — disse enquanto segurava na mão da mais baixa, que fora arrastada para fora da sala do interrogatório.
Pidge estava agitada demais. Aquilo era coisa demais para sua mente, e a exaustão não ajudava em nada.
Pelo menos tinha Keith ao seu lado. Mesmo que fosse apenas por um trabalho.
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