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História Raphael - Dormindo com o Diabo


Escrita por: semaphorism

Notas do Autor


Eu acho que o título do capítulo é também de algum filme, mas não tenho certeza hahahaha
Olá crianças! Essa capítulo inteiro tem nudez, não se vê uma peça de roupa, olha que benção :D haha E SIM, Miguel é meio andrógino, obrigado, de nada, amo vocês <3

((Gente, não tem nada a ver com o capítulo e nem sei se vai ter com a fanfic, mas deixa eu comentar: Tem uns pensamentos intrusivos na minha cabeça e, de acordo com eles, Jesus é filho do Gabriel, não de Deus -cof cof cof cof- Só precisava tirar isso do peito mesmo -cof cof cof-))

Apreciem a leitura :D

Capítulo 11 - Dormindo com o Diabo


Miguel se levantou de uma forma tão sutil e com uma cautela tão grande que fazia parecer que qualquer movimento em falso poderia ser a causa da derrota de todo o Céu. O movimento meticulosamente calculado combinava em tanto com sua personalidade que, para qualquer um que tivesse visto, teria uma prévia de quem era aquele tal de São Miguel Arcanjo. E isso tudo só porque ele estava levantando de uma cama. Missão essa, cumprida com êxito, por sinal: A figura que nela repousava – não necessariamente dormia, mas assumira uma espécie de estado contemplativo, não percebera seu escape. Colocou-se em pé sem outras dificuldades. E então foi assim.

 Por um bom tempo ele apenas ficou parado. Estático. Como uma estatua. Como algumas das diversas vezes nas quais vira-se erroneamente retratado em esculturas e pinturas.  A postura invejável e a cabeça levantada, apesar dele olhar para baixo. O peito estufado, porque alguns anjos tendiam a fazer isso. Miguel era lindo, e isso só podemos entregar como fato. Era, de fato, diferente de como costumavam retratá-lo naquelas obras (porque seus feitos certamente eram dignos de obras), mas era de uma beleza extrema e inconfundível. Ali, em pé e imponente, era a prova viva disso. Seu corpo parecia mesmo com uma escultura, bordado nos pequenos detalhes, definido aqui e ali, pintado com cautela e sem imperfeições. E, mais que isso, trazia um pouco dos dois mundos. Miguel não tinha muitos pelos nas pernas longas, mas não eram inexistentes. Quando seu subia a vista não era difícil notar sua virilidade, um destaque gracioso, de fato completo. Se continuarmos subindo a vista veremos que os seios de Miguel não eram grandes, e quase poderiam passar despercebidos quando ele estava com aquelas roupas engomadinhas. Mas, diferente do que muitos pensavam, eles existiam, eram belos e macios. Talvez por terem um tamanho sutil muitas vezes passassem despercebidos em todos os retratos do Arcanjo Guerreiro. Ou só porque, esse fato sendo o mais correto, na verdade, o assimilassem demais à imagem de um guerreirO. Porque os humanos tinham disso, às vezes. Dividir demais as coisas. Tudo bem, é claro que ele era um guerreiro. Mas era muito mais que isso. Muito mais complexo, de uma beleza muito mais estonteante e impressionante. Angelical, quase tentadora o suficiente. E ele sabia o quão divino era quando sorria daquele jeito por saber que era desejado.

 A figura na cama, por sua vez, e pelo simples fato de estar ali, era mil vezes mais que Miguel. Ao menos o Arcanjo, no intrínseco de sua alma, pensava assim. Estava de olhos fechados, as feições, que deviam ser satânicas, pareciam transparecer uma espécie de paz muito rara. Os cabelos escuros espalhavam-se pelo travesseiro, bagunçados, luzentes e sedosos. Para complementar a imagem, que era pura poesia, algumas penas jaziam pelo colchão e pelo piso, brancas, de beleza divina. O que as lendas todas diziam sobre a Estrela da Manhã não eram nada, nada além da mais pura verdade: Lúcifer fora (e continuava sendo) o anjo mais lindo de todo o Céu, de todos os anjos. E, apesar de já não ser mais um anjo e de não estar mais no céu, Lúcifer era... Ahh, Lúcifer era a criatura mais sublime, a criação mais perfeita a qual Miguel já tivera a dádiva de deitar os olhos.

 Ele permaneceu ali. Estático, imóvel. Petrificado. Mortificado. Era sempre assim. Todas às vezes. E o arcanjo sempre evitava chamar-lhe o nome durante os atos. Ao menos tentava, falhamente. Aquele único momento em que se permitia, para o seu próprio deleite, ser submisso a ele. Submisso ao diabo. Submisso às suas caricias. Vulnerável ao jeito como ele o olhava, com promessas de guardar cada detalhe. Tentado por aqueles lábios, possuído por aquele corpo que era singular. Impar. Apenas dele. E que era apenas para ele. Apenas para São Miguel Arcanjo. Quando as unhas dele estavam enterradas na sua pele e seus dentes cravados na curva do seu pescoço “Miguel...”, Lúcifer sussurrava perto do seu ouvido. Sua voz era um pecado, seu timbre era uma sinfonia infernal, vinha quente, como fogo. Como labaredas de metros de altura. O atingindo, o queimando vivo. Era quando Miguel se desfazia. Entregue, completamente perdido. E agora que o prazer não eram mais ondas sonoras que agraciavam seus ouvidos, que a ânsia por mais não vinha em forma de beijos sôfregos e que o hálito quente já não percorria mais nenhum dos corpos, era naquele momento que a culpa podia vir assombrá-lo. A culpa de entregar-se fervorosamente a um ato que não passava de um pecado, por mais apaixonado que fosse.

Olhou para Lúcifer. Ele não parou de olhar para Lúcifer por uma fração de segundo. Miguel não sabia. Ele não tinha muito como saber, pois preferia ser teimoso à imoral.  Não sabia que, ainda que o fitasse com frieza, em algum lugar, no fundo do se âmago, havia, por ele, ternura.

 Ele sabia. Não havia como não saber. “Lúcifer”, um dia gritara a grafia que cobrira todo seu antebraço. Revoltara-se, na época. Hoje era sem sentido. Mesmo assim, “Lúcifer”, clamava com urgência, em êxtase quando outro o possuía. Ele simplesmente não tinha como não saber. No entanto, ele não queria saber. Então continuava negando, limitando a relação, dando-lhe uma amostra do paraíso para então jogá-lo ao inferno novamente. Miguel o tentava. O tentava a ser dele. O tentava a fazê-lo seu.

 Seguiu admirando Lúcifer. O anjo, ainda que caído, era o mais lindo que já vira em toda uma eternidade. Um dos cantos do lábio do arcanjo se contorceu, elevando-se minimamente, formando um semi-sorriso, que poderia significar uma infinidade de coisas, mas dizia-lhe simplesmente o quanto queria afagar os cabelos do outro naquele momento. Sua ficha devia ser impecável, Miguel sabia, era o mínimo. Mas, fosse isso influencia demoníaca ou não, estar com Lúcifer fazia-o querer pecar todos os pecados do mundo de uma vez. E, em seguida, afagar seus cabelos. Não era tão forte quando estava ao seu lado. Guardava sua armadura, baixava sua defesa, já não era mais um guerreiro e sentia que não podia resistir.  Não ia resistir: Em passos cautelosos aproximou-se daquela cama, da sua Estrela da Manhã, e tocou-lhe os cabelos com o que chamaríamos, caso Miguel conhecesse o termo, de ternura. Como ele jamais assimilaria uma coisa a outra, tratando-se de Lúcifer, vamos dizer apenas que ele afagou-lhe os cabelos sem segundas intenções, sem o coração ferver de ódio e sem nenhuma vontade de jogá-lo novamente no inferno. E quem diria, Lúcifer, logo Lúcifer, havia pego no sono, como um humano.

 Mesmo que com hesitação o arcanjo lhe deu as costas. É certo de que não se dá as costas a um inimigo, mas Miguel tinha suas prioridades agora. Abriu as asas e, sem nem se preocupar em vestir qualquer peça de roupa, pôs-se de joelhos no chão, as mãos unidas em forma de oração. Quando fechou os olhos começou a prece, que pedia, entre aquelas belas mensagens de redenção, perdão. Perdão por todos os seus pecados. Teria dito “Eu não sou digno”, mas, muito mais que digno, Miguel era orgulhoso. Então contentou-se em implorar clemência, clamando o perdão, porque, lá no fundo ele sabia o quão imperdoável era um anjo ceder a esse tipo de perdições. Ainda mais se elas vinham diretamente do diabo. De Lúcifer.  

 Percebeu um movimento próximo e então praticamente sentiu uma sombra projetar-se ao seu lado. Abriu os olhos, lentamente as mãos se afastaram e descansaram sobre as pernas, assim como fizera o resto do corpo.  Levantou a cabeça e ali estava Lúcifer. Ainda a criatura mais linda que ele já vira. Mas, acordado, causava-lhe bem menos ternura. O anjo caído, sem ensaios ou rodeios, tocou-lhe o rosto. Miguel permitiu-se relaxar ao toque e voltou a fechar os olhos, descansado em sua mão. Logo sentiu o polegar de Lúcifer alisar seus lábios vagamente, enquanto ele mesmo murmurava:

- Meu Arcanjo... – A resposta de Miguel veio em forma de um sorriso nada inocente e de pouca boa vontade, meio vazio de espontaneidade. Quase perverso. Tão contraditório.

- Prove que sou seu. – Lúcifer sorriu-lhe de volta, nada inocente, porem incrivelmente espontâneo, perverso em cada pequeno detalhe.

- Com prazer.


Notas Finais


Não sei se consegui deixar claro (eu nunca sei), mas, para o Miguel, Lúcifer aparece com a antiga aparência de anjo dele. É, só isso mesmo :D
Obrigado por ter lido até aqui :D


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