História Real and True - Imagine (Jeon Jungkook) - Take it easy

Tem uma tempestade se formando

E estou preso no meio disso tudo

E isso toma o controle

Da pessoa que eu pensei que eu era

                - Waves, Dean Lewis.

S/N
Seul, Coréia do Sul

Revirei meus olhos e joguei a cabeça para trás, fazendo drama. Jihoon riu da minha reação e tocou meus ombros, como se estivesse me estimulando a continuar caminhando. 

Pela parte da manhã, Sunhee havia nos obrigado a ir até o mercado Namdaemun fazer compras para o apartamento com ela, já que Bong Hye estava praticamente afogado de trabalho na Big Hit. Eu até acabei comprando algumas roupas para o bebê. Ainda não havia procurado tempo e nem vontade para começar a organizar o enxoval, mas essa não era uma preocupação para mim. Faria tudo isso com calma.

Durante a manhã nós acabamos entrando em tantas lojas que eu já me sentia tonta e nem conseguia mais processar as diferenças das peças de roupas com os objetos de decoração. Tudo parecia igual ou semelhante. 

Quando o início da tarde se chegou, nós decidimos almoçar em um restaurante discreto da região e sinceramente, a comida estava deliciosa. Talvez tenha ficado ainda mais gostosa porque nós estávamos verdes de fome, como Jihoon havia dito. E agora Sun estava nos arrastando pelos arredores do Rio Han, que estava moderadamente movimentado para uma tarde de sábado. Famílias passeando, turistas tirando fotos e andando de pedalinho, pessoas correndo com cachorros e pessoas que simplesmente não tinham mais o que fazer, assim como nós. 

Eu não havia contado a eles sobre o beijo com Jungkook porque não queria ter que explicar toda a situação. Eu certamente me sentiria ainda pior sobre o assunto e ficaria ainda mais envergonhada do que já estava. O problema era que o beijo, a reação de Jungkook e o meu incômodo com tudo isso não saiam da minha cabeça e estavam evidentes nas minhas olheiras. Eu praticamente não havia dormido na noite anterior e é óbvio que os meus amigos notaram.

Eu queria muito conversar com Jungkook, mas eu sequer tinha o visto hoje de manhã no Trimage. Quando eu acordei ele já não estava mais no apartamento. Com o retorno da tour cada vez mais próximo, os garotos estavam ensaiando aos finais de semana também.

Eu estava realmente assustada com a possibilidade de Jungkook se fechar para mim e me afastar dele, porém não podia reclamar ou exigir qualquer tipo de resposta. A culpa era minha. Eu havia sido precipitada. 

– Você sabe que as duas coisas que eu mais odeio são gastar dinheiro e perder tempo. – reclamo enquanto esperávamos nossas hoddeoks. – E você está me obrigando a fazer as duas coisas hoje.

– Ei, para de reclamar. Eu estou fazendo um favor a sua sanidade mental. – debocha. O moço da carrocinha entregou as panquecas, nós agradecemos e voltamos a caminhar. – Olha esse dia! Ele está lindo. Você estaria perdendo tempo se estivesse trancada dentro daquele apartamento. 

– Eu estaria trabalhando. Isso não é perder tempo. – dou de ombros. Sunhee revirou os olhos e encarou Jihoon, como se reclamasse de mim para ele apenas com o olhar. – Estou começando a me arrepender de aproximar vocês. Agora são os dois contra mim.

– Trabalhar no sábado? Você realmente cogitou isso? – Jihoon pergunta sério, me ignorando.

– Hum... ela está obcecada com a estagiária nova e agora quer provar que pode ser mãe e tocar a vida profissional ao mesmo tempo. – Sunhee fala de boca cheia. Fiz uma careta e ela revirou os olhos. – Eu já expliquei mil vezes que uma coisa não tem nada haver com a outra, mas não adianta. Você sabe como ela é cabeça dura.

– Tudo bem. Chega. – suspiro. – Como andam as coisas no hospital, Jihoon? – mudo de assunto, fazendo Sun o olhar curiosa também. 

Jihoon foi nos responder, mas parou de caminhar e acabou ficando estático. Sunhee o olhou como se ele fosse a pessoa mais estranha que ela conhecesse. Eu apenas olhei na direção que os olhos dele estavam presos, vendo uma garota gesticulando enquanto falava ao celular. Ela também estava olhando para ele e parecia encantada, porém surpresa.

A garota vestia uma calça jeans clara, uma jaqueta de couro preta e all star vermelhos nos pés. O cabelo dela estava preso em um rabo de cavalo bagunçado, deixando alguns fios da franja soltos. Ela era realmente bonita. A observei tirar o celular do ouvido e o guardar no bolso de trás da calça, andando em passos eufóricos até onde nós estávamos. Eu e Sun trocamos olhares cúmplices e ela voltou a atenção para ele.

– Ei, Jihoon! Você está bem? Preciso chamar uma ambulância? Ou a polícia, sei lá.

– A não... eu estou bem, Sun. – ele moveu a cabeça e forçou um sorriso, tentando passar tranquilidade. – Sobre o que nós estávamos falando? 

– Quem é ela? – perguntei mantendo os olhos na garota, que se aproximava cada vez mais. 

– Uma amiga... 

– Jihoon-ah, quanto tempo! – ela chega, impedindo ele de continuar. A garota nos cumprimentou discretamente, mas de uma maneira simpática. – Que surpresa ver você aqui. Pensei que estivesse em Busan. 

– E eu pensei que você estivesse na China. – o ouvi responder e olhei para Sunhee, que estava tão confusa quanto eu. 

– Foi bom passar um tempo fora, mas a China não é o meu lugar. Minha vida está aqui. 

– Sim. É claro. – ele estava claramente nervoso. – Essas são Sunhee e S/n. Elas são minhas amigas.

– É um prazer. – sorrimos juntas. 

– Fiquei sabendo sobre o seu projeto do hospital. Estou orgulhosa de você, como sempre. Você se dedicou tanto para que isso fosse possível. – ela volta a atenção para ele, arrumando a alça da bolsa em um dos ombros. – Bom... foi ótimo te rever. 

Os dois se cumprimentaram e ela acenou tímida para mim e Sunhee. Esperamos a garota tomar uma distância segura e praticamente cercamos Jihoon com a nossa curiosidade.

– Tá, quem é ela? – Sun se põe na frente dele.

– Ela é a minha ex namorada. – deixa um sorriso escapar, ao falar da garota. Nossos queixos caíram. – A curiosidade matou o gato, sabia? 

– Espera. É aquela que…

– Sim. É aquela. – ele me interrompe, corando. 

– Meu Deus! Ele ainda ama ela. 

– S/n! – Sun me repreende. Jihoon colocou as mãos nos bolsos do casaco e nós continuamos caminhando até o rio. – Por que você está aqui ainda? Vá atrás dela então.

– O que? – a olhei confusa.

Ela tinha acabado de me corrigir por insinuar que Jihoon amava a garota e agora estava o incentivando a ir atrás dela. Ele apenas riu e balançou a cabeça.

– Vocês estão loucas? Devem estar com insolação. 

Meu celular começou a tocar, fazendo que parássemos de caminhar novamente. Vi o nome de Bong Hye aparecer no visor e mostrei para Sunhee, que juntou as sobrancelhas e mandou que eu atendesse logo. Ele já havia me ligado outras onze vezes. 

– Oi Hye. 

– Caramba, finalmente! Por que você tem celular, se não atende? 

– Eu estava ocupada e… – faço uma pausa, preocupada. – Mas por que? Aconteceu alguma coisa? 

– S/n, onde você está? Você está bem?