História Real and True - Imagine (Jeon Jungkook) - Going through frustration

Apertando minha dor com seus dedos

Cantando minha vida com suas palavras

Me matando levemente, com a canção dele

Me matando levemente, com a canção dele

Contando toda minha vida com as

palavras dele

Me matando levemente, com a canção dele

     - Killing me softly with his song, Fugees

J U N G K O O K 

Seul, Coréia do Sul

Entramos no apartamento de Hannam e eu fui direto a geladeira, procurando por uma garrafa de soju ou qual fosse a primeira bebida com álcool disponível. Taehyung apareceu com Gureum nos braços, olhando curioso para Jimin, que apenas torceu os lábios para mostrar que as coisas não estavam legais.

Peguei uma das garrafas e abri o mais rápido possível, voltando para a sala. Namjoon e Yoongi também me olharam sem entender o que estava acontecendo, e logo depois trocaram olhares cúmplices.

– O que é isso? – Namjoon hyung questiona, largando o celular. Suspirei fundo e ele continuou me olhando curioso. – O que você está fazendo, Jungkook? 

– É só uma garrafa. – respondo sentando em um dos sofás. Ele me olhou com cara de tédio. – Eu tenho vinte e três anos, hyung.

– Eu sei que você tem vinte e três anos. O problema é que não é só uma garrafa para você, Jungkook. – fala sério e Jimin bate nas minhas costas, concordando. – Você é contra resolver os problemas desse jeito. O que aconteceu? A empresa fez alguma coisa?

Afastei o bico da garrafa da minha boca e respirei fundo por um momento, pensando se realmente deveria contamina-los com mais um  dos meus problemas. Dessa vez não era nada com Hitman ou com a empresa, porém se fosse, seria algo muito mais simples. O problema agora era eu e minha relação com S/n.

Antes que eu pudesse começar a falar, Jin apareceu e começou a gesticular, me enchendo de perguntas sobre a conversa que tive mais cedo. E eu aproveitei para avisar S/n que estava no apartamento de Hannam e que ela não precisava me esperar acordada. 

Contei tudo o que eu e Hitman conversamos e hora ou outra eles me interrompiam para fazer perguntas. 

– As coisas estão se complicando na internet. Querem saber se você engravidou a staff ou se anda dormindo com várias garotas. – Taehyung senta com Yeontan no colo. – Você deveria ter processado Mi-rae e ir a público assumir que tem um relacionamento com a mãe do seu filho. 

– Não sei se assumir um relacionamento agora ajudaria. – falo a contragosto. Meu estômago revirava só de pensar na hipótese. – Acho que as pessoas não estão prontas para isso. Não sei nem se eu estou pronto para fazer. 

– S/n sabe que você decidiu não processar e nem depor contra Mi-rae? – Yoongi pergunta sério e eu balanço minha cabeça em negativa. – Jungkook, você está louco?! 

– Você sabe que não é tão simples... ela vai ficar com raiva de mim. 

– É claro que vai, e com todas as razões do mundo. – Jimin rebate. – Eu não entendo como você consegue ficar de braços cruzados depois de tudo o que ela fez. Toda essa merda que você está passando foi porque ela causou. 

– Vocês não conhecem Mi-rae da forma que eu conheço. Não é tão simples assim. 

– O que não é tão simples? Jungkook, do jeito que você está falando parece que ainda sente algo por ela. – Yoongi me olha preocupado. – Cacete, olha tudo o que você está passando.

– Ei, calma. – Jin nos interrompe levantando a mão. – Se Jungkook assumir o relacionamento, qual vai ser o plano para Hitman não ter uma parada cardíaca? 

– Não podem impedir Jungkook de namorar, seja de forma pública ou não. – Namjoon fala calmo. – Mas acho improvável que Hitman deixe ele fazer isso, principalmente depois de toda essa pressão dos nossos acionistas. Um relacionamento é pior do que um filho para eles.

Namjoon estava coberto de razão. Ninguém detinha o poder de me proibir de assumir o meu relacionamento, porém eu sabia que fazer isso era dar um tiro na minha própria cabeça e na dos meus hyungs. Seria loucura. Eu não podia cavar uma cova e leva-los comigo.

– Então o que você vai fazer? – Hobi questiona me olhando. 

– Nada. – respondi entrelaçando meus dedos. – Não vou me pronunciar sobre nada e preciso pensar em como vou contar para S/n que não processei Mi-rae.

Taehyung e Jimin estavam visivelmente contrariados pela minha decisão. No fundo eu sabia que Yoongi também, mas ele não costumava ser tão transparente quanto meus outros hyungs. 

– Já era. – Yoongi hyung inclina o celular dele para mim e Namjoon. – A Big Hit soltou um comunicado. O que você decidir não vai fazer diferença.

Levei minhas mãos ao rosto, sentindo cada pedaço do meu corpo doer. Soltei um suspiro alto e Namjoon pegou o celular da mão de Yoongi, rolando os olhos pela tela. Aquele pronunciamento feito pela empresa sem que eu soubesse significava muito. Significava que agora a situação seria contornada apenas pela nossa assessoria. Significava  que a minha opinião e a minha vontade já não importavam mais. Significava que o que quer que estivesse escrito ali, seria a versão oficial da história, mesmo que não fosse verdade. Significava que as coisas estavam sérias e a empresa precisava dar um basta.

– O que diz? – Jimin pergunta impaciente. Todos estávamos tensos. – Hyung, fala logo.

– Que Jungkook se relacionou brevemente com a mãe do filho dele, que por vez não é uma staff da Big Hit, mas que não foi nada sério e eles não estão juntos. – Namjoon fala rolando os dedos pela tela. – Não fala nada sobre a identidade de S/n. E ainda reforça que os responsáveis por criar notícias falsas acerca do assunto serão devidamente responsabilizados. 

S/N

Seul, Coréia do Sul

Eu não sabia o que pensar sobre o comunicado da Big Hit. Mas acho que ele havia sido em uma análise geral, positivo. 

Eu estava odiando a ideia de Mi-rae ser associada como mãe de Hyeon. Jungkook e eu discutimos por conta disso e eu acabei ficando com muita raiva dele. Eu de fato não queria ficar de braços cruzados vendo as pessoas acharem que ela era a mãe do meu filho. 

No comunicado oficial, a Big Hit havia a desmentido e isso estava mais do que o suficiente para mim. No entanto, eles mentiram sobre mim e sobre a minha relação com Jungkook, e por mais que eu sentisse um pequeno incômodo surgir no fundo do meu coração, eu não poderia me dar ao luxo de reclamar.

Larguei o celular no sofá de amamentação e observei Gureum dormindo ao pé do berço de Hyeon.

Mi-rae teria o que merece e por mais que não pudesse fazer isso com minhas próprias mãos, confiava na justiça coreana e nos advogados de Jungkook. Eu apenas precisava ve-la pagando por tudo o que fez contra as pessoas que eu amo, para enfim ficar completamente leve e virar a página.

Depois de que minha vida cruzou com a de Jungkook, eu percebi que não sairia ilesa. De alguma maneira ele me transformaria. Eu só não imaginava o quão intensa essa transformação seria. Ele estava me fazendo viver tudo o que eu precisasse viver, me jogando, quebrando minha cara e me desarmando de todas as minhas proteções. Jungkook também havia me ensinado a ser mais gentil com os meus próprios tropeços e entende-los como parte do ser humano que eu sou, que não é perfeito. Jungkook me ensinou a respeitar o tempo da vida e ir com calma. Mas ir. 

– Céus, por que eu tenho que amar esse garoto de uma maneira tão … – paro de falar ao perceber o quão estranha estava sendo. Agora Jungkook estava me fazendo falar sozinha. – Eu não acredito que estou fazendo isso. Gureum, acha que eu estou enlouquecendo? 

Levei meus olhos até ele, que parecia querer me matar por atrapalhar seu sono. Deixei uma risada escapar e fechei meus olhos, tomando mais um gole da cerveja. 

Ouvi a risada de Jungkook e abri meus olhos, o enxergando escorado no batente da porta. 

Ele ainda estava vestindo a roupa que havia usado para ir na academia e me olhava como se estivesse vendo um palhaço de circo.

– Está louca por falar sozinha, mas não por falar com Gureum? – pergunta se aproximando. Suspirei sentindo os lábios dele em contato com minha testa. – Eu também te amo tanto que as vezes acho que estou louco. 

Sorri e escorei minha cabeça em seu peito. Ficamos conversando sobre o dia dele na Big Hit - que como sempre, parecia ter sido exaustivo -, enquanto observávamos Hyeon dormir. 

– Falaram sobre o processo? – pergunto curiosa. A expressão de Jungkook se tornou confusa, me deixando preocupada. – O que foi? Não vai me dizer que Hitman voltou atrás. Ele tem medo de que? Mi-rae já…

– Não. Ela vai ser processada. – me corta, coçando a nuca. 

| Duas semanas depois | 

Seul, Coréia do Sul

Ri alto ouvindo Taehyung me contar sobre quando ele ligou para uma garota com a intenção de se declarar e ela acabou o ignorando completamente. 

Ele havia me ligado para conversar e porque queria ver Hyeon, mas o pequeno já estava dormindo com Jungkook, que havia chegado esgotado da empresa mais uma vez.

Os meninos estavam trabalhando tanto que eu não os via a praticamente um mês.

– Eu ainda devo ter o número dela anotado nos meus cadernos da escola. Eu me arrependi na mesma hora.

– Ela deve ter se arrependido mais. – falo convicta. – Não é todo dia que você rejeita o garoto mais bonito do mundo. – brinco. Taehyung levantou as sobrancelhas como se fosse óbvio, me fazendo rir. – Você está em uma boate por acaso? 

Era óbvio que ele não estava, mas o reflexo de algumas luzes no rosto dele estavam muito semelhantes as luzes das baladas coreanas. Tae negou e virou a tela rapidamente, mostrando a televisão e Jimin e Namjoon deitados nos sofás.

– Eles estão assistindo End Game de novo. Yoongi também estava, mas aí começou a sentir sono e foi tentar dormir. – vira a câmera de volta, com cara de tédio. – Me surpreende até hoje que Jungkook não tenha feito você assistir isso. Você sabe que ele é obcecado, não sabe? Foi ele quem deixou esses dois assim. 

– Ele comprou uma fantasia do Homem de Ferro para Hyeon que o garoto só vai conseguir usar daqui cinco anos. – conto. Junkook já havia comprado diversas coisas da Marvel para o bebê antes mesmo dele ter nascido. – Eu brinco dizendo que quando Hyeon crescer vou mostrar aquela entrevista em que ele diz que o personagem favorito dele é o Thanos. E então ele diz que nosso relacionamento vai acabar nesse dia. – deixo uma risada involuntária escapar, lembrando de Jungkook fingindo estar furioso. – Mas sempre acaba rindo. E eu amo quando ele faz isso.

– Aigoo, vocês fazem muito bem um para o outro. Porém achei que você fosse estalar seus dedos como o Thanos e explodir ele depois da decisão de não processar e nem depor contra Mi-rae. Eu teria feito se fosse você. – meu sorriso foi diminuindo gradativamente conforme as palavras saíram da boca dele. – Mas o importante é que você entendeu. Jungkook é louco por vocês dois.

– Eu sei. – forço um sorriso. – É… V? – o chamo. Senti meu corpo fraco e tentei controlar minha respiração para não perder completamente minha cabeça. – Hyeon está começando a resmungar e eu não quero que ele acorde Jungkook. Você sabe como ele está cansado.

– Sei. Entre os intervalos dos nossos compromissos ele fica dormindo jogado pelos cantos. Eu até brinquei que ele está dando duro para ganhar o prêmio de pai do ano. Enfim, se cuidem. 

– Você também! Vá descansar. Foi bom ver você. – nos despedimos e eu prometi enviar uma foto do pequeno para ele.