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História Rainha de Espadas (STRAY KIDS - HYUNJIN) - A Boneca.


Escrita por: annesgalaxy

Capítulo 28 - A Boneca.


 

POV: AURORA.

Eu o observei vindo até mim lentamente. Suas asas enormes e cinzas como um anjo. Os cabelos loiros ondulados e os olhos pequenos e gentis. Sua boca pequena e delicada em forma de coração. Ele usava roupas brancas.

Eu não conseguia desviar dos olhos dele. Aquele enorme campo ensolarado não era tão bonito quanto ele. De repente, sorri. Então, comecei a correr para longe do anjo, mas o garoto me pegou no caminho, me fazendo gargalhar e cair no chão.

Rolei pela grama e ele caiu em cima de mim. Sem conseguir conter o riso frouxo, observei aqueles olhos lindos tão perto dos meus agora. Ele sorriu, passando os dedos de leve pelo meu rosto.

— É para você. — Ele disse, de repente, me entregando uma borboleta branca que magicamente apareceu em sua mão. Ela batia as asas devagar sem conseguir voar.

Parada ali, eu observei a borboleta. Depois percebi que o sorriso dele era precioso. Queria beijá-lo. Ele sabia o que eu queria e veio em minha direção.

— Aurora, hora do café! — Eu caí no chão e acordei com o baque. Olhei em volta, assustada, em meu quarto.

— Acordei! Acordei! — Eu gritei, ainda aturdida, quando o homem ruivo parou na porta, me observando.

— Sonhando? — Ele perguntou, achando graça. Eu grunhi e me levantei pesadamente.

— O mesmo sonho, pai. — Eu admiti, frustrada.

— Quem sabe ele não é sua alma gêmea? — Meu pai me provocou.

— Não... Não existe esse tipo de coisa. — Eu respondi, arrumando a cama. Eu sentia que estava corando e precisava esconder o rosto, mas meu pai apenas riu:

— Não se atrase. Temos que partir logo.

— Está bem.

Aquele sonho estava cada vez mais persistente. O garoto de asas cinzas. Nunca contei aos meus pais que o garoto com quem eu sonhava devia ser de algum Clã, porque não queria causar alarde. Quer dizer, eu devia ignorar a realidade? Eu era humana. Não importava que eu tivesse pais de Clãs, eu continuava sendo uma humana.

Meus pais. Dois pais. Eu tive muita sorte de ter sido encontrada por eles na floresta quando eu tinha três anos. Eu vagava por dias, completamente perdida, após meus pais biológicos terem sido devorados por Sekhmets. Então, eu os conheci. Meus pais de coração.

Felix Shezmu é o irmão do Rei de Copas e Changbin, seu marido, mas mesmo com seus títulos chiques, eles decidiram que era uma boa ideia trazer uma menina problemática e humana de três anos para dentro de sua casa.

Eles me criaram com muito amor desde então. Afastados do Castelo, eu nunca tive contato com a realeza e nem sequer conheci o famoso Rei de Copas. Mas, eu realmente não precisava de mais nada. Eu tinha todo amor ali.

— Eu realmente preciso ir? — Eu perguntei, mais tarde, ao me encarar no espelho. Meu pai havia me forçado a usar um uniforme Shezmu para "me misturar". Por mais que eu o achasse bonito e confortável, eu não me sentia bem ao usar aquele brasão.

Eu nunca precisei pertencer a um Clã tecnicamente. Viver com meus pais afastado de tudo me garantia essa liberdade de usar o que eu quiser para brincar no campo. Era fácil crescer uma humana da maneira que cresci. Eu simplesmente ignorava as Noites de Caça que aconteciam na Vila Humana. Eu era privilegiada. Mas, sentia que aos poucos, aquele sonho todo chegaria ao fim.

— Ela não precisa ir. — Meu pai, Changbin, se lamentou, me olhando da porta. Meu quarto era grande e confortável, mas humilde. Era uma mistura entre ser da realeza, mas ao mesmo tempo parecer um lar de verdade.

— Binnie, você já não deixou ela ir para a escola. Tivemos que dar aulas em casa. Ela nunca se afastou daqui para nada, nem para ir ao mercado comigo. — Meu pai, Felix, discursou, com um sorriso, e depois parou atrás de mim no espelho. — Já é hora de ela fazer parte da vida lá fora. Há tanto que ela precisa conhecer.

—As intrigas, você quer dizer? E guerras? E disputas?

— E um amor. — Meu pai ruivo sussurrou, animado, e eu revirei os olhos, enquanto o outro de cabelos negros grunhiu:

— Nenhum amor. Não pode namorar. É muito nova.

— Binnie, ela tem dezoito anos.

— Papa Binnie tem razão. — Eu decidi, virando para trás. — Não preciso ir. Não estou pronta e...

— Querida, já está na hora. — Meu pai insistiu. — Além do mais, você precisa conhecer minha família. É sua família também!

— Eles vão me aceitar? Não sou só lobo e...

— Você é linda! — Papa Felix sorriu e segurou em meu rosto. — É perfeita. Vão te amar de primeira. E se não te amarem, irei de proteger como sempre fiz.

— Você é o Shezmu que roubou o trono do Rei de Copas. Então, é perigoso o suficiente. — Eu decidi, mais otimista.

— Melhor não lembrar disso por lá. — Papai Binnie me lembrou, segurando a risada.

— É, vamos deixar essa história de lado. — Papa Felix riu e me ajudou a fechar as malas. — Você vai adorar o Clã.

POV: AMELIE.

— Acorde. — Eu pedi, abrindo as cortinas. Chan grunhiu e virou na cama, colocando o travesseiro em cima da cabeça.

— Você nunca acreditará no que aconteceu. — Felix entrou atrás de mim, tentando puxar as cobertas de nosso irmão.

— O quê? — Chan falou com dificuldade, ainda tentando dormir em meio às cobertas.

— Amelie ganhou uma segunda proposta de casamento. — Felix declarou, animado, se sentando na cama e Chan se sentou em um pulo, me olhando, confuso.

— Como assim?

— Os Apófis. — Eu dei de ombros, parando na frente da cama. — Papai não aceitou. Disse que eu devo escolher com quem vou me casar e bom, eu escolho Woojin.

— Eles foram embora tão rápido quanto chegaram. — Felix riu, se divertindo com a situação. Eu revirei os olhos e observei meu irmão mais novo. Os cabelos loiros e as sardas marcantes. Ele era o mais inocente de nós e sua aparência dizia exatamente isso.

— Oh, ok, então está tudo normal como sempre foi. — Chan revirou os olhos e voltou a cair na cama para dormir. — Vocês me acordaram para nada.

— Está de mau humor. Deve ter sonhado com a garota misteriosa de novo. — Eu analisei, cruzando os braços e Felix sorriu, encarando o irmão.

— Imagine se ela for o amor da sua vida e você nunca saberá, porque ela só fica no seu sonho e você não a conhece pessoalmente?

— Isso é ridículo. — Chan concluiu, encarando o irmão de volta. — O amor da minha vida é a Lux. Vou me casar muito em breve.

— Para que a pressa? — Eu perguntei, agoniada.

— Queremos ficar juntos. — Chan declarou como se fosse óbvio. — Você não quer ficar com Woojin? Então, por que não marca a data do casamento?

— Ah... É diferente. — Eu disse, sem jeito.

— Não tem diferença nenhuma. Você não precisa esperar virar Rainha para casar. Na verdade, deveria casar antes disso e ser protegida pelos Ammits. — Felix instruiu, mas eu apenas o encarei, fazendo pouco caso:

— O que é que você sabe, Lix? Nunca se apaixonou na vida. Não tem nem sequer uma pretendente. Há muitas incertezas em um casamento e...

— Quando você ama alguém não há incertezas. — Felix me interrompeu, levantando o indicador. — Quando você ama de verdade, você não fica em dúvida se deveria estar com a pessoa ou não. É amor e pronto.

— Exato. — Chan concordou. — Eu tenho certeza que Lux é a garota para mim.

— Ela é gostosa. — Felix concordou, fazendo Chan rir e eu revirei os olhos.

— De novo, você não tem ninguém. — Eu provoquei Felix, achando graça. — Você só fica lendo seus livros pelos cantos. Que história era aquela mesmo que você estava lendo? Romeu e Julieta? Quem é que gosta de romances pré apocalípticos, Felix?

— Eu não leio essas coisas. — Felix se fez de desentendido, nos fazendo rir. — Não, não destrua minha reputação, por favor? — Ele pediu, jogando um travesseiro em mim.

— Eu acho que nenhum de vocês tem jeito na vida. — Chan declarou, abrindo suas enormes asas na cama, enquanto apoiava sua cabeça em sua mão, exibindo-se. — Vou me casar com Lux e reinar o Bastet.

— Por falar em não ter jeito na vida, onde está Changbin? — Eu perguntei, virando para a janela.

— Caçando. — Felix respondeu, distraído.

— Ele sai muito cedo. — Eu analisei, pensativa. — Vai se perder pela floresta, sozinho desse jeito.

— Ele é um Shezmu. Sabe se virar. — Felix deu de ombros, me olhando com os enormes olhos de gato. Apesar do uniforme negro dos Shezmu, ele era uma pantera de olhos de gato e aparência élfica. Ele era lindo e as garotas, pelo reino, viviam correndo atrás dele. Mas, Felix vivia pelos cantos lendo seus romances como se aquilo fosse lhe sustentar para o resto da vida.

— O que estão fazendo? — San abriu a porta e nos espiou, franzindo o cenho. Theo tentou espiar, logo atrás do irmão.

— Conversando. — Eu falei, confusa.

— Vamos caçar antes do almoço! — Theo gritou, empolgada.

— Shhhhhhhh! — San foi mais escandaloso ainda tentando calar a irmã. — Se eles verem a gente saindo, não vão deixar.

— É só uma escapadinha até a floresta. — Theo deu de ombros.

— Ok, vamos. — Eu decidi, empolgada, correndo para perto deles.

— Ok, boa noite. — Chan se despediu como se ainda fosse noite e voltou a deitar. Eu olhei para Felix como se esperasse uma reação:

— Ah, não, obrigado. — Ele disse, achando graça. — Vocês sabem que nunca acham nada nessas florestas do Clã Shezmu. Vou ficar. — Ele decidiu antes que eu saísse do quarto.

POV: AURORA.

O Castelo era enorme e intimidador. Um nó em minha garganta se formou assim que passamos pelos portões de ferro. Os jardins eram feitos de verde escuro e vermelho sangue, lindos e sombrios.

Ao subir as escadas, meu pai, Felix, levou minhas malas por mim. Andei escondida atrás dele, como se pudesse fugir a qualquer momento. Meu pai sabia exatamente como se locomover lá dentro e, para mim, ainda era difícil assimilar que ele conhecia tudo por ali:

— Foi aqui que eu cresci, Aurora. — Ele falou com carinho, mas eu achava um lugar terrível para se crescer. Enorme, um tanto frio e nada acolhedor. Já sentia falta de casa.

— Felix! — Eu vi o homem primeiro.

Era assustador. Aquele homem não me era estranho. Suas feições me lembravam algo no momento em que ele desceu do trono, no salão principal. A coroa de ferro em sua cabeça indicava que ele era o Rei de Copas.

Meu pai o abraçou empolgado e eu continuei parada atrás. Logo perto do Rei, uma mulher muito bonita se aproximou. Olhos verdes de gato. Eu sabia quem ela era: A Rainha Pietra.

— Quanto tempo. — A Rainha falou com delicadeza.

— Bom, estava na hora de trazer minha cria para conhecer um pouco da família, não é? — Meu pai falou, dando espaço para que eles me vissem. Eu me encolhi e rapidamente fiz uma reverência, mas o Rei de Copas riu, enquanto a Rainha me puxou para ficar ereta novamente:

— Não, não se curve. — Ela pediu, surpresa. — É nossa sobrinha, então?

— Aurora. — Meu pai apresentou com orgulho e eu dei um sorriso desajeitado.

Meus olhos estavam enormes. Eu queria correr de tão assustada, porque eles eram muito gentis. 

— Mamãe, eu não posso tomar isso. — Outro terceiro homem entrou no salão. 

Ele fazia manha como uma criança, mas tinha um corpo de homem. Abri os olhos ainda mais como se estivesse sonhando. Aquele homem eu conhecia. O homem das asas cinzas. O homem dos meus sonhos.

— Querido, você precisa tomar, pelo menos um pouquinho de sangue, vai te fazer bem. É para ficar forte. — A Rainha Pietra incentivou.

Meu coração saía pela boca enquanto o loiro encarava o cálice com uma careta, parado ao lado da Rainha. Ele era tão lindo quanto nos meus sonhos. Era perfeito. Em todos os traços. Usava um uniforme que apesar de ser de couro como um Shezmu, era branco com detalhes rosa pastel, como um Bastet.

— Chan, temos visitas. Lembra do seu tio Felix? — O Rei de Copas perguntou e o loiro levantou o olhar e sorriu para meu pai.

— Oi! É tão esquisito. Tenho um irmão que se chama Felix. — O loiro fez uma piada sem graça e meu pai o abraçou:

— Você está enorme!

— Ah. — Chan riu, tímido e bebeu um gole de seu sangue. Foi aí que seus olhos encontraram os meus. Houve algum tipo de reconhecimento, talvez? Provavelmente era coisa da minha cabeça, mas meu coração acelerou tanto que poderia levantar voo.

Chan, ao contrário, pareceu aturdido. Afogou-se com o sangue e começou a tossir, ficando muito vermelho.

— Querido! Está tudo bem? — A Rainha se desesperou, batendo nas costas do filho. — Ô, meu bebê, se afogou, foi?

— Mãe! — Chan tentava falar entre a tosse, ficando ainda mais vermelho e eu segurei a risada. Ele era mesmo filhinho da mamãe.

— Está envergonhando nosso filho, Pietra. — O Rei deu a dica e a Rainha grunhiu, impaciente, tirando o copo da mão de Chan.

— Não precisa tomar isso, querido. Deixe para lá.

— Ele precisa tomar, Pietra. — O Rei insistiu, impaciente.

— Ele não consegue, Christopher! Vai querer enfiar sangue goela abaixo no menino? — Ela retrucou, irritada.

— Felix toma sem reclamar. — O Rei insistiu.

— Oi. A senhorita é...? — Chan interrompeu a discussão, parando na minha frente e pegando em minha mão. Eu levei um susto no minuto em que ele se curvou e beijou minha mão na frente de todos.

— Ok, pare com as formalidades. — Meu pai fez Chan soltar minha mão e foi minha vez de corar fervorosamente. Pais? Sempre nos envergonhando. — Ela é sua prima, Chan. O nome dela é Aurora.

— Prima? Oh. — Chan deu uma leve afinada na voz que me deixou confusa. Eu segurei a risada, porque ele parecia desapontado.

— É. A garotinha que seus tios adotaram, lembra? Falamos sobre isso. — A Rainha lembrou o filho.

— Claro, claro. — Chan continuou com a voz esganiçada.

— Querido, machucou a garganta, foi? — A Rainha voltou a paparicar o filho. — Viu, Christopher? Fica dando essas porcarias para ele!

— Essas porcarias nos alimentam, mulher! — O Rei Christopher rebateu, impaciente, mas meu pai me olhou com um sorriso de quem acha graça. Era uma família normal e feliz, aparentemente, não parecia tão assustador assim.

— Estou bem! — Chan resmungou, envergonhado.

— Querida, logo você vai conhecer todos! — A Rainha declarou, animada, para mim. — Tenho três preciosidades. Chan é o do meio, mas tenho uma menina que é a mais velha e um menino mais novo que é o meu bebê.

— Eu achei que eu fosse seu bebê. — Chan provocou a mãe e a Rainha explodiu de felicidade, abraçando o filho enorme demais pelo pescoço.

— Você é! É tudo para mim!

— Ai, mãe, eu estava brincando! — Chan se arrependeu imediatamente.

— Bom, acho que Aurora vai ficar bem. — Meu pai decidiu. — Vocês irão partir quando?

— Amanhã cedo iremos para os Maat. — O Rei de Copas informou. — O noivado do filho de Hyunjin vai acontecer no final de semana. Você não vai?

— Estou tentando me manter longe da vida na Corte o máximo possível. — Meu pai fez careta. — Mas, achei que Aurora pode, pelo menos, conhecer tudo, não é? Decidir o que ela quer.

— Cuidaremos dela. — O Rei de Copas prometeu, mas eu estava com medo. E, nenhum Rei era capaz de me confortar naquele momento.

POV: DALILA

A vida na corte é difícil. Se eu soubesse, teria fugido para longe quando aquele senhor me abordou na floresta. Mas, eu realmente fui ingênua de acreditar que ele poderia ser meu salvador. O Rei Zaki parecia uma grande promessa. Sua pele morena brilhante e seus olhos bem desenhados. Lembro até hoje do momento em que ele me estendeu a mão, me ajudando a levantar para um futuro que eu nunca pedi.

Eu era chamada de Boneca na Corte dos Sekhmets. O motivo era simples: Eu era mesmo uma boneca para o Rei Zaki. Quando eu tinha apenas quatorze anos, ele me trouxe para o seu Castelo e me deu de presente para sua filha Ágata. A minha função era simples: Toda vez que Ágata o desobedecesse, ele bateria em mim para não precisar bater nela.

No início, Ágata se mostrou horrorizada e obedeceu todas as ordens de seu pai. Duraram poucos meses ou talvez um ano até que ela endurecesse e começasse a achar natural que eu apanhasse em seu lugar. Quando o Rei Zaki viu que me bater não seria mais uma forma de punir a Princesa Ágata, ele teve que achar um novo propósito para mim.

Aos quinze anos, após minha primeira menstruação vir, aquele homem entrou em meu quarto e tirou de mim algo que nunca mais foi devolvido. Em diversas noites, desde então, eu aprendi que deveria ficar calada e parada, porque acabaria mais rápido.

As "pessoas-castigo" são uma tradição comum entre os Sekhmets, isso faz com que eles finjam que tem algum senso de união, em que um não pode bater no outro. Mas, eles batem nas pessoas-castigo até elas não servirem mais ao seu propósito. Então, inventam um propósito novo. Homens e mulheres de grande luxúria, nós sabemos exatamente onde isso termina.

Eu era uma entre muitas naquele Reino que sofriam aquilo constantemente. Mas, supostamente, eu devia me orgulhar de ser a Boneca. Porque, eu era o brinquedo favorito do Rei desde os quinze anos. Havia algo de fascinante para ele no fato de que eu nunca pertenceria a mais ninguém. E como eu poderia pertencer? Minha alma devia ter se despedido de mim há muitos anos atrás. Mas, qual era o verdadeiro motivo de tanto fascínio? Era simples. Eu misturava duas coisas que o Rei desprezava: Eu era uma Shezmu e uma Maat. E este era o jeito dele de aliviar as frustrações.

Aquela manhã era como as outras. Não havia esperança, não havia vida dentro de mim. Quando o Rei Zaki desceu de sua carruagem no Clã Maat, ele foi seguido pelo Príncipe Bambam já que a Princesa Ágata já estava no Reino há muitos meses.

Eu saí por último da carruagem. Séria e muda como fui ensinada. O vestido dourado que eu vestia cobria muita coisa, porque eu pertencia ao Rei. Respirei o ar pesado daquele Clã de Anjos. Outros Clãs já estavam ali, esperando por uma festa.

Aqueles que ganham finais felizes não são necessariamente os que merecem finais felizes. Eu aprendi aquilo naquele dia.

POV: CHAN.

— Onde está Amelie? — Eu perguntei, parado na frente do Castelo Maat. Nossos pais estavam ali. Felix estava ao meu lado, assim como Changbin, mas Amelie não estava em lugar algum.

— Não a vi ainda. — Felix sussurrou de volta.

Nós observamos o Rei Hyunjin I e a Rainha Iolanda nas escadarias do Castelo, dando as boas vindas ao Rei Zaki do Clã Sekhmet e seu filho Bambam. O príncipe Hyunjin II apareceu logo atrás, no topo das escadas, com a Princesa Ágata, a qual ele deveria noivar no próximo final de semana.

— Querido, faça silêncio. É falta de respeito. — Lux me repreendeu, segurando em meu braço como uma boa noiva.

Olhei em volta, procurando por minha irmã, mas em vez disso encontrei a garota de pele cor de chocolate que estava parada ao lado de meu pai, como se pudesse se esconder no lugar mais chamativo da festa. Ela usava uma roupa Shezmu, mas era uma humana. Os olhos daquela garota me lembravam algo. Eu não sabia exatamente o quê.

Aurora não retribuiu o olhar, infelizmente. Ela nunca retribuía meus olhares desde a noite anterior. Ela parecia não gostar de mim, então tentei não me aproximar, por mais que minha curiosidade tivesse aumentado. Eu sonhava com aquela garota todo dia e eu não achava que ela fosse real. No entanto, ali estava ela, como um presente dos Deuses.

— Quem é aquela? — Felix sussurrou me despertando de meus pensamentos. Eu virei para frente e encarei a garota que saía atrás do Rei Sekhmet. Uma garota de cabelos cinzas e olhos enigmáticos. Carregava profunda tristeza em um rosto delicado.

— Não olhem diretamente para ela. — Lux deu a dica. — É a Boneca do Rei Zaki.

— O que isso quer dizer? — Eu perguntei, confuso.

— Ela é literalmente a boneca do Rei. — Lux explicou em um sussurro. Eu olhei para Felix que engoliu em seco com a informação e virou para encarar a garota.

— Ela é uma Shezmu. — Felix sussurrou sem conseguir tirar os olhos da garota. — Eles tem uma Shezmu como brinquedo.

Eu olhei para trás para finalmente encontrar Amelie. Ela parou ao lado de nosso pai como a futura Rainha que seria. Mas, naquele momento, ela observava a Boneca do Rei Zaki com o mesmo horror que nós.

— Ela é uma Shezmu? — Theo empurrou as pessoas até parar atrás de nós e sussurrar.

— Pelo visto é. — Eu falei, em dúvida.

— Silêncio, por favor? — Lux pediu, frustrada. — É falta de respeito.

— Ela é... Perfeita. — San sussurrou e eu virei para trás, para encará-lo, achando graça. San pigarreou e se recompôs, fingindo que não havia falado seus pensamentos em voz alta.

Quando a garota passou por nós, silenciamos imediatamente. O Rei correu para cumprimentar sua filha. Mas, a Boneca deixou cair uma boneca. Literalmente dessa vez. Eu olhei para o chão ao perceber que uma pequena boneca de pano, do tamanho da palma da minha mão, havia caído do vestido dela.

Felix se ajoelhou para pegar a boneca e a garota de cabelos pratas virou para nós. Feroz. Seus olhos podiam nos matar vivos. Eu vivi com Shezmus a minha vida inteira e estava tremendo por dentro com aquele olhar da garota. Ela era feroz naquele nível.

Para acalmar a fera, Felix estendeu a boneca imediatamente para a garota. Ela pareceu surpresa com o ato de gentileza. Pegou a boneca, incerta, e observou Felix com atenção. O clima pesou tanto que estava sufocante. Eu estava bem no meio dos dois, então era pior ainda. Felix deu um sorriso tímido e fez uma pequena reverência.

A garota franziu o cenho, confusa, e virou as costas, sem dizer uma palavra.

— Ela não sabe falar? — San quebrou o silêncio, nos assustando. — Um obrigado seria o suficiente! — Ele falou mais alto para provocar a garota.

— Cale a boca! — Theo o repreendeu, mas era tarde.

O Rei Zaki notou que a sua Boneca havia ficado para trás e voltou até nós. Ele era alto demais, grande demais. Puxou a pequena garota que nem alcançava seu ombro. A garota não reagiu, se encolheu e andou rapidamente, enquanto o Rei visivelmente machucava seu pulso.

— Papai, ela é uma Shezmu. — Amelie parecia irritada agora ao falar com nosso pai.

— É irônico que a Boneca dele seja uma Shezmu. É uma afronta indireta dos Sekhmets. — Changbin concluiu, ao lado de nossa irmã.

 


Notas Finais


mudei de twitter! @hyu6lix
curiouscat: https://curiouscat.me/hyun-in


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