História Recomeçar - Sessão tortura

 

POV Bruno Mars

Acordei com o barulho de algum telefone se esgoelando, e pelo barulho parecia vir de perto do banheiro.

- Droga! – Disse e senti Ashley se mexer me apertando entre seus braços.

A olhei e pude ver que ela estava em um sono profundo, afinal sua boca estava com um biquinho fofo tipo aqueles que as crianças fazem quando vão dar selinhos nos pais. Ela sempre ficava assim quando estava dormindo.

Cogitei em deixar o celular tocar, mas a pessoa não parava de ligar. Xinguei-me por ter deixado o celular tão longe. Desvencilhei-me dela com toda a calma possível, e me sentei na cama. Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer instante e meu corpo inteiro doía.

- Prometo nunca mais ficar bêbado. – Disse para mim e ri. – Até parece que eu vou cumprir essa promessa. – Disse e coloquei a mão na cabeça. – Ai! Droga.

Arrastei-me até o banheiro ouvindo a voz da Christina Aguilera e do Pitbull cantando “Feel this moment” tocarem repetidas e incessantemente vezes seguidas. Como eu sabia que ele não ia parar de tocar, fiz minha higiene matinal sem pressa, e depois fui para o closet colocar um short, por que finalmente o verão angelino estava dando sinais de vida.

Após trocar de roupa, arrastei-me novamente até a mesa com uma mão na cabeça e quando peguei o telefone o nome do Phill piscava na tela.

 

- Aaaaaaaaaaaaalô – Disse bocejando.

- BRUNO PORRA POR QUE VOCÊ NÃO ATENDE A MERDA DO TELEFONE? QUER MATAR A  GENTE DE PREOCUPAÇÃO! A IMPRENSA JÁ ESTAVA DIZENDO QUE VOCÊ TINHA SIDO SEQUESTRADO POR ALGUÉM NA FESTA! E VOCÊ ESTAVA AÍ DORMINDO. PORRA BRUNO!. – Phill gritava e eu afastei o celular quase três metros da minha orelha.

- Phill... PHILL. – Disse e ele respirou. – Eu estava dormindo... Sério que estavam dizendo que eu tinha sido sequestrado?

- Claro que não né Bruno. Mas eu e o Ryan quase arrombamos a porta da sala aqui de tanto bater e nada de você dar sinal. – Phill disse e eu fui para o closet atrás de algum remédio de dor de cabeça e para azia também.

- Vocês estão aqui em casa? – Disse pegando os remédios e indo para o frigobar pegar a água.

- Lógico, a princesa foi dormir ao invés de honrar seus compromissos. – Ryan tomou o telefone do Phill e começou a falar. – Abre logo a porra da porta da sala. E por que você não atendeu seu telefone?

- Eu não sei onde está meu telefone. – Disse enquanto diluía um sal de fruta em um copo com um pouco de água. – E eu estava dormindo, cheguei tarde da festa.

- Eu sei... Aliás, o mundo inteiro sabe que vocês foram pra festa ontem. – Ryan disse e Phill pegou o telefone de volta.

- Abre logo a porta Mars – Phill disse assim que eu terminei de tomar o remédio.

- Tá. Já estou indo. – Disse e desliguei o telefone.

 

Já estava me sentindo um pouco melhor, mas ainda estava com muito sono. Dei um beijo em Ash e desci.

- Até que enfim. – Phill disse entrando junto com Ryan.

- Bom dia para vocês também. – Disse e me joguei no sofá. Phill se sentou no outro sofá e Ryan ficou em pé de frente para mim.

- QUE DIABOS ACONTECEU COM VOCÊ BRUNO? – Ryan começou a gritar e andar de um lado para o outro. – Perdeu a noção do perigo? Primeiro você faz escândalo no meio da rua... você xinga paparazzi no meio da rua... O que houve contigo? – Ryan disse e eu não entendia nada.

- Bruno – Phill se pronunciou. – Todos nós fazemos merda pelo menos uma vez na vida. Mas você já vai fazer 30 anos, você sabe muito bem o que pode e o que não pode fazer. – Phill disse e Ryan voltou a falar.

- Não Phill, ele não sabe o que fazer. – Ryan disse e socou a parede.

- Com licença interromper a conversa das moças, mas eu não estou entendendo nada do que vocês estão falando, então, por favor, uma das duas pode me dizer o que está acontecendo para eu poder entrar na conversa? – Disse e Ryan me olhou incrédulo.

- Simples Bruno, a imprensa ficou com raiva por que você xingou os paparazzi e uma notícia começou a ser propagada, de que o Bruno Mars simpático e romântico é uma FARSA. – Ryan gritou as últimas palavras.

Só me faltava essa, a imagem que eu demorei anos para construir, que eu batalhei muito para conseguir, a imprensa consegue destruir em questão de minutos.

 Ótimo vida, você é demais. Quando uma parte dela se ajeita, o resto desmorona.

- Dá para falar baixo? A Ashley está dormindo lá em cima. – Foi a única coisa que eu consegui dizer.

O Phill e o Ryan continuaram a falar um monte de coisa e montar um plano para eu limpar a minha barra, mas tudo o que eu fiz foi abaixar a cabeça e tentar me concentrar em algo.

- Bruno! Tô falando com você cara. – Phill diz estalando os dedos em minha frente.

- An? Que foi? - Digo meneando a cabeça.

- Vai logo se arrumar. – Ryan diz e mexe em algo no celular

- Me arrumar? – Digo confuso. – Vamos a algum lugar?

- Bruno hoje é sábado... A coletiva de imprensa... – Phill diz com a cara tipo “Não acredito que você esqueceu.”

- Ah sim... – Disse e me levantei.

Sábado, o dia da coletiva... E o dia do jantar da Ashley com o idiota.

 

Entrei no quarto e encontrei Ashley deitada na cama de barriga para cima e com os olhos abertos.

- Algum problema? – Disse e me sentei ao seu lado.

- Se acordar com o peso da Terra em sua cabeça, e vomitar até a alma for considerado um problema... Eu estou cheia de problemas. – Ela disse e riu de leve.

- Isso se chama ressaca... – Disse passando a mão em sua testa. – Com o tempo você acostuma... Ou não. – Disse e ri. Ela me deu um tapa na cabeça.

- Eu espero nunca mais ter isso. Só você para me fazer beber.

Peguei um sal de fruta e um remédio para dor de cabeça e entreguei para ela, que me olhou desconfiada.

- O que é isso? – Ela disse olhando a água borbulhar.

- Veneno. – Disse e ela esbugalhou os olhos. – Brincadeira, é para aliviar a ressaca. – Disse e ela arqueou uma sobrancelha.

- Como eu posso ter certeza que você não quer me matar com isso? – Ela disse e eu revirei os olhos.

- Toma logo. – Disse e ela riu.

- Pronto. – Ela disse assim que terminou de tomar o sal de fruta. – Aaaaaarg abacaxi. – Ela disse fazendo cara de quem acabou de chupar limão.

- Abacaxi é bom. – Eu disse protestando.

- Não tinha laranja? – Ela perguntou se sentando.

- Ah, então é isso que eu recebo por cuidar de você? Só reclamação? Nem um “obrigada Bruno você é um amor”? – Disse e ela riu prendendo os cabelos em um rabo de cavalo.

- Obrigada Bruno, você é um amor. – Ela disse debochada e eu revirei os olhos.

- Vai a merda. – Disse e ela riu. – Ah, daqui a pouco eu vou para a coletiva de imprensa. – Disse indo para o banheiro. – Você quer carona para algum lugar? – Disse da porta do banheiro

 - Não, 20 horas eu marquei com o Jack lembra? Nós vamos jantar hoje.

- Hum... Espero que vocês se divirtam.

- Bruno, nós só vamos jantar, tá?! Sem ciúme por favor, nós estamos tão bem, não estraga isso não, por favor. – Ela diz e junta as mãos.

- Tudo bem Ashley, não estou com ciúmes, só não gosto desse cara. – Disse e entrei no banheiro.

 

Liguei o chuveiro e comecei a pensar no que falar. Se eu falar logo tudo de uma vez, eles saem do meu pé, mas eu não quero que eles saibam de todos os passos da minha vida.

E se eu não falar nada, sabe Deus quando vou ter paz.

 

Saí do banheiro depois de uns 40 minutos, e encontrei Ashley no closet escolhendo uma roupa.

- Nada de roupa curta ou justa. – disse e ela riu me encarando com sobrancelhas arqueadas.

- Claro pai. E qual seria a roupa adequada para eu sair hoje a noite? – Ela diz me olhando com cara de tédio.

- Pode ser aquelas roupas de freira, ou daquelas mulheres do oriente médio, sabe aquelas que cobrem todo o corpo. – Disse sério e ela começou a rir histericamente.

- Ainda bem que sonhar é de graça ein Burno. – Ela disse tirando uma calça de couro falso e uma blusa branca meio transparente.

- Sério mesmo que você vai sair com isso? – Disse apontando a roupa dela.

- Olha Bruno, eu não gosto de ficar repetindo. Mas hoje nós não somos nada além de bons amigos, então você não tem direito de decidir a roupa que eu quero usar ou com quem eu vou sair para jantar, do mesmo jeito que eu não tenho direito de me meter na sua vida. – Ela disse serenamente me olhando. Eu seguro em seu braço.

- E o que aconteceu ontem a noite? Aquilo não te prova nada? – Eu digo olhando em seus olhos.

- O que aconteceu ontem a noite foi bom, foi maravilhoso. Mas foi uma noite. Eu não sou sua namorada Bruno, nem sua mulher. Você se lembra de que nós entramos em um acordo de sermos amigos? – Ela diz friamente.

- Lembro... – Digo e solto seu braço. Ela deixa a roupa em cima da cama e vai tomar banho.

 

Eu vou enlouquecer.

 

Peguei um terno preto, sapato social preto e meu Wayfarer preto companheiro de todas as horas. Como eu vou de topete, dispensei o fedora.

Assim que terminei de vestir o terno Ashley saiu do banheiro. Seus olhos estavam um pouco mais inchados e um pouco avermelhados. Arrumei meu topete e coloquei o sapato em silêncio, ás vezes olhava para Ashley, e também sentia ela me olhar ás vezes. Não sei o motivo desse silêncio, mas ele está acabando comigo.

Fui dar o nó na gravata, mas não sei por que o nó estava dando errado.

- Bruno, quer ajuda aí? – Ashley disse rindo enquanto calçava sua sapatilha preta.

- Eu consigo, - Disse fazendo pose de macho e voltando a olhar para o espelho. Tentei mais umas duas vezes, sem sucesso. – Ou não... – Disse e ela riu.

- Vem cá. – Ela disse e eu fui até ela, que conseguiu fazer o nó em segundos.

- Obrigada. – Disse coçando a nuca, um tanto envergonhado.

- Não tem de que. Para isso servem os amigos. – ela disse e se virou em direção contrária a minha.

- É... Amigos. – Disse comigo mesmo.

E novamente o silêncio se instaurou no quarto.

- Bruno? – Ela diz assim que eu termino de passar o perfume. – Nós fizemos de novo.

- Se você se refere ao sexo sem protecão... Não vejo problema algum nisso. – Digo sacudindo os ombros. – Então. – Digo e dou uma volta. – Estou bonito?

- Está um gato. Vai arrasar corações hoje. Só não quero saber de você agarrar nenhuma jornalista. – Ela diz e começa a se maquiar.

- Isso é ciúme Ashley? – Digo a abraçando.

- Não é ciúme. Eu só estou cuidando de você. – Ela diz e eu dou um sorriso de leve.

- Então tá. Se você não quer assumir. – Digo e a viro para mim. – Bom jantar vida. – Digo e lhe dou um selinho que evolui para um beijo rápido.

- Bruno! – Ela diz tentando não rir. – Nós não somos amigos?!

Dou risada e deixamos o assunto morrer.

 

Fomos para a coletiva em silêncio. Eu definitivamente odeio falar da minha vida pessoal para os outros. Isso é uma tremenda invasão de privacidade. Mas fazer o que, esse é o preço da fama.

 

Chegamos a um salão de festas e o local já estava lotado de jornalistas, e tinha algumas fãs do lado de fora, mas eu fui praticamente escorraçado para dentro do salão e não consegui falar com elas.

A mesa tinha cinco lugares que foram ocupados na seguinte ordem: Ari, Phill, eu, Phred e Ryan. O meu lugar ficava um pouco mais alto que os dos outros. Sinto que foi alguma armação do Phill e do Ryan para me zoar.

 

- Bruno, o que realmente aconteceu no acidente que você e a sua esposa sofreram em Londres? – O primeiro jornalista disse começando a sessão tortura.

- Bom, nós estávamos a caminho de um restaurante para jantar, quando nosso veículo se chocou contra um ônibus de turismo que por sorte estava vazio. – Disse aparentemente calmo, porém esse assunto ainda me incomoda terrivelmente.

- É verdade que sua esposa perdeu parte da memória e um suposto filho que vocês ainda nem sabiam que estava por vir? – A segunda jornalista disse se levantando.

- Wool. Vocês são bem diretos. – Phill disse e a jornalista sorriu.

- Não tenho tempo a perder. – Ela disse categoricamente.

- Sim, a Ashley perdeu parte da memória, devido ao impacto ter sido do seu lado do carro. Mas não, nós não perdemos nenhum filho. – Menti, o advogado me orientou que era melhor deixar essa parte somente entre nós.

- E quanto a sua turnê? Já temos data prevista ou você vai adiar o lançamento do CD? – Um jornalista disse e veio mais para perto de mim.

Confesso que essa pergunta me pegou de surpresa.

- O lançamento do nosso terceiro CD está marcado para o dia 8 de outubro. – Ari disse me livrando dessa pergunta. – A turnê vai começar exatamente uma semana depois. Sem atrasos ou adiamentos. – Ele disse enquanto eu praticamente ficava surdo com os barulhos de flashes de câmeras que ecoavam no salão.

- Você e a Ashley vão continuar casados? – Um jornalista que não me era estranho se levantou e tentou chegar o mais perto possível de nós. Olhei para Ryan, que assentiu dizendo que eu poderia dizer a verdade.

- Seguindo a orientação do meu advogado, nós pedimos a anulação do casamento. – Disse e fui interrompido pelo mesmo jornalista, que pra mim está parecendo um daqueles paparazzi pé no saco.

- Então a novela acabou? – Ele disse e eu pude ouvir alguns risos misturados com espanto.

- O que você disse? – Disse me levantando sendo possuído por uma fúria incontrolável.

- Eu perguntei se... Você sabe, a novela mexicana. – ele disse e sorriu sacana. – Se o romance de vocês dois acabou.

Juntei toda a calma que eu pude extrair naquele momento e respondi friamente.

- Vou deixar você descobrir por si só. Próxima pergunta.

Continuamos a responder perguntas relacionadas a turnê, e também sobre as minha irmãs que estavam para sair em turnê também.

Duas horas depois a sessão tortura finalmente acabou, e eu pensei em ir a algum bar relaxar, mas tudo o que o meu corpo pedia era cama. Então disse a Dre para me esperar com o carro na saída lateral. Despedi-me de todos, dei alguns autógrafos e fui em direção ao carro, quando sinto uma mão puxar meu braço.

- Hey Bruno. – O mesmo jornalista desaforado veio para o meu lado.

- Eu não tenho obrigacão de lhe responder mais nenhuma pergunta. – Disse e puxei meu braço.

- Tudo isso é raiva por que foi chutado pela Ashley Kennedy? – O jornalista disse e nem deu tempo de rir.

Segundo depois ele já estava no chão. Dei um soco em seu queixo e Dre veio me segurar quando eu ia pra cima dele e me carregou até o carro.

- SUMA DA MINHA FRENTE SEU FUDIDO!

- Bruno para com isso porra! – Dre disse quando já estávamos dentro do carro a caminho de casa. – Assim você complica as coisas. Põe essa cabeça no lugar. Eles vão te provocar até você perder o controle... Já ouviu falar na frase “tudo por um furo”? – Ele disse e eu assenti. – É exatamente o que aquele cara fez... Já pensou se ele te processa?. – Dre disse pacientemente enquanto eu olhava os bares e restaurantes de Los Angeles...

Restaurantes!

- Dre, passa na Avenida 8 por favor. – Disse e ele assentiu.

Entramos na avenida e eu comecei a procurar pela Ashley e aquele idiota em todos os restaurantes que eu via. Até que o Dre me chamou para ver a cena que estragaria a minha noite.

- Bruno, ali não é o Ed e a Ashley? – Dre apontou para um restaurante onde eu vi Ashley rindo e cutucando o ombro de Ed enquanto ele parecia se gabar de algo.

- Eu não acredito em meus olhos. – Disse e tentei abrir a porta do carro. – Dre... DRE ABRE ESSA MERDA! – Disse quase quebrando a maçaneta do carro.

- Não Bruno. Eu não vou abrir isso, para você ir lá fazer um escândalo, perder qualquer consideração pela Ashley e ainda perder a música com o Ed. Eles só estão conversando é um jantar de amigos. – Dre disse e arrancou com o carro. – Você não pode fazer nada, agora vocês são amigos.

- SERÁ QUE DÁ PARA PARAR DE JOGAR ISSO NA MINHA CARA.

- Não. Porque você não entendeu ainda. – Dre disse e eu cruzei os braços e bufei.

- Vamos para casa então.

- Se você quiser perguntar como foi o jantar com a Ashley, seja gentil e nada de ataque de ciúmes. – Dre disse e eu olhei para ele.

- Eu não devia ter te dado tanta liberdade assim. – Disse e ele riu.

- Tarde demais. – Ele disse e nós rimos.

**

 

Cheguei em casa, tomei um banho e me deitei na cama. Fiquei esperando a Ashley chegar enquanto assistia um episódio de algum seriado na TV.

Depois de quase uma hora e meia de espera a porta do quarto se abriu.

- Bruno? – Ashley disse terminando de abrir a porta com os saltos na mão.

- Como foi o jantar? – Disse tentando ser calmo...