POV Lauren
Camila tinha me chamado para ir com ela à uma festa da Taylor, que antes eu só conhecia como “namorada do Leclerc”. Ela disse que a festa seria na casa de um, também, amigo dela, um tal de Bob, que eu também não conhecia.
Agora nós estávamos indo para o endereço que Camz me passou.
Não achei que aquela casa seria tão parecida com a minha casa, até o lustre da sala de jantar era igual ao da minha casa em São Francisco. Sinto falta de casa…
Lá, eu só conhecia Leclerc, Brooke, Cooper, Mendes e a Taylor. Tinham outras duas garotas e o tal Bob. Ele foi muito simpático, se apresentou e apresentou sua casa. Ele fez um drink para mim e outro para a Camz.
Nunca vi um drink daquele jeito, ia tanta bebida diferente dentro, e o mais estranho é que ficou muito bom.
Enquanto ouvíamos a música tocar, Camz me chamou para “fazer algo legal”. Na hora achei que ela falou sobre… bem, sobre sexo, mas ela tinha tanta inocencia no olhar que eu descartei a possibilidade.
Subimos as escadas e entramos em um quarto que estava com a janela aberta. Fiquei surpresa ao ver Camila sair pela janela e se sentar no telhado, não achei que fosse ser isso.
— Vem, Lolo. Você vai gostar — ela se virou e olhou para mim.
Saí do meu lugar e fiz o mesmo que ela, me sentei um pouco afastada dela, mas não muito.
Olhei para o céu, tudo estava perfeito. A lua não estava inteiramente cheia e o céu não estava repleto de estrelas, mas tudo estava perfeito. Até parecia aquele dia…
— Lauren, vai mais devagar! — Lucy pediu enquanto eu acelerava.
— Você é muito careta, isso é só diversão, Lu — disse e fiz uma curva para a esquerda, foi super rápido.
Eu tinha acabado de tirar a licença para dirigir, tinha só dezesseis anos. Nunca achei que aquilo podia ter acontecido. Todos dizem que não foi minha culpa, mas foi.
— Olha que daora, Lucy, não importa o quão rápido a gente ande, a lua sempre vai nos acompanhar.
— Eu sei, Lauren. Não tenho cinco anos de idade — ela revirou os olhos.
— Minha mãe diz que é porque ela olha por nós, cuida para que nada de mau aconteça — contei. — Vamos testar!
Foi a pior decisão da minha vida. A lua é só um satélite natural, não olha por nós, ela… não salvou a Lucy.
O carro capotou, foi um acidente feio. Tive sorte de sair com vida e sem sequelas, já Lucy… bem, o airbag do lado do passageiro já tinha sido usado e nós não tínhamos recolocado. Chamei a ambulância, mas em dois dias ela... morreu no hospital.
Todos disseram que eu não podia me culpar para sempre, que acidentes acontecem o tempo inteiro, mas não é assim que funciona. Me culpei e me culpo até hoje por isso.
Pensei em parar de correr, mas quando eu corria tudo parava, eu esquecia de tudo aquilo e só focava na pista. Acho que é por isso que todos dizem que eu sou tão boa. Minhas frustrações me dão forças para continuar.
Senti Camila me tocar e despertei. Isso sempre acontece comigo, eu me tranco em outra dimensão.
Camz apontou para Leclerc, que estava dentro do quarto.
— Taylor está passando mal. Nós vamos para o hospital. A gente tinha prometido dar carona para a Ally, mas não vamos poder. Vocês podem levar ela para casa? — ele pediu educadamente.
— Sim, claro que podemos — respondi e um sorriso se abriu no rosto dele.
— Obrigada, meninas — Leclerc saiu do quarto.
Nós duas saímos do telhado e fomos de volta para a sala. A loira (acho que seu nome era Ashley) e Mendes já tinham ido embora. Taylor e Leclerc estavam se despedindo de todos, mas a música continuava. Acho que agora tocava Woman, do Harry Styles.
Depois dos dois saírem da casa, eu, Camz e Allyson também começamos a nos despedir.
Já dentro do carro, ficamos metade do caminho quietas, o que eu achei estranho, Camila não é de ficar quieta.
— Então… vocês duas estão juntas? — A baixinha (Allyson, não Camila), perguntou.
— Não — eu e Camz falamos juntas.
— Ainda — completei e percebi que Camila deu um sorrisinho.
Coloquei uma mão na perna de Camz e nós fomos até a casa de Ally assim, às vezes eu até fazia carinho.
Nos despedimos de Ally e eu levei Camila até o hotel dela.
Fui até seu quarto com ela, mas não entrei.
— Entra, Lo — Camila pediu, manhosa.
— Não posso, Camz. Já tá tarde, amanhã eu tenho que acordar cedo para treinar — segurei sua mão. — Amanhã eu te levo para tomar sorvete, pode ser?
Só de eu falar sorvete, seus olhos brilharam. Ela parecia uma criança às vezes.
— Ok, já que vai ter sorvete, eu aceito.
— Só por causa do sorvete? — dei um sorriso confiante.
— Claro. Tem algo melhor que sorvete? — ela me desafiou.
Eu fingi ficar triste e Camila me abraçou.
— Não fica triste, não — ela me deu um beijo no canto da boca. — Você é muito fofa fazendo bico, sabia? — ela perguntou retoricamente e me deu um selinho.
— Posso ganhar um beijo de verdade? — pedi e ela não tardou em me dar um beijo.
Era sempre bom, sempre intenso, sempre me deixava querendo mais, precisando de mais.
— Eu adoro seu beijo — disse assim que ela descolou nossos lábios.
— Eu adoro você — ela falou com um sorriso no canto da boca. — Você não vai mesmo entrar?
— Não, Camz. — neguei com a cabeça. — Até amanhã, srta. Cabello — fiz a nossa brincadeira de sempre.
— Até amanhã, srta. Jauregui — ela disse e fechou a porta.
Voltei para o hotel em que eu estava hospedada e me joguei na cama.
Acabei voltando a pensar em Lucy. Espero que ela não tenha me culpado por tudo que aconteceu. Eu já me culpo demais por tudo...
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