- Mãe, calma!! - Sofia corre pro quarto da mãe, subindo na cama e abraçado ela. - Calma, calma, tô aqui. - Ela seca as lágrimas da mãe que escorriam pelo rosto.
- Ai filha, me desculpa. Te acordei? - Ainda que assustada, Nana se preocupa com a filha.
- Tá tudo bem, mãe. Quando a chuva começou a engrossar e os trovões começaram, eu sabia que você precisaria de alguém pra abraçar, mas achei que o Mário estivesse aqui. Cadê ele ?
- Saiu pra levar o Miguel em casa. - Ela sorri de canto.
- Ah, então eu vou ficar aqui com você até ele voltar.
- Tudo bem, Nana? Seu pai está dormindo pesado, mas eu ouvi você... precisa que eu fique aqui? - Vera entra no quarto.
- Obrigada Vera, mas fica tranquila, você fez muito por mim hoje, quero que descanse.
- Tem certeza ? Eu posso ficar aqui sem problema nenhum. Eu lembro do Alberto ter me falado algo sobre você ter um trauma com que aconteceu com você e com a Cecília a anos atrás. - Ela cita indiretamente, pra Sofia não entender.
- Pode ficar tranquila Vera, a Soso fica comigo até o Mário chegar. Pode descansar. Te amo, tá?
- Te amo, meu amor. - Vera entra, abraça Nana e deixa o quarto.
- Muito obrigada por ficar aqui, filha. Eu não queria mesmo ficar sozinha e estou com muita saudade de ficar agarradinha com você. - Ela abraça a filha, encostando ela em seu ombro.
- Nunca entendi esse seu medo de trovões, sempre fica assim durante as chuvas fortes. - Ela olha pra mãe curiosa, na intenção de que Nana conte o que aconteceu.
- Ah meu amor, é um trauma de infância, mas não quero falar dessas coisas com você. - Ela acaricia o rosto da filha.
- Por que ? Coisa de adulto? - Ela fala revirando os olhos.
- Não quero falar de coisa chata com você, meu amor, só isso.
- Mãe, a senhora chora desesperada com os trovões, isso mesmo antes da gravidez.
- Como assim antes da gravidez ? - Nana franziu as sobrancelhas.
- Porque antes da gravidez você era extremamente seca, fechada, amarga. - Ela diz baixo, não querendo magoar a mãe.
- Você acha tudo isso de mim, filha? - A mamãe fala com os olhos marejados.
- Não mãe! - Ela fala alto e rápido. Desde que o Mário se aproximou de você, desde que engravidou, você está mais delicada, frágil, mais presente e amorosa comigo, como diz o vovô, você está se desconstruindo, e eu amo essa nova Nana. - Diz sorrindo, mexendo no cabelo da mãe. Mas logo eu vou perder você, né?! - Ela finaliza de cabeça baixa.
Um trovão extremamente alto faz com que Nana volte a se assustar. As lágrimas eram inevitáveis. A chuva estava ainda mais forte, fazendo com que a luz acabasse.
- Mãe, calma, calma, calma! - Ela abraça a mãe. - Eu tô aqui, você não está sozinha. Fica tranquila, vou ligar a lanterna do celular. - A menina permanece segurando uma das mãos da mãe, e com a outra liga a lanterna do celular, clareando um pouco o quarto. - Pronto, tá tudo bem. - Ela sorri, olhando pra mãe.
- Eu te amo muito, sabia? Você é a luz da minha vida. - Nana diz abraçando a filha e beijando sua cabeça.
- Eu também te amo, mãe. - Sofia se vira para a mãe e lhe enche de beijos.
- Filha, eu vi a sua cartinha... - Ela respira fundo. - Eu estou percebendo algumas coisinhas que você tem dito e feito.
Sofia permanece quieta, sem olhar para um ponto fixo.
- Olha pra mamãe, meu amor. - Ela vira o rosto da filha pra ela. - Você está feliz com a gravidez, com a chegada da Liz? - Nana pergunta acariciando a barriga.
- Eu tô... mãe. - Sofia fala com pausa.
- Não parece, meu amor. - Nana olha pra filha. - Você sempre quis ter um irmão ou irmã, não estou entendendo a sua reação.
- Eu sei, mãe. Mas você vai cuidar só da Liz, vai se afastar de mim de novo. - Sofia abraça a cabeça.
Nana já sabji que esse questionamento viria uma hora ou outra. Durante muitos anos ela esteve afastada da filha, trabalhando demais, e logo agora que estava próxima da filha, outra criança estava a caminho.
- Meu amor, eu jamais vou me afastar de você. Eu sou sua mãe, ninguém vai mudar isso. Amor de mãe não se divide, ele se multiplica. Por isso, o filho que chegará vai ser tão amado quanto o primeiro. Veja pelo lado bom: mais filhos, mais amor e felicidade! Vamos estar cada vez mais unidas, só que agora, nós três.- Nana leva a mão de Sofia até sua barriga. - A sua irmã vai me tomar um certo tempo, porque ela vai ser um bebezinho, mas o tio Mário, a Vera, o seu avô, todos vão estar aqui pra me ajudar, vou ter muito tempo pra você. À medida que você cresce, aumenta também a minha admiração, afeto e amor materno por você. Filha, você é o meu maior feito. Eu te amo, e nunca vou te deixar de lado.- Nana abraça a filha que estava com os olhos marejados.
- Promete ? - Estende o dedo mindinho.
- Prometo. - Aperta o dedo mindinho da filha com seu dedo. Selando a promessa. - Agora vamos dormir, fica aqui na cama com a mamãe.
- Tá bom. - Sofia se ajeita nos travesseiros e logo é abraçada pela mãe que canta um trechinho de uma música pra filha.
"Encontrei você
Jóia rara, preciosa, sua ternura me encantava
Que bom te ver
Meu coração perguntava, é princesa ou é uma fada?
Ela é um anjo que caiu aqui
Pode vir comigo que eu canto pra ti.
...
Doce menina que planta o amor
Sua alegria me iluminou
Felicidade sempre tem aqui
Vem comigo que eu canto pra ti"
....
No dia seguinte, Nana acorda ainda abraçada com a filha, e percebe que Mário não dormiu em casa. Então ela pega seu celular, e vê que o amado havia deixado mensagens.
"Amor, eu não vou dormir em casa hoje, a chuva esta muito forte, é perigoso eu voltar. Vou dormir aqui na Clara, amanhã cedo estou ai."
23:48
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