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História Ragnarök - Interativa - 0.4.Uma péssima ideia


Escrita por: Eleodan

Notas do Autor


Heyooo! Olha só quem chegou com mais um capítulo quentinho recém saído do forno. Pois é, senhoras e senhores, eu estou realmente surpreso comigo mesmo por conseguir postar todo final de semana, eu nem sabia que era capaz disso! Estou até um pouquinho orgulhoso, que alegria. Aliás, eu gostaria se agradecer pelos comentários de vocês, realmente me motiva demais a continuar, obrigado mesmo~

Agora, sem mais enrolação, tenham uma boa leitura <3

Capítulo 6 - 0.4.Uma péssima ideia


 Kenzie suspirou pesado e finalmente agachou-se no chão com os braços em volta dos próprios joelhos após ter ficado incontáveis horas em pé, seus olhos quase fechados observando os últimos raios de sol do dia beijarem a grama em volta de si. A coloração antes roxa e laranja do céu se derreteu em um turquesa cinzento sob a luz prateada do luar. Grilos começaram sua cantoria noturna ao mesmo tempo em que as corujas finalmente acordavam para começarem a sua caçada aos pequenos roedores que se escondiam na sombra da grande construção da Academia; e, naquele momento, o garoto loiro sentia-se exatamente como uma daquelas criaturinhas de pelagem fofinha e dentes avantajados. Fraco, frágil e assustado, fugindo de tudo aquilo que era considerado novo e potencialmente perigoso, mesmo que, na realidade, não fosse bem assim. Ele só tinha medo demais para descobrir.

A conversa que teve com a diretora Callisto ficava se repetindo em sua mente sem parar, martelando seus neurônios e extinguindo o pouco de sanidade que ainda lhe restava. Mesmo após a mulher tê-lo liberado para participar do restante das aulas, Kenzie percebeu que jamais conseguiria prestar a devida atenção em qualquer outra coisa no exato momento em que suas pernas bambearam e ele caiu escada abaixo dentro do Poleiro, rolando alguns bons degraus antes de perder todo o ar dos pulmões quando suas costas se chocaram contra um dos pilares de pedra. Ele se sentiu patético quando passou correndo entre os corvos da Ordem e saiu porta afora, não sabendo ao certo para onde ir e acabando por vagar nos arredores dos ninhos onde seus veteranos dormiam, em muito se parecendo com um mendigo maltrapilho que tinha exagerado na bebida. Ele não voltou para a Academia depois disso, e agora estava escorado em um pedregulho coberto de musgo enquanto observava o sol desaparecer atrás das montanhas cobertas de neve ao longe.

– Ahn... Kenzie?

O tordo gritou alto, batendo em cheio com a nuca na pedra atrás de si no desespero de se levantar para correr, sentindo a tontura lhe abater aos poucos. Barchiel deu uma risadinha baixa, ajoelhando-se ao lado do mais novo e fazendo uma massagem no local machucado para amenizar a dor e fazê-lo relaxar. Kenzie olhou-o com os lábios franzidos tremelicando, como se quisesse muito chorar, mas não o fez por vergonha; não queria parecer um fracote na frente daquele corvo tão gentil. Eles ficaram em silêncio por alguns bons minutos até que Barchiel finalmente se sentasse ao lado dele, ainda massageando sua nuca com movimentos lentos e fortes.

– Porque você tá aqui fora? Deveria estar tendo aula. – perguntou com a voz baixa, tentando ao máximo não afastar o loirinho para longe de si.

– E-Eu... – gaguejou o mais novo, não conseguindo mais segurar as lágrimas quentes que escorreram por suas bochechas até chegarem ao queixo, pingando lentamente em sua calça. – Eu não quero voltar lá, q-quero ir pra casa.

– Ora, mas é só o primeiro dia! Aqui é divertido, tanta coisa legal pra aprender, criaturas estranhas pra ver, sem falar na magia em si. – Barchiel tentou barganhar, citando cada coisinha interessante sobre a Academia, mas aquilo só pareceu fazer com que Kenzie se encolhesse mais.

– Você não entende... eu nem sou um mági direito, não deveria estar aqui. – o garoto loiro sussurrou baixinho, um soluço engasgado saindo do fundo de sua garganta.

– Como assim? – Barchiel entortou levemente a cabeça, tentando olhar fundo nos olhos do outro, mas ele sempre desviava.

Kenzie ficou quieto. Não era para ele ter dito aquilo, Callisto pediu para que fosse um segredo pois nem ela mesma entendia o que estava acontecendo. Horas antes, quando estava na sala privativa do Poleiro, a diretora ouviu atentamente seu relato do que havia acontecido dentro da forja onde as varinhas dos novos alunos eram feitas. Então, depois de exatos 5 minutos em completo silêncio, ela perguntou qual era sua descendência divina; imagine o constrangimento de Kenzie quando ele não soube o que responder. Tudo o que poderia dizer é que seus pais nunca lhe disseram e se recusavam a tocar no assunto desde sempre, ficando deveras furiosos sempre que o garotinho questionasse sobre. Rugas de expressão marcaram o rosto de Callisto ao ouvir esse curto relato, e então ela se levantou de sua cadeira acolchoada e andou na direção do tordo cautelosamente, fazendo-o engolir em seco com o nervosismo.

Então, em completo silêncio, Callisto tocou o centro da testa de Kenzie com o dedo indicador e forçou sua magia nele, tentando ativar a marca divina que indicaria sua descendência. Porém, nada aconteceu. Nenhuma marca apareceu. Ele não tinha descendência alguma. A diretora retirou seu dedo da pele clara do menino e o encarou por alguns segundos, perplexa, balançando a cabeça logo em seguida e sorrindo para ele no intuito de confortá-lo. Disse que mandaria uma carta aos seus pais e que não deveria se preocupar com nada, pois estava tudo bem e eles iriam descobrir o que estava acontecendo. Não era nada sério, dissera ela. Mas Kenzie pôde ver a expressão preocupada de Callisto por cima do ombro antes de sair de sua sala. Fazia sentido ele não ser um mági, nunca teve jeito com magia desde que era pequeno, mas mesmo assim... porque ele foi convocado? Como A Marca apareceu em sua mão? E porque seus pais nunca lhe disseram nada sobre isso? Tinha alguma coisa muito, muito errada acontecendo ali.

– Kenzie? – Barchiel o chamou, balançando seu ombro para tirá-lo de seus pensamentos.

– Ah, d-desculpe... Não foi nada, deixa pra lá. – e então ele sorriu. Um sorriso claramente forçado.

– Aham, sei. – Barchiel apertou os olhos em sua direção, sorriu e se levantou num salto, agarrando seu braço e arrastando-o consigo para a ponte de pedra que os levaria de volta para dentro da Academia. – Vem comigo, eu sei exatamente o que vai fazer você se sentir melhor!

Apesar do nervosismo, Kenzie não protestou. Deixou-se ser arrastado até uma das torres mais altas de Anhrefn, mas começou a se arrepender assim que chegaram no topo de observação, onde havia uma escada diretamente para o telhado. Barchiel deu risada e o pegou pela cintura, levantando-o para que ele não tivesse outra opção senão se agarrar à escada de madeira e subir. O corvo mais velho foi logo atrás, e agora ambos se encontravam sentados nas telhas antigas e um tanto quebradiças que provavelmente estavam ali desde muito antes dos dois nascerem. E então, todo o medo de Kenzie se esvaiu quando ele pôde perceber as estrelas brilhando logo acima de sua cabeça, uma imensidão aveludada que lhe trouxe um sentimento gostoso de paz e liberdade. O vento gélido da noite bagunçou seus fios dourados, e o ar ali em cima parecia muito mais limpo, mais selvagem, enchendo seus pulmões ao ponto de doer pela baixa temperatura.

– Legal, né? – Barchiel perguntou, seus pés balançando alegremente para lá e para cá.

– Demais... – suspirou Kenzie, sua cabeça pendendo para se encaixar no ombro quentinho do garoto mais velho. – Eu realmente precisava disso. Obrigado, Barchiel.

– Não foi nada. – o de cabelos encaracolados sorriu levemente, fazendo cafuné nos cabelos do mais baixo. – E pode me chamar de Barchie.

– Okay, Barchie.

Ficaram assim até a hora do jantar, sem nem ao menos perceberem. Só saíram do telhado quando seus estômagos começaram a reclamar de fome, fazendo ambos darem gargalhadas pelo descuido. Kenzie teve certa dificuldade em descer a escada, fazendo-os chegarem no Salão das Aves um tanto tarde, faltando apenas meia hora para o toque de recolher. Barchiel despediu-se do loirinho com um soco amigável em seu ombro, logo separando-se dele, deixando Kenzie correr para perto de seus colegas de quarto com uma expressão confusa ao perceber suas vestes ensopadas de água e sabão. Shaiya, Zara, Celeste e Neptun não diziam nenhuma palavra sequer, todos de expressão baixa ou irritada, e Kenzie sabia que não devia perguntar nada só pelo olhar que recebeu da Liat. Enquanto isso, Barchiel correu para o lado de Loryllae, que encarava-o com os olhinhos espremidos de desconfiança.

– Onde você estava? – a ruiva cruzou os braços, deixando sua deliciosa janta de lado apenas para intimar Barchiel um pouquinho.

– Fui procurar o Kenzie, ora. – deu de ombros, sentando-se despreocupadamente na cadeira da mesa circular, observando os pratos cheirosos flutuando para perto de si.

– Isso eu sei, seu cabeçudo. Quero saber porque demorou tanto! – Loryllae constatou o óbvio, começando a irritar-se com o amigo bobão.

– Ah, isso. Bom, eu levei o Kenzie pro telhado, nada demais. – disse como se não fosse nada demais, encolhendo os ombros ao perceber a expressão no rosto da ruiva. – Não me olhe assim! O pobre coitado precisava relaxar um pouco.

– Tá, é verdade que ele deveria estar com os nervos quase explodindo. O que aconteceu foi bem estranho, mas já passou, de qualquer jeito. – Loryllae encerrou o assunto, voltando a se deliciar com seu estrogonofe.

– Hmmm... – Barchiel resmungou, mastigando um pedaço de pizza de muçarela, suas sobrancelhas quase se tocando quando franziu a testa.

– Ah, não. Nem vem. Eu conheço essa cara.

– Hmmmmmm....

– Barchiel Seaton Lakquill, pare agora mesmo-...

– Já sei! – o garoto de cabelos cacheados ditou, um dos dedos indicadores esticado para cima como se tivesse acabado de descobrir uma nova espécie de criatura jamais vista antes. – Vamos pesquisar sobre isso na biblioteca. Deve ter algum registro de um evento parecido por lá.

– Pelos deuses, Barchie, só deixa isso pra lá. Além disso, já está quase na hora do toque de recolher! Não vai dar tempo de ler nada. – Loryllae argumentou, gemendo de frustração ao perceber que seu amigo já se levantava da cadeira com uma nuvem de eletricidade em volta de si. Não dava para pará-lo agora.

– Claro que vai dar tempo, pois nós teremos ajuda! – Barchiel revirou os olhos, um sorriso de quem iria aprontar esticando seus lábios. – Fique aqui, eu já volto. E nem pense em fugir, viu?

Ele não deu tempo para a garota ruiva responder. Foi logo para o centro do salão e deu algumas voltinhas, os olhos atentos como os de um falcão, dando pulinhos quando finalmente encontrou aqueles que estava procurando. Rowan e Axon mantinham uma conversa aparentemente amigável enquanto esperavam Aurora e Phoenix terminarem seus respectivos pratos de comida, todos os quatro olhando para Barchiel quando ele se aproximou da mesa onde estavam sentados.

– Olá, Barchiel! – Aurora saudou, simpática, recebendo um sorriso de orelha à orelha como resposta.

– Oi, Aurinha! Oi, pessoal. – disse com um tom de voz deveras animado, nem ao menos se sentando junto deles, fazendo Axon o olhar com desconfiança.

– Precisa de alguma coisa? – perguntou o filho das diretoras, recebendo um tapinha fraco de Rowan.

– Não seja assim, Axon. Que rude.

– Ora, mas olhe só a cara dele! Está tramando alguma coisa, eu sei disso. – tentou se justificar, fazendo Aurora dar uma risadinha baixa.

– É verdade, eu também percebi isso. – disse a Bellerose, fazendo com que Phoenix olhasse para Barchiel com mais atenção.

– Tenho que concordar, me parece que ele está mesmo pensando em fazer besteira. – pontuou o de cabelos pretos, solene.

– Viu só? – Axon empinou o nariz para Rowan, um ar de superioridade à sua volta, apenas para receber um belo beliscão no braço em seguida. – Ai!

– Okay, okay, vocês me pegaram. Agora, escutem só. – Barchiel se debruçou sobre a mesa de madeira, abaixando o volume de sua voz como se estivesse prestes a contar um segredo. – Aconteceu uma coisa muito estranha com um dos novatos hoje na forja, e eu quero descobrir o que foi. Por favor, venham comigo e com a Loryllae pesquisar sobre na biblioteca, eu explico tudo no caminho.

Aurora e Rowan se levantaram imediatamente, enquanto Phoenix e Axon pareciam relutar. Barchiel fez sua melhor carinha de cachorro abandonado, forçando algumas poucas lágrimas para fazer seus olhos parecerem marejados, e isso pareceu convencer Phoenix muito bem. O garoto suspirou e deu de ombros, dando uma última garfada em seu purê de batata antes de se levantar e ir para o lado das garotas. Axon fez cara de espanto, incrédulo com seu grupinho de amigos e se recusando a participar daquela loucura.

– Vocês não podem esperar que eu quebre uma regra tão explícita da escola, né? Não podemos ficar fora dos ninhos depois do toque de recolher! – Axon balançou as mãos, exasperado.

– Ainda falta uns 10 minutos antes dos corvos de aviso começarem a grasnar, e a biblioteca não é tão longe daqui. Se corrermos, nós podemos descobrir alguma informação importante. – Barchiel ditou, firme, fazendo Axon suspirar.

– Vamos, bobinho, você precisa se arriscar um pouco mais. – Rowan deu risada, com Phoenix e Aurora concordando silenciosamente com ela logo atrás.

– Além disso, você é o único aluno do Segundo Ano que tem a senha da ala proibida. – Barchiel tossiu, como quem não quer nada.

– Escutem aqui, se nós nos metermos em confusão por causa disso, eu nunca mais vou falar com vocês. – Axon finalmente se rendeu, levantando-se da cadeira onde estava sentado e soltando um gritinho agudo quando Aurora entrelaçou seus dedos nos dele para puxá-lo numa correria desenfreada.

Ninguém realmente prestou atenção no grupo estranhamente apressado, apenas receberam alguns olhares de reprovação quando Loryllae se juntou à eles com tanta pressa que acabou por esbarrar em um dos inúmeros pratos que continuavam a flutuar preguiçosamente no ar. Enquanto corriam, Barchiel tentou explicar resumidamente o estranho evento que tinha acontecido com Kenzie, fazendo a curiosidade crescer cada vez mais dentro daqueles que o seguiam. Após algumas curvas acirradas depois, eles finalmente chegaram na escadaria que levava diretamente até a biblioteca, que agora se encontrava completamente vazia. Eles abriram as portas de ébano com o máximo de delicadeza possível e logo começaram sua busca por respostas, Axon indo direto para a ala proibida. Apenas as diretoras, os professores e a Ordem do Corvo Rubro tinham acesso àqueles livros; porém, Axon tinha ganhado o privilégio de lê-los por ser um aluno exemplar e nunca ter quebrado nenhuma regra até então.

Ele tecnicamente não estava fazendo isso agora, pois o toque de recolher não tinha sido efetuado ainda, mas um peso desconfortável esmagava sua consciência a cada mísero segundo que se passava. A ansiedade fazia suas mãos suarem, e suas pernas não paravam de tremer enquanto ele folheava página atrás de página. Porém, ao ver que não encontrava absolutamente nada sobre alguém fazendo objetos levitarem sem nem tentar, Axon passou a ficar cada vez mais curioso sobre o quê de fato havia acontecido. Porém, seu tempo havia acabado. Os corvos de aviso começarem a grasnar ao longe, e todas as luzes da Academia se apagaram imediatamente, como se um gigante tivesse assoprado todas as velas dos candelabros. No escuro, Axon sentiu sua garganta se fechar em desespero ao ver a porta de ferro da ala proibida se fechar em uma programação automática, o clique metálico fazendo seus amigos virarem a cabeça em sua direção com expressões desesperadas em seus rostos.

Axon estava preso. 


Notas Finais


Opa, opa, as coisas estão começando a complicar. O que será que vai acontecer? Teorias, teorias.

Até o próximo capítulo, meus amores ♡


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