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História Raro Amor - Jaeyong - 14 Anos


Escrita por: DamDia

Notas do Autor


Olá, pessoas! Como estão nesse sábado? Espero que bem!

Antes de começar o capítulo gostaria de agradecer a todos que favoritaram e os que comentaram no capítulo (muito obrigado mesmo, cada comentário de apoio faz muita diferença).

Também gostaria de agradecer a @jun- por indicar a fic!
Quem gosta de BTS ou apenas quer ler uma boa fic, deem uma olhada em: .baby's diferentes da @jun-. Sei que vão adorar!
https://www.spiritfanfiction.com/historia/babys-diferentes-jikook-taegi-focus-19262615

Enfim, sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 5 - 14 Anos


Fanfic / Fanfiction Raro Amor - Jaeyong - 14 Anos

"...Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar um presente que nos machuca. É não ver o futuro que nos convida..." - Aguinaldo Silva

Ponto de Vista – Jaehyun.

Um clima ruim parecia rondar toda a sala. 

Taeyong com um olhar hesitante me observa sem saber o que falar. 

— Jaehyun, não é assim que tratamos nossas visitas. — Minha mãe diz para mim.

Ela ainda parecia surpresa com minha reação. O que me deixava perplexo por ela não entender o porquê. 

Eu só podia ser o errado, porque ninguém parecia entender. Anos atrás, meu melhor amigo havia decidido do nada me ignorar como se eu fosse um ninguém. Perdi as contas de quantas vezes tentei me aproximar dele e a única coisa que recebi foi a sua indiferença. 

Então qual era o motivo dele estar aqui, parado na minha sala. Não o conheço mais, nossos quatorze anos se perderam há muito tempo. Não fazia sentido algum.

— Eu só não entendo. — Digo para Taeyong. — O que você está fazendo aqui. Não somos nada. Não tem porquê você vim fazer uma visita e tomar um chá da tarde. Quer voltar para Seul? Ótimo, mas não espere que eu vá agir como se você fizesse parte da minha vida.

Se o clima estava ruim, agora ele tinha caído para níveis que eu desconhecia.

Resolvo não perder meu tempo com ele, ou melhor, não perder minha sanidade. Tudo que eu quero é nunca mais voltar ao que passei. Sem cerimônias, me afasto de todos, só queria não ter que lidar com toda essa situação.

— Jaehyun. — A voz de Taeyong se sobressai naquele silêncio.

Não devia, mas paro no meio do caminho. 

— Acho que precisamos conversar. — Taeyong diz dando um passo até mim.

A palavra "conversar" no meio de uma frase dita por Taeyong, podia ser tudo, menos comum. Minha mente em alerta, continua dizendo para eu me afastar dele.

— Sobre o quê? — Pergunto meio rispido. — Se for para tentar me explicar do porquê você ter me apagado da sua vida, nem precisa perder seu tempo. Você está quatro anos atrasado. 

Minha mãe, provavelmente constrangida, parece não querer participar de tudo aquilo.

— Jaehyun, é melhor vocês subirem, vão conversar no quarto lá em cima. — Ela diz. — Eu e Jeno vamos preparar um bolo para o lanche... e toda essa tensão não faz bem.

"Bolo para o lanche, minha mãe?" Penso. Espero que Jeno tenha aprendido a cozinhar nesses últimos anos.

 

Minha mãe olha para mim, sua boca se mexe dizendo um inaudivel "calma". Limito-me a balançar a cabeça negando seu pedido. 

Sem chamar o outro ou guiá-lo, eu subo as escadas com passos pesados. Taeyong vinha atrás. Podia sentir sua presença através de seu cheiro, que o precedia.

Chegando em meu quarto, eu espero ele passar para fechar a porta. Nesse momento, ele mais uma vez fica meio perdido olhando para o cômodo. Igual como fez no natal, ele parecia se certificar que tudo era como antes.

Não era, mas parecia.

O sentimento que eu tinha, estando com ele, era como se tivéssemos voltado ao passado. Ele fazendo uma de suas visitas, eu o recebendo. Eu fechando a porta do quarto com vergonha do Sehun. Ele rindo de toda situação. Eu ficando feliz com sua companhia e ele ainda presente na minha vida. Oito anos e eu ainda me lembrava de tudo aquilo.

Respiro fundo tirando esses pensamentos da cabeça.

— Desculpa. — Ele diz do nada sem nem olhar diretamente para mim.

Essa sua forma de falar estava virando corriqueira. Um pedido de desculpas aleatório que eu nem sequer sabia o porquê.

— Você poderia ser mais específico. — Dessa vez minha voz sai mais calma. 

Ele senta na cama encarando o chão. Não sei se eu sento ao seu lado, se permaneço em pé ou se saio do quarto enquanto ainda é tempo. Relutante, eu escolhi a primeira opção. 

Sento ao seu lado.

— Jaehyun. — Ele diz voltando sua atenção para mim.

Faço o mesmo.

— Eu te peço desculpa por voltar como se nada tivesse acontecido. — Sua voz parecia calma. Estávamos perto o suficiente para eu conseguir, pela primeira vez, ver esse novo Taeyong.  — Te peço desculpa por anos atrás, por te evitar e por sumir logo depois. Não queria te fazer sofrer ou agir como um péssimo amigo. 

Não sabia o quão sincero tinha sido aquilo. 

Suas palavras pareciam ser exatamente o que eu queria ouvir, mas há anos atrás. Hoje, pareciam insuficientes. Como se, perdidas no tempo, elas também tivessem perdido seu significado.

— Se coubesse a mim te desculpar, depois de tanto tempo, eu faria. Porém, você não sabe o que é perder o seu único amigo. Perder sem nem saber o porquê. — Digo encarando em seus olhos.

Omito toda e qualquer menção aos anos de terapia, ao meu transtorno obsessivo-compulsivo, às crises de ansiedade, a todo sofrimento que passei e as noites que chorei por causa dele. Talvez ele nunca venha a saber sobre isso, não por mim.

— Desculpa. — Ele diz mais uma vez.

— Vamos parar com isso, pelo menos não gaste essas desculpas. — Digo tirando minha atenção dele. — Crescemos, eu estou bem e você parece estar ótimo. Isso é o que importa.

Levanto da cama, estava pronto para me despedir dele. No entanto, sua mão segura meu braço, fazendo eu parar. Ele suspira. Parece que se passam minuto. Eu esperando sua explicação e ele pensando nela.

— Não sei como dizer isso… — Ele demora, mas começa a falar. — …Eu e Jisoo vamos nos casar, ainda neste ano. Por isso precisei voltar para Seul, ajeitar tudo, viver essa nova vida aqui. Porém tudo parece desconhecido, então achei que eu ainda pudesse ter um pouco da sua amizade. Não é como se eu conhecesse alguém aqui. Meio idiota, eu sei.

Não sei o que responder.

Tento pensar ponto a ponto sobre sua fala, mas me apego demais ao seu futuro casamento. E como é irônico eu dizer há dois minutos que tudo mudou, mas agora eu estar me sentindo inseguro e com ciúmes.

— Você não é muito novo para isso? — Questiono sem saber o que falar nesse momento.

— Isso é uma longa história. — Ele responde. — Depois de tudo, queria poder te contar mais, porém não posso dizer muita coisa. Só que iremos nos casar e a família dela pediu para que voltássemos para Seul.

Ele solta meu braço e eu continuo com minha atenção voltada para ele. Eu resolvo não insistir mais nesse assunto. Queria saber um pouco mais? Queria. Culpo a minha curiosidade ou a minha falta de amor próprio.

—  Vim aqui hoje porque Jeno está odiando ficar em casa só. Ele é adolescente, meio hiperativo. Não conhecer ninguém está piorando. E por algum motivo, ele parece gostar bastante de você e de sua mãe. — Ele diz. — Juro que não queria incomodar.

— Entendo. — Limito-me a não deixar que aquele assunto aumente e que Taeyong ache que estou cedendo.

Afasto-me dele como se dissesse que nossa conversa acabou. Ele entende o recado.

Taeyong cruza o quarto com suas mãos no bolso da calça. A cada passo dado por ele, eu sinto algo que não parece certo. Seus passos cessam assim que ele para na minha frente. Minha mente em uníssono parecia me dizer que tudo estava indo de mal a pior.

Coloco a mão na maçaneta preparando-me para abrir a porta.

— Parabéns. — Digo tentando pôr meus pensamentos em ordem.

— Pelo quê? — Ele questiona.

— Pelo casamento. 

Ele sorrir. 

Taeyong já não era mais aquele adolescente, era estranho ver seu sorriso. E mais estranho ainda era eu querer continuar vendo. Abaixo minha cabeça negando-me a pensar aquilo. Eu estava começando a entrar em contradição comigo mesmo.

— Está tudo bem? — Sua mão vai até meu ombro.

Era claro que eu não estava, e por mais que eu não quisesse transparecer isso, ele pareceu perceber com facilidade. A distância entre nós era mínima. 

De uma maneira impossível, eu conseguia sentir o calor de sua pele sem tocar. Sentir seu cheiro sem me aproximar. Relembrar de tudo sem sequer tentar. 

"As cortinas já estão abertas, porque ainda me sinto assim". Eu penso ansioso. Eu estava perdendo o controle.

Seguro na sua mão que estava em meu ombro. 

O espaço que antes ficava entre nós foi rompido em pouco tempo. Ele se aproxima ao ponto de nossos lábios quase se tocarem. Para minha surpresa, era ele que estava tomando a iniciativa. 

E para surpresa dele, eu quase havia correspondido.

Começo a me desvencilhar daquele contato repentino. Em meio a um resquício de auto controle, eu interrompo aquele quase beijo.  Era impossível não lembrar da fatídica noite de natal. Hoje, resolvo pensar que foi apenas um surto.

Afasto-me completamente, no mesmo momento que escuto alguém subir as escadas. Era Jeno. 

— Nosso pai chegou. — Ele avisa sem abrir a porta.

Encaro Taeyong. 

Seu olhar parecia atordoado. E eu não entendia mais nada.  Apenas coloco a culpa nele. Foi ele que me fez voltar ao passado, fazendo-me ter as mesmas sensações que um garoto de catorze anos. 

— É melhor você ir. — Digo.

Ele obedece, girando a maçaneta, pronto para sair do quarto.

— Desculpa. — Ele diz mais uma vez.

— Desculpa. — Eu respondo achando que isso nunca sairia da minha boca.

Era minha vez de sentir culpa. Só não sabia se era por eu ter quase beijado Taeyong. Ou se por eu não ter deixado ele me beijar. 

Flashback on

O silêncio...

Não poderia dizer como me sentia, mas não era como se eu entendesse completamente a situação. Os três túmulos eram repousados à frente da Capela de San Peter, a única de nosso bairro.

Os bancos estavam cheios, cada pessoa da cidade parecia ter vindo prestigiar a morte. Isso, a morte, não acho que todas essas pessoas tiveram algum contato com os Choi para os prestigiar. Se eu pudesse fazer uma metáfora, diria que os Choi se tornaram uma peça num grande museu, onde paramos só porque está lá.

E não era diferente para nossa família, eu, Yoona e Sehun vestimos um blazer preto e calças da mesma cor. O calor era sentido em toda capela, um dia atípico de outono naquele ano, 2010. Em pouco tempo seria meu aniversário de catorze anos.

De relance encarei Taeyong que sentava à minha frente. Nossos olhares eram cúmplices, provavelmente ele estava pensando no mesmo que eu.

Tentei ir até ele, mas a minha mãe resolveu nos manter separados. Ela me segurava no meu ombro com uma mão, enquanto ia com o lenço até seus olhos com a outra. Esses sem lágrima alguma. Ri pensando que aquele lenço era um bom exemplo para toda aquela situação.

O único que parecia abatido com a situação era Sehun, ele era melhor amigo do filho dos Choi. Ontem minha mãe demorou algum tempo tentando convencer a ele que o único amigo que ele tinha havia ido pro céu. Junto com os pássaros. 

E apesar de Sehun ter um ano a mais que eu, ele pareceu acreditar. 

Era óbvio que ninguém ia para o céu com os pássaros, o único caminho a ser seguido era caixões que são colocados debaixo da terra. Porém entendendo, se fosse Taeyong ao invés do amigo de Sehun, eu também iria preferir acreditar nos pássaros.

O velório seguiu até o cemitério mais afastado das cidades, nosso bairro não tinha um, aqui ninguém morre, pelo menos era o que todos achavam. Yoona dizia que tudo era uma grande hipocrisia, eu concordava com ela, sem novidades... Eu sempre concordava com ela.

Não acompanhamos o velório, minha mãe disse que estava indisposta demais.

— Jae! — Gritou Taeyong correndo até mim.

Estávamos em frente a capela perto do restaurante chinês.

Seu terno era tão igual ao meu que parecia terem sido feito juntos. Gosto de pensar que realmente foram.

— Acho que fiquei um pouco emotivo. — disse ele me abraçando.

— Também. — Respondi mentindo.

Ele olhou para mim me analisando, algo que Taeyong fazia bem desde sempre.

— Desculpa. Eu menti. — Falei entregando-me fazendo ele me abraçar novamente.

— Eu sei. Lembre, o seu trabalho é ficar alegre por nós dois, deixa que a tristeza é a minha parte.

Algo naquela frase ainda mexia comigo, mesmo me lembrando depois de anos. 

 


Notas Finais


Gostaram? Comentem que vou adorar saber o que estão achando!

Capitulos novos toda terça-feira e sábado, no perfil tem o calendário de postagem caso mude alguma coisa. @damdia
Até mais :)


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