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História Ragnarök - Interativa - 0.3.Se metendo em encrenca


Escrita por: Eleodan

Notas do Autor


Olá, pimpolhos! Olha só, dessa vez eu não cheguei tão atrasado assim, que milagre. Bom, antes de deixar vocês lerem o capítulo, queria avisar que o docs do Bestiário recebeu sua primeira atualização, as plantinhas andantes acabaram de ser introduzidas na história. Vocês podem ir olhar agora ou depois, mas não é obrigatório também, só acho divertido passar um pouco mais de informações sobre elas pra vocês.

Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 5 - 0.3.Se metendo em encrenca


 O rugido da gigantesca cachoeira era muito mais assustador quando se estava perto dela. Kenzie encolheu o corpo ao sentir respingos de água gelada lhe acertarem o corpo, molhando suas vestes e seu cabelo, mas não pôde deixar de admirar um pouco a incrível visão que estava bem à sua frente. Após o estranho evento que ocorreu na forja, Barchiel se prontificou à levar o pequeno tordo assustado até a sala privativa da diretora enquanto Loryllae continuava a guiar o restante dos novatos para dentro da Academia. Ele mantinha uma das mãos descansando no ombro de Kenzie, apertando levemente com a ponta dos dedos de vez em quando para lembrar-lhe de que estava ali. Ambos andavam lado à lado na grande ponte de pedra que levava até o terreno do Poleiro, uma torre alta que servia de sede para a Ordem do Corvo Rubro; e, logo ao lado, estavam os ninhos exclusivos para aqueles que faziam parte da Ordem.

Quando finalmente colocaram os pés em terra firme, Kenzie sentiu-se relaxar pelo menos um pouquinho. Barchiel o guiou até a construção imponente e abriu a porta arredondada para deixá-lo entrar primeiro, fazendo o garoto travar ao perceber que não estavam sozinhos ali. Eles se encontravam em uma espécime de cômodo voltado para o lazer, várias tapeçarias pendendo das paredes e inúmeros sofás espalhados pela sala circular. Almofadas estavam distribuídas em abundância pelos estofados e até mesmo no chão, seu piso escuro estando coberto de tapetes dos mais variados tecidos. Velas, lamparinas e lampiões queimavam silenciosamente com o intuito de iluminar todo o local, um cheiro forte de óleo e querosene fazendo o nariz de Kenzie arder. As paredes eram pintadas com símbolos estranhos em dourado e prata, brilhando muito mais do que seria considerado normal, e o garoto loiro jurava que tinha visto alguns deles se mexerem levemente como se fossem serpentes incrustadas de joias.

– Fique paradinho aqui, okay? Precisamos da permissão de um Rubro pra subir. – Barchiel sussurrou para apenas Kenzie ouvir, piscando um dos olhos em sua direção e sorrindo antes de se afastar.

O garoto acentiu com a cabeça e seus olhos apreensivos seguiram os passos do corvo mais velho sem nem piscar, engolindo em seco quando Barchiel ficou em frente à um dos sofás onde três pessoas descansavam. A maioria ali parecia apenas um bando de adolescentes comuns como todo o resto, mas outros... Os outros tinham uma aura ameaçadora lhes cercando, um tipo de poder ancestral que era passado apenas para aqueles com capacidade suficiente e inteligência suficiente. Kenzie decidiu ficar onde estava sem mexer nenhum músculo, tentando regular sua respiração rarefeita sem muito sucesso, sua visão indo de lá para cá no intuito de achar possíveis rotas de fuga caso algum veterano maldoso viesse mexer consigo. Mas o que ele encontrou não foi um Rubro cheio de si, e sim o que parecia ser um alçapão. Ele estava muito mal escondido abaixo de um dos maiores e mais coloridos tapetes da sala, como se alguém tivesse acabado de descer por ali. Tinha um aspecto envelhecido, e sua madeira já estava começando a descascar em relevos fundos. Kenzie entortou a cabeça para o lado, os olhos fixos no alçapão, quando uma voz sibilante encheu seus ouvidos.

Kenzie... – sussurrou a voz, rouca e masculina, arranhando os tímpanos do garoto loiro. – Venha, Kenzie...

Ele olhou em volta, alarmado, suas sobrancelhas se arqueando quando percebeu que nenhuma das pessoas à sua volta parecia ter ouvido aquela voz. Ela ainda repetia o seu nome, chamando-o, atraindo-o para o alçapão, e depois de muito hesitar, Kenzie obedeceu. Passos lentos levaram-no até o tapete que o escondia, seus lábios entreabertos em um suspiro mudo, suas pernas dobrando-se silenciosamente até que seus joelhos tocassem o chão, ficando ajoelhado logo acima daquela porta tão estranha e ao mesmo tempo tão tentadora.

Vamos, Kenzie, abra o alçapão... – sibilou a voz, uma risadinha cortando suas palavras quando o garoto loiro tocou a maçaneta e girou vagarosamente. – Venha até aqui embaixo, eu quero tanto te ver...

– Ei, você!

Kenzie parecia ter acordado de um transe quando um adolescente mais velho lhe puxou pela gola da camiseta, afastando-o do alçapão e escondendo-o novamente com o tapete. Ele se engasgou um pouco com a força que era segurado, lágrimas querendo saltar de seus olhos quando o rosto enfurecido do desconhecido entrou em seu campo de visão. Barchiel veio logo ao seu resgate, desconversando um pouco até que o Rubro conseguisse se acalmar e pedisse desculpas por ter sido tão bruto com Kenzie. O loirinho também pediu desculpas por bisbilhotar, ainda sentindo-se um tanto atraído pelo alçapão e espiando-o por cima do ombro quando ouviu aquela mesma voz de antes soltar um xingamento baixinho, claramente frustrada. De qualquer jeito, ele não tinha muito tempo para pensar nisso enquanto subia as escadas em formato espiral até chegar na sala privativa da diretora, onde Barchiel bagunçou seus cabelos e lhe desejou boa sorte.

– Você não vai entrar comigo? – a expressão de Kenzie murchou, chateada, fazendo o corvo mais velho sorrir minimamente.

– Eu não posso, tenho que voltar para minha aula. Mas não se preocupe, a diretora Callisto é super tranquila, não precisa ter medo dela.

– Okay... tchau, Barchiel.

– Tchau, Kenzie! E boa sorte.

Apesar de ter dito tais palavras, Barchiel estava preocupado. Desceu a escadaria do Poleiro e acenou para os Rubros que possuía uma certa amizade, ignorando aqueles que lhe encaravam com desdém. Ao passar pelo tapete grande e colorido, ele sentiu um estranho arrepio atravessar sua espinha, mas apenas ignorou e saiu porta afora com certa pressa para chegar à tempo em sua próxima aula. Pediu desculpas para o professor Airus e prontamente sentou-se ao lado de Loryllae, que o olhou pelo canto dos olhos antes de voltar a prestar atenção na aula. O garoto queria muito conversar com ela sobre o que tinha acontecido, mas teve que se segurar quando todos se levantaram para irem até a horta onde tinham plantado algumas Andantes no ano anterior, que agora estavam prontas para serem colhidas. É claro que se tratando de tais plantas sorrateiras, a colheita não seria nada fácil; como o próprio nome diz, as Andantes conseguem se locomover tal qual outros seres vivos, suas várias raízes servindo de pernas, muito similares às de uma aranha comum. Quando arrancadas do solo, as Andantes começam a correr para todos os lados afim de escapar, fato este que o professor já tinha avisado de forma prévia, mas que ainda assim assustou seus alunos. Uma perseguição se instaurou na horta, e Barchiel não conseguia parar de rir.

– Pelos deuses, como elas podem ser tão rápidas?! – Loryllae tossiu, sua testa já coberta de suor pelo esforço, colocando as mãos nos joelhos e olhando feio para a planta que corria para bem longe de si.

– Não faço ideia, mas até que elas são engraçadinhas. – o garoto de cabelos cacheados disse, suas mãos segurando firmemente uma Andante que não parava de se debater. – Olha só essas pernas, que bizarro!

– Coisinhas feias, não servem nem pra fazer salada... – a garota ruiva resmungou, desgostosa, gritando alto quando uma das plantinhas passou correndo bem em cima de seu pé.

– Ora ora, o que aconteceu com aquela garota gentil que consolou nosso pobre tordo assustado? – Barchiel caçoou, um tom de divertimento na voz enquanto forçava a Andante teimosa para dentro de um dos barris distribuídos em cada canto da horta.

– Cala a boca, Barchie. – Loryllae cuspiu as palavras, sua expressão vitoriosa por finalmente ter conseguido capturar uma das malditas Andantes e logo jogando-a sem delicadeza junto com as outras dentro do barril de madeira. – Eu só fiz aquilo pro garoto não acabar tendo um colapso, ele ia desmaiar a qualquer momento.

– Foi fofinho, não sabia que você podia ser tão empática.

– Vou te mostrar a empatia... Mas, aquilo realmente foi bem estranho. Você já viu algo parecido?

– Não, nunca. É claro que já ouvi falar de alguns descendentes que podiam fazer objetos levitarem sem a ajuda de uma varinha, mas nada comparado com aquilo.

Eles ficaram em silêncio após isso, ponderando o acontecido. Porém, não eram apenas eles que pensavam sobre o assunto; durante a aula de feitiços, Zara e Celeste cochichavam baixinho entre si, Shaiya sentada logo atrás delas e prestando bastante atenção na conversa. Elas ponderavam o que poderia ter de fato acontecido, diversas teorias saltando de suas bocas, até que foram interrompidas pela professora assustadora que encaravam-nas de cima. Willa Zyanya cruzou os braços na frente do peito e bateu o pé no chão, seu salto agulha fazendo um barulho contínuo no piso de madeira enquanto seus olhos faíscavam de raiva na direção de suas novas alunas.

– Tsc, vocês parecem bem entretidas com seus assuntos avulsos. – desdenhou a mulher, arqueando uma das sobrancelhas ruivas. – Gostariam de compartilhar com a classe.

– Estávamos falando sobre o que aconteceu com nosso colega Kenzie... – Zara sussurrou, seus ombros escolhidos, fazendo sua ave albina esconder-se na dobra de seu pescoço.

– Ah, não me diga. Isso seria bem interessante, de fato, se fizesse parte do que estou lhes ensinando. – a professora balançou a cabeça em negação, suas unhas compridas tamborilando em seu braço. – Quem sabe vocês poderão conversar mais sobre isso na detenção.

– Como é que é?! – Shaiya esbravejou, incrédula, fazendo Willa olhá-la com as narinas dilatadas de ódio.

– É melhor que você tenha uma boa razão para levantar a voz para mim, senhorita Liat.

– Ah, eu tenho sim. – a loira grunhiu, contrariada. – É muito injusto você dar detenção pra elas logo no primeiro dia de aula, só porque estão preocupadas com o colega-...

– Já basta, senhorita. Detenção para você também. – ditou a professora, dando as costas para encerrar a discussão de uma vez por todas. – Agora, onde eu estava?

Shaiya ainda bufava enquanto se dirigia até os banheiros com Zara e Celeste, todas as três garotas carregando baldes cheios de água e produtos de limpeza nas mãos. Quando chegaram, acabaram por encontrar Neptun já limpando uma parte do chão, sua escova ensaboada escapando de suas mãos várias vezes, fazendo-o rosnar com raiva.

– O que você tá fazendo aqui, Neptun? – Zara indagou, curiosa, logo se agachando ao lado do garoto para lhe mostrar como segurar a escova corretamente.

– Eu mordi um colega. – resmungou Neptun, visivelmente tristinho, encolhendo os ombros quando Shaiya deu risada. – Não podi morder aqui.

– Bom, claro que não, isso é meio estranho. – Celeste entortou levemente a cabeça, curiosa. – Mas porque você mordeu seu colega?

– Ele tava rindo di mim, porque eu falo errado às vezes.

– Ora, que estupidez! Ele mereceu a mordida então. – Zara disse, fazendo Neptun sorrir para ela antes de voltar a escovar o chão.

– Caramba, eu estou com tanta raiva, não acredito que aquela... aquela gárgula vai nos fazer limpar o banheiro durante todo o intervalo! – Shaiya xingou, sentando-se em cima de uma das pias e respirando fundo para tentar se acalmar.

Gágula? O que é uma Gágula? – Neptun perguntou, curioso, olhando para a Liat com os olhos grandes como os de um cervo.

– Gágula não, Gárgula. É, bem, eu acho que é uma criatura bem feia e fedorenta. Serve como um xingamento, entende? – Shaiya explicou, dando de ombros.

Tendi... O que é xingamento? – perguntou outra vez, fazendo Shaiya soltar uma exclamação de surpresa.

– Você nunca xingou antes?

– Não, acho que não.

– Pelos deuses, garoto, xingar alivia a alma! Vem aqui, eu vou te ensinar.

E então, uma estranha aula começou a ser dada para Neptun. Shaiya falava inúmeras palavras estranhas e ofensivas, algumas faziam Zara e Celeste darem risada, e até as duas começaram a ensinar alguns xingamentos que sabiam para Neptun. Quando menos perceberam, eles estavam pulando do chão para as pias e gritando palavras de baixo calão para extravasar, até que Shaiya chutou um dos baldes para espalhar água no piso do banheiro inteiro, pulando nas poças e fazendo o líquido transparente respingar nos outros três ali presentes. Uma guerra envolvendo sabão começou, produtos de limpeza espalhados até pelas paredes e teto do lugar, risadas enchendo o ambiente antes tão quieto.

– Céus, que bagunça. – Zara gargalhou, sua cabeça apoiada no colo de Shaiya enquanto a mesma fazia tranças em seu cabelo liso.

– Eu acho que engoli um pouco de sabão. – Celeste soluçou, fazendo uma bolha sair de sua boca e flutuar bem à sua frente.

– Ei, eu tive uma ideia! – Shaiya gritou, empolgada, um sorriso sapeca tomando conta de sua face. – E se nós pregássemos uma peça na professora Zyanya? Uma envolvendo bastante água e sabão.

– Eu não acho que isso seja uma boa ideia... – Zara disse, um tom preocupado tomando conta de sua voz.

– Eu acho que seria bem interessante, mas nós não podemos ser pegos. – Celeste decretou, balançando os pés ao sentar-se no mármore branco de uma das pias.

Os quatro alunos se encararam, Shaiya e Celeste já tendo tomado uma decisão enquanto Zara permanecia incerta. Porém, quando Neptun se levantou e olhou as três meninas com um brilho no olhar, não sobrou dúvidas do que estava prestes a acontecer. Eles se meteriam em uma encrenca gigantesca. 


Notas Finais


E aí, anjinhos? O que acharam? Eu estou interpretando bem os seus personagens?Deixem suas opiniões aqui nos comentários!

Até mais ♡


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