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História Quem somos nós - Capítulo 14: às vezes no silêncio


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Mais capítulo! Divirtam-se!

Capítulo 14 - Capítulo 14: às vezes no silêncio


Quem somos nós

Escrito por Amanur

...

Capítulo 14: às vezes no silêncio

...

Sasuke

...

 

Eu estava sentado ao lado da janela, com um cigarro aceso, olhando o movimento do lado de fora do prédio da biblioteca da instituição, quando o vi entrar. Ele estava com uma pilha de livros nas mãos, e estava acompanhado por uma morena de cabelos compridos, que também trabalhava ali. Sentaram atrás do balcão, e ficaram conversando e folheando livros.

A menina era tão óbvia que chegava a ser engraçado como ela se inclinava em direção a ele, sempre sorridente. Mas ele, por outro lado, não parecia o mesmo. Não dava sua atenção a ela. Era como se não conseguisse se conectar com o que estava acontecendo a sua volta. Se distraia facilmente olhando para os lados, ou se fixando em um ponto qualquer. A garota tinha que cutuca-lo para conseguir sua atenção.

Eu não conseguia ouvi muito bem sobre o que conversavam, porque falavam muito baixo. Mas notei que de tempos em tempos ele também lançava olhadelas em minha direção, e fingia que não era eu sentado bem na sua frente.

Não que eu fizesse questão de falar com ele, isto é.

Não muito depois, um grupo de estudantes sentou em uma das mesas que nos separavam, e não consegui mais vê-lo. Então, terminei o meu livro, e voltei a encarar o meu notebook.

Eu tinha um trabalho sobre Direito Penal para entregar até o final da noite, e enfiei a cara nos livros também, de modo que nem vi o tempo passar. A bibliotecária, uma outra moça que ficava no turno noturno, teve que me chamar duas vezes para me avisar que estavam fechando o prédio. Só então percebi que estava completamente sozinho dentro da sala. Aí, sem escolhas, juntei meus materiais dentro da minha mochila, e me fui correndo para entregar o trabalho ao professor.

No outro dia, o encontrei na saída do banheiro. Eu estava entrando, na verdade, e ele saindo. Mas ao perceber que ele não tinha a menor intenção de me cumprimentar, não sei porque raios eu fui atrás dele.

 

— Ei, espere.

 

Aí, ele parou no meio do corredor para me encarar, mas não disse nada.

 

— Tá a fim de encher a cara hoje?

 

Ele deu de ombros, em resposta.

 

— Te encontro no final da tarde, no portão da frente.

— Uhum.

 

E então, ele me deu as costas.

Em se tratando daquele cara, eu não sabia dizer se isso era bom ou não, e sinceramente eu não queria me importar com isso...

De qualquer forma, o encontrei em frente à saída da faculdade, perto das sete da tarde. Fomos caminhando até o bar que havia perto.

Caminhamos em silêncio, sem dizer nada um para outro. Mas isso aconteceu mais porque ele não parava de digitar coisas no seu celular. Parecia furioso, afundando os dedos na tela do aparelho.

 

— Tá tudo bem? — arrisquei perguntar.

— Uhum. — ele resmungou, sem me olhar.

 

Então, eu não disse mais nada, até chegarmos ao bar — onde ele desistiu de mandar mensagens e guardou o aparelho no bolso. Eu pedi um uísque enquanto ele ficou com uma vodca. Tomamos os primeiros goles sem dizer nada.

 

— Pensei sobre o que você disse, naquele dia, no rio. — comecei, como quem não quer nada.

— E?

— Você tinha razão, eu estava fugindo.

— Estava? Não está mais?

— Qual é o mal em fugir de uma coisa que te faz mal? De algo que te tira o sono, tira o apetite, tira a sua vontade de viver?

 

Ele suspirou.

 

— Não tem problema nenhum... A questão é, será que fugir disso realmente te traz alguma paz no espírito? Você se sente mesmo melhor por fugir do que quer que seja que esteja fugindo? Ou melhor ainda... Será que é possível mesmo fugir do que você pensa que está fugindo?

 

Ao invés de responder, tomei o restante da bebida no meu copo e pedi ao atendente que me servisse mais. Nesse momento, um trio começou a tocar e cantar num pequeno palanque improvisado mais ao fundo do barzinho. Então, não dissemos nada. Ficamos apenas ali, observando enquanto a bebia ia descendo por nossas gargantas em velocidade quase que progressiva. Cheguei a ficar apenas com algumas moedinhas na carteira por ter gasto tudo em álcool, e o Naruto também.

 

Frustrado, ele ainda tentou comprar “fiado”, mas o atendente não gostou da ideia, e o xingou.

 

— Eu conheço muito bem tipinhos como vocês, que vem aqui para encher a cara. Bebem até não poder mais. Aí começam com essa história de fiado, mas nunca mais pagam pela conta que só aumenta. Não, obrigado. Deixei de abrir contas “a fiado” há muito tempo. Dêem o fora daqui, se não podem mais pagar, e voltem quando estiverem com a carteira cheia de novo.

 

Naruto riu, concordando.

 

— Claro, é isso aí, bem que o senhor faz... — ainda diz, concordando com o discurso do velho.

 

Mas assim que o velho deu as costas para atender outro cliente, rapidamente, ele se inclinou sobre o balcão, pegou uma garrafa, e a escondeu embaixo da camisa.

 

— O que está fazendo? — resmunguei.

 

Mas em resposta, ele apenas me puxou para sairmos do bar. Só que o outro cliente viu a trapaça, e dedurou o loiro. Então, o velho veio correndo atrás de nós, gritando:

 

— PEGUEM OS LADRÕES! ELES ROUBARAM UMA GARRAFA MINHA!

 

Nós começamos a correr feito loucos, como se nossas vidas dependessem daquilo.

 

— AMANHÃ EU PAGO! EU JURO QUE PAGO! — Naruto ainda berrava, mas não adiantou muito, porque uns caras grandalhões apareceram atrás de nós.

 

Aí, fomos nos enfiando em cada rua que víamos, dando voltas e mais voltas pelo bairro, até os caras se cansarem e desistirem de nós. O que agradeci veemente, porque o meu fôlego não estava mais suportando tantas ladeiras e descidas.

Caímos feito pedras na calçada de um beco escuro, transpirando e esbaforidos. Eu não tinha tanta adrenalina correndo no meu sangue assim, há um bom tempo, e aquilo, de alguma forma, evocou em mim o saudosismo do tempo em que a minha vida não era plana, arrastada pelas sombras da rotina e do passado.

 

— Você tem mesmo alguma intenção de pagar pela garrafa? — perguntei, assim que consegui recuperar o fôlego.

— Claro! Posso ser muitas coisas, menos ladrão.

 

Aí, ele olhou para mim.

 

— Por que está sorrindo?

— Provavelmente porque estou bêbado. E me lembrando de coisas que tinha me esquecido.

— Coisas boas?

— Costumavam ser...

 

Meu semblante deve ter se desmanchado do rosto, pois, de repente, como se para me animar, ele abre a garrafa e me oferece o primeiro gole.

 

Bebemos mais alguns em silêncio, até que ele me questionar aquilo.

 

— Qual é a coisa mais maluca que você já teve vontade de fazer?

 

Olhei meio desconfiado para ele, mas tive que pensar.

 

— Acho que a coisa mais maluca que eu poderia fazer a essa altura do campeonato é me trancar em casa... — e comecei a rir, tanto por estar alcoolizado, quanto pela ironia da coisa, porque, eu costumava a ser um pássaro livre.

— Ah... Na verdade isso é triste, cara. — ele me disse.

 

Dei de ombros.

 

— E você? — perguntei.

— Ah... Eu? Hum… Acho que descobrir, depois dos vinte, que posso ser gay.

— Você está brincando, né?! — resmunguei.

 

Ele sorriu de canto. E aí, de repente, ele se aproximou de mim, me puxou pela nuca, e enfiou a língua na minha boca.


Notas Finais


Aeeee, finalmente, tava na hora, né? xD mas eu estava esperando o momento certo, desenvolver a relação deles de maneira coerente, para que não ficasse uma coisa apressada demais. Enfim, espero que tenham gostado do capítulo!
Algum comentário? Pedradas, ovos, tomates, abacaxis?


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