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História Rainha Vermelha - A Emboscada


Escrita por: HeloShe

Notas do Autor


Criança da FRONTE PURA E LÍMPIDA
E olhos sonhadores de pasmo!
Por mais que o tempo voe e ainda
Que meia vida nos separe,
Irás por certo acolher encantada
O presente de um conto de fadas.

Não vi teu rosto ensolarado,
Nem ouvi tua risada argentina:
Lugar algum por certo me será dado
Doravante em tua jovem vida...
Basta que agora consintas sem mais nada
Em ouvir este meu conto de fadas.

Um conto iniciado outrora,
Sob o sol tépido do verão -
Mera cantiga, que apenas marcava
O ritmo de nossa embarcação -
Cujos ecos na memória persistem
E ao desafio dos anos resistem.

Vem ouvir, antes que uma voz inevitável,
Portadora de amargo presságio
Venha chamar para o leito indesejável
Uma donzela contristada!
Somos só crianças crescidas, querida,
Inquietas, até que o sono nos dê guarida.

Fora, o gelo, a neve ofuscante,
A loucura soturna da tempestade...
Dentro, o calor do fogo crepitante,
Que a infância alegre aconchega.
As Palavras mágicas vão logo te tomar:
Não darás ouvido ao vento uivar.

E ainda que um suspiro saudoso
Venha perpassar esta história
por "dias felizes de verão" e por
Sua glória agora extinta -
Decerto não tornará ofuscada
A alegria do nosso conto de fadas.

- Diário Edna Sampaio.





(texto, Alice Através do espelho)

Capítulo 5 - A Emboscada


Fanfic / Fanfiction Rainha Vermelha - A Emboscada

- A Senhora está bem?- perguntou Brandão, Coronel do batalhão de soldados do pequeno vale.

-Agradeço a ajuda, mas tudo que eu quero agora é ir embora daqui e descansar- disse Julieta

- a cidade não costuma ser assim, os moradores são bem hospitaleiros- disse Ágatha, dona da casa de chá

- fui muito bem recebida, adorei a festa de boas vindas-

Horas antes

O plano era chegar na profunda noite, quando todos estariam dormindo e ela poderia descansar e só tratar de conhecer a cidade no outro dia, mas não foi bem assim que aconteceu. Quase madrugada, e o motorista deu sinal de parada. A cidade que deveria ser silenciosa, estava um caos, Julieta avistou de sua janela tochas com fogo a sua frente e ouvia-se gritos.

“Não queremos essa bruxa aqui!”

“Mantenha-se longe de nossas terras!”

“Rainha das cascavéis!”

- Tião, prossiga o caminho, passa por cima se esse for o problema- ela disse já sentindo a raiva em si

-Senhora, é uma multidão, acho que quase a cidade inteira. Infelizmente não temos como nos mover- disse o motorista temendo pela vida

-então eu vou a pé- sem ao menos ouvir os protestos de Tião abria as portas e se pôs para fora do veículo

-Senhora, não faça isso, eles estão protestando contra ti, não pode se arriscar- seguiu sua patroa afim de fazê-lá desistir dessa ideia estapafúrdia

- se alguém ousar tocar em um fio de cabelo meu, esse é um ser morto- caminhou a passos largos e firmes, mas a sua frente se formou uma muralha de tochas e pessoas raivosas.

“Onde pensas que vai?”

“Não porás o pé aqui!”

- afinal, os senhores estão protestando contra o que?- ela perguntou, forçando a voz para que toda multidão escutasse

E fora inesperado o aconteceu, a multidão raivosa que não parava de gritar e proferir palavras de ódio e maldição, se aquietou para ouvir a voz daquela que parecia ser a algoz. Julieta causava nas pessoas temor, mas algo muito maior as assombravam, a curiosidade, todos queriam saber quem ela era e se tudo que os jornais diziam eram verdades. E agora ela estava ali, e assim que saíra de sua boca palavras, todos se atentaram a ouvir.

- alguém pode me responder? Por que toda essa algazarra?- ela continuou a questionar

“A senhora vai tomar todas as nossas terras como fez em todos os lugares onde passou”

- acontece, meu senhor, que eu não simplesmente tomei. Essas terras e fazendas, que agora são minhas, foram tomadas por questões de dívidas exorbitantes, dívidas que seus donos não conseguiram quitar e que eu dei muitas chances. Então se os senhores estão com as dívidas em dia, não tem o que temer. Agora me deem licença- fora da um passo à frente, mas todo alvoroço novamente se iniciou

“Não é possível que vocês vão acreditar em uma sequer palavra dessa mulher”

“ não queremos você aqui!”

E então toda multidão começou a dar passos à frente, mas Julieta continuou estática. Não estarei mentindo se disser que o medo passou pelo seu corpo, mas ela cuspiu fora e ergueu seu queixo

- e vocês vão fazer o que? Me matar?-

Todos pararam

- sujarão as suas mãos de sangue? Então vamos! Prossigam!- ela gritava

“Nós vamos expulsa-lá daqui!”

- pois saibam que eu não sairei! Então, senhores, se a ideia de vocês não é me matar, espero que saibam se proteger. Pois eu vim de boa vontade mas pelo jeito terei que ser dura- Seus olhos estavam mais em chamas do que as tochas ali presente, ela sentiu o medo em cada pessoa. Mas antes que algo de pior pudesse acontecer, chegou ao local alguns carros do exército e o coronel se pôs ao lado de Julieta.

- Todos para as suas casas! Apaguem essas tochas e se acalmem- disse o coronel

A multidão que estava abalada, foi se desmanchando. Sobrando no local, apenas os soldados, Julieta e seu funcionário.

- queira me acompanhar até a casa de chá, Dona Julieta- perguntou o coronel

- Claro- respondeu Julieta, ela precisava mesmo de um pouco de água

Casa de chá

- isso não irá acontecer novamente- Disse Brandão

- que seja, só espero que consiga encontrar o responsável por essa barbárie- disse se levantando e sem se despedir saíra com seu funcionário.

*******

- prefere mesmo estar em um barco enquanto ele afunda?-

- A senhora não tem piedade nenhuma?- perguntou o senhor já de idade

- Já gastei toda a minha paciência e pena-

- A senhora poderia nos dar mais alguns meses- disse a mulher do fazendeiro

- Senhora Alencar, desde que eu pus os pés aqui no Vale os alertei sobre as dívidas, já se passaram 6 meses e nada. Não venha me dizer que não fui misericordiosa, eu nunca fui tão generosa assim. Mas o tempo acabou-

- consegue imaginar a dor que é perder um sonho? Perder uma história? Porquê tudo isso meus avós construíram para os meus pais e os meus pais trabalharam para que eu pudesse assumir-

- E o senhor jogou tudo na lata do lixo, levando em conta todas essas dívidas e suas terras totalmente mal cuidadas, seus avós e seus pais devem está se revirando no túmulo-

- A senhora tenha mais respeito!- vociferou a mulher a sua frente

- já fizeram a escolha, né? Verei os senhores novamente quando a sua belíssima fazenda for a leilão, e eu vou comprá-la a preço de banana- recolhendo os documentos e contratos, levantou e se retirou.

Andava em direção ao automóvel e carregava um pouco de esperança em que o fazendeiro voltasse atrás, mas seu carro partiu e uma tristeza a invadiu, ela não é assim, teve que ser assim.

Algumas semanas depois

- quem dá mais?-

E lá estava ela, com o braço levantado e segurando a placa com um valor inalcançável.

- vendido para Julieta Sampaio!-

Mantendo uma postura de superioridade e demonstrando felicidade em mais uma conquista, porém sua mente estava a mil pensando na pobreza que agora os Senhores Alencar se encontravam, eles fizeram a pior escolha. Ela tinha oferecido uma ótima quantia, além de quitar as dívidas, eles poderiam recomeçar em outro lugar, mas com esse valor do leilão daria somente para alguns meses de aluguel em um hotel fajuto.

-Boa noite- disse Julieta se aproximando dos Senhores Alencar

- A Senhora já conseguiu o que queria, pode nos deixar em paz agora- disse o senhor

- eu não consegui o que queria, os senhores que conseguiram o que queriam. O meu desejo era comprar as suas terras por um preço justo para que pudessem se manter e se reconstruírem em outra terra. Mas o Senhor preferiu se humilhar em um leilão do que vender a sua fazenda para um mulher-

- Não foi nada disso!- disse a interrompendo

- foi exatamente isso!- endureceu a voz e estreitou o olhar – O Senhor sabia muito bem que a melhor escolha seria me vender as suas terras, mas o preconceito falou mais alto. E agora? O que será de sua mulher e seus filhos? Vão para um hotel qualquer e esperar que o aluguel acabe com todas essas migalhas? Vai procurar um emprego? O que garante que vai conseguir? Você realmente preferiu afundar com todos os seus erros-

O casal sentiu suas gargantas arderem como se engolissem uma garrafa cheia de veneno, sentiu os músculos dos seus corpos serem cortados como se lanças o perfurassem.

Não foi para isso que Julieta fora ao encontro deles, mas ela não iria deixar barato. Toda criança que faz malcriação merece um castigo, mas precisam saber o porquê da punição. Estendendo a mão na direção deles e entregando-lês um envelope.

- O que é isso?- perguntou a Senhora

- não sou uma bruxa como me pintam- disse sincera

-Depois de tudo isso que falou, espera que aceitemos as suas migalhas? Por pura pena?-

-Pena? – por um momento seu olhar havia suavizado, mas novamente se via a escuridão que eles emanavam – quem os senhores pensam que sou? Pena é um sentimento que eu abomino, nos meus negócios há espaço para todos, menos para as vítimas. Estou oferecendo isso por não achar justo esse leilão, suas terras valem muito mais. Mas se não querem, não irei insistir. –

- Não queremos nada vindo de você – disse o Senhor Alencar

- queremos sim- agora a Senhora Alencar o contrariava e recebia em troca um olhar acusador de seu marido – deixe esse preconceito de lado e se preocupe agora com sua família. – disse se direcionando a ele – nos desculpe ,Senhorita Sampaio, realmente nosso pensamento nos afundou, iremos aceitar de bom agrado- o senhor Alencar nada mais disse.

*********

O chacoalhar do carro a deixava um pouco enjoada, mas nada que a impedisse de se sentir novamente vitoriosa. Estava voltando de São Paulo, havia tido uma reunião para mais uma parceria, conseguiu mais um cliente para seu café. Não consigo narrar o tamanho da felicidade que Julieta sentia em saber que seu sonho se concretizou e crescia a cada dia.

Mas seu momento de felicidade acabou assim que ouvira um som de tiro e o carro bruscamente parou. Um frio passou por sua espinha, não era a primeira vez que isso acontecia, mas um som de tiro era inédito.

- Saia do carro, Rainha!- ouviu-se uma voz grave e esganiçada

Tentou pensar em algo, planejar uma saída ou até mesmo um modo de negociar. Cavalos relincharam e percebeu que estava cercada.

- A Rainha irá obedecer ou teremos que tirá-la a força?-

Não tinha nenhum plano, não sabia o que fazer, mas não seria fraca. Desceu do carro com a cabeça erguida e tentou não se intimidar com os homens que a cercavam. Eles tinham panos que tapavam seus rostos, alguns a cavalo, mas só um com uma arma, a qual estava fixada em sua direção.

- Que falta de educação, não nos deu nem ao menos um boa noite- disse o homem mascarado.

Julieta olhou bem nos seus olhos e neles emanavam ódio. Não passava de mais um homem intimidado por uma mulher, mas um homem assim é capaz de tudo para mudar essa posição.

- nem um pedido de piedade?-

- não irei me rebaixar- disse firme, mesmo que o medo estivesse consumindo todo seu corpo

- se não me pedir, eu não irei lhe poupar, assim como não poupei a vida do seu funcionário-

Alguns homens arrastaram o corpo morto e ensanguentado até os pés de Julieta.

Sua garganta secou, empalideceu-se, suou frio. Toda sua pose de durona se desfez assim que olhou o corpo sem vida e coberto por sangue, então teve a certeza de que tudo isso não era um blefe.

- O que vocês querem? – sua voz já falhava, era evidente o medo que sentia

- queremos que vá embora, ou melhor, queremos que a rainha do café desapareça! – disse o homem, pondo a arma novamente na direção de Julieta

- vai... vai me matar?-

Uma grave e estridente risada fora ouvida e ela estremeceu. Observou o homem se aproximar lentamente e se colocar atrás de si. Seu corpo gelou quando sentiu a respiração quente em seu pescoço.

- A Rainha é sempre tão séria e rígida, gostaria tanto de vê-la sorrindo, ou então ouvi-la gemendo – disse num sussurro para que só ela ouvisse.

- me mate de uma vez – suplicou

Não queria ter que passar por isso de novo, não queria se sentir suja de novo, se sentir usada, um objeto descartável. Seu corpo doía só de se recordar da vez que se entregou e não sentiu nada além de dor e nojo, e desejou nunca ter cedido aos pedidos de Carlos, e ouvir aquele homem querendo usá-la trazia mais medo, mais medo disso do que a morte.

- Não tenha pressa, você vai morrer sim, mas podemos desfrutar um pouco antes-

Os beijos gelados em seu pescoço foram lhe dando uma sensação de falta de ar. Apertou forte os olhos para que não chorasse, sentia a ponta da arma em suas costas, junto a ereção dele que roçava em seu corpo. Sentiu os dedos firmes e rudes passearem por sua cintura e seus olhos começaram a marejar.

- por favor pare- sua voz saia fraca e embargada

Mas ele não parou, levou sua mão ao seio dela e o apertou, e o choro de Julieta se intensificou, mas ele não parou. Julieta sentiu seu vestido sendo aberto e a sensação de afogamento a invadia, mas ela não queria se ver novamente submersa.

- Não!- Debateu-se, ele pôs a arma em sua cabeça afim de intimida-la e fazer com que ela o obedecesse, mas ele continuou a força-lá.

- É melhor me obedecer!- ele disse enquanto tentava a prender em seus braços.

Julieta o empurrou, já não sentia medo, não sentia mais nada, o que ela mais desejava era a morte. Mas o homem a sua frente não estava nem um pouco satisfeito e num piscar de olhos seu corpo fora lançado ao chão e seu rosto queimava com o tapa que recebera.

- Você é uma vadia!- não era a primeira vez que Julieta era agraciada com esse elogio. – de joelhos, anda! De joelhos!- ela o obedeceu – É uma pena ter que ser assim, se você se colocasse em seu lugar e não no lugar de homem, mas uma frígida como você? Uma mal amada? Ninguém vai querer! Vamos acabar logo com isso –

E novamente aquela arma estava em sua direção

- vamos contar até três. 1...2...-

Julieta fechou os olhos para que tudo passasse bem rápido, seu coração batia tão forte e tão rápido que a qualquer momento pararia, mas não importa, ela iria morrer.

-3-

Ouviu disparos, e a sensação de morte a invadiu, mas seu coração ainda batia e não sentiu dor, passou a mão por seu corpo e não encontrou vestígios de ferimento, abriu os olhos e assistiu o improvável, Brandão e seus homens disparavam contra os assassinos e os prendiam. Uma tontura tomou conta de si e tudo ficou preto, e então desmaiou.

*********

- Não vejo o porquê dessa reunião –

- Julieta, já conversamos sobre isso, só esse ano você já sofreu 4 atentados sem contar as ameaças que sofreu anonimamente , precisa ter alguém que a proteja-

- Brandão e os soldados podem fazer isso –

- eles não podem estar sempre presente –

- Lorde Williamson, eu não posso ser melhor que os cidadãos, tenho que receber a mesma segurança que eles-

- Acontece, Senhorita Sampaio, que você é diferente deles, é a Rainha do Café, e isso intimida os fazendeiros. Se quer continuar a expandir as terras aqui no Vale, tem que aceitar essa condição. Não tem escolha, se você morrer eu terei uma perda grande, não só como sócia, mas quase como uma filha -

- Eu entendo a sua preocupação mas está sendo exagerado-

- Exagerado? Uma semana atrás você teve uma armar apontada para sua cabeça, além de ser molestada, isso não é exagero. Será apenas um segurança, nada demais. Julieta, prese por sua segurança, por favor.-

- okay. Eu aceito – com um suspiro pesado ela assentiu. Pensar em ser vigiada 24h por dia a deixava aflita, nervosa. Não conseguia admitir que precisava de ajuda.

- Ótimo, seu segurança chega em um mês, um ex soldado. Aurélio Cavalcante -


Notas Finais


Depois de muito tempo voltei
confesso que, como diz Belchior:
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro
espero que compreendam
me desculpem por deixa-las na mão


estarei att as outras tambem.


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