História Quem Matou Matthew Holt? - Capítulo quatro

Pidge suspirou enquanto se sentava na calçada da área usada para os profissionais descansarem em suas pausas. Alguns usavam para fumar, outros apenas apreciavam um delicioso sanduíche de máquina.

Keith olhou atentamente para a garota, que tinha seu olhar abatido e mãos inquietas.

— Pidge — chamou, mas não obteve nem a atenção da garota. — Eu sei que é difícil... Ele era seu irmão, mas não adianta você gritar com o suspeito. Isso só vai fazer ele querer encobrir ainda mais a verdade. Além do mais, você não sabe se ele está realmente mentindo.

— Eu só queria saber quem fez isso com meu irmão. Só queria o Matt de volta. Queria que ele me dissesse o que eu deveria fazer — Keith se sentou ao lado da garota, prensando suas pernas contra seu peitoral. — É tão difícil sem ele.

— Mas você tem a mim — disse o Kogane, recebendo pela primeira vez dentro da conversa, o olhar da garota. — Eu estou aqui para te ajudar. Posso não ser o seu irmão, mas sou seu amigo — Pidge sorriu pequeno para o rapaz, que passou uma mecha de cabelo para trás da orelha da Holt. — Mas eu queria ser bem mais que seu amigo.

— Um melhor amigo? — disse inocente, como se não soubesse das reais intenções de Keith.

Keith começou a se aproximar da garota, tendo seus movimentos copiados. Selaram seus lábios com uma tremenda rapidez, e Pidge corou de imediato, mas não se afastou. Keith fechou seus olhos e tomou a iniciativa. Aproximou seus rostos ainda mais, puxando o lábio inferior da mais baixa em uma mordida suave. Pidge cedeu passagem, deixando com que o selar se tornasse um beijo profundo. 

Estavam tão envolvidos no momento, que esqueceram que estavam em um ambiente de trabalho. 

Afastaram-se lentamente, totalmente corados e surpresos pelo rumo que o selinho havia tomado.

Sorriram como nunca, tendo Pidge olhando para todos os lados tentando ver se alguém havia visto a cena, enquanto Keith a olhava com olhos doces.

— Acho que... um super melhor amigo — disse Keith, arrancando um riso baixo da garota.

Encostando na parede, encarando a cena sem ser percebido, Shiro sorria contente pelos mais novos. Havia corrido para dizer que Adam havia começado a falar tudo o que tinha feito no dia do crime, mas achou melhor não interromper os pombinhos apaixonados.

Afinal, outros profissionais também estavam no interrogatório, não iriam perder muita coisa.

(...)

Pidge segurava fortemente a mão de Keith, pois sabia que pularia em Adam a qualquer momento caso o rapaz não confessasse logo. Pelo menos uma pista de quem havia matado seu irmão!

— ...e quando o Shiro disse que estava ficando com o Matt... eu surtei — Adam disse baixo, maltratando seu lábio inferior enquanto mantinha seu olhar fixo nos papéis com pistas e fotos de Matt desacordado no chão de seu quarto.

— Surtou de que forma? — indagou o Kogane.

— Eu sempre fui apaixonado pelo Shiro, e quando eu soube que eles estavam juntos, eu... — Pidge fechou fortemente seus olhos, esperando pela resposta. — Eu matei Matthew Holt. — A fala saiu em alto e bom tom, deixando todos da sala, principalmente Shiro que estava sentado ao seu lado, em choque.

Então tinham razão. Adam havia mesmo matado Matt. O motivo era algo tão bobo. Ciúmes. Ciúmes de um relacionamento recém iniciado. Ciúmes de alguém que não era ele. Ciúmes, ciúmes e ciúmes. Isso foi o motivo da morte do Holt.

— Eu não queria fazer isso, eu juro! Mas quando eu me dei conta, ele já estava morto — Pidge usou suas mãos para tampar seus ouvidos, enquanto Keith a abraçava enquanto encarava o moreno. — Eu subornei o guarda para poder excluir partes em que eu entrava no quarto e saia. Eu só queria ter o Shiro para mim!

— Quando você gosta de alguém, você faz de tudo para vê-la feliz. Já ouviu essa frase, Senhor Adam? — indagou Pidge, se segurando para não gritar ou se derramar em lágrimas. — Se você ama tanto assim o Shiro, porque matou quem ele tanto amava?!

— Essa frase é hipócrita. Quando você ama alguém, você faz de tudo para tê-lo ao seu lado. Você nunca vai fazer com que ela fique com outra pessoa, pois você quer o ter em seus braços! — Pidge se levantou em imediato, sendo seguida com Keith que a segurou.

O que Adam disse não era mentira. Ninguém quer ver quem ama com outra pessoa. Aquilo te corrói por dentro. Te machuca como uma adaga enfiada em seu coração.

Mas nada, nada justifica matar uma pessoa para conseguir seu amado. Shiro parecia ter medo de Adam em tal momento. Pidge tinha ódio através de seu olhar, e Keith ponderava sobre tudo.

— Podem levá-lo — disse o Kogane, vendo os policiais segurarem Adam pelos braços e o levarem para fora.

Se iria para a prisão? Não por agora. Precisava de seu julgamento para poder ser preso. Mas enquanto isso não acontecia, ficaria em um local afastado de tudo e de todos, sendo vigiado por alguns guardas para terem certeza de que ele não tentaria fugir.

(...)

Agora tudo havia acabado. Adam estava na cadeia, onde ficaria por um bom tempo e poderia pensar em seus atos.

Shiro havia se mudado para o Japão. Disse que preferia voltar para sua terra natal e ficar com seus familiares por um tempo, pois não queria ficar lembrando de Matt e Adam sempre que passava em frente ao café, ou até mesmo estivesse na sala de sua casa.

Pidge e Keith haviam terminado seu trabalho em equipe, sendo separados para trabalharem em casos diferentes. Claro que o rapaz fez muita birra, pois queria passar cada vez mais tempo com a garota. Uma parte era boa, que entre meses, uma forte relação surgiu entre os dois. Culpa do charme de Keith!

Estavam namorando agora. O Kogane fazia com que Pidge se sentisse melhor, feliz. Vez ou outra se sentia triste ao se lembrar do irmão, mas havia encontrado sua felicidade.

Encontrou Keith para iluminar seu caminho escuro. Tinha em mente que aquilo era obra de seu irmão, pois sabia que o rapaz não iria a deixar sozinha no mundo. Pidge estava em boa companhia, e isso era fato.

Queria que Matthew lhe acompanhasse e a visse agora, como a ótima detetive que era, e com o lindo rapaz que estava ao seu lado. Mas tudo bem.

Matthew estaria sempre acompanhando sua irmãzinha. Seja lá onde estivesse.