História Racing For You - Camren - Perfect

POV Lauren

Quando eu acordei, vi Camila com os olhos lacrimejando e olhando para a tela do celular. 

O que aconteceu? Quem machucou a minha Camz?

— Camz? — levantei imediatamente e olhei para ela. — O que aconteceu, meu amor?

— Nada — ela bloqueou a tela do celular, limpou uma lágrima que caiu e se virou de costas.

Só por isso era óbvio que não era nada.

Me aproximei dela e a abracei, tentando transmitir a mensagem de “tudo está bem” por meio do abraço. Ela não me abraçou de volta, mas continuei abraçando-a mesmo assim.

Eu estava preocupada.

Beijei seu rosto e fiz cafuné, mas ela não pareceu se sentir melhor.

— Camila, por que você está assim? — fiz carinho em seu rosto.

— Não é nada, Lauren.

— É óbvio que é alguma coisa, não se chora por nada.

— Bem, pelo visto eu estou chorando por nada — deu um sorriso sarcástico em meio às lágrimas que caíram.

Não sabia o que fazer, se ela não queria me falar o que era, o que eu poderia fazer? Apenas continuei a abraçá-la e a fazer carinho. Talvez, aos poucos, aquilo ajudasse.

Muito tempo depois, acho que umas duas horas depois, Camila se levantou e foi até o interfone do quarto.

A olhei sem entender, mas ela não se preocupou em explicar o que estava fazendo ou ao menos olhar para mim.

— Boa noite, eu gostaria de pedir o jantar — ela falou no interfone. — Número 4 do cardápio.

Ela terminou de falar e voltou para a cama.

— Pedi o seu jantar.

— Você não vai comer? — perguntei.

— Não.

[...]

Eu tinha ficado em terceiro lugar na corrida, Leclerc em segundo e Hamilton em primeiro. Tinha sido uma boa corrida, estava feliz com o resultado.

Nós usamos a festa do Bob como comemoração. Porém, parte de mim não estava querendo muito comemorar. Camila continuava mal e ainda não tinha me dito o porquê.

Achei que eu pudesse ter feito alguma coisa, ou que ela tinha brigado com a DJ, ou que ela estava tendo algum problema na gravadora, mas nada parecia se encaixar.

Outra coisa que me preocupava era ver que ela parecia estar fraca, não só fisicamente, mas mentalmente também.

Eu estava com medo do que estava acontecendo.

Entretanto, eu tinha prometido para Bob e Taylor que eu iria para a festa com a Camila e a Camz parecia não ter nada contra ir à festa.

Na festa, passei um bom tempo ao lado da Camz, só saía de perto se fosse realmente necessário.

Algo que me preocupou mais ainda foi: ela estava sempre com um copo de bebida na mão, mas nunca comendo algo.

Eu tirava o copo da mão dela e logo ela aparecia com outro.

— Você não acha que já deu de beber, Camila? — briguei com ela e tirei o copo dela de novo.

— Lauren, me deixa, vai — tentou pegar o copo da minha mão, mas eu não deixei. — Você é tão chata! — foi para longe e eu fui atrás dela.

— Me fala o que está acontecendo com você, Camz. Eu posso ajudar — falei enquanto ia atrás dela.

— Se você conseguir me fazer perder dez quilos — a ouvi falar (acho que não era para eu ter ouvido). Ela estava sendo irônica, claro.

— O quê? Dez quilos, Camz? Por quê? Você está perfeita do jeito que está — quase consegui encostar em seu ombro.

— Estou, Lauren? — gritou ao se virar bruscamente e vi que ela estava com as veias do pescoço um pouco saltadas. — Você sabe que eu não estou, todos sabem que eu não estou.

Aquele ponto, todos olhavam para nós.

Eu não entendia o que ela queria dizer. Ela estava perfeita, tinha o corpo perfeito, o rosto perfeito, a voz perfeita, a personalidade perfeita… ela é a pessoa mais perfeita do mundo todo.

— Olha para mim, Lauren, olha bem e diz o que você vê. Porque eu só vejo imperfeições, só vejo o quão horrível eu sou — ela estava alterada, só podia ser.

— Eu estou olhando, e sabe o que eu vejo? Eu vejo a mulher dos meus sonhos, vejo alguém linda, atraente, bondosa, fofa, gostosa, romântica… você é incrível, Camila. Você devia se ver como eu te vejo — finalmente me aproximei o bastante para abraçá-la.

Ela desabou, não em lágrimas, mas senti que ela soltou o peso que estava em suas costas.

A conduzi para o sofá e nos sentamos ali. Ela ficou com a cabeça no meu ombro e eu fiquei fazendo cafuné.

— Saiba que você é mais que perfeita, Camz — sussurrei.

— Eu quero ir embora, Lo — sua voz saiu manhosa.

— Então nós vamos — levantei e a ajudei a levantar.

Fomos embora e não era nem uma da manhã.

No hotel, enquanto Camila tomava banho, eu me perguntava o que tinha feito ela pensar tudo aquilo dela mesma?

Camila nunca foi do tipo de odiar o próprio corpo. Não que antes ela se elogiasse a cada segundo ou se achasse a melhor de todas, mas ela não falava mal de si própria para ninguém.

Eu esperaria Camz sair do banho para ela me explicar o que tinha acontecido, porque eu não aguentava vê-la mal como ela estava e não conseguir nem saber o que a estava deixando daquele jeito.

Ela saiu do banheiro já com a roupa que iria dormir (uma camiseta enorme que ia até o meio das suas coxas) e com o cabelo preso em um coque meio mal feito.

Como ela podia achar que não era magnífica?

— É melhor você entrar logo no chuveiro, se não a água vai esfriar — ela falou e me entregou uma toalha seca.

— Não, primeiro eu quero saber o que aconteceu para você falar aquilo na festa — tentei ser firme no meu tom de voz.

— Não foi nada, Lauren — ela desviou o olhar.

— Isso não cola mais. Anda, me fala o que foi.

Ela respirou fundo e se sentou ao meu lado.

— Foram umas fotos de ontem. As pessoas ficaram falando do meu corpo, que eu estava gorda, que eu não tinha peito, que eu estava descuidada… e eu via tudo aquilo, Lo, tudo aquilo e mais. Eu tenho estrias nas minhas coxas, tenho celulite na minha bunda, meu pé é feio, minha pele é oleosa, meus dentes são tortos…

— Ei, ei, ei — a interrompi. — Eu já disse, você é perfeita. Tudo isso que você disse é não só normal, mas é o que te torna uma mulher de verdade. Essas pessoas não sabem de nada, só estão com inveja, porque você é maravilhosa e elas não. Eu amo cada marquinha no seu corpo e seus dentes são muito fofos.

— E meu pé?

— Todo mundo tem o pé feio, Camila — tentei fazê-la rir e consegui, eu acho. — Nunca se esqueça que você é tudo, Camz, você é absolutamente fabulosa — a beijei.

— Nada de sexo sem você ter tomado banho antes. Vai — ela apontou para a porta do banheiro. — Você ainda tá com o cabelo cheirando à maconha do Bob.

Tentei fazer biquinho para ver se ela deixava, mas ela se manteve firme.

Mesmo que ela tivesse interrompido o beijo maravilhoso, eu estava feliz. Acho que consegui fazer com que ela ficasse melhor, e aquilo era o suficiente para me deixar mais que contente.