*Ruth Parker On*
— Bom dia, amor. — Ouvi a voz do meu marido, Jimin, rouca pela manhã. Acordamos cedo, mas mantemos o bom humor. — Dormiu bem?
— Bom dia, Park. — Brinquei. O mais velho puxou minha cintura colando nossos corpos. — Dormi, sim. E você, amor? — Retruco.
— Também. — Responde e dá um sorriso de derreter manteiga. Eu gosto muito desse homem, não há dúvidas. Em meio de tantos homens encontrei minha alma gêmea.
Hoje é um dia especial. Jimin e eu concluímos um caso semana passada, e hoje teríamos outro. Diferente de mim, ele é mais preguiçoso, sempre resmunga quando há casos para resolver. Minha pessoa sente uma alegria imensa ao saber que terei de arriscar a vida, não sei se é normal não ter medo de morrer, entretanto, é algo que não consigo evitar.
Fizemos nossa higiene matinal e fomos tomar café juntos. É tudo perfeito. Ele costuma cozinhar pela manhã e à noite eu que sou responsável.
Park e eu somos casados há três anos. Foi algo inesperado, mas quando dei por mim já estávamos em lua de mel. Ele foi carinhoso mesmo eu falando que não precisava, mas ele insistiu. Ele já tem dez anos de carreira, enquanto eu não fiz nem seis. Com sorte, viramos parceiros de trabalho e um existe para proteger o outro, somos quase os melhores do departamento.
— Não esquece que o Ravi vai dormir aqui. — Meu marido lembrou. Tinha esquecido do meu irmão mais novo. Chato e que não vivo sem. Monitoro onde ele está com o rastreador, é a única pessoa que me importo na vida. Se tiver de escolher entre ele e Jimin…bom, meu irmão é a escolha óbvia.
— Creio que a gente fique de plantão, então ele vai ter que dormir sozinho. — Rimos. Assim que organizamos a cozinha saímos da casa e pegamos nossas motos, odeio dividir as coisas, por isso casa um tem a sua. Chegamos no trabalho as sete e meia, vamos direto para nossa chefe. Estranhamente haviam alguns homens vestidos de preto esvaziando a sala da mulher. — Quem são vocês? Cadê a senhora Lee?
— Não ficou sabendo?
— Se soubesse não estaria perguntando. — Sou grossa com a minha resposta, o que faz todos me olhar e Jimin apertar meu pulso.
— Sua chefe foi encontrada morta na madrugada de hoje.
— Como?! — Jimin exclamou, estava tão surpreso quanto eu.
— Civis acharam o corpo dela numa lata de lixo. Foi esquartejada até a morte e teve as unhas das mãos arrancadas. O corpo está na perícia, vocês serão responsáveis pelo caso. — Fiquei surpresa com o modo horrível que a mulher morreu, mas não demonstrei expressão. Ela era como eu, se arriscava sem se importar com nada. — Seu novo chefe chega em breve, então estejam prontos para recebê-lo assim que ele chegar. Aviso que ele não tolera atrasos.
Saí rapidamente para a perícia, precisava checar coisas que apenas eu entenderia. Nós duas estávamos investigando um serial killer que teve o caso arquivado, creio que descobriram e ele a matou. O modo é o mesmo, principalmente, as unhas arrancadas. Ele é um cara frio, infelizmente, não há perfil, nomes ou endereços, ele é apenas um assassino desconhecido. A senhora Lee deve ter dado de cara com ele e recebeu a punição por ter ido tão longe.
— Foi a gente desligar o celular para transar em paz e uma tragédia acontece. — Jimin murmura. Assinto achando tudo estranho. Por que justamente quando decidi relaxar?
— Fizeram uma autópsia? — Pergunto ao homem do necrotério. — Quero os resultados de tudo.
— Ela foi torturada antes de ser morta, senhorita Parker. Veja, eles arrancaram às unhas uma por uma, e ela ainda estava viva. Depois esmagaram os dedos dos pés dela, para ela dizer algo, eu presumo. Como não conseguiram nada, a esquartejaram até a morte. — Foi quando tive certeza de suas palavras. Era o tal serial killer. Acho que ela cansou de tantos anos sem matar ninguém, queria que a gente achasse que ele estivesse morto ou aposentado. Ele é esperto.
— E os pertences dela? — Pergunto. O mais velho busca pelos materiais e me entrega. Peguei seu celular e desbloqueei, eu também sabia a senha. Como imaginei, ela tentou me ligar, mas eu estava "ocupada" com Jimin.
— O pescoço dela foi perfurado também? — Jimin apontou para o local.
— Sim, mas ela já estava morta. Creio que quem o fez estava com muita raiva à esse ponto.
— Ou só o fez por diversão. — Comento. Abro seu celular vendo que havia um papel pequeno, provável que ela tenha o colocado antes de descobrir, ela sabia que eu iria fuçar suas coisas caso algo acontecesse. — "Fique longe". — Ficar longe? Por que ela está me dizendo isso depois de tanta coisa?
— Pessoal! Todos lá fora, o novo chefe será anunciado. — Erika, uma das melhores agentes nos alertou. Deixamos o laboratório rapidamente, não gostaríamos de fazer feio, a primeira impressão é a que fica.
— Já que estão todos aqui, vamos receber seu novo chefe. — O homem que estava de costas virou em câmera lenta. Pelo seu modo de fazer isso era um narcisista e que odeia perder, conheço de longe. — Ele é novo, mas não se enganem, ele é bastante profissional.
— Olá à todos, sou Min Yoongi. — Seu olhar rodeou todos na sala, mas especificamente mirou à mim e Jimin também. Olhei para meu marido que parecia assustado com o que acabou de ver, mas tentou disfarçar ao me ver observando-o.
— É só isso que tem dizer? — Indago.
— Ruth! —Jimin me puxou e se desculpou.
— Deixe-a, Park Jimin. — Depois dessas palavras meu Jimin me soltou e baixou a guarda. — Senhorita Parker, o que quer que eu diga? Que sinto muito? — Sorriu debochado.
— É o mínimo, senhor.
— Isso é uma piada?
— Está me achando com cara de palhaça?
— Está bem, está bem. Sinto muito pela perda de vocês, mas não podemos parar. Seguir a vida é o melhor caminho. — Odeio o lado tranquilo que esse homem misterioso exala. Ele parece tão confiante, como se nada o afetasse. — Vamos trabalhar juntos e faremos o possível para prender o culpado. Estão dispensados. — Todos fizeram referência e continuaram com seu trabalho, porém, eu o observei e jurei ter visto um sorriso de lado. Tudo encenação.
— O que está pensando, Ruth? Quer ser demitida? Fica longe dele, entendeu?
— Eu sei me defender, Jimin.
— Mas…
— Mas o quê?
— Nada.
— Foi o que pensei.
— Só promete que não vai ficar a sós com ele.
— Tá achando que vou te trocar? Não se preocupe…
— Não é isso. Só não confio nele. — Eu sorri com suas palavras, acho que combinamos muito quando o assunto é não confiar em alguém. Creio que ele sentiu o mesmo que eu. Esse tal Min Yoongi não é flor que se cheire.
— Ruth Parker. Na minha sala, agora. — O Min ordenou sério. Seu olhar ainda é o mesmo;frio e calculista. Ele aparenta ser alguém possessivo com instintos e personalidade forte. Olhei para Jimin que encara o nosso chefe com raiva, o Min estava sorrindo para meu marido. — O que está esperando?
— Relaxa, amor. Busque por endereços que a senhora Lee esteve e horários, não deixe nada passar. Visitaremos os lugares em breve.
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