1. Spirit Fanfics >
  2. Querida Babá >
  3. Seu Babacão!

História Querida Babá - Seu Babacão!


Escrita por: mari_rafaela_2

Notas do Autor


Oii <3

Gente, muito obrigada pelos favs e pelos comentários🌹❤❤

Eu ia postar só mais tarde, mas por motivos maiores, tô postando agora rsrs

Espero que gostem!😍

Capítulo 3 - Seu Babacão!


Fanfic / Fanfiction Querida Babá - Seu Babacão!

— Um brinde à nossa amiga que conseguiu chegar à marca de duas semanas trabalhando com o pior chefe do mundo!

Sophie ergueu sua taça e com gritinhos de comemoração, minhas amigas Angelina e Miranda fizeram o mesmo. O tilintar exagerado ecoou e as três me olharam ansiosas.

Ergui minha taça com preguiça e os gritos retornaram.

— Agora me diz, amiga. Como você teve paciência pra aguentar ele?

Remexi o champanhe no copo e com um suspiro, pensei que não era algo para se comemorar. Eu apenas fiz o meu trabalho.

Milhares de mulheres enfrentavam coisas piores do que eu para poder levar o sustento para casa.

— Para ser sincera, o Junior não me dá trabalho. Ele é um garotinho incrível… Ele só é carente, e isso é totalmente aceitável…

Miranda me cortou. A mão de longos dedos balançou no ar rapidamente e me calei.

— Não tô falando do garoto. E sim do pai dele.

Dei mais um gole na bebida e fiz uma careta em seguida.

— Depois do episódio da toalha no corredor e de ter me deixado sozinha rindo para a porta, ele nem se deu mais o luxo de me olhar.

As três produziram sons de espanto e indignação com a boca e eu poderia rir se não estivesse tão cansada.

— É isso aí. — Dei de ombros. — Ele finge que eu não existo.

Bem, aquilo pelo menos era melhor do que ser abordada com grosseria e toalhas pendendo abaixo da cintura para me fazer ter pensamentos inapropriados sobre o que se escondia debaixo daquele tecido.

— Não tem vontade de esmurrar ele? — Angelina, a mais doce e sonhadora entre as amigas deixou a voz ainda mais suave ao falar.

— Não! — Respondi rapidamente — Eu preciso desse emprego, esqueceu?

Senti meu corpo afundando na cadeira. Eu precisava de um banho quente, macarrão instantâneo e um filme de drama com algum homem lindo pra me fazer suspirar e chorar até dormir.

Mas ao invés disso eu deixei que minhas três amigas me convencessem a vir ao bar do outro lado da cidade para comemorar o fato de eu não ter assassinado — ainda — o meu chefe.

— E por falar nisso, preciso ir para casa. Não quero deixar o Felipinho sozinho com a minha mãe.

As três se calaram. Falar da minha mãe ainda era difícil. Era um assunto delicado, e elas sempre me olhavam com pena.

— O que vai fazer nesse fim de semana? — Miranda já estava com a língua enrolada. Ela era a única casada de nós três e mal saía de casa, então quando nos encontrava ela recuperava todo o tempo perdido com álcool.

— Vou descansar… — Respondi meio aérea. Havia partes doloridas do meu corpo que eu nem sabia que existiam. — Talvez maratonar Grey's Anatomy e encher a pança.

— Adoro Grey's… — Falou Sophie com voz sonhadora — Fico sem saber que médico é mais gato.

E então a mesa mergulhou no assunto médicos gatos de Grey’s Anatomy. Me peguei pensando em como estaria lá em casa, se minha mãe tinha jantado, se meu irmão já tinha tomado banho e um fardo enorme pesou sobre meus ombros. De repente a ideia de sumir por alguns dias se tornou tão atraente quanto os médicos que minhas amigas cobiçavam.

Mas eu sabia que minha família só tinha a mim. Se ainda estávamos de alguma forma “de pé”, eu era o alicerce que dava firmamento àquela casa, e o espelho do meu irmão.

Eu sempre tentava esquecer o meu pai e o que ele fez conosco, mas tentar não pensar nele era impossível. Sinto uma vontade perversa de fazer isso sempre. Quero ficar arranhando a ferida, arrancando a casca, atormentando a pele dilacerada. Não consigo deixar sua lembrança em paz. Se estávamos um caos naquele momento, a culpa era totalmente dele.

— E você, Becky? Qual é o doutor mais gato na sua opinião?

Senti que estava debaixo da água por muito tempo e agora retornava à superfície, as vozes ainda distantes e o assunto totalmente irrelevante em comparação ao mar de problemas em que eu me afogava.

— Err… — Antes que eu pudesse sequer responder, meu bolso vibrou e rapidamente tirei o celular que tremia na minha mão. O contato no visor me deixou confusa. — Francisco?

— Não tem nenhum Francisco na série!

— Não… — Sacudi a mão e passei a falar igualzinho a Sophie graças à bebida que fervilhava no meu estômago — Meu chefe está me ligando!

— Então atende!!!

Do fundo do meu crânio, um raio metálico de dor perfurou a têmpora direita.

Ele iria me demitir. Com certeza.

Eu já podia prever o desastre em minha vida nos próximos dias. Desempregada novamente. Hipoteca, mensalidade da escola do Felipe, mercado, contas…

— Alô?

— Becky! Boa noite!

Becky? Só o filho dele me chamava assim. E será que ele tinha batido a cabeça na quina da cama para me dar boa noite?

— B-boa noite…

— Espero não estar te atrapalhando…

— Sem problema. O Júnior está bem? Aconteceu alguma coisa?

— Ele tá ótimo, Becky. É que… Ele não para de falar da nossa casa do lago em Valência e eu queria saber se você não quer ir conosco…

Precisei sacudir a cabeça e dar pequenos beliscões em meu braço para ver se acreditava. A dor causada pela pele repuxada era real, mas eu não conseguia acreditar no que ele me pedia.

— Eu vou te pagar extra, claro. Cem por cento.

— Eu não sei…

Espera, Becky. Tem alguém aqui querendo falar com você.

— Oi tia Becky!

Aquela vozinha fez meu peito vibrar.

— Isquinho!

— Vamos pala a casa do lago, tia Beckyee. Voxe tem que ir. Voxe é minha amiga…

Como dizer não à uma criaturinha daquelas? Impossível. E além do mais eu precisava daquele extra.

— Ok, eu vou então.

— Oba, oba, ebaa! O papai vai falar agora… Tchauzinho tia Becky!

— Tchau, querido.

— Becky? Onde você está? Vou te buscar agora. Precisamos cair na estrada logo para poder aproveitar bem o dia amanhã…

— Mas… Eu ainda tenho que arrumar a mala!

— Consegue fazer isso em uma hora? Me passa o seu endereço.

Revirei os olhos com tanta força que temi entrar em combustão.

— Estou numa boate com minhas amigas. Vai ter que vir aqui me buscar.

 

[...]

 

Ainda estava escuro lá fora, mas sou capaz de distinguir uma faixa de luz minúscula no horizonte, uma linha cinza sobre o fundo preto.

O dia estava prestes a amanhecer e Junior repousava tranquilamente em meu colo no banco de trás enquanto o pai dele dirigia silencioso.

Eu estaria radiante de felicidade se não fosse o fato desse patife ter feito uma parada no meio do caminho para ir pegar a namorada dele.

E conforme a estrada corria pela janela, eu me dei conta de que tudo aquilo não passava de um plano para eu ficar cuidando do garoto enquanto os dois ficavam se agarrando pela casa.

Minhas suspeitas se concretizaram quando chegamos à casa do lago — um imóvel puramente maravilhoso rodeado de um jardim imenso, e fazendo jus ao nome, um lago gigantesco — e os dois simplesmente deixaram a gente para trás e sumiram pela casa.

Literalmente sumiram. Isquinho e eu tomamos café, brincamos no jardim, almoçamos, tomamos banho no lago, dormimos à tarde. E em nenhum momento do dia Isco sequer apareceu para ver se o filho estava vivo.

Foi só no final do dia, quando eu já estava de pijama, terminando de ler o jardim secreto e Junior roncando baixinho que Isco apareceu.

O rosto dele aparentava cansaço, e o pescoço ostentava pequenas marcas vermelhas originadas de um dia inteiro de safadeza com a namorada.

Tentei não revirar os olhos e fechei o livro.

— Ele já dormiu?

Ouvi-lo sussurrar me fez cerrar os punhos. Como eu queria poder dizer umas verdades à ele!

— Foi um dia cansativo — Devolvi o sussurro e me movi até a porta com um indisposição do tamanho da vontade de socar aquela cara bonita dele. — Nós fizemos muita coisa. E por sinal você não apareceu. — Nem sei de onde tirei aquelas palavras. O fato era que me entristecia ver que o pequeno amava tanto o pai e não conseguia ter a atenção dele — Acho que entendi o motivo de eu ter vindo. — Olhei diretamente para os chupões no pescoço dele e tentei não imaginar qualquer cena proibida envolvendo aquele homem.

— Becky, espera…

Eu já tinha dado as costas e caminhava ao meu quarto.

— Espero que amanhã seja diferente. Afinal, foi o seu filho que quis vir, não foi? — O ponto de Adão dele subia e descia e me desconcentrei. — Não custa nada dar atenção à ele. Boa noite.

Tive que cravar os dentes nos lábios com força quando ele me puxou pelo pulso.

— Quem você pensa que é pra falar assim comigo?

Eu estava presa ao corpo dele, imprensada à parede e o cheiro de suor misturado ao perfume dele tomou conta dos meus sentidos.

“Becky, recomponha-se! Não esqueça que ele é um palerma, idiota e ainda por cima seu chefe!”

Minha mente as vezes funcionava como uma estação de rádio. “Mente demente” era como eu costumava chamar.

— Tem razão. Desculpa. Não devia ter falado assim.

Seu olhar se manteve tão preso ao meu que horas e horas poderiam ter passado sem que nós dois percebêssemos.

— Eu amo o meu filho. — O silêncio foi quebrado depois de tanto tempo que tremi ao ouvir a voz dele — Mas eu tenho necessidades físicas, Becky. Você entende?

Dessa vez não hesitei ao soltar um muxoxo e empurrá-lo.

A porta se fechou com força na cara dele e rezei para que ele não me enchesse o saco por aquela noite.

Me arrastei até a cama e naquela noite não consegui sonhar com nada.

 

[...]

 

— Hoje é domingo, pé de cachimbo!

Isquinho gritou e várias aves que se empoleiravam no galho da árvore levantaram voo asustadas.

Nós dois rimos muito enquanto apostava corrida com ele.

Francisco e a namorada apareceram no café da manhã, a cara dele lavada de cinismo e a moça nem sequer teve o trabalho de olhar para mim.

Depois disso os dois sumiram pelo resto do dia.

Poderia dizer que fiquei surpresa, mas já estava conhecendo o meu chefe bem o suficiente para saber que ele faria isso.

Quando a noite chegou, ainda não tinha visto sinal daquele homem.

— Tia Becky, você quer ter filhos?

O meu Deus.

Passei a escova no cabelo de Junior antes de depositar um beijo em sua testa e cobri-lo com o cobertor.

— Claro que sim. Um dia.

— Ah… — Ele pareceu tristonho pela primeira vez no dia e afaguei sua bochecha fofa antes de perguntar.

— Por que quer saber?

A boca pequena dele se abriu em um bocejo alto e o sono solto o fez pestanejar várias vezes.

— Queria que Tia Becky fosse minha mãe…

Jesus. As palavras sumiram da minha mente. Não consegui dizer nada.

— Amn…

— O papai não gosta de mim, Tia Becky… Acho que sou muito chato e ele fica blavo comigo…

Eu não precisava ser mãe para que o instinto maternal tomasse conta de mim naquele momento.

— Você é um menino lindo, e muito, muito legal. Eu adoraria ter você como filho. — Um sorrisinho se entortou nos lábios finos dele — E sua mamãe, que é um anjo está lá no céu muito feliz e orgulhosa de você. — Devo ter amassado a bochechinha dele de tanto beijar, mas não me importei. Ele precisava saber que era muito amado — E seu pai. Ele ama você. Ama muito mesmo. Ele só está… Um pouco perdido com coisas de adulto. Mas ele te ama um montão.

Isquinho deu uma risada antes de um suspiro escapar de sua boca e os olhos se fecharem.

Conferi se ele dormia mesmo e me levantei com uma disposição que há muito desconhecia.

Marchei até o lado de fora da casa, onde um anexo de madeira ficava, e bati na porta com força, ignorando a dor nas mãos.

Um passo arrastado se aproximou, e impaciente bati à porta de novo.

Sara, a namorada de Francisco atendeu a porta e me olhou com espanto. O cabelo castanho dela estava todo emaranhado e os olhos amendoados me encararam com desprezo.

Ela tinha um lençol preso ao corpo quase escorregadio.

— O que você quer, babá?

A raiva em mim triplicou e tive consciência do suor frio começando a brotar nas costas, do calor irradiando do rosto.

— Quero falar com o Francisco. AGORA!

Um riso de escárnio foi a única resposta de Sara.

Eu estava preparada para tirá-la daquela porta à força se fosse necessário, mas Isco surgiu, as faces coradas e um expressão preguiçosa no rosto de quem tinha acabado de transar. Argh, esse homem nunca cansava?

— Preciso falar com você.

Percebi tarde demais que ele estava só de cueca.

— O que foi, o Júnior tá bem?

— Ele tá dormindo. — Assegurei com um murmúrio.

— Então, seja o que for, pode esperar até amanhã. Eu tô um pouco ocupado, Becky.

E Sara sorrindo ergueu a mão até a maçaneta para fechar a porta na minha cara.

Segurei a porta e gritei com toda a ira que esse homem me fez reunir nesses últimos dias.

— Você vai falar comigo agora, seu babacão!


Notas Finais


Becky tomou coragem rsrsrs

Obrigada por ler até aqui💖

Beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...