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História Quem não casa com cão, caça com gato - Capítulo treze: Afinado no amor


Escrita por: mili_cruzz

Capítulo 13 - Capítulo treze: Afinado no amor


  Se há dezenas de filmes com Adam Sandler é porque ele é o melhor em comédia romântica. Pode dizer que é drama, mas é normal sentir luto no término de uma relação. Veja, Robie amava Linda e ela o deixou no altar. Por sorte, teve Julia, mas as pessoas que não tem? É extremamente complicado, estressante e doloroso ter que deixar de conviver com a pessoa com quem ama tão repentinamente. Como se arrancasse parte de você, porque sua pessoa está ligada à outra. Era isso que Astória Não Mais Weasley sentia. Como Rony pensou, ela estava sentada no balcão do pub. Não engoliu um gole de álcool, apenas observou o copo. Foi obrigada a ir embora, pois o proprietário tinha que fechar.  

  Decidiu pedir ajuda a sua irmã, que já morava em um apartamento com sua namorada. Bateu na porta às seis da manhã. Susan Bulstrode a atendeu, segurando uma xícara de café, vestida com um casaco grande. 

- Ats? O que faz aqui a essa hora? 

- Isso é café? 

- Sim. 

  Astória tirou de suas mãos sem pedir seu consentimento e bebeu o líquido de uma vez. 

- Ast, isso estava muito quente. 

- Nada supera a dor que sinto. Você tem maconha? Preciso ficar doidona. 

- Você pedindo para usar drogas? DAPHNE, A SUA IRMÃ ENLOUQUECEU DE VEZ! CHAME A AMBULÂNCIA, ELA DEVE IR AO HOSPÍCIO! 

- O quê? - Indagou Daphne, com o cabelo despenteado – Ast? O que faz aqui às seis da manhã? 

- Pedi divórcio. 

  Ela contou tudo detalhadamente. A ligação, o pequeno afastamento de Rony, a carta, o encontro com Harry. Absolutamente cada detalhe. Foi forte em segurar o choro, pois tudo o que desejava era desabar em um colchão e nunca mais sair. 

- Tem certeza que ele ama mesmo essa Hermione Granger? - Quis saber Susan 

- Claro que ama, ouvi eles conversando.  

- Talvez esteja confuso. 

- Ninguém se confunde quando encontra a pessoa certa e ela é a pessoa certa para ele. Não há nada que posso ou devo fazer. 

- Eu sinto muito, manona. - Lamentou Daphne – O que fará agora? 

- Não faço a menor ideia. Só sei que terei que dar uma infância de ouro ao meu filho. Deus! 

- O que foi? 

- Nada de mais. 

- Fale logo, Ast! 

- Terei que... Ir  casa de mamãe. 

- E por que vai lá? É uma vadia que te expulsou de casa! 

- Não posso ficar na rua, Daph. 

- E não vai, ficará conosco! 

- Não tenho nem mil libras, como ajudarei no aluguel? 

- Não precisa se preocupar com isso. - Assegurou Susan - É nossa amiga, o que importa é esteja bem.  

- Vocês... São as melhores pessoas da minha vida! 

  Abraçou ela e enfim chorou. Chorou como nunca, talvez mais do que quando foi mandada embora. Temeu que jamais fosse feliz. Que vivesse com essa nuvem escura em cima de sua cabeça para sempre. As duas lhe banharam e a convenceu se alimentar. Daphne a pôs para dormir e cantou para sua irmã mais velha, como antes a pobre coitada fazia há alguns anos. Apoiava sua cabeça no colo da mais nova e soltava lágrimas silenciosas. 

- Sinto saudades do meu filho. Ele é tão... Pequeno. 

- Irá vê-lo em breve. 

- Não sei se tenho coragem, Daph. 

- Vai ter. Só precisa confiar em si. 

  Enquanto Astória vivia seus dias compostos hematomas sentimentais  violentos, Rony se encontrava em um mar de rosas. Como dois adolescentes bobos, ele e Hermione passavam horas se vendo e quando se distanciavam, morriam de saudades. Combinaram que após o casamento, se mudariam para a casa dela e que teria um novo quarto para Arthur. 

- E este aqui é Arthur. - Apresentou, na sala de estar  

- Nossa, ele é a sua cara! 

- É, não é? Diz oi para tia Mione, filho.  

- Acho que ele não falará agora, é muito novinho. Com quem ele está, quando você trabalha? 

- Eu o levo para casa de mamãe.  

- Rony, a sua... Esposa telefonou? 

Ex-esposa e não. Astória ainda não telefonou, mas vai. Só precisa dar um tempo a ela. 

- Ela te amava? 

- Não sei ao certo. 

- Sim. - Se intrometeu Gina, sentada no balcão 

- O quê? - Perguntou Hermione 

- Ela amava ele. - Repetiu – Por isso o deixou. Vou a Cambrigde, tchau. 

  Gina foi embora. 

- Ela não gosta mais de mim, não é? 

- Isso não é verdade. Vocês são amigas. 

- E roubei o marido da melhor amiga dela.  

- Mione, já te expliquei que daria errado com você no meio ou não, você só acelerou o processo. E lembre-se que Astória pediu divórcio, Gina está sendo dramática. 

- Não, ela está sendo uma boa amiga. Sabe onde ela está? 

- Na casa da irmã. Daphne, a irmã dela, me disse que está bem e que só está passando pela fase de término, mas que irá melhorar. 

- Ainda me sinto culpada. 

- Não se sinta culpada, tia Mione. - Rony afinou sua voz como se Arthur falasse – A mamãe é forte e ficará bem. O papai é quem precisa de carinho. 

- O papai é um safado! 

- Ei! 

  Ela riu e ele a beijou. 

- Eu te amo. 

- Também te amo. 

  Gina entrou em um metrô e desceu dele ao chegar em sua parada. Deu seu nome a recepcionista e subiu ao apartamento solicitado. Susan abriu a porta para a ruiva. 

- Hoje ela não para de pentear o cabelo.  

  Astória molhava seu cabelo no chuveiro, secava, penteava e repetia o processo. Todos os dias, fazia algo diferente e estranho para tenta aliviar sua dor. 

- Sabia que tem gente que precisa mais dessa água do que seu cabelo? 

- Os indianos? 

  Gina pousou suas mãos em seus ombros. 

- Devia estar em Cambrigde. - Relatou Astória 

- E você também. 

- Está louca? Estou morando de favor, como posso pagar a universidade? 

- Eu pago. 

- Não quero seu dinheiro. 

- Mas eu ofereço mesmo assim. Astória, você estudou tanto para desistir por causa de orgulho?  

- Não é orgulho, é luto. 

- Não vai me dizer que meu irmão te fez desistir de receber ajuda? 

- Gina. 

- Desculpe, fui insensível. - Sentou ao seu lado – O que não entendo é como vai jogar seu futuro fora assim. 

- E o que quer que eu faça? Não, não posso pensar em mim. Tenho que pensar no meu filho e no futuro dele. Estou pensando em voltar para casa de mamãe. 

- A mesma que te expulsou de casa?! Enlouqueceu? 

- Você não entende, não é mãe. Quando você segura o seu filho pela primeira vez, promete que nunca deixará que alguém o magoe e o faça infeliz. E se isso significa em ser destratada pelos meus pais- 

- Está fora de questão! Não admito que pense nisso! Ast, sei que ama seu filho, mas não significa que deva se descuidar. Você é jovem, talentosa, vai desperdiçar todo seu brilho e esforço? Não pode fazer isso! Arthur não gostaria de saber que sua mãe se sacrificou! 

- Preciso de três mil libras. As mensalidades e a formatura. Como conquistarei esse dinheiro? 

- Se não quer o meu dinheiro, do bom modo londrino: trabalhando. 

  Não é muito fácil um jovem conquistar um trabalho descente, imagine uma filha de madame que não sabe fritar um ovo. O primeiro lugar que Astória entregou seu currículo a um escritório, para ser secretária. Foi recebida por uma loira de quarenta anos e os olhos cobiçados de seu marido. 

- Astória Weasley, certo?  

- Sim. 

- Então, já trabalhou em algo;? 

- Não. 

- Em nada? 

- Não. 

- E por que pensa que pode conseguir esse emprego? 

- Secretárias só atendem o telefone e entregam café, não sei porque está prolongando essa conversa quando eu podia estar marcando a sua hora no cabelereiro. Deixe-me ver, irá ao salão de manhã às nove daqui a dois dias, estou certa? 

- Sim, como? 

- Uma boa mulher requer bons tratamentos. E vejo que também deseja ir ao spa, um cargo como o seu deve ser cansativo. 

- E como, Weasley. - Leu sua lista - É poliglota? 

- Sim, falo cinco línguas. 

- Uma moça excelente! - Admirou o marido da loira  

- Estudou em Peers, teve boas notas. Weasley, por que gastar tudo isso em ser uma secretária? 

- Quero dinheiro. 

- Compreendo. - Leu o currículo - E tem um filho. - Suspirou – Lamento, mas não há vagas para você. 

- Diz isso porque tenho um filho ou porque seu marido não tira os olhos dos meus seios? 

- Como ousa fazer essa acusação? 

- Digo o mesmo à senhora por não me querer por eu ser mãe. Saiba que é uma vergonha para as mulheres e que sua progressiva não te ajudou no cabelo. Adeus, Sra. Imbecil! 

  A loira ficou perplexa, sem dizer uma palavra. Astória saiu do local e riu ao ouvi-la explodir com seu conjugue. Caminhou ao parque, discando um número em seu celular. 

- Conseguiu o emprego? - Perguntou Gina 

- Quem dera. Chamei a mulher de imbecil. 

- Você o quê?! 

- Gina, ela não me quis porque sou mãe. Acredita nisso? 

- É, de gente babaca, o mundo está cheio. Eu estou indo para casa de Harry, quer que eu mande uma foto de Arthur. 

- Sim, por favor. 

- Sabe que pode ver ele, não é? Se não quiser vir, eu levo ele. 

- Não, ainda não. Quero estar pronta. 

- E quando vai estar? 

- Não sei, quando eu tiver um emprego talvez. 

- Ast, ele não precisa que tenha um emprego, só que seja a mãe dele. 

- Adeus, Gina. 

  Foi a uma loja de roupas, a um salão de beleza e a uma floricultura. Nenhum quis emprega-la por ser mãe ou por causa que tinha que se ausentar nas manhãs. Conseguiu uma entrevista em um escritório de advogados e torceu para ser contratada. 

- Olá, sou o Dr. Dino Thomas. - Apresentou-se o entrevistador – E a Srta.? 

- Sra. Astória Weasley, é um prazer. 

  Apertaram as mãos. 

- Sente-se, por favor. - Ela obedeceu – Olhei sua ficha, há critérios muito bons. 

- Obrigada. 

- Por que acha deve ganhar esse emprego? 

- Eu preciso de dinheiro, vocês precisam de alguém para fazer e receber ligações. 

- Sempre tão honesta? 

- É um ponto meu. 

- Já trabalhou neste cargo antes? 

- Não, mas sou irmã mais velha, então dou conta. 

- É mãe e universitária? Acha que terá tempo? 

- Não, eu tenho certeza. Não costumo falhar, Dr. Thomas. Nunca.  

- Me parece bem confiante. Bem, não vejo motivos para não contratá-la. 

- Mesmo? 

- Sim. Levante-se, por favor. Irei te apresentar a sua nova chefe.  

  Ele a guiou a uma outra sala particular de uma advogada. Era um local bem bonito e reservado. Dr. Thomas lhe disse que a chefe estava em uma reunião e que voltaria em um instante. 

- Tudo bem. - Ela disse - Não me importo de esperar. 

  Se aventurou em observar o escritório e sem querer, derrubou um porta-retrato. Por sorte, não quebrou e ela o estacionou em seu devido lugar, quando se deu conta de quem estava na foto. 

- Ronald? 

  A mulher abraçava o ruivo romanticamente. 

- Conhece? É o namorado da Dra. Granger. 

- Dra. Granger?  

  Engoliu um seco e se xingou mentalmente. Ela havia ganho um emprego para obedecer a namorada do seu marido. Astória era orgulhosa e não aceitava ser posta a esse cargo tão humilhante, segundo a mesma. 

- Ai meu ombro! 

- E a senhora está bem? 

- Estou, só... Ai meu Deus! Eu preciso ir a um médico, está doendo muito! 

- Chamo a ambulância? 

- Não se preocupe, eu vou dirigindo. 

- Não sei se vai ajudar, Sra. Weasley. 

- Eu dou meu jeito. Adeus, Dr. Thomas. 

- E quando a senhora volta? 

- Não sei, adeus! 

  Ela apressou seus passos. Sem ver, esbarrou em alguém e a fez se sujar com seu suco. 

- Merda, sujou minha blusa! - Reclamou Hermione 

  Astória arregalou os olhos e a contornou antes que Granger a visse. Hermione olhou para trás e jugou a “desconhecida” como uma moça bastante estranha. Começou a chover e a morena não desacelerava seus passos. Seus olhos transbordavam de lágrimas, se sentia uma completa idiota. O medo de ser substituída por aquela perfeição de mulher era colossal. Novamente, esbarrou em alguém. 

- Ei, olhe por onde anda! - Reclamou uma mulher com uniforme de camareira 

- D-Desculpe, t-tive um dia péssimo. 

- Lamento. 

- Obriga-gada. 

- Ei, vai ficar bem? 

- A-Acho que sim. 

- Venha, está chovendo. Não devia correr com este tempo. 

- Não precisa. 

- Eu insisto. Vamos, não deve piorar seu dia ficando doente.  

  Astória aceitou o convite e entrou em uma porta dos fundos. Seguindo o corredor, entraram em uma espécie de áreas de camareiras. Se forçou a impedir a liberdade de suas lágrimas, não precisava que um monte de estranhos a encarasse daquela forma. 

- Quem é essa? - Perguntou a irmã idêntica de quem lhe ajudou 

- Não sei, 

- Traz uma estranha para dentro do hotel?! Está louca, Parvati? 

- Desculpe – pediu Astória - não queria incomodar. Vou embora. 

- Viu o que fez, Padma? Não ligue para ela, é uma chata. Sou Parvati Patil e essa é minha irmã Padma. 

- Astória Weasley. 

- Então Astória Weasley, por que deu a louca de correr na chuva? - Quis saber Parvati  

- Estou procurando um emprego e o que consegui era para trabalhar para a namorada do meu marido. Corri de lá assim que soube. 

- Nossa, que merda. 

- Nem me fale. 

- Pegue. - Padma entregou uma toalha – Se seque antes que molhe tudo. 

  Um sino tocou e a morena se assustou. 

- Flitick está chamando – Relatou Padma – Melhor nós irmos, pode pegar café se quiser. 

- Obrigada. 

  As duas saíram e Astória se levantou para pegar o café. Discou para sua irmã. 

- Atende, Daph. Atende. Atende. 

- Alô? Quem é? 

- Sou eu Ast. 

- Oi. Conseguiu o emprego? 

- Sim. 

- E por que não me parece tão feliz? 

- Porque a minha chefe seria a Granger. 

- Que merda! 

- Foi o que pensei. 

- O que ela fez quando te viu? 

- Nada, ela não me viu. Fugi assim que pude. 

- E onde você está? 

- Num hotel. Esbarrei uma moça e ela me chamou para entrar. 

- Melhor sair daí ou pode arranjar encrencas. 

- O que pode piorar minha situação? 

  Houve um grito feminino. 

- O que foi isso, Ast? 

- Não sei, vou verificar. 

- Não, saia daí!  

- Daph, estou em hotel cheio de seguranças. Não se preocupe. 

  Ela seguiu o som e viu uma senhora rica gritando com um anão, que parecia ser importante no estabelecimento. 

- Como ousa pôr um cachorro no mesmo andar de meu quarto?! Isso é um absurdo! Absurdo! Eu fiz progressiva e meu cabelo ficará terrível com aquele pulguento andando de um lado para o outro! 

- Sra. Umbrigde- 

- Cale sua boca, seu imprestável! Eu sou uma senhora bem respeitada! Irei processar esse lugar! Melhor, farei com que a Rainha o destrua! Como ousam? Como ousam? 

- Esquece, Daph. Alarme falso. - Explicou - Só uma dama dando piti.  

- Eu lamento, senhora. - Disse o homem – O que acha de uma entrada gratuita no melhor parque aquático? 

- Parque aquático? A mulher fez progressiva, oras! 

  Astória sentiu-se envergonhada com os olhares de ambos em si. 

- Sinto muito, eu- 

- Prossiga! - Ordenou a madame – Vamos, fale logo, menina! 

- Eu só estava explicando que a senhora fez progressiva e que não deve molhar o cabelo. Quer recompensa-la, ponha no spa! 

- Sim, o spa. É uma ótima ideia! - Apoiou a mais velha – Quero um dia no spa! 

- Terá ele, Sra. Umbrigde. - Afirmou o funcionário 

- Ótimo! Gostei da sua empregada.  

  A madame deu um sorriso forçado e andou pomposa. O pequeno homem se aproximou com um olhar desconfiado. 

- Quem é você? 

- Astória Weasley, senhor. 

- E tem um emprego? 

- Não. 

- Agora tem. Siga-me! 

  O Sr. Flitick explicou que ela poderia trabalha após a universidade e seria camareira. Se trabalhasse de patins, ganharia trinta libras a mais e que a dormida era gratuita. A comida era paga, mas as gêmeas Patil as lecionaram que sempre sobrava algo na cozinha e que ninguém reclamava se pegassem. Daphne não concordou com a partida da irmã. 

- Daph, tenho que ser independente. 

- E significa que não pode morar com sua maninha. Ast, sabe que não é um fardo para mim e nem para ninguém. 

- Eu sei, mas preciso fazer isso por mim. Tenho que trabalhar duro para sustentar meu filho e a felicidade dele.  

- Tem certeza que não quer mesmo ficar aqui? Não vemos problema nenhum. 

- Adeus, maninha. 

- Tchau, manona. 

  Deu um beijo em sua testa e a abraçou com força. O alojamento dos funcionários ficava no subsolo e somente o elevador comercial e as escadas levam até lá. Diferente do da universidade, ambos os gêneros dividiam o quarto composto de beliches. Havia uma televisão preto e branco, dois banheiros, uma mesa, tudo muito simples. Era difícil para Astória, pois quando não trabalhava, estudava e as duas coisas eram muito complicadas. Teve que pegar a manha de andar de patins e limpar os locais ao mesmo tempo. Uma vez, arrumando um quarto, encontrou Hermione Granger na capa da revista como A voz das mulheres. Irritada, rasgou a revista, jogou no lixo e pisou nela com toda força que pôde. Sentia uma ponta de inveja por ser tão bem-sucedida em tão pouco tempo. 

  Granger nesse exato momento admirava a aliança que Rony havia comprado. 

- Suco? - Ofereceu seu noivo, em sua sala de estar 

- Sim, obrigada. Posso pegar Arthur? 

- Claro, Mione. Já disse que ele te adora.   

  Hermione sorriu e segurou o bebê. Deu um beijo em sua bochecha. Rony ficou feliz pelos dois se darem tão bem. Ao chegar, Gina viu a cena e revirou os olhos. Sem cumprimentá-los, foi ao quarto de Harry. Weasley percebeu a tristeza em sua noiva e decidiu que era hora de conversar com sua irmã. 

- Gina, abra a porta, por favor. 

- Não posso, estou estudando. 

.- É rápido, vamos! 

  Chateada, ela permitiu sua entrada e enfiou seu rosto para não ter que encarar o irmão.    

- Está bem? Nem deu olá. 

- Olá. 

- E nem à Hermione. 

- Olá, Hermione! Se me der licença, tenho que estudar. 

- Tanto assim? 

- Sim, Rony. As provas vão ser daqui há dois meses e não quero repetir. Sua namorada sabe bem disso. 

- Minha noiva. 

- Que rapidez.  

- O que quer dizer com isso, Gina? 

- Nada. 

- O que você quer dizer com isso? Vamos, conte! O que tanto você guarda? 

- Quer ouvir? Ok, por mim tudo bem! Eu só acho impressionante como você só faltou se matar quando Astória foi embora e agora nem liga se ela está viva ou morta. 

- É isso com que está preocupada? 

- Com o que mais seria? Rony, você nem sabe onde ela está e nem se preocupa! Duvido que tenha ligado para ela! 

- Gina, ela me deixou! Você mesma disse! 

- Porque ela te amava, seu burro! Mas você não amava ela! Nunca amou! Casou por quê? Para iludir minha amiga?  

- Eu não tive intenção, Gina! - Sentou na cama – Eu não tive intenção. 

- Eu só espero que se lembre que ela é insubstituível. Que ninguém vai ocupar o lugar dela. Eu mando fotos de Arthur todos os dias para ela, sabia? 

- Mesmo? 

- Ela sente saudades, Rony. 

  Suspirou frustrado. Na ida ao trabalho, parou na frente de Cambrigde. Viu Astória e por mais que ela parecesse ser uma estudante normal, via o cansaço em seus olhos. Ela parecia mais magra e com o cabelo preso – o que não é de seu feitio. Estudava sentada no gramado em uma intensa concentração. Se aproximou dela um pouco nervoso. 

- Astória? 

  Ela levantou seu olhar e se esforçou para não chorar ou correr, seria vergonhoso. 

- Ronald. Como vai? 

- Bem e você? Que pergunta idiota a minha! 

- Vou indo. O que faz por aqui? 

- Vim te ver. - Sentou ao seu lado – Como anda sua irmã? 

- Bem. Um pouco irritada por causa de tanto assunto, mas bem. E Arthur? 

- Sente saudades. 

- Como sabe? Ele nem fala. 

- Não, mas é difícil de colocá-lo para dormir. Ele gosta da sua voz. Por que não vai lá qualquer dia? Se tiver problemas com isso- 

- Tenho que ir para a aula, Ronald. Conversamos sobre isso depois. Adeus. 

- Adeus. 

  Astória juntou seus livros e caminhou reto. Rony passou a mão na testa e voltou ao carro. Contou isso à Hermione, no banheiro de seu apartamento. 

- Tadinha. - Falou Granger - Não acha que ela vai abandonar Arthur, não é? 

- Que nada, Astória ama mais ele do que ela própria. Jamais o deixaria. Só deve estar cansada. Daphne me disse que estuda muito e que mal se lembra de comer. 

- Assim me sinto culpada. 

- Mione, você não teve nada a ver com isso. 

- Rony, se ela não tivesse pedido divórcio, ainda estaria com ela? 

- Provavelmente sim. E seria o homem mais infeliz do mundo por estar longe de você. 

- Não fala assim, Rony. 

- Mas é verdade. - Pôs as mãos em seus quadris – Eu te amo e te quero mais do que tudo. 

  Se beijaram. Alguém bateu na porta. 

- A pizza deve ter chegado, andem logo ou Gina vai devorar tudo! - Avisou Harry 

- A minha pizza não!  

  Rony saiu correndo e se deparou com a surpresa

- Astória?! 

  Ela sentava no sofá com um olhar constrangido, mas a pose digna de uma dama. Hermione saiu do banheiro rindo e sentiu suas bochechas arderem de vergonha por aquela situação. 

- Eu quero comer a pizza! - Gina tentou descontrair o clima 

- Desculpe ter vindo em má hora. - Pediu a ex-moradora - Não quis atrapalha-los. Eu só- 

- Você não atrapalha. - Falou Rony - É bom que esteja aqui, Arthur está morrendo de saudades.  

- Ele está no quarto? 

  Rony mal confirmou, a morena se apressou em encontrar seu filho. O pequenino se contorcia no berço por conta da claridade do quarto. Astória o pegou e beijou sua bochecha. 

- Ah, meu filho! 

  Lágrimas brotaram de seus olhos castanhos e ela prosseguiu com os beijos e o abraçou, sentando na cadeira de balanço. 

- Eu te amo tanto. Te amo tanto, meu amor. A mamãe sentiu muitas saudades. Eu te amo, querido. A mamãe está aqui. A mamãe está aqui. 

  Beijou a mãozinha dele e Arthur deitou sua cabeça no corpo da mãe, procurando carinho materno. Ela começou a cantar baixinho para ele com uma voz trêmula. Fechou seus olhos e sentiu seu cheiro. Quão bom era o cheiro.  

- Se sente melhor? - Perguntou Gina 

- Sim. - Limpou as lágrimas de seu rosto e encarou os olhinhos azuis de seu filho – Eu o amo tanto, Gi. Não sei o que faria da vida sem ele. Na verdade sei, não seria expulsa de casa. 

  As duas riram. Astória passou algumas horas brincando com ele e pôs para dormir. Deu um beijo de boa noite e disse que o amava. Viu Rony lavando a louça com Harry. Gina e Hermione assistiam televisão. 

- A gente pode conversar? 

  Ele assentiu e os dois se sentaram na escada de emergência. 

- Quando quer se divorciar legalmente? - Ela quis saber 

- Não precisa ter pressa, Astória. Tudo ao seu tempo. 

- Então é melhor fazermos isso logo. Não pega bem para Hermione estar noiva de um homem casado. 

- Então você sabe. 

- Harry me contou. Sobre Arthur, eu não posso levar ele para onde estou. Não por enquanto. Eu tenho estado tão ocupada que não teria como cuidar dele agora. 

- Tudo bem, não se preocupe. Ele passa o dia em mamãe.  

- Eu prometo, Ronald. É até eu me formar, conseguir meu hotel e ter minha própria casa. 

- Ei, calma. Ele não irá a lugar nenhum, vai te esperar. Digo... 

- Diz? 

- Depois de me casar com Hermione, vamos nos mudar para a casa dela. Você se importa? 

- Ela convive com traficantes? 

- Não. 

- Ela é fumante? 

- Não. 

- Então por mim tudo bem. Não suportaria de saber que a madrasta do meu filho é uma imbecil que apodrece seu pulmão. Desculpe a expressão, não gosto de fumantes. 

- Sei disso. 

  Seus olhos se encontraram e Rony se inclinou para beija-la. Não foi um beijo romântico, foi de despedida. Casto e um pouco seco. Por mais que seu coração doesse em ter que afastar, Astória não se arrependeu de deixa-lo. Tinha que ser assim. Na hora de ir embora, deu um abraço apertado em Potter. 

- Sentirei saudades. - Ele revelou 

- Moro quarenta minutos daqui, então... 

  Ela o abraçou de novo. Deu tchau a Gina, Rony e um movimento com a cabeça à Hermione. Viver um momento delicado de sua vida é complicado, mas os amigos sempre ajudam nestas ocasiões. Por isso são amigos.  

- Deixou ele? - Indagou Hestia – Por que fez isso? 

  As quatro conversavam defronte a universidade. 

- Você é burra? Ele ama ele! - Explicou Flora – Por isso que o deixou! 

- Quem é a piranha? - Quis saber Pansy 

- Hermione Granger. Aquela moça que apareceu naquele dia. 

- Eu bem que sabia que ela era suspeita! Que vadia!  

- Pan, eu deixei ele. 

- E quem não garante que ele te traiu, Ast? Que ele ia continuar te traindo?  

- Ronald não é assim. 

.- Nem sempre as pessoas são como pensamos. E você ouviu a ligação, ouviu o que ele disse. Ele te traiu, Astória! 

- Pansy! Já está sendo bem difícil ter que lidar com o fato que meu marido está com outra e que não posso ver meu filho todos os dias! Eu não preciso que você esfregue na minha cara! 

- Desculpe, Ast. Eu... Sabia que ele estava com outra. 

- O quê? 

- O quê? 

- O quê? 

- Quando vi ela na sua antiga casa, pensei em ter visto ela antes. 

- Na televisão, talvez. - Sugeriu Flora 

 Não foi na televisão. Em uma noite que Blásio me levou para jantar, eu vi ela. Vi ela com seu marido. Não contei porque não tinha certeza se era mesmo ela, mas era e... Ast, eu me arrependo tanto de não ter te contado. Me desculpe, eu sinto muito. 

- Tudo bem, a merda já explodiu. Que horas são? 

- Seis. - Avisou Hestia 

- Tenho que voltar para o trabalho. 

- Tem certeza que não quer nossa ajuda? - Insistiu Hestia 

- Sabe que podemos te ajudar. - Afirmou Flora 

- Vocês são uns amores, mas eu tenho que ir. Não posso depender de um cartão de crédito que não seja o meu. Adeus, meninas. 

  Deu um beijo na bochecha de cada e se apressou para não perder o metrô. Embora Rony tenha se saído quase integro do casamento, sabia que sua família não sentiria o mesmo. Após perder três almoços de domingo na casa de seus pais, Rony foi com seu filho – Hermione achou melhor não ir com medo da reação deles, o que causou uma briga entre eles e que foi cessada pelo choro de Arthur. 

- Finalmente meu netinho veio! - Comemorou Sra. Weasley, o pegando – O lindinho da vovó, como está? Onde está Astória, Rony? 

- Conto depois, mamãe. 

  Parte do almoço se resumiu no entusiasmo de Bernadette e Carlinhos no processo de adoção da bebê abandonada que a médica insistiu cuidar. 

- O nome dela é Cristianne. - Contou a loira – Em homenagem a mãe biológica, ela faleceu no parto e prometi que cuidaria. Vocês precisam ver, ela é um amor. 

- Uma netinha, que maravilha! - Comemorou Sra. Weasley – Outro motivo de comemoração, Arthur irá se aposentar! 

- Já era tempo, pai. - Avisou George 

- Também já é tempo de outra coisa. - Resmungou Angelina 

- Amor, já disse que teremos um filho quando for a hora. 

- Hora de quê? De eu estar velha? Pelo amor de Deus, George! 

- Nem para fazer um filho, você serve? - Debochou Fred 

- E cadê o seu? 

- Pode estar bem aqui entre nós. 

- Só se for na sua barriga. Na minha, só tem lasanha. - Disse Lyra 

- Onde está Astória, Rony? - Quis saber Audrey – Nunca mais apareceu. 

- Vocês sabiam que Jack de Titanic poderia ter vivido? - Gina tentou mudar de assunto - Só mataram ele para dramatizar. 

- Eu acho que não. - Descordou Bernadette – Mas é verdade, Andy. Onde está Astória? Da última vez que telefonei para ela, mal falou, parecia estar com pressa. 

- São os estudos. - Ajudou Harry – O último ano de universidade, então. Ainda me lembro do ano passado, que dias. 

- Não, não é só isso. - Desmentiu Rony - Astória e eu vamos nos divorciar e eu vou casar com Hermione. 

  Se suas expressões eram pavorosas quando contou sobre a vinda de Arthur, foi pior quando anunciou a separação do casal. Como se tivesse cometido um crime, o maior erro de sua vida. Como disse antes, o divórcio é como tirassem parte da sua alma, sua pessoa. E é mais corrosivo quando se envolve outra pessoa. Sra. Weasley chamou seu filho para conversar na sala e seu marido a acompanhou. 

- Rony, o casamento entre o homem e uma mulher é o maior acordo que alguém pode fazer. - Contava sua mãe - Amar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza até que a morte os separe. Você jurou PERANTE DEUS que cuidaria dela! 

- Mamãe, ela pediu divórcio! 

- Porque você ama outra, não é? - Ele não respondeu – Como pôde ter feito isso com ela? Como... Deus, Rony! 

- Mamãe, eu não mando no meu coração! E já está decidido, eu e Mione vamos nos casar! Qual o problema? 

- O problema é que você usou aquela garota! 

- Eu não usei Astória! 

- Usou sim! Quando Hermione foi embora, você usou Astória para substituí-la e jogou ela como lixo depois que reencontrou Granger. E isso não se faz com ninguém! Não pode tratar pessoas como se fossem brinquedos, Rony! Não é certo!  

- Molly, se acalme. - Pediu Sr. Weasley – Rony não é mais uma criança com que deve gritar. Ele é adulto, sabe o que faz. 

- Eu só... Só pensei que finalmente tivesse encontrado o amor da sua vida. Não quero que se machuque. 

- Não vou, mamãe. Só preciso que me apoiem.  

- Eu... Vou fazer uma torta. 

  Sra. Weasley se encaminhou a cozinha. Rony cobriu seu rosto com as mãos. 

- Eu não quis fazer isso, pai. 

- Sei que não. Apenas dê um tempo a ela, foi uma notícia bem surpreendente. 

- Ah, papai. 

  Sr. Weasley abriu os braços e Rony aceitou o abraço bem reconfortante. Aos poucos, a sala foi se enchendo de Weasley, pondo outros assuntos em dia. 

- Ei, está tudo bem? - Perguntou Lyra 

- Acha que sou uma decepção? 

- Claro que não, todo mundo erra. Só que você errou bem feio. 

- Valeu mesmo, Lyra. 

- Ei, não fique assim. Se te consola, papai correu atrás de Fred com um revólver, quando nos casamos. 

- Gostaria de ter visto. Ele levou um tiro? 

- Passou bem perto do ombro dele. Tudo vai se ajeitar, ok?  

  Ele assentiu. Por mais que tivesse ajuda da Sra. Weasley, era um pouco complicado cuidar de Arthur sem sua mãe. Ele acordava chorando no meio da noite e não gostava tanto da mamadeira – comprou quatro em uma só semana. Os dias de adolescência com Hermione também se finalizavam, planejar o casamento não era mais tão divertido, chegou a ser chato e entediante. 

- O que acha da festa ser em um salão? - Quis saber Granger, em um restaurante 

- É, pode ser. 

- E já escolheu as músicas? 

- Você pode escolher. 

- Rony, por favor! 

- Que foi? 

- Estou tentando falar sobre o casamento enquanto você está no meio da lua! Será que pode me dar um pouco de atenção? 

- Desculpe, é que Arthur chorou quase a noite inteira. 

- Foi tão ruim assim? 

- Tenta ter um filho para saber! 

- Ei, calma. Só fiz uma pergunta. 

- Desculpe, Mione. Será que podemos falar sobre isso em outro dia? Eu realmente não estou com cabeça para isso. 

- Tudo bem. 

  Ela suspirou frustrada. 

- Não fique assim, por favor. - Ele implorou – Eu quero te ajudar no casamento, só não posso agora. 

- E quando vai poder? 

- O que acha de sábado? Astória vai passar o dia com Arthur e teremos boas horas para resolvermos isso. 

- Promete? 

- Claro que sim, Mione.  

  Como dito, sábado seria dia de Arthur ficar com a mãe. Querendo passar mais tempo com a noiva, Weasley achou melhor entregar seu filho mais cedo. Gina havia lhe dado o endereço e pensou que sua tia havia emprestado dinheiro para se instalar em um hotel tão caro. Com a maletinha pronta e o bebê no carrinho, Rony chamou pelo recepcionista. 

- Oi, com licença. - Falou – Eu estou à procura de Astória Weasley. 

- Só um minuto, senhor. - A moça procurou o nome em seu caderno - Não há nenhum Weasley aqui. 

- E Greengrass? Ela pode estar usando o sobrenome de solteira. 

- Deixe-me ver... Nada. 

- Tem certeza? Ela é morena, tem olhos castanhos e canta muito bem. 

- Ronald? 

  E bem a sua atrás, Astória usava seu uniforme de camareira e seus patins. Rony ficou perplexo com a cena. 

- O que está fazendo aqui? - Ela quis saber 

- Eu vim deixar Arthur. O que você está fazendo com esse uniforme? 

- Trabalhando. 

  Arthur mexeu suas mãozinhas em direção a mãe e fez um barulho animado. 

- Oi, meu amor. - Ela o pegou e lhe deu um beijo – Ronald, não precisava trazê-lo, eu iria buscá-lo. 

- Pensei que quisesse passar mais tempo com ele. Mas se estiver muito ocupada. 

- Não! Eu cuido dele. 

- Tem certeza? Não quero te atrapalhar. 

- Não vai, eu cuido dele. - Permaneceu parado – Vai logo, Ronald. 

 Ele assentiu, deu um beijo em seu filho, entregou a maletinha, o carrinho e foi embora.  

- De quem é o bebê, Weasley? - Quis saber uma das camareiras 

- Meu filho.  

  Rony foi para casa e encontrou Hermione folheando revistas de casamento. 

- Ainda bem que chegou. - Ela comemorou - Já fez sua lista de convidados? Eu fiz a minha e deu cem pessoas. Cinquenta amigos e cinquenta parentes. Temos que achar um salão de festa bem grande. 

- Por que não fazemos na casa dos meus pais? Todos os meus irmãos fizeram lá. 

- E você também. 

- Ah, sim. 

  Abriu uma lata de cerveja e sentou ao seu lado. 

- Como foi? 

- Como foi o quê? 

- O seu casamento. Foi muita gente? 

- Cinquenta, no máximo. 

- Sério? 

- Sim. Astória não é dessas mulheres que ligam muito para festas de casamento chamativas. 

- Mesmo? Pensei que sendo filha de uma família rica, os pais fariam questão de pôr anúncios nos jornais. 

- Lamento em quebrar seus sonhos, boneca, mas os pais de Astória não mexeram uma palha para nos ajudar. Ela foi expulsa de casa. 

- O quê?! Por quê?! Por causa de Arthur? 

- Sim. Não ligaram, nem vieram atrás. As amigas dela que a procuraram, contrataram até um detetive particular. 

- Uau! Me sinto um pouco mal por pensar tanta coisa ruim dela. Pensei que só fosse uma... 

Zinha? Todos nós. Mas Astória se provou ser bem mais.  

- Posso ver a gravação. 

- De quê? 

- Do casamento de vocês. Gravaram, não é? 

- Sim. Quer mesmo ver? 

- Se não se importar. 

  Rony tirou a fita de uma prateleira e pôs no aparelho. A televisão iniciou a cena de uma cachoeira com pássaros em volta – o que relacionava em nada com evento. Então mudou para Astória entrando na igreja acompanhada de seu professor e a música habitual de casamento. Rony não permaneceu nervoso. Sra. Weasley chorava e foi flagrado Sr. Black bebendo. 

- Tinha que ser ele mesmo. - Comentou Hermione sorrindo 

  Astória e Rony cumprimentaram os convidados e por fim, dançaram a valsa de dois minutos.  

- Gostei do vestido dela. - Admirou – Um pouco simples, mas bonito. Onde passaram a Lua de mel? 

- A vila Hogsmeade. Uma bosta de lugar. O maior ponto turístico foi a casa de um lenhador morto e fomos expulsos de lá porque Astória vomitou em um vaso. Prometo que Paris será bem mais divertido. Pensando bem, podemos começar a praticar agora. 

  Rony segurou em seu rosto e lhe deu um beijo calmo, Hermione correspondeu na mesma proporção. Ela sentou em seu colo e sua blusa foi retirada. O sutiã também caiu no chão e Weasley a carregou ao seu quarto. 

  Astória sabia que não era permitido, mas não tinha outra opção. Não havia ninguém que pudesse cuidar de seu filho e não parou de confiar em babás após assistir Uma babá quase perfeita – amava Robin Willians, mas não gostaria nem um pouco de ter um homem disfarçado de babá. Então levou Arthur no carrinho ao quarto que devia organizar. Bateu na porta e sua entrada foi permitida. 

  Varreu o chão, passou o aspirador, limpou os móveis, arrumou os lençóis e as revistas. Fez o mesmo em mais de sete quartos. Por sorte, os hospedes não gostavam de ficar no quarto no horário da limpeza. Menos a Madame do Quarto 83. Era mais moradora do que hospede. Uma mulher reservada e adorava observar cada detalhe e não se controlava em corrigir alguém. Tentou trocar com uma de suas colegas, mas era a Madame do Quarto 83 ou o Peladão do 25 – e ele não era nem um pouco bonito. A camareira bateu na porta. 

- Quem é? 

- Camareira 

  A madame abriu a porta. Tinha o cabelo bem curto e encaracolado. Trajava um vestido azul com botões dourados nas costas, luvas brancas e saltos baixos.

- Mãos. 

- Perdão? 

- As mãos, senhorita. 

  Astória as mostrou. 

- Use luvas, não quero que o quarto tenha marcas a não ser as minhas. 

- Sim, madame. 

  Tomava chá em uma xícara de vidro, assistindo a vista da janela. Seus olhos de cobra a encarou com uma sobrancelha erguida.    

- O bebê é algum tipo de brinde? 

- Não. Lhe asseguro ele não irá lhe incomodar. 

- Assim eu aguardo, não quero um som externo. Faça logo seu trabalho. E não esqueça de limpar o teto e os canos da pia. 

- Sim, madame. 

  Cantando baixinho, a morena começou seu trabalho. Claro que ela prestava atenção em Arthur – que se divertia muito com seu bonequinho. 

- A senhorita é um passarinho? - Madame Rosmeta tornou a falar 

- Não, madame. 

- Então feche a boca. 

- Sim, madame. 

 Em um certo minuto, o ruivinho chorou e Astória se adiantou em verifica-lo. 

- É a frauda. Se importa se eu? 

- Quer troca-lo aqui? Este lugar não é apropriado! 

- No banheiro para ser mais exata. Vou lavá-lo logo, então não deixará o cheiro.  

- Não demore! 

  A camareira tirou a maletinha na parte inferior do carrinho e o levou ao banheiro. Ela só não esperava que a Madame do Quarto 83 a seguisse e a observasse limpar o neném. Lhe deu um breve banho na pia e o aninhou para que ficasse mais calmo. Após terminar seu serviço, pediu perdão a sua patroa. 

- Não há com que se preocupar. Líderes de torcida não precisam sofrer tanto. 

- Me desculpe, o que está querendo dizer? 

- Nada, há quartos para arrumar, camareira. 

- Por favor, me diga o que pensa.  

  Ela guardou seus óculos e a encarou como se fosse uma criança de seis anos que fez uma pergunta estupida. 

- Olhos penetrantes, bunda dura, seios macios. Estou certa que são características para líderes de torcida. Suponho que remexer pompons não seja útil em seu currículo. 

- Acha que sou uma fracassada? 

  A senhora revirou os olhos e suspirou antes de respondê-la. 

- Ele não vai voltar. 

- Como? 

- O pai do bebê. Ele não vai voltar.  

- Não quero que volte. 

- É claro que não. Vejamos, você era líder de torcida, a chefe, e ele era o capitão do time de basquete. Te levou para uma lanchonete e um lugar só onde ele vai, um local especial. Acabou engravidando e fugiu com ele. Largou os estudos e agora está submetida a este carguinho, pois o flagrou te traindo com uma loira vadia. Garota, já assisti esse filme antes. Você jogou sua vida fora, admita. Não é vergonhoso, só decepcionante. 

- Engraçado, parece mais a sua história do que a minha. 

  O olhar de educadora da madame mudou para irritado. 

- Reveja suas palavras, mocinha!  

- Reveja a senhora quando for se intrometer em um assunto particular! Não que seja da sua conta, mas terminei o colégio em Peers e completarei o último ano na Universidade Cambrigde. Fracassado não é aquele tem filho antes do tempo e sim, os que procura os dos outros para ocultar os seus! Com licença, madame. 

  Astória se retirou com o nariz empinado e levando seu filho junto. Assim que deu onze horas, seu turno havia terminado e ela levou Arthur para se divertir no Greenwich Park, um lugar bem frequentado por pessoas com mais dotes. Passearam e se sentaram na sombra, apoiada em uma árvore. Sentou Arthur em seu colo e deu o mordedor para que brincasse, enquanto estudava. Quando seu relógio marcou cinco horas, pegou um metrô para o apartamento de Ronald. Bateu na porta e quem abriu foi Hermione bastante sorridente para o gosto de Astória. Granger tentou diminuir sua alegria facial, mas havia se divertido tanto transando que se segurava para não dançar como em um musical. 

- Oi. 

- Oi. 

- Como foi o dia de vocês? 

- Foi bom, passeamos pelo parque e brincamos também. E o de vocês? 

- Debatendo sobre... Questões políticas. 

- Espero que não vá a Índia de novo, Arthur não gostaria de ter o pai longe. 

- Acha que Rony iria comigo? 

- Bem, talvez. Acho que sim. Sei que não é da minha conta, mas acredito que ele só deve ter terminado com você porque não contou sobre a viagem. 

- Eu sei, fui muito idiota. E a sua irmã? Como está? Ainda na universidade de direitos? 

- Sim, progredindo muito.  

- Quem é, Mione? 

  Rony aparece na porta de roube e sorri ao ver Arthur. 

- Oi, filhão. - Ele o pegou do carrinho – Como foi o dia com a mamãe, se divertiu muito? 

  Fez cócegas em sua barriga, Arthur sorriu. Ambas morenas sorriram comovidas o como Rony era um pai amoroso. 

- Eu já vou indo. - Pronunciou Astória - Adeus, meu amor. 

  Ela deu um beijo em sua bochecha. 

- Astória, posso falar com você um segundo? - Pediu Weasley 

- Sim, claro.  

  Hermione levou o neném e suas coisas para dentro de casa. 

- Como você está? 

- Bem e você também, eu espero. 

- Sim, estou. Soube que não está mais morando com sua irmã. 

- Não queria abusar da bondade dela. 

- E onde você está? 

- Onde quer chegar com isso, Ronald? 

- Sei que nos separamos de um jeito errado, mas não quero que se ponha nessa situação. Não precisa arranjar um emprego para se sustentar, vou pagar a pensão. 

- Ronald, você só deve ter dinheiro para Arthur. Eu não preciso disso. 

- É claro que precisa! Não quero desmerecer a função, acho ótimo quem queira trabalhar para ter seu canto e pagar a universidade, mas não precisa. Posso e quero te ajudar. 

- Mas não deve. Estou fazendo isso por mim. Não posso depender de alguém para sempre! Quero completar meus estudos, ter meu próprio hotel e contar ao nosso filho o quanto batalhei para conquistar o que é meu. 

- E vai, mas- 

- Mas deixe seu dinheiro para seu casamento. E, por Deus, não leve Hermione àquela vila. Aquilo foi uma desgraça. 

- E como. Então não vai querer o dinheiro. 

- Não. 

- Está cometendo um erro. 

- E pretendo prosseguir. Adeus, Ronald Weasley. 

  Lhe deu um beijo na bochecha e entrou no elevador. Rony suspirou e assim que entrou em sua casa, abriu uma lata de cerveja. Riu internamente ao ver Hermione tentando ensinar Arthur a não assistir tanta televisão por prejudicar o cérebro.  

  Domingo de manhã, Astória estudava na cozinha do hotel, quando seu nome foi pronunciado. 

- Senhor? - Ela quis saber 

- A madame Rosmerta Medina solicita seus serviços. - Comunicou Sr. Flitwick 

- Quem? 

- A Madame do Quarto 83. 

- Alguma ideia do que seja? 

- Funcionários não têm opiniões, somente obrigações! Mais uma coisa, Sr. Runglun, gerente do hotel está por perto. 

- Nunca o vi. 

- É porque ele prefere nos espionar pelas câmeras, se acha bom demais para andar pelos corredores. 

- Então deve ter acontecido algo muito chocante e que queira ver com os próprios olhos. 

- Certamente. Então poupe-me de gritos, tudo deve sair perfeito! 

- Sim, senhor. Algo a mais? 

- Não, vá! 

  Ela subiu pelo elevador econômico e bateu na porta. 

- Camareira. 

  A madame Rosmerta Medina – pois esse era seu nome – abriu a porta e se sentou em uma cadeira. Lia uma ficha e fez um sinal com a mão para que aguardasse. 

- Noto que motos antigas lhe atraem. 

- Perdão? 

- Mas acredito que carros também. Qual o seu favorito? 

- Calhambeque. 

- É mesmo impressionante. Tirou muitos As e Bs, foi líder de torcida como eu havia previsto, mas nem chegou perto de ser a chefe, não tinha vontade. Preferiu se envolver no clube de teatro e de economia. 

- Está analisando meu histórico escolar? 

- Melhor, o anuário de 1998. Seu último ano. Gostava de sair com rapazes, mas nunca se envolveu com um a ponto de passar para o segundo encontro. Ninguém exceto o ex-namorado da universidade, Simas Finningan. Rapaz interessante. 

- Por que está verificando esse tipo de coisa? 

- Porque quero que seja minha camareira e mais nenhuma me atenderá. 

- Como? 

- Não é surda, já chequei. Talvez idiota. Não aceito outra funcionária. 

- E qual seria a razão? 

- Gosto de infernizar as pessoas e você será minha vítima. 

- Algum motivo especial? 

- Sim, você me recorda Winona Ryder e a detesto por terminar com Jonnhy Depp. Irei te chamar Winona. 

- A madame está sendo irônica comigo? 

- Arrume este quarto, Winona! Edward, não irá te ajudar! 



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