História Real and True - Imagine (Jeon Jungkook) - Only fools rush in

Apenas tolos se apaixonam por você

Apenas tolos

Apenas tolos fazem o que eu faço

Apenas tolos se apaixonam

Nossas vidas não colidem

Eu estou consciente disso

Temos diferenças e impulsos

                - Fools, Troye Sivan

J U N G K O O K 

Seul, Coréia do Sul

“Eu estava cantando os últimos versos de Euphoria quando cravei meus olhos na lateral do palco, onde S/n estava junto da equipe. Ela tinha um sorriso diferente nos lábios que eu não conseguia compreender. Eu não conhecia aquele sorriso. Não era o meu sorriso.

Eu sentia uma sensação estranha e controvérsia de solidão. Talvez aquela que eu costumava sentir todos os dias e que parecia me sufocar todas as noites, mas de uma maneira que se intensificava a cada segundo.

Morae badagi gallajindaedo

Mesmo se o fundo do oceano se dividir em dois

Geu nuga i segyel heundeureodo

Mesmo se alguém sacudir este mundo

Jabeun son jeoldae noji marajwo

Nunca solte minha mão

Jebal kkumeseo kkaeeonaji ma

Por favor, não me acorde desse sonho

Meus olhos inconscientemente procuraram por ela de novo. Era algo que não estava sob meu controle naquele momento.

Jeogi meolliseo badaga deullyeo

Eu ouço o oceano de longe

Kkumeul geonneoseo supul neomeoro

Através de um sonho, sobre o horizonte

Seonmyeonghaejineun geu goseuro ga

Estou indo para aquele lugar que está clareando

Take my hands now

Pegue minhas mãos agora

You are the cause of my euphoria

Você é a causa da minha euforia

O vestido preto e justo realçava a barriga dela que estava perfeitamente redonda.

Euphoria

Euforia

Nossos olhos se encontraram e eu sorri em meio a canção, fazendo ela piscar um dos olhos para mim. 

Take my hands now

Pegue minhas mãos agora

You are the cause of my euphoria

Você é a causa da minha euforia

O sorriso. S/n estava sorrindo na minha direção. Aquele era o sorriso que eu reconhecia.

Euphoria

Euforia

Close the door now

Feche a porta agora

When I’m with you I’m in utopia

Quando eu estou com você, eu estou em utopia

Eu fechei meus olhos para respirar e sentir o vento leve e repleto de calmaria que tocava meu rosto, ao finalizar a música. Mas quando eu os abri de volta, tudo pareceu correr pelas minhas mãos como grãos de areia. S/n estava ao lado de um homem que eu não conseguia ver o rosto, enquanto ele pousava a mão na barriga dela e os dois conversavam felizes. 

Tentei sair correndo do palco quando vi que os dois estavam indo embora, mas fui segurado pelos staffs, que me olhavam furiosos.

Eu gritava por S/n, mas a minha voz não saía. O desesperou tomou conta do meu peito e eu senti uma dor incomparável e que parecia não saciar nunca.”

Abri meus olhos eufórico. Meu coração estava acelerado e minhas mãos tremiam suadas enquanto eu sentia minha respiração pesada. Me sentei rápido e rolei os olhos pelo ambiente. Eu ainda estava na sala. Eu havia chegado em casa tão atordoado que acabei adormecendo ali mesmo.

– S/n? – chamei por ela ao ouvir alguns passos no ambiente.

– Sim Jungkook, sou eu. – fala acendendo a luz do corredor. Eu havia pegado no sono no sofá enquanto assistia televisão. – Desculpa, eu não queria acordar você.

– Graças a Deus. – suspiro aliviado, levando meus olhos até ela e levantando do sofá. – Ei, está tudo bem?  

Ela estava pálida e se apoiava na parede, como se precisasse de forças. S/n apenas balançou a cabeça e saiu correndo até o banheiro. 

S/N

Seul, Coréia do Sul

Foi só o tempo de correr até o banheiro para eu colocar tudo o que havia comido durante o dia para fora. 

Não sei dizer por quanto tempo eu dormi, mas já era a segunda vez durante a madrugada que eu precisava ir ao banheiro vomitar. Tentei fazer o mínimo de barulho possível para não acordar Jungkook porque sabia como ele estava cansado nesses últimos dias e que em menos de uma semana viajaria. Mas dessa vez eu não tinha conseguido.

Ele me olhava assustado, mas não saiu do ambiente um segundo sequer. Enquanto eu escovava meus dentes para tirar o gosto ruim da boca, Jungkook perguntou incontáveis vezes se eu queria ir para o hospital e quando eu disse que não, ele não calou mais a boca. 

Foram alguns minutos até que eu conseguisse convence-lo de que realmente estava tudo bem. Minutos esses que depois nos renderam algumas boas risadas quando já estávamos no meu quarto.

Eu havia perdido completamente o sono. Liguei a televisão para tentar me distrair e vi no celular que já se passavam das duas horas da manhã. Me repreendi mentalmente por te-lo acordado quando ele deveria estar descansando. 

– Meu Deus. O que é isso? – perguntei encarando a sopa que não me parecia muito boa. – Você quer me fazer vomitar de novo?

– Exatamente. Como você adivinhou? – fala largando a bandeja em cima das minhas pernas e sentando na beirada da cama. – É uma sopa. Minha mãe quem deu a receita e disse para você comer tudo. 

– Você ligou para ela? – perguntei horrorizada. Ele assentiu, dando de ombros. – Você viu que horas são?

– Sim. – da de ombros mais uma vez. – Vai. Não vou sair daqui enquanto você não comer tudo.

– Pega os seus travesseiros então. – torci meus lábios. Ele fez uma careta e eu levei uma colherada de sopa até a boca. Apesar de parecer horrível, o gosto era bom. – Tudo bem. Você me viu comer, já pode ir dormir.

– Eu não vou conseguir dormir. – me olha indiferente. Revirei meu olhos e ele riu. 

– Eu estou falando sério. Você está horrível. 

– O que? – ele junta as sobrancelhas.

– Não. Eu não quis dizer isso. – tento concertar e ele sorri cínico.

– Então você me acha bonito? 

– Não. Sinto muito. – debocho, bebendo um pouco de água. 

– Que pena. Porque eu sou o pai do seu filho. – levanta as sobrancelhas, me provocando. – Grandes chances dele se parecer comigo.

– Vamos torcer para que não. – rebato o fazendo rir. – Seria muito azar.

– Você não disse isso no after do MAMA. 

Senti meu coração acelerar. Era óbvio que estávamos brincando, mas aquilo ainda assim estava acontecendo e aquela era a maior mentira que já havia saído por entre meus lábios. Jungkook era uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto, bem como o sorriso dele.

– É. – sorri assentindo e olhando nos olhos dele. – Eu não disse. 

Jungkook não respondeu e o sorriso dele foi diminuindo gradativamente. A expressão facial divertida sumiu e ele então suspirou descansado, pousando os olhos em mim.

Um silêncio que dizia muito se instalou entre nós, preenchendo o ambiente. Não era um silêncio tenso e desesperador, muito pelo contrário. Era um silêncio que representava a paz reinando. 

Só então meus olhos correram pelo corpo de Jungkook inteiro. Ele estava sem camisa e somente os deuses poderiam explicar tamanha perfeição por cada detalhe. Até as pintas no corpo nu dele pareciam obras de arte para mim.

A expressão terna e calma denunciava que ele provavelmente estava sentindo o mesmo que eu. Alívio. 

– Hum… – bebo mais um gole da minha água, desviando os olhos do corpo dele. Eu não queria parecer óbvia. – Você nunca me mostrou os seus desenhos. 

– E você nunca me disse que se interessa por desenho. – rebate. – Como você sabe? 

– Taehyung me contou. 

– É claro que foi ele. – Jungkook ri. – V hyung fala demais. Você quer ver? 

– É claro. – assinto largando a bandeja ao lado do meu corpo. – Vai lá buscar.  

– Que droga é essa que você está assistindo? – ele pergunta apontando para a televisão, ao se levantar. – Acho que já vi Namjoon  hyung assistindo algo assim também.

– Você só pode estar brincando. – arregalo meus olhos. – Você nunca assistiu ASMR?

– Não. – responde juntando as sobrancelhas. – É estranho demais. 

– Vai logo buscar os seus desenhos. – reviro os olhos, fazendo ele rir mais uma vez. 

X 

Me observei no espelho por alguns segundos e toquei minha barriga que estava começando a aparecer. Era estranho dividir meu corpo com alguém e finalmente ver isso. 

A semanas atrás eu nem sabia se de fato queria te-lo e apesar de não ter noção nenhuma sobre maternidade, eu não queria o ignorar. Era o meu bebê.

Quando sentei para amarrar meus tênis de caminhada, encontrei um post-it colado na porta de entrada do apartamento. Terminei de amarrar os tênis e o arranquei.

“Bom dia! Espero que tenha dormido bem e esteja se sentindo melhor. E por favor, não fique assistindo Asmr :(

Aproveita esse dia bonito por mim 

               Jk”

Deixei uma risada escapar e guardei o papel dentro do bolso da minha calça. 

Assim como Jungkook havia pedido, passei boa parte da manhã tentando manter meu corpo ativo e aproveitando o dia ensolarado. 

Caminhei pelo condomínio, fiz uma pequena faxina no apartamento, fui ao mercado, cozinhei meu almoço e falei por facetime com minha mãe. Ela me contou que John havia noivado. Foi um choque. Por mais que eu soubesse que ele estava namorando uma garota do interior, eu senti uma pequena dor ao ouvir aquilo. Não era fácil lidar com o fato de que a pessoa com quem você passou dois anos e meio da sua vida, estava prestes a se casar com outra. Em todo o tempo que passamos juntos, eu sempre tentei o proteger dele mesmo, mas era em vão. E agora, essa garota tinha conseguido. 

Enquanto eu fazia skincare e trocava mensagens com Sunhee, que estava reclamando sobre a volta da turnê do BTS, o interfone tocou e eu corri para atende-lo. 

X

– Por acaso o pai desse bebê é o presidente da Coréia do Sul? – as sobrancelhas arqueadas de Jihoon denunciavam a surpresa. – Porque não é possível. 

Depois da ligação dos seguranças - que me informaram que havia um homem na portaria se identificando como Jihoon e alegando ser meu amigo - eu liberei a entrada dele até o apartamento sem entender nada. 

Jihoon estava estranho. Todo aquele semblante radiante que eu estava habituada a ver sempre, estava abatido. Pela primeira vez eu vi Jihoon desanimado e cabisbaixo. 

Ele disse que precisava sair e ocupar a cabeça com qualquer coisa. Então eu sugeri que nós fôssemos até a N Seoul Tower. 

Andamos no teleférico de Namsam para chegar até a montanha e subimos o finalzinho do trajeto caminhando. Quando enfim chegamos na torre, ficamos um bom tempo observando a vista da cidade na plataforma giratória. 

E agora nós estávamos em uma das cafeterias comendo e conversando. Ele parecia muito mais alegre do que antes, mas ainda não era o Jihoon que eu conhecia.

– Se fosse o presidente seria menos complicado, acredite em mim. – larguei meu milkshake e suspirei, rindo fraco. – Mas como você me achou lá? 

– Sunhee me deu o novo endereço dela no dia da mudança e eu acabei pedindo o seu também. – explica. – Confesso que quando peguei o carro não esperava chegar no Trimage. 

– Nem ser barrado por todos aqueles seguranças, aposto. – eu havia ficado extremamente envergonhada. E já havia pedido desculpas, mas ainda me sentia mal por Jihoon. – Me desculpa. É necessário. – falo, lembrando das palavras de Jungkook. 

– Deve ser, mas você sabe que não precisa ficar me pedindo desculpas. – junta as sobrancelhas. – Estou sentindo sua falta do outro lado do rio.

– Você sabe que o que eu mais queria era estar lá. 

Antes de Jihoon responder, meu celular vibrou e o cortou, nos fazendo rir. Desbloqueei a tela e o olhei, pedindo que ele continuasse falando. 

– Eu preciso da sua opinião…

Jihoon começou, mas a voz dele ficou afastada assim que eu vi de quem era a mensagem. 

Jungkook | via kakaotalk

Não vou conseguir ir dormir em casa hoje

Vou precisar ficar até mais tarde

gravando o Run BTS 

Se cuida e me liga, qualquer coisa ;)

Tudo bem

Bom trabalho 

Se cuida você também 

Levantei meus olhos para Jihoon e larguei o celular na mesa, fazendo ele rir e me olhar divertido.

– Você não ouviu nada do que eu falei, né? – reprimi meus lábios e levei uma das mãos ao rosto, negando envergonhada. – O meu amigo que estava trabalhando na reforma do hospital está sendo investigado pela policia.

Meus olhos quase saltaram do rosto. 

– O que? Mas porquê?

– Ele está envolvido nessas merdas de cassinos clandestinos. 

– Meu deus, Jihoon! – coloco minha mão na boca, apavorada. – Você acha que ele tem culpa?

Eu estava tão chateada por ele, que nem poderia imaginar a decepção de Jihoon. Aquele projeto significava o mundo para ele.

– Bom... quando ele me contou eu disse que isso eram apenas especulações e que estaria ao lado dele. – diz abalado. – Eu jamais teria coragem de pedir que ele saísse do projeto. Mas ele me pediu pra tira-lo, então acho que sua pergunta está respondida.

O semblante de Jihoon mostrava que ele estava perdido. Era como se o garoto inteligente e com soluções para tudo, fosse substituído por alguém sem direção da vida. 

Eu enxergava muito de mim nele.

Jihoon vinha de uma família que tinha dinheiro, mas era óbvio que ele não conseguiria entrar sozinho nessa. Era a reforma de um hospital. Os valores giravam em torno de bilhões de wons.

– Por que ele nunca me disse nada? – a pergunta saiu mais para ele mesmo do que para mim. – Droga! Nós somos amigos há tanto tempo.

– Talvez ele não quisesse envolver você nisso. Ele sabe da importância daquele hospital para você e não queria estragar tudo. Isso é ser amigo também. – tento consola-lo, por mais difícil que fosse. – Eu sinto muito.

– Obrigada. – disse fechando os olhos e forçando um pequeno sorriso. – Isso parece um pesadelo. Mas eu tenho que dar um jeito, não vou desapontar aquelas crianças. 

– Eu tenho certeza que não vai. E estou aqui para o que precisar.