História Rather Be - Harmione - Um.

P.O.V. HARRY POTTER 

- Acorda, Harry! Não te chamarei de novo, mais um pouco e eu te jogo desse quarto a baixo! - me remexi na cama ouvindo meu padrinho exclamar sua décima quinta ameaça. 

Não consigo acreditar que as férias já estão acabando e eu novamente terei de voltar a Hogwarts, não que eu não goste de lá, mas viver com Sírius é muito mais divertido do que ter que estudar poções com Snape ou então quase morrer nas aulas de Trato das Criaturas Mágicas. 

- HARRY JAMES POTTER! - Sirius dessa vez bateu com força na porta e eu me sentei no susto. 

- Já estou indo, já estou indo! - respondi me levantando e caminhando até o banheiro após pegar meus óculos.

Ao encarar meu reflexo no espelho percebi o quanto um banho me cairia bem agora, por algum motivo minha aparência está mais cansada do que qualquer outra coisa nessa casa velha. Claro, isso se deve ao fato de ter ficado até de madrugada conversando com Rony e Gina sobre a volta às aulas, mas nada de mais. 

Liguei o chuveiro e após esperar a água esquentar um pouco eu entrei e me senti um pouco mais disposto quando a água quente começou a cair sobre meus ombros. Já aproveitei e escovei meus dentes pensando em tudo que teria de comprar para a volta as aulas e isso já me causou náuseas. 

Quando desci para o café da manhã Sirius estava lendo o Profeta Diário e quando percebeu minha presença na sala ele me encarou por cima do jornal e falou: 

- Boa tarde, bela adormecida. 

- Não são nem meio dia, Sírius - me sentei no sofá e revirei meus olhos. 

- Você está muito mal criado, moleque - ele me jogou uma almofada e assim que a peguei joguei no outro sofá. 

- Você que me cria desde meus onze anos! - indaguei e ele me olhou com descrença. 

- Isso é apenas um infortúnio do destino, caro afilhado. 

Ri quando ele passou por mim e bagunçou um pouco mais meus cabelos. Fiquei sentado ali por mais alguns instantes me lembrando do dia que eu descobri que tinha um padrinho e que ele iria me tirar daquele inferno que eu vivi com os Dursley. 

Quando descobri ser de uma família de bruxos, descobri também que tinha um padrinho; muito, muito, mais muito dinheiro e também que não iria precisar voltar a morar com meus tios. Depois de Sirius me explicar tudo o que estava acontecendo e fazer meus tios confessarem o que de fato tinha acontecido eu saí de lá e nunca mais os vi. Ainda bem. 

Senti meu estômago roncar e caminhei até a cozinha para comer algo da mui antiga e nobre casa dos Black. 

(...) 

- O que é que você está fazendo? - Sirius se sentou do meu lado no sofá de frente à televisão. 

- Assistindo. Sabe, obrigado por me comprar essa televisão. 

- Por nada, sua mãe me fez prometer que te encheria dessas tranqueiras de trouxas, eu nunca entendi direito qual a graça desse troço, mas não nego ser muito interessante. 

O jeito como Sirius falava me trazia uma onda de felicidade, ele era o mais perto que eu tenho de um pai e como não conheci o meu, ele vive me contando histórias deles dois e de seus outros dois amigos enquanto todos estudavam em Hogwarts. 

- Você era próximo da minha mãe? - perguntei curioso, geralmente ele sempre falara mais abertamente sobre meu pai e com toda a diversão que eu tinha ao lado de Sirius por muitas vezes eu me esquecera de perguntar sobre ela. 

- Bom, sim. Mas no início não, podemos dizer que sua mãe sentia uma leve necessidade de me dar broncas. Em seu pai também, óbvio. Você sabe, eu e James nunca fomos muito responsáveis - ele riu. - Mas me lembro de uma vez, em que eu não estava em um momento muito bom e ela deixou que eu colasse dela em uma prova de História da Magia, foi muito gentil de sua parte. 

- Ela e meu pai sempre estavam brigando? - perguntei já imaginando a resposta. 

- O quê? Não, algumas vezes saíam no tapa também e é por isso que eu tenho essa pequena cicatriz no pulso - ele ergueu a manga da camiseta para me mostrar e lá estava ela, uma fina e pequena cicatriz. Quase imperceptível. 

- Deveria ser bom estudar naquela época - me afundei mais no sofá. 

- Mesma coisa de agora, mas se eu pudesse teria aproveitado um pouco mais. Sabe, sinto falta e se eu fosse você aproveitaria enquanto as meninas não estão se preocupando. 

- Preocupando com o quê? - o encarei. 

- Oras, com o quê! Com o baile de formatura. 

- Baile de quê? - endireitei minha postura um pouco nervoso. - Que história é essa? 

- No último ano, os alunos ganham um baile de formatura, os familiares são convidados e todos se divertem. Dura a noite toda e os rapazes convidam as moças e assim vai, é tipo o baile de inverno do torneio tribruxo, mas só que no caso é baile de formatura. 

- Estou ficando enjoado só de pensar em ter que convidar uma menina para esse baile. 

- Você nem parece que é filho do seu pai, pelo amor de Deus! - Sirius exclamou revirando os olhos. 

- Elas sempre andam em bando, nunca se encontra nenhuma sozinha. Isso é muito complicado, no baile de inverno três anos atrás eu quase morri para convidar uma. 

- Se sempre estão em grupo, chame todas. A que disser sim primeiro você agarra! - Sirius falou animado.

- Eu não sou um palhaço como você e meu pai que saíam com a Hogwarts inteira. 

- Me respeita, moleque. Me chamar de palhaço. Onde já se viu? - ele perguntou indignado. 

Ao decorrer da noite eu e Sirius decidimos ir até Hogsmeade para comprarmos umas cervejas amanteigadas e algumas comidas, estávamos morrendo de fome. 

Montamos na sua moto enfeitiçada e saímos por aí céu a fora. Em poucos instantes Sirius parou em frente ao Madame Gilia - Comidas e Guloseimas Mágicas. Sirius foi fazer o pedido e eu fiquei encostado na moto olhando para o céu, estava imaginando como seria estar no espaço e quando percebi uma menina acabou caindo na minha frente com alguns livros, acho que ela tropeçou nos meus pés que estavam cruzados e por conta da escuridão deveria estar difícil de se enxergar. 

- Ou, você está bem? - perguntei ajudando-a a se levantar. 

- É, acho que estou. - ela respondeu ajeitando os livros nos braços e então eu peguei um que ainda estava caído no chão.

- Eu te conheço, não conheço? - perguntei quando seu rosto encontrou um ponto fraco de claridade. Esse rosto e esse olhar não me era estranho, mas não fazia a menor ideia de onde eu já me encontrara com essa menina.

- Hermione Granger, estudamos juntos em Hogwarts - ela respondeu com a voz firme. 

- Nossa, você está diferente - falei assim que me lembrei de onde a conhecia. Antigamente era mais feia, feia não, desprovida de beleza, mas agora... nossa, parece outra pessoa. Está mais... graciosa e seus cabelos estão mais bem cuidados. 

- Férias de verão às vezes fazem bem - ela riu e eu concordei com a cabeça. - Bom, é... tchau. 

- Espera, eu não me apresentei. Me chamo Harry, Harry... 

- Potter, eu sei - ela se virou para mim e sorriu mais uma vez. - Até mais, Harry Potter.

- Até mais, Hermione Granger - acenei de volta mas dessa vez ela já estava a uma certa distância e não ouviu, ou se ouviu não se importou. 

Algum tempo depois Sirius voltou com toda comida e bebida e subimos na moto novamente, no meio do caminho ele me perguntou de onde eu tirei aquele livro e eu contei o que tinha acontecido. 

- Hermione Granger, hã - ele deu um sorriso malicioso. 

- Não inventa! - eu empurrei ele com o cotovelo enquanto entrávamos em casa. 

Olhei para o livro e acabei percebendo que não era um livro e sim uma agenda, estava cheia de horários e post-its coloridos com várias anotações. Eu sabia que Granger era uma aluna dedicada, por várias vezes eu e Rony nos estressamos com a mesma por ela sempre acertar as respostas das perguntas feitas pelos professores e quase sempre conseguir se sair bem nos feitiços na primeira tentativa, mas ver sua agenda ali com todas aquelas anotações e horários me fazia pensar quando que essa menina dormia ou se divertia. 

Agora, preciso de uma forma para me encontrar com ela de novo para lhe entregar isso. De alguma forma deve ser importante para ela, não sei.

Quando fui me deitar para dormir, fiquei um tempo acordado e pensando em quando me encontraria com Hermione novamente, eu sempre quis trocar uma ideia com ela desde que entrei em Hogwarts, mas ela sempre me pareceu tão séria e tão focada em seus livros que eu acabava deixando a vontade passar e me concentrava nas zueiras com Rony e seus irmãos. 

Me lembro de Hermione antigamente e a olhando agora realmente havia uma diferença, não que isso importasse. Mas gostei dela saber quem eu sou e gostei também dela ter sorrido para mim e também gostei do jeito como ela falou meu sobrenome. Acabei dormindo com um pequeno sorriso no rosto e uma sensação estranha na barriga.