1. Spirit Fanfics >
  2. Reciprocal >
  3. Onze

História Reciprocal - Onze


Escrita por: Exospirit

Notas do Autor


Aê galera capítulo novo.
Resolvi postar umas horinhas mais cedo ~bem mais cedo~ porque eu consegui adiantar bastante coisa nesse começo de feriado ^^ mas enfim.
Tá aí, esse cap tá beeeeem interessante!
Enjoy

Capítulo 12 - Onze


O Sr. Park estava em seu escritório. Voltara de mais um longo dia de trabalho, mas ainda havia alguns assuntos para resolver. Analisava alguns relatórios quando alguém bateu na porta.

– Pode entrar. – disse, ajeitando os óculos.

Para sua surpresa, era ChanYeol.

– ChanYeol, meu filho! – ele se levantou de sua cadeira giratória para poder receber o filho. – Em que posso lhe ajudar?

Ele sabia muito bem que nas poucas vezes que ele o procurava era para pedir alguma coisa, mas de qualquer forma, era uma conversa e raras oportunidades de falar com seu filho.

– Nós precisamos conversar. – passou reto pelo seu pai, sentando-se em uma das poltronas do grande escritório. O homem notou o tom de voz sério do filho, e percebeu em seu rosto que ele não estava nada bem.

– Filho, o que aconteceu? – toda a felicidade que sentiu ao vê-lo transformou-se em preocupação.

– Você tem muito, muito o que explicar. – ChanYeol olhou seu pai bem nos olhos, e este pôde notar, devido aos seus olhos vermelhos e inchados, que o garoto havia chorado. A preocupação em seu peito apertou ainda mais.

– M-meu filho, diga-me o que aconteceu. Você está me deixando preocupado. – o homem de cabelos grisalhos sentou-se na poltrona em frente à de ChanYeol.

– Certa pessoa me procurou. – disse, desviando o olhar para suas mãos, que descansavam em seu colo. Seu pai o olhava, tentando entender aonde ele queria chegar. – Um homem chamado Lee ChangIn, alegando ser meu tio.

ChanYeol olhou para cima novamente, e viu o rosto de seu pai se fechar.

– E-e... O-o q-que que ele disse? – o Sr. Park estava notavelmente nervoso. O coração de ChanYeol apertou ao ver a reação tão acusadora do pai.

Sentindo os olhos lacrimejarem novamente.

– Como você pôde? – ele murmurou, olhando para baixo. Ouviu seu pai respirar fundo. – Como pôde ser capaz de uma monstruosidade dessas?

O Sr. Park suspirou, como se não soubesse o que dizer. E de fato não sabia.

– Você destruiu a nossa família. Mas acho que ela já estava destinada ao fracasso, pelo fato da minha mãe não amar você, e sim outro homem. Mas você não podia aceitar isso. Não poderia aceitar o fato de que ela não o amava, um homem rico, bonito, que poderia dá-la o que ela quisesse. E no lugar amasse outro homem, um homem que não podia dar a ela todos esses privilégios. E você resolveu que a teria, nem que ela fosse obrigada a se casar com você. – ChanYeol cuspiu as palavras. As lágrimas escapavam de seus olhos novamente. Ele encarou o pai com os olhos vermelhos. Este apenas o encarou de volta. A vergonha e o arrependimento transbordando de seu olhar.

– Filho eu...

– Eu sempre soube que você era um canalha. Um nojento filho da mãe que não vale nada e que se aproveita dos outros. Mas eu nunca imaginei que você pudesse ser um assassino. – uma lágrima pingou no seu colo ao dizer aquelas palavras. O Sr. Park apenas olhou para baixo. Então o que mais temia que acontecesse de fato se concretizou.

– ChanYeol... Me desculpe, eu...

– Ah, cala a boca. – ChanYeol olhou para o pai com desprezo. – Você ainda tem a cara de pau de me pedir desculpa?

Seu pai enxugou os olhos. Os dois choravam e nenhum se dava o trabalho de esconder isso.

– Por sua causa nossa vida é uma droga. Minha vida é uma droga. Por sua culpa eu cresci sozinho, triste, no colo das empregadas ao invés de no da minha mãe. – ChanYeol enxugou os olhos com as costas da mão. – Eu sempre tive raiva de você. Mas agora, eu sinto ódio.

Seu pai abriu a boca para falar, mas antes que ele pudesse dizer algo, ChanYeol levantou-se de súbito da poltrona e caminhou em direção à porta.

– Não temos mais nada a dizer um ao outro. – ele disse antes de deixar o escritório.

Não voltou para o seu quarto e muito menos foi para outro cômodo. Ele simplesmente não aguentaria ficar no mesmo ambiente que seu pai. Passou no seu quarto apenas para pegar o celular e a chave do carro.

Só existia uma pessoa a qual desejava ver no momento.

 

 

Parou o carro na frente da grande casa. Desceu e tocou a campainha. Esperou ser atendido e em pouco tempo a porta se abriu.

– Oh, ChanYeol! Que surpresa! SeHun não avisou que você viria. – disse a Sra. Oh, simpática como sempre.

– Boa noite, Sra. Oh. Me desculpe vir sem avisar tão tarde. Mas eu realmente preciso falar com o SeHun. – disse, se esforçando ao máximo para ser simpático. Não estava com cabeça para conversar com ninguém a não ser SeHun.

– Não tem problema. Pode entrar. – a Sra. Oh disse dando passagem ao garoto que entrou, agradecendo.

Ela o acompanhou até o quarto de seu filho, batendo na porta.

– Hunnie? – chamou, esperando o filho responder.

– Mãe, já mandei você parar de me chamar assim. – SeHun abriu a porta pouco tempo depois.

– Hunnie, o ChanYeol está aqui. – ela ignorou totalmente a reclamação do filho e deu passagem para ChanYeol entrar no quarto.

– ChanYeol? – SeHun disse surpreso.

– Hey. –  ChanYeol respondeu, forçando um sorriso.

– Vou deixar vocês sozinhos. – a Sra. Oh avisou com um sorriso. ChanYeol a reverenciou antes dela deixar o quarto. Em seguida, virou-se para o amigo.

– E aí, cara. O que te trouxe aqui? Sentiu saudades de mim? – SeHun debochou com um sorriso malicioso. ChanYeol apenas riu baixo, sentando-se na beirada da cama. Ele encarou suas mãos descansando em cima de suas pernas com um sorriso bobo no rosto. – Sério agora, por que veio?

– Eu não sei direito, foi mal. – riu. – Eu só não queria ficar em casa.

SeHun sentou-se do lado do amigo, o olhando preocupado.

– O que seu pai fez dessa vez? – ele perguntou apreensivo. E para a sua surpresa, ChanYeol começou a chorar.

– Desculpa. – pediu. – Desculpa, mas ultimamente eu estou um bebê chorão.

– Ch-ChanYeol, o que aconteceu? – parecia muito preocupado e obteve um riso como reação do amigo, enquanto começava a soluçar.

– Cara, eu sou um fodido. – declarou.

– Você está me deixando muito preocupado. Então se você não quiser levar um soco na cara é melhor dizer de uma vez o que aconteceu. – SeHun ameaçou, segurando-o pelos ombros e o colocando de frente para si.

– Meu pai é pior do que eu pensava. – começou, em seguida contando tudo o que acontecera.

O mais novo apenas ouviu toda a história calado. A única coisa que fez quando ChanYeol terminou foi respirar fundo e abraçá-lo.

SeHun não sabia o que dizer. Mas talvez fosse o momento de ficar em silêncio. Talvez ChanYeol não estivesse precisando de palavras bonitas ou de garantias de que “tudo vai ficar bem.” Talvez precisasse apenas de um ombro amigo. Alguém que estivesse apenas ali, ao seu lado, somente para ouvir seus soluços e dar-lhe um abraço apertado.

Alguém para mostrar que ele não estava sozinho.

 

 

BaekHyun encontrara mais um motivo para não querer ir às aulas de canto. Era a segunda aula em que passara o tempo inteiro tentando agir normalmente com as olhadas de JongDae. Sentia-se estranho e principalmente tinha medo de que ele pudesse cobrar-lhe alguma explicação sincera.

– Ei, Baek! Vamos almoçar juntos de novo. Quer vir com a gente? – KyungSoo perguntou quando a aula chegou ao fim.

– Infelizmente não posso. Eu tenho um compromisso agora. – mentiu.

– Que pena. Fica para uma próxima então. Almoçamos aqui por perto sempre e gostaria que você se juntasse a nós mais vezes. – disse KyungSoo.

BaekHyun ficou feliz com o comentário e por um momento pensou em voltar atrás com a resposta, mas lembrou-se de que a última coisa que precisava no momento era passar mais tempo com o ex-namorado.

– Com certeza irei, KyungSoo. Fica para uma próxima. – BaekHyun sorriu.

– KyungSoo, você vem ou não vem? Eu estou morrendo de fome, porra! – JongIn apareceu na porta, entre os alunos que deixavam a sala.

– Estou indo! Só estava falando com o BaekHyun. – respondeu.

– Ah, olá, BaekHyun! – JongIn disse animado, entrando na sala e o cumprimentando. – Você vem com a gente?

– Infelizmente não, JongIn. Mas esperarei por outra oportunidade. – disse BaekHyun sorrindo.

– Okay, então. É uma pena. Vamos cobrar, viu? – garantiu.

– Certo. – riu BaekHyun.

– Vamos, KyungSoo? Estou com fome. – JongIn fez um bico.

– Okay, criancinha. Até mais, BaekHyun. – o menor se despediu, puxando JongIn pela mão até a porta, indo se encontrar com os outros.

BaekHyun estava prestes a sair também quando a Sra. Oh o tocou no ombro.

– BaekHyun, querido. Posso falar com você? – ela perguntou com um sorriso simpático.

– Claro que pode, professora. – disse com um sorriso amarelo. A última coisa que faltava agora era ser chamado – de novo – para mais um jantar.

– Eu queria te perguntar uma coisa... Você tem alguma amizade com o Park ChanYeol? – BaekHyun quase engasgou.

– Não, não somos amigos. – não tentou esconder a antipatia ao ouvir o nome do outro.

– Ah. É porque ele está lá em casa e ele parece... Não sei... Triste. Eu gostaria de saber o que aconteceu... – BaekHyun logo ficou curioso com as palavras da professora. – Não que eu fique me metendo na vida alheia, eu só estou preocupada com ele.

– Eu entendo. O SeHun não disse nada? – perguntou como quem não queria nada, mas por dentro estava realmente curioso.

– Na verdade nem cheguei a perguntar ao Hunnie. Ele não diria mesmo. – a Sra. Oh revirou os olhos. – SeHun nunca me conta nada.

– Bem, eu realmente espero que não seja nada grave. – BaekHyun disse pensativo. Poderia ser alguma coisa relacionada a ele? Não era algo muito improvável.

– Bem, não quero tomar o seu tempo. Obrigada BaekHyun. Até a próxima aula. – disse a Sra. Oh, dando um abraço no mais novo. BaekHyun retribuiu e em seguida a reverenciou, deixando a sala.

Não entendera porque, mas essa história do ChanYeol o deixou pensativo. Pensava se ele não estava dessa forma por causa do fora que o dera. Não que se importasse com isso, mas achava muito estranho imaginar o maior sofrendo desilusões amorosas por si. Ainda mais estranho era ele desabafando sobre isso com o SeHun.

BaekHyun tentou não pensar mais nisso e seguiu seu caminho para a casa do JunMyeon.

Pois de qualquer forma ficar pensando no ChanYeol não era saudável.

 

 

O final de semana passou e ChanYeol não voltou para casa. Ainda não estava preparado para olhar nos olhos de seu pai novamente. Sentia-se melhor na casa do amigo, de qualquer forma. Mas mesmo que não demonstrasse, sentia um vazio, um buraco no peito. Uma tristeza que não conseguia explicar com palavras. Não conversou mais com SeHun sobre isso, mas apenas de sentir a presença do outro lhe ajudava. Sentia que não estava sozinho.

E de fato não estava.

SeHun lhe dava apoio sem precisar demonstrar com palavras. Na verdade, este não podia deixar de se sentir feliz com a situação toda. Não que gostasse de ver o amigo sofrendo daquele jeito, pelo contrário. Partia-lhe o coração ver todo o sofrimento do outro, mesmo que este agisse como se nada tivesse acontecido. Conhecia ChanYeol o suficiente para apenas olhar nos seus olhos e ver o quanto estava lutando para suportar tudo aquilo. Mas era inevitável não ficar feliz com a reaproximação. ChanYeol se afastara muito nos últimos tempos e SeHun sentia falta de ficar tão próximo assim do amigo. Eles até saíram no sábado à noite. Chamaram Tao e YiXing para beberem. O maior disse que precisava encher o organismo de álcool para deixar a mente vazia.

No final tiveram que carregá-lo para casa.

Mas o importante era que quando a segunda chegou, ele estava se sentindo muito melhor.

– Depois do colégio irei para casa. – disse ChanYeol quando chegaram na escola.

– Você tem certeza? – SeHun perguntou sério.

– Sim. – respondeu um tanto hesitante.

– Tem certeza? – SeHun repetiu. Não sentira muita confiança na resposta do amigo que pensou por alguns segundos.

– Uma hora ou outra eu preciso encará-lo novamente. – ele respondeu finalmente. – Não vou ficar fugindo.

– Acha mesmo que está preparado? Talvez você devesse dar mais um tempo para o seu coração e...

– SeHun, não precisa se preocupar. Eu não preciso realmente falar com ele. – disse ChanYeol.

– Okay... Só... Só me prometa que qualquer coisa que acontecer, você vai me procurar. Certo? – pediu. Na verdade ele tinha medo de que ChanYeol se distanciasse de novo.

– Prometo sim. Eu já escondi alguma coisa de você por acaso? – disse com um sorriso. SeHun retribuiu com outro sorriso e ambos voltaram a andar. ChanYeol sentiu-se mal ao se lembrar da história de Baekhyun. Sentia-se um péssimo amigo por esconder tudo de SeHun e ainda ter a cara de pau de dizer que nunca escondia nada dele. Mas era preciso manter o silêncio.

E lembrando-se de BaekHyun, percebera que era a primeira vez desde que tudo acontecera que passava tanto tempo sem pensar no menor. Até ficaria feliz se a desgraça não tivesse sido substituída por outra. Ao entrar na sala de aula e sentar em sua cadeira, ChanYeol pôde sentir um olhar pesando sobre si. Procurou e para sua surpresa era BaekHyun.

O menor lhe observava de forma curiosa. ChanYeol não entendeu o que BaekHyun pretendia, pois o menor sempre evitava qualquer tipo de contato. Até mesmo o visual. Ao ser pego no flagra,   BaekHyun desviou o olhar, puxando conversa com MinSeok e JunMyeon.

ChanYeol o imitou, virando-se para seus amigos, fingindo prestar atenção na conversa.

Era difícil se concentrar em qualquer coisa depois de flagrar BaekHyun o encarando daquela forma. Não que tivesse sido um olhar apaixonado. Era um olhar curioso, como se ele soubesse de alguma coisa e quisesse perguntar sobre isso. Mas antes que ChanYeol começasse a ficar se perguntando o que se passava na cabeça de BaekHyun, ele tratou de desviar sua atenção ao professor que acabara de entrar na sala.

Pois ficar pensando no BaekHyun não era saudável.

 

 

ChanYeol de fato voltou para casa. Seu pai só chegava de noite e isso era um alívio para ele. Tentou seguir sua rotina normalmente sem pensar em coisas relacionada à BaekHyun ou à seu pai.

Foi dormir cedo para evitar qualquer conversa indesejada. Sabia muito bem que seu pai o procuraria para tentar se desculpar.

E dissera para si mesmo que nunca o perdoaria.

De fato, no meio da noite ouviu leves batidas na porta de seu quarto. Sabia que era seu pai checando se ele já estava dormindo. Voltou a deitar a cabeça no travesseiro e não respondeu. Ouviu seu pai se afastar e suspirou, olhando para um ponto fixo na porta. Não sabia quanto tempo conseguiria evitar mais uma conversa.

Acordou no dia seguinte e ao menos foi tomar café. Fez sua higiene matinal, trocou de roupa e saiu de casa. Compraria alguma coisa para comer em alguma padaria no caminho. Mas ao ir em direção da porta, ouviu alguém se aproximar.

 – Filho, precisamos conversar. – de fato era quem ele menos queria ver no momento.

– Não me chame de filho. – disse seco, continuando a andar.

– Por favor, me escute. – seu pai o alcançou, tocando em seu ombro. ChanYeol se afastou grosseiramente.

– Não toque em mim. – disse com raiva. Tentou novamente ir em direção à porta, mas seu pai o puxou e o colocou de costas para a saída.

– Por favor, apenas escute o que eu tenho a dizer! – ele pediu desesperado, segurando os dois ombros do filho.

– EU NÃO TENHO NADA PARA FALAR COM VOCÊ! – berrou ChanYeol, perdendo o controle. – EU TENHO NOJO DE VOCÊ! QUERO DISTÂNCIA DE VOCÊ!

– Me desculpe! Mesmo que não agora, mesmo que eu não mereça! Um dia, por favor, me perdoe! – disse seu pai, suplicante.

– EU NUNCA VOU TE PERDOAR! NUNCA! VOCÊ É UM MONSTRO! UM ASSASSSINO! – ChanYeol gritou, sentindo as lágrimas descerem.

– Filho, por favor... – o Sr. Park tinha lágrimas nos olhos. Puxava o filho, que conseguiu se soltar e virou as costas, andando em direção a porta.

– Me deixe em paz. – disse ChanYeol com os dentes cerrados.

– EU A AMAVA. – gritou, fazendo ChanYeol parar no meio do caminho. – Eu a amava. Eu fiz aquilo porque a amava.

ChanYeol virou-se lentamente.

– Eu não podia aceitar que ela amasse aquele homem. Eu a daria tudo. Dinheiro, jóias, roupas, conforto e amor. Eu sei o que fiz, mas fiz por amor. Você sabe como é amar alguém que apenas sente ódio por você? Sabe o que é amar alguém que sente repulsa por você? Eu não soube lidar com isso. Eu simplesmente não soube o que fazer. Eu só não queria perdê-la. Perdê-la para quem quer que fosse. – o Sr. Park enxugou uma lágrima. – Eu sei que quanto mais eu tentar me explicar, tudo que eu disser, só vai piorar minha situação. Eu não mereço seu perdão. Mas, por favor... Mesmo assim me perdoe. Não agora, nem amanhã, ou daqui a alguns meses. Mas quem sabe um dia?

ChanYeol olhou para baixo, fazendo suas lágrimas pingarem no chão. Sentia seu coração apertar depois de ouvir cada palavra de seu pai. Ele entendia muito bem.

Entendia muito bem o que era amar alguém que lhe odeia.

Mas aquilo não justificava nada.

– Acho que nunca vou te perdoar. – ele sussurrou, antes de finalmente deixar a casa.

 

Assim que chegou ao colégio se arrependeu de ter ido. Pensou que pararia de chorar antes de chegar, mas ao estacionar o carro no grande estacionamento externo, precisou esperar um tempo antes de descer do carro. Pois não conseguia impedir as lágrimas de caírem.

Depois de quase dez minutos finalmente achou seguro sair. Olhou-se no espelho retrovisor e seus olhos estavam inchados e seu nariz vermelho.

– Perfeito. – ChanYeol bufou. Não teria com esconder o rosto. Pensou em entrar novamente no carro e ir para qualquer lugar. Estava prestes a abrir a porta quando sentiu um tapa na sua cabeça.

– Nem pense em fugir, moleque. – brincou Sehun. ChanYeol deu um sorriso amarelo. – Tá tudo bem? Você andou chorando?

SeHun parecia preocupado.

– Não é algo tão difícil de acontecer nesses últimos tempos. – disse ChanYeol com um sorriso triste.

– Você quer sair daqui? Quer ir para outro lugar? Eu vou com você se quiser. Nem que seja só para ficar calado. – ofereceu, sentindo-se mal em ver o amigo sorrindo naquela situação.

– Não... Eu até pensei em ir embora. Mas acho melhor não. – respondeu. – Não posso me dar o luxo de perder mais aulas.

– Você tem certeza mesmo? – os olhos de SeHun transbordavam preocupação.

– Vamos lá. – ChanYeol passou o braço pelos ombros de SeHun, o guiando em direção à entrada principal.

– Todo mundo vai notar que você chorou. – avisou.

– Não se eu esconder o rosto.

– Vai esconder o rosto a manhã inteira?

– Não vou ficar com o rosto inchado a manhã inteira. – riu ChanYeol.

– Tem certeza que quer ir?

– Tenho. – afirmou confiante quando adentraram o colégio. Não queria preocupar SeHun, por isso fingiria que estava tudo bem.

Entraram na sala e como previu, a bagunça estava muito grande para alguém notar qualquer detalhe irrelevante, como o estado do rosto de ChanYeol. Passou os olhos pelos alunos que já estavam ali e instintivamente demorou seu olhar em uma pessoa.

Não foi por muito tempo, mas teve o azar de olhar para BaekHyun na mesma hora em que ele levantou a cabeça do livro. Seus olhares se encontraram e ChanYeol se apressou em encarar o chão. Voltou a andar e sentou-se em seu lugar. Olhou rapidamente em direção a BaekHyun e o menor ainda o encarava. BaekHyun desviou o olhar, voltando a ler o livro de história que estava aberto em sua cadeira. O maior achou estranho ver o menor o encarando e se perguntou porquê, até entender que ele havia notado. Notado que havia chorado.

– Só me faltava essa agora. – murmurou para si mesmo. A última pessoa que gostaria que tivesse notado era BaekHyun. Sentiu-se envergonhado e apenas olhou para frente quando o professor de história chegou. Tentou prestar atenção na aula e esquecer-se de todos os problemas pelos quais estava passando. Mas era impossível.

As palavras do seu pai martelavam em sua cabeça e seu coração doía mais a cada palavra que era lembrada.

“Você sabe como é amar alguém que apenas sente ódio por você? Sabe o que é amar alguém que sente repulsa por você?”

Entendia perfeitamente o seu pai. Sentia-se da mesma forma, e o causador de todo aquele sofrimento estava sentado a alguns metros de distância de si. Mas de qualquer forma, nada justificaria o erro de seu pai. Nada.

Não era como se fosse matar quem quer que fosse para ter o Baekhyun para si. Não era como se fosse capaz de destruir a vida de tantas pessoas, destruir um família para ficar com BaekHyun. O que o seu pai fizera fora desumano demais para que pudesse perdoá-lo um dia.

Sentiu as lágrimas brotarem novamente e respirou fundo, ajeitando-se na cadeira. Enxugou os olhos discretamente e desviou sua atenção para o professor. A última coisa que queria era chorar na frente da sala toda.

Mas também não conseguia se concentrar.

SeHun o olhou desconfiado. Um tempo depois viu o mais novo colocar um pedaço de papel em cima de sua mesa.

“Você está bem?”

ChanYeol olhou para o amigo. Não escrevera uma resposta. Apenas deu um sorrisinho de canto e confirmou com a cabeça. Depois de cinco minutos recebeu outro bilhete.

“Não tente me enganar.”

Revirou os olhos. Pegou o mesmo pedaço de papel e o virou. Dessa vez mandando a resposta em escrito.

“Estou bem. Só estou um pouco cansado e... Triste. Mas não é como se fosse abrir o berreiro aqui na frente de todo mundo. -_-”

SeHun suspirou e apenas encarou o amigo, sem ter certeza de que podia confiar nele. ChanYeol apenas revirou os olhos, como se dissesse que o outro estava se preocupando à toa. Mas a verdade era que não se tratava de uma preocupação à toa.

ChanYeol poderia começar a chorar a qualquer momento.

Ou até mesmo poderia quebrar tudo, tamanha era a angústia e a raiva que sentia.

 

 

Ele conseguiu suportar até o intervalo. Quando a aula acabou, sendo um dos primeiros a deixar a sala. Entrou no primeiro banheiro que encontrou e agradeceu mentalmente por aparentemente estar vazio. Checou se todas as cabines estavam mesmo vazias e depois encostou as costas na parede.

Depois de horas, finalmente podia colocar tudo para fora mais uma vez.

Finalmente permitiu que as lágrimas viessem. Elas desciam até o seu queixo e pingavam em sua blusa. ChanYeol deixou que elas saíssem todas. Queria se livrar delas, queria se livrar da dor. Era muita coisa ruim acontecendo ao mesmo tempo e achava que não conseguiria aguentar por mais tempo.

Precisava colocar tudo para fora de uma vez.

Deixou os soluços virem. Qualquer coisa, qualquer coisa para aliviar aquela dor. Puxou os cabelos, fechou os punhos até que machucasse a pele de sua mão. Queria livrar-se daquilo tudo nem que fosse substituindo uma dor por outra.

Preferia sentir qualquer dor àquela.

Levantou-se e começou a socar a parede. Sentiu os nós dos dedos latejarem de dor, mas isso não o fez parar. Socava a parede cada vez com mais força, fazendo um pouco de sangue brotar nos nós dos dedos. Seus gemidos de dor se misturaram aos soluços. No mesmo instante ouviu a porta do banheiro se abrir.

Um garoto do segundo ano entrou e parou no meio do caminho, olhando assustado para ChanYeol.

– Saia daqui. – ele disse com os dentes cerrados. O garoto arregalou os olhos e logo saiu, assustado. Quando o garoto saiu ChanYeol aproximou-se da pia. Molhou o rosto e respirou fundo.

Mas ainda assim não se sentia totalmente melhor.

Olhou-se no espelho. Queria ser qualquer pessoa, menos o garoto que via no reflexo. Qualquer pessoa. Nem a popularidade nem o dinheiro importavam mais agora. Qualquer pessoa menos ele.

Apenas levou o punho até o vidro. Socou o espelho com força, fazendo um barulho um tanto alto. O local onde atingiu quebrou um pouco, cortando sua mão de leve. Porém um pouco de sangue escorreu pela sua palma. A dor fina que sentira era parecida com a que sentia no coração, e por um momento ficou feliz por desviar a sua atenção à dor física nem que fosse por alguns segundos.

Mas fora incomodado com a presença de mais alguém pela segunda vez no dia.

– ChanYeol! O que você está fazendo?! – BaekHyun exclamou assustado, ao ver o que ChanYeol tinha feito. 


Notas Finais


BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM MUAHAHAHAHAHA TERMINEI O CAPÍTULO AÍ DE PROPÓSITO MUAHAHAHAHAHAHA!!!!!
Até o próximo! bjs bjs!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...