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Realidade Shinobi - [Originais] Realidade Shinobi


Escrita por: hackcain

Capítulo 1 - [Originais] Realidade Shinobi


Esqueça tudo o que sabe sobre nós shinobi, esqueça as aventuras, os dramas miraculosos contados pelos "emakimonos". Os poderes, os jutsus, os saltos inacreditáveis. Estamos no fim da era Meiji, as armas de fogo tem começado a ganhar espaço e nossos serviços começaram a se tornar escassos. Afinal ao invés de usar vários ninjas, apenas um ninja com um rifle ou um pequeno exército de homens armados já pode dar conta do recado. Sinto que assim começa a entrar em declínio a nossa cultura...

A vida de um shinobi não é um mar de rosas, pelo contrário, é um pântano lamacento que quanto mais se aprofunda, mais se torna impossível sair de lá. No momento que a pessoa decide ser um shinobi, tem de aceitar que o caminho que ele está escolhendo é um caminho imprevisível, a vida que nós levamos é como se jogássemos num jogo de cartas onde a banca nunca ficará ao seu favor (Pode acreditar, por mais otimista que você pode ser e o mais certo de tudo que pode ocorrer, sempre algo pode te surpreender, e tu tens que se virar!). Ser um shinobi não é apenas saber matar e correr livre pelos telhados. Tínhamos que dominar a arte da invisibilidade, usar a escuridão a nosso favor. Enganar os globos oculares do oponente e assim evitar quaisquer complicações.

Temos que dominar a luta desarmada e armada. Diferente dos samurais que são desgraçados que somente vem a própria espada, porém essa confiança chega sempre a ser letal... Nós por outro lado nos escondemos nas sombras, para evitar confrontos. Embora sermos ágeis, muitos de nós sequer agüentam um combate corpo-a-corpo com aqueles brutamontes de armadura. Temos aulas intensas de anatomia humana, estudando dias após dias cautelosamente onde cada junta e cada ponto de pressão vital ficava. Ser ninja também é saber esperar o momento certo antes de agir, aguardar horas, dias em cima de uma viga de madeira antes de fazer qualquer ação. Tínhamos aulas de noção de localização e leitura de mapas para poder planejar nossas rotas de fuga caso algo de errado acontecesse. (que por sinal é quase o tempo todo). treinamos ser silenciosos e letais como um tigre, tendo que caminhar sobre galhos secos no outono sem fazer barulho, evitar deixar pegadas notáveis na neve no inverno. Sim é um trabalho árduo e sem muita recompensa.

Treinávamos a nossa flexibilidade, podendo destroncar nossas juntas e assim escapar de amarras e passar por frestas minúsculas, lutávamos dentro dos lagos para treinar nossa resistência e capacidade respiratória, além de servir como válvula de escape caso queira por um samurai em desvantagem. Todo ninja tem um pouco de alquimista em si, estudamos botânica para saber quais ervas podem ser utilizadas para fabricar venenos, quando de pólvora deve ser utilizado na fabricação de bombas de fumaça, quais ervas teriam um efeito medicinal surpreendente. Ser um ninja não requer só força e agilidade, requer ter uma mente aberta e criativa, sendo essa a verdadeira forma de um shinobi poder prolongar a sua curta vida. Os shinobis mais experientes podem ser comparados com verdadeiros sociopatas ou completos mentalistas, esbanjam carisma, enquanto de noite matam e espalham sangue pelas pequenas ruas de Nihon (você jamais vai saber que aquele senhor da barraca de bentô era ou ainda é um ninja). E finalmente e não mais importante nós temos que nos tornar impostores. Somos mestres do disfarce, usamos máscaras, maquiagem, dramatização e simulação de sons. Sendo essa a maior especialidade das Kunoichis, sim ao invés de atacar com brutalidade, elas preferem ludibriar os homens e atacar com seu melhor atributo, a letal sensualidade feminina.

Os nossos equipamentos são diversificados, enquanto os samurais treinam com armas nobres como katanas,e arco-e-flecha, nós ninjas treinamos a vida inteira na arte do improviso. Cada shinobi é um autodidata na arte de forjar suas próprias armas, uns se dedicam a vida inteira para criar armas novas que se adaptem a diversas situações do cotidiano. E passar esses conhecimentos adquiridos ao longo dos anos em largos pergaminhos como este em que escrevo. Usamos a chamada ninjatô para serviços básicos como assassinato e defesa pessoal, enquanto usávamos zarabatanas com dardos envenenados, kunais e shurikens para atacar a distância. Muito melhor e mais prático que usar um maldito arco e flecha. As kunoichis usam geralmente as chamadas Tessen, leques com lâminas de navalha em suas extremidades e são especialistas em aplicar veneno nos pobres coitados. Mas não deixam de ter o mesmo treinamento de combate corpo-a-corpo como nós.

Chakras, Chi e Jutsus... Esqueça sobre poderes especiais ou habilidades super-humanas, usamos o fundamento do hinduísmo e budismo para nosso auto-controle, afinal nós matamos demais e muitos de nós acabam se descontrolando o que leva a sua morte precoce. Como diz o ditado budista levando consideração do yin-yang: "Um homem para obter perfeito equilíbrio deve ter uma mente são e um corpo são". Os jutsus representam as artes e técnicas que cada ninja representa, como os estilos do kung-fu chinês e nada mais. Usamos eles apenas como agradecimento ao nossos mestres e para preservar a nossa honra shinobi (muito diferente dos samurais que são tão devotos ao ponto de se matar por causa de sua honra cega).
No final das contas, nós shinobis somos as putas sujas do senhor feudal. Enquanto os samurais ganham a fama e preservam suas tradições inúteis, temos que nos virar no mundo e nos adaptar as inúmeras mudanças que ocorrem. Fazemos nada mais, nada menos que o serviço recusado pelos samurais que iram por seus pescoços em risco. E isso para que? Por apenas um punhado de moedas e ficar nas sombras dos senhores feudais, esperando um dia poder receber as tão merecidas felicitações e boa fama pelo trabalho bem sucedido. Infelizmente, devo ter derrapado em algum momento, sabem quem realmente sou, de meu paradeiro e creio que não tenho muito tempo de vida restante...

Ouço as marchas pesadas dos meus carrascos se aproximarem, o barulho do casco dos cavalos batendo no chão pedregoso de minha aldeia. Sinto que meu tempo de glória estão acabando, a era dos ninjas e dos samurais também. Ouço o choro das crianças e os gritos dos mais velhos entrarem pelas frestas de minha casa de bambu, vou apagar a chama da pequena vela que só consegue iluminar essa folha de pergaminho, pegar minha velha espada e me acolher uma última vez na escuridão, sentir seu abraço gélido e agradecer por ser minha única companhia confiável...
[...]"E o resto do pergaminho se torna ilegível por causa de escuras manchas de sangue que caíram em sua folha..."


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