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História Quem somos nós - Capítulo 6: longe de mim


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Mais um! Boa leitura!

Capítulo 6 - Capítulo 6: longe de mim


Quem somos nós

Escrito por Amanur

...

Capítulo 6: longe de mim

Naruto

 

Encontrei o Sasuke novamente no final das férias do meio do ano. Na verdade, eu estava passando na frente da sala dele, quando eu me dirigia até uma gráfica para tirar cópias de um polígrafo para um trabalho, no momento em que ele discutia com um professor sobre um caso resolvido pela justiça. A discussão era tão calorosa, que algumas pessoas paravam na porta da sala para ouví-los, e claro, eu também parei.

 

— …  O sujeito admitiu que dormiu ao volante. Isso foi um ato de pura irresponsabilidade dele! — Sasuke dizia, visivelmente alterado — Ele tinha o dever moral de ter parado o carro, sabendo do risco que corria! E tanto é que o caso resultou na morte das duas outras pessoas que estavam com ele! Ele deveria ser preso pelo resto da vida!

— O caso não foi tipificado como homicídio doloso! — o professor retruca — A perícia, além dos exames psicológicos ao qual ele foi submetido, não revelou a intenção de matar! Então ele pagou a pena por cinco anos, além de ter pago uma multa.

— Mas ele sabia que dirigir com sono era irresponsabilidade, e que poderia acabar em acidente, e mesmo assim não o fez! Como é que a justiça não considera isso uma intenção de morte???

— Talvez você devesse pesquisar o que significa irresponsabilidade, imprudência, e estudar o que significa a subjetividade humana, Sasuke. Agora, sentem-se! E vocês, saiam da minha aula! — o professor xingou os penetras que estavam ali só para assistirem a um show.

 

Naquele mesmo dia, depois, o encontrei mais tarde. Foi num encontro da turma da Karin num bar. Eu não queria ter ido, mas ela insistiu para que eu fosse. O pessoal tinha combinado de se reunir para apenas beber sem motivo algum. O que, para mim, era o melhor motivo de todos, e por isso acabei aceitando o convite..

 

Eu ainda tinha que trabalhar na biblioteca, de modo que combinamos de nos encontrar no final do dia. Pelo menos, o bar ficava a umas cinco quadras da instituição. Fomos em bando, à pé, de modo que, quando chegamos, ele já estava lá. Estava sentado num canto, com uma garrafa de vodca e um pratinho com amendoins. E o engraçado é que quando nos viu entrar, ele revirou os olhos, como se fôssemos um estorvo para ele. O que era engraçado, já que ninguém mais falava com ele.

 

Ele fumava um cigarro ao lado da janela, o que foi uma surpresa, porque nunca tinha sentido cheiro de cigarro nele. Na verdade, pelo modo com que cuspia toda a fumaça do cigarro para fora, suspeitei que fosse a primeira vez dele. E ele passou o resto na noite ignorando a nossa presença, como se não passássemos de insetos. Por outro lado, o restante do pessoal ignorava a presença dele da mesma forma. Eu tentei não prestar atenção a ele, mas a bem da verdade é que ele parecia um chamariz diante dos meus olhos.

 

— Ouvi dizer que ele quase matou um colega nosso, esses dias. — um dos amigos da Karin, de repente, diz, ao ver que eu olhava para ele.

 

Eu não disse nada, apenas desviei o olhar.

 

— Eu não sei bem da história, — disse outro — mas ouvi dizer que foi o cara quem começou com a briga.

— Com ele? Por que? — outro perguntou.

— Eu não sei. — o segundo respondeu — Ouvi duas versões da história! Tem gente falando que foi por drogas, e tem gente dizendo que foi porque chamaram ele de gay...

— Ahh, eu soube que ele é rico pra caralho. — uma outra moça disse — E sabe como esses filhinhos de papai adoram se meter com drogas, né?

 

Olhei novamente para ele, distraído com sua bebida, e tentei fazer o mesmo, me concentrando na minha.

 

E na medida em que a noite ia passando, as pessoas iam ficando mais embriagadas e a conversa ia ficando mais animada. E aí percebi que a Karin trocava olhares insinuantes com um dos caras que estava na roda. Mas, então, lá pelas tantas, as pessoas começaram a partir. Quando me dei conta, do meu grupo, só restara eu e a Karin. E ela estava bem alcoolizada e amargurada.

 

— Não dá pra negar que o diabo seja lindo pra caralho! — ela me diz, me cutucando.

 

Sasuke tinha se levantado, e estava saindo do bar. Dei de ombros, em resposta, desviando o olhar.

 

— Me pergunto se é tudo verdade mesmo, o que dizem sobre ele. — me diz.

— Eu duvido. — respondi.

— Tentei tirar alguma informação da Sakura sobre ele, mas ela não me diz nada. Ela não nega, mas também não confirma nada sobre ele ter sido preso, ou qualquer outra coisa. Mas, sabe — diz, pegando sua carteira para pagar pela sua bebida — Eu suspeito que eles tenham tido algum caso, pelo modo com que eles conversavam aquele dia.

— Ele é só mais um imbecil no mundo. — eu apenas disse — À propósito, você e o Suigetsu...? — Suigetsu era um dos colegas dela, que estava ali, e eu tinha percebido que eles não paravam de se comer com os olhos.

— Ah, pois é. Mas ele é só um covarde que só me olha de longe.

— Ahh, entendi.

— Às vezes, tenho a impressão de que espanto as pessoas. Você acha que eu espanto as pessoas?

 

Bom, a Karin tinha um jeito meio espalhafatoso de se expressar. Tinha uma risada alta, e era uma pessoa de opiniões fortes. Acho que quem não a conhece bem, tendia a manter alguma distância dela, mesmo.

 

— Talvez… — segurei sua mão — Mas não mude por causa disso! Eu acho que você é a melhor de todas as pessoas que conheço.

 

Ela sorriu.

 

— Você também é minha pessoa favorita. — ela disse — Pena que não nos apaixonamos um pelo outro.

— Bom… Você sabe bem o que eu penso sobre o amor.

 

Ela revirou os olhos.

 

— Um dia, meu querido, você vai se apaixonar tão loucamente por alguém, que ainda irá chorar e sofrer por essa pessoa.

 

Eu sorri.

 

— Duvido.

 

Então, vendo que passava das três horas da madrugada, me levantei, paguei a minha conta, e saímos do bar. Ela pegou um táxi, e eu saí meio sem rumo pelas ruas, com a desculpa de que queria caminhar. Mas a verdade é que àquela hora da madrugada, não havia mais trem até onde eu morava. Muito menos ônibus que me levasse até a estação de trem. Acho que eu poderia ter pedido abrigo a ela, mas eu queria ficar sozinho.

 

Então, fui cambaleando pelas ruas, trotando aqui e ali, perambulando por aquelas calçadas que ainda me eram estranhas.

 

No entanto, por obra do destino, ou do acaso, encontrei o próprio Sasuke sentado num canteiro de flores com outro cigarro na boca e olhando para as estrelas. Olhava tão fixamente para elas, que parecia estar esperando por algum contato celestial. E eu não duvidaria de que fosse isso mesmo o que ele estivesse fazendo ali, como se estivesse perdido, porque às vezes aquele cara me passava a impressão de não ser deste mundo.

 

Mas o negócio é que eu estava alcoolizado, e sabia que ele também estava. Por isso, me sentei ao lado dele sem pensar duas vezes.

 

Na verdade, desabei ao lado dele.

 

— Quando eu era criança, costumava pensar que estrelas cadentes podiam realizar desejos. — disse eu, sem pensar — Acho que foi minha mãe quem me disse isso...

 

Eu não esperava uma resposta dele, mas, para a minha surpresa, ele respondeu, sim, depois de um longo e pesado suspiro.

 

— O que você desejava? — me perguntou.

— Que me levassem para onde eu pertencia...

— E elas realizaram o seu desejo? — olhei de canto para ele.

— É claro que não! Afinal, estou aqui, sem ter como ir para casa, sentado na sarjeta com um cara estranho que todo mundo me diz para manter distância...

 

Acho que nós dois estávamos bastante bêbados.

 

— Hahahahaha! — ele riu — As pessoas são estúpidas por natureza.

— Por que me diz isso? Eles não estão certos de quererem distância de você?

 

Ele se levantou, com o meio sorriso no rosto. Tirou o cigarro da boca e o jogou no chão para pisoteá-lo, e me disse:

 

— Talvez você devesse se perguntar quem realmente quer distância de quem...

 

Fiquei ali, parado, olhando ele se distanciar com os ombros caídos e as mãos nos bolsos. Ele caminhou uns cinco passos para longe, até que se virou para mim.

 

— Você não vem?

 

Eu não tinha mais para onde ir, então fui atrás dele feito um cachorro abandonado.

 

Caminhamos por algumas quadras até pararmos num pequeno e velho prédio residencial aberto. Subi as escadas junto com ele, até que ele tirou umas chaves do bolso e abriu a última porta do corredor.

 

— Feche a porta depois que decidir entrar. — ele me disse.

 

E o engraçado é que ele parecia ter lido a minha mente, pois era exatamente o que eu estava pensando: devo ou não devo entrar?

 

Eu entrei. E fechei a porta.

O apartamento dele era pequeno. Sala e cozinha formavam um cômodo só, e estava tudo numa bagunça, mas ele parecia não se importar.

 

— Tem suco na geladeira e alguns pães em algum armário... Se quiser tomar banho, tem toalhas no armário de baixo da pia. O sofá é confortável. — me disse, enquanto se arrastava até o cômodo ao lado.

 

Dei uma espiada, para reparar melhor nos cômodos. O quarto dele tinha somente uma cama e uma cômoda com meia dúzia de gavetas. Havia alguns livros e revistas no chão, e só. De repente, tive a certeza de que aquele apartamento refletia o misto de vazio e bagunça que havia dentro do proprietário.


Notas Finais


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