A garota que estava paralisada no lugar, sentia o seu estômago revirar como se estivesse dentro de um carrossel. Essa era a chance dela ser o que sempre quis, da maneira que ela é.
ChunYon estava nervosa, não tinha ninguém para acompanhá-la naquele momento, todos estavam ocupados em seu trabalho. Ela não sabia se agradecia ou não pelo fato, ter a presença de alguém ali poderia deixá-la mais nervosa.
Ela quase não conseguia ficar de pé, sua garganta estava seca e o seu coração estava batendo forte dentro do peito.
Mesmo sabendo que tinha passado todo seu tempo ensaiando para aquela audição, não se sentia confiante, suas vestes e o comprimento do seu cabelo, ajudavam mais ainda a insegurança da garota. Mesmo que a sua vontade fosse correr dali, não poderia fazê-la, tinha que chegar até o fim.
— Você que tem o número 5? - Stephanie perguntou, vendo a menina ainda parada lhe olhando.
— Sim… Sou eu - falou tímida.
— Siga-me, por favor - falou lançando um sorriso simpático para An.
A menina andou em direção a famosa e tão temida sala de vidro, ela sentia o olhares de alguns dos participantes em suas costas. Todos estavam com medo de entrar ali.
Ao entrar na sala, ela fez uma reverência em forma de educação para as avaliadoras e esperou que alguma das duas falasse algo.
— An ChinWa, certo? O que você irá apresentar para nós, meu querido? - TaeYeon perguntou com um grande sorriso no rosto.
Quando aquele nome foi pronunciado, a garota sentiu seu coração falhar uma batida. Mesmo que TaeYeon não tivesse feito de propósito, ela se sentiu triste e incomodada com o nome e o gênero do pronome usado para dirigir a si. Os seus pequenos olhinhos se encheram de lágrima, fazendo ChunYon segurar as danadas gotículas de água que queria sair.
— Eu falei alguma coisa de errado? - TaeYeon perguntou preocupada, ao reparar a reação da menina.
— Me chamem de ChunYon, por favor - a garota falou encarando os seus próprios pés.
TaeYeon demorou um pouco para entender o que a garota havia acabado de falar, e quando entendeu sentiu vontade de se dar um facepalm, ela deveria perguntar as coisas para os participantes da audição antes de falar qualquer coisa para os jovens.
— Mil desculpas, ChunYon - a mais velha tentou se redimir.
— Tudo bem, senhora - falou esbanjando um sorriso tímido.
— O que você irá apresentar para nós, minha querida? - TaeYeon Perguntou, voltando com seu sorriso simpático que estava sempre estampado em sua face.
ChunYon sentiu o seu coração se aquecer, TaeYeon a chamou por pronomes femininos, e ela não podia estar mais feliz por isso. Ela não sabia o motivo, mas esperava que pelo menos uma das mulheres que estavam ali naquela sala, a olhassem como se estivessem a julgando, mas nada disso aconteceu. Ela se sentiu inclusa e aceita ali.
— A canção chandelier, da cantora Sia - falou com um sorriso no rosto.
Kim se surpreendeu pela escolha da participante, ela tinha sido bastante ousada, os high notes da música eram bastante altos e potentes.
— Okay, boa sorte na sua apresentação - HyoYeon se pronunciou pela primeira vez na sala.
— Stephanie, a música - a CEO deu a ordem, e a secretária acenou brevemente com a cabeça.
— 1…2..3 - Stephanie contou, e colocou a música para tocar.
Party girls don’t get hurt
Can’t feel anything, when will I learn?
I push it down, push it down.
ChunYon começou sua apresentação meio tímida, se sentia um pouco de insegurança, assim como todos que passaram por aquela situação.
One, two, three, one, two, three, drink (3x)
Throw ‘em back till I lose count.
No pré-refrão da música, ChunYon já sentia toda aquela energia da canção em suas veias. Ela tinha que fazer um esforço a mais, além da dança, também tinha as notas altas que estavam bastante presentes na música que ela estava apresentando.
I’m gonna swing from the chandelier
From the chandelier
I’m gonna live like tomorrow doesn’t exist
Like it doesn’t exist
I’m gonna fly like a bird through the night
Feel my tears as they dry
I’m gonna swing from the chandelier
From the chandelier
Quando chegou no refrão, a garota pôs todo o seu fôlego naquele verso, se esforçando para agradar os ouvidos das duas mulheres que estavam lhe avaliando. Seus high notes foram perfeitos ao ouvido de TaeYeon.
But I’m holding on for dear life
Won’t look down, won’t open my eyes
Keep my glass full until morning light
‘Cause I’m just holding on for tonight
Help me, I’m holding on for dear life
Won’t look down, won't open my eyes
Keep my glass full until morning light
‘Cause I’m just holding on for tonight
On for tonight
On for tonight
Ela errou algumas notas do verso, mas nada que comprometesse sua apresentação, já que seus movimentos delicados e precisos, traziam um ar de elegância para a coreografia.
‘Cause I’m just holding on for tonight
‘Cause I’m just holding on for tonight
Oh, I’m just holding on for tonight
On for tonight
A garota terminou sua apresentação da mesma maneira que começou, com uma elegância em seus passos e a uma voz equilibrada, TaeYeon sentiu seu coração se encher de orgulho, ela já sabia de pelo menos uns 5 escolhidos, e com certeza ChunYon estava naquela lista. O seu talento para dança e para o canto, era reconhecido a quilômetros. Sabia que seu futuro grupo seria reconhecido pelo talento que teriam, e não por suas orientações sexuais e identidade de gênero.
— Parabéns, ChunYon - TaeYeon falou simpática - iremos entrar em contato com você - abriu um grande sorriso.
A garota se curvou, em forma de respeito e saiu da tão temida sala de vidro, se castigou mentalmente por não ter falado sequer um "obrigada" na hora da saída, mas estava tão nervosa, que acabou por esquecer a educação que seu avô lhe deu.
Seu coração estava batendo rápido, talvez a sua apresentação tivesse sido muito puxada, pois suas pernas estavam doloridas e sua garganta estava seca, chegava a arranhar. Decidiu ir beber uma água, antes de ir para sua casa.
Enquanto enchia o copo, ouviu a voz calma e doce de Stephanie chamar o próximo participante, ela não poderia segurar sua curiosidade e virou só um pouco o seu pescoço, para espiar quem iria ser o sortudo ou a sortuda da vez. Acabou por se deparar com um garoto, que estava com uma feição meio nervosa, meio assustada, ela não sabia descrever o que se passava na face daquela criatura, só sabia que seus olhinhos de jabuticaba estavam arregalados.
Tudo que ela pôde fazer, foi desejar um boa sorte para ele, pelo menos silenciosamente de dentro do seu coração.
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