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História Quem somos nós - Capítulo 4: não olhe para trás com raiva


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Mais um, boa leitura!

Capítulo 4 - Capítulo 4: não olhe para trás com raiva


Quem somos nós

Escrito por Amanur

...

Capítulo 4: não olhe para trás com raiva

Naruto

 

Eu estava atrás do balcão de atendimento da biblioteca da faculdade, cadastrando alguns livros novos, quando Sasuke entrou.

 

— O que está fazendo? — me perguntou.

— Se chama trabalho.

— Tsc. Você leu o bilhete que deixei, no final da aula?

— Sim, Sasuke.

— Então me explique como vamos fazer a porra do trabalho, se você tem que ficar aí?

— Sim, eu posso explicar! — lhe digo, calmamente, passando um leitor de código de barras num livro — Na verdade, caso não saiba, todo estagiário, ou seja, estudante, tem direito a pedir por um folga, se for para atividades relacionadas aos estudos. E foi o que fiz. Eu só estava esperando você chegar, seu idiota. — e sorri.

 

Irritado, ele apenas me deu as costas, e sentou-se numa mesa. Quando terminei de cadastrar aquele livro, deixando o restante para o meu colega, peguei a minha mochila, e fui me sentar com ele.

 

Ele já tinha vários livros espalhados pela mesa, abertos, e um notebook ao lado dele, enquanto ele fazia anotações.

 

Suspirei.

 

Puxei uma cadeira de frente para ele, e pus a minha mochila no chão. Depois, peguei um dos livros abertos, e vi uns rabiscos que ele havia feito no canto da página do livro.

 

— Não é muito legal riscar os livros da biblioteca, sabe…? — comentei.

 

Ele não disse nada. Continuou concentrado no que digitava no seu notebook.

 

— Há uma multa para isso, na verdade. — continuei.

 

E ele também continuou a me ignorar.

 

— O que você quer que eu faça? — perguntei, irritado.

 

Em resposta, ele atirou para mim um polígrafo encadernado, cheio de textos e questões. O professor havia solicitado para desenvolvermos durante o semestre uma espécie de simulação de julgamento de um crime, com defesas e acusações. No polígrafo, havia alguns detalhes sobre o crime, a cena do crime, o criminoso, a vítima, as testemunhas, entre outros. Olhei para ele meio incrédulo, porque era loucura alguém cogitar desenvolver um projeto daqueles sozinho. Tanto é que o pessoal tinha sido dividido em quatro grupos de cinco a seis integrantes.

 

De repente, comecei a me sentir bem estúpido por não ter recusado a ficar com ele com mais veemência, para me meter num grupo decente.

 

Suspirei.

 

— Eu fico com a defesa? — resmungo,me sentindo contrariado.

 

Em resposta, ele fez que sim com a cabeça.

 

Então, foi o que fiz, passei aquelas duas horas catando as respostas para possíveis perguntas nos livros, e anotando no meu caderno, enquanto ele digitava mais coisas. Ficamos um tempão sem dizer nada um para o outro.

 

O plano era que, todos os dias, duas horas depois das aulas, nos sentaríamos na biblioteca para desenvolver o caso, até chegarmos a uma conclusão. E todos os dias, nos sentávamos lá, e passávamos duas horas sem dizer nada um para outro, apenas trocando folhas com informações.

 

E isso era algo que me incomodava. Até que, um dia, tive que me manifestar.

 

— Olha… Acho que deveríamos discutir sobre esse crime. O que realmente pensamos sobre ele? Quero dizer, uma mulher é acusada de matar cruelmente o homem que a estuprou e a deixou grávida. Depois a polícia descobriu que ela era traficante de drogas, e comandava uma gangue conhecida por furtar pequenas lojas. Essa primeira acusação que nos foi dada legitima o estupro e o abuso contra a mulher. Em primeira instância e, ela deve ser tratada como vítima que agia em legítima defesa. Por outro lado, o tráfico de drogas deve ser punido. Só que ela mora em uma região muito pobre, sem condições de estudos, trabalho… Ela mal conseguiu terminar a escola porque teve que trabalhar, e foi quando entrou para o mundo do crime, por que, obviamente, diante da necessidade  de comer e a chance de ganhar dinheiro fácil, ela optou pelo mais fácil. Até que ponto nossas leis se aplicam a um caso como esse?

— Até o ponto que está escrito nas leis. — ele resmunga, me passando o livro de código penal.

— Sim, eu sei o que está escrito aí. — porque eu tinha passado as férias lendo aquilo, para estar razoavelmente preparado para as aulas — !as com bons argumentos, podemos mudar a situação dela!

— Então, foco nisso. — me diz, sem nem olhar para mim.

 

Irritado, tento outra vez.

 

— Você está ciente dos rumores ao seu respeito? — perguntei, assim, de sopetão.

 

Ele me olhou de canto, mas não disse nada. Então, continuei.

 

— Eu não sei, não, cara. Quero dizer, não te conheço, nem nada. Mas acho engraçado um cara que saiu da prisão estar estudando as leis. Me pergunto se é para algum tipo de reconciliação, sabe, retribuição para a sociedade, ou consigo mesmo… Ou se seria para algum outro fim…? Por exemplo, algum tipo de aprimoramento criminal?

 

De repente, ele para de digitar, e me olha por cima da sua tela. De onde eu estava, conseguia ver apenas aquele par de olhos negros e frios e enigmáticos, sem o menor traço de humor. Aí, meio nervoso, sorri.

 

— Essa seria uma ótima história de suspense criminal, né? — eu sei que estava provocando o cara.

 

Sem dizer nada, ele voltou a encarar a sua tela e continuou a digitar.

 

Não consegui mais falar com ele. Quero dizer, não consegui dizer mais nada a ele, e os dias foram passando. A gente se encontrava ali uma vez por semana, para não comprometer muito com o meu trabalho na biblioteca, e trocávamos emails nos fins de semana com meia dúzia de caracteres. Assim que o relógio marcava o horário para eu voltar a trabalhar, nós dois enfiávamos os cadernos, folhas e livros dentro de nossas mochilas, e cada um ia para o seu lado.

 

Faltavam duas semanas para a apresentação do trabalho, e nós já estávamos com tudo pronto, apenas revisando o material da apresentação. Ele tinha preparado alguns slides para mostrar para a turma e o professor, quando, de repente, um trio de rapazes entra na biblioteca conversando, chamando atenção de todo mundo. Na verdade, eu conhecia um deles porque tinha sido colega dele na escola. Era um filhinho de papai, e imbecil, diga-se de passagem, que gostava de debochar de tudo, mas, só para não ter problema com ele, às vezes, eu fingia que concordava com o idiota.

 

A minha colega bibliotecária também conversava com outro bibliotecário, e não se incomodaram com os ruídos deles, de modo que eu e o Sasuke apenas voltamos a nos concentrar na tela do seu notebook, revisando o material. No entanto, de repente, os três pararam ao meu lado.

 

— E aí, Naruto?! Curtindo seu parceiro? — um deles diz.

 

Sem entender, olhei para ele.

 

— Como assim, cara?

— Cara… — outro diz, tomando a frente — Eu te vi ontem saindo de um motel com um homem. Eu não fazia a menor ideia de que você jogava no outro time. Sempre te vejo com aquela ruiva gostosa. Diz aí, está difícil pagar a facul? — perguntou, num tom sarcástico — Está conseguindo o suficiente?

 

Ah.

 

Eu sorri, e me levantei, e agarrei o rosto dele, e lhe dei um beijo de língua. Eu não estava pensando; apenas agindo. E todos ficaram pasmos. Mas em seguida ele me empurrou longe, me fazendo bater as costas na cadeira e cair de bunda no chão. Apesar da dor, forcei uma risada alta — o que deixou o cara ainda mais puto. Ele, então, avançou na minha direção, me dando chutes, e em seguida perdi o discernimento das coisas. Só consegui ver um tumulto a minha volta, vindo junto com mais chutes e socos. E eu, tentando me defender, chutava e esmurrava o que estivesse na minha frente. Minha consciência só voltou depois, quando me sentei na poltrona em frente à cadeira do coordenador do curso, ao lado do cara que eu havia beijado.

 

— Eu estou chocado. Não sei nem o que dizer. — nos disse o coordenador — De repente, tenho dois alunos aqui na minha sala, como se fossem dois adolescentes por terem brigado na biblioteca? Não sei se os pais de vocês lhes avisaram, mas vocês passaram dos quinze anos, e estão numa faculdade! O que diabos eu devo fazer com vocês? É a primeira vez que eu vejo um absurdo desses acontecer!

 

Bom, ele disse que não sabia o que fazer, mas em seguida me deu um castigo de três semanas (bem coisa de colégio) por ter agredido o colega (porque, aparentemente, o certo seria eu ficar paradinho como um saco de pancadas) e o outro levou suspensão até o início do outro semestre, sendo que terá que entregar uma redação de trinta páginas sobre agressão e homofobia contendo análise de casos reais. Eu gostei da punição dele, mas ressenti pela minha, pois significava que eu não poderia apresentar o bendito projeto com o Sasuke.

 

De qualquer forma, não sei por que aquilo era importante, mas, fui para casa, naquele dia, bem feliz porque ele ter visto tudo.


Notas Finais


Algum comentário?
Adorei escrever esse capítulo, espero que gostem de ler ele também! *_*


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