POV Bruno
Estou correndo, com uma moto desconhecida, indo em direção ao mar. Ouço outros motores perto de mim, mas não me atento a nenhum deles, eu preciso chegar a algum lugar o mais rápido possível.
Avisto duas vans ao fundo, paradas próximo ao um galpão abandonado.
Ela está lá.
(...)
Um chorinho agudo me desperta e eu forço meus olhos a se abrirem.
Ellie já estava com os olhos cheios de lágrimas e me olhou irritada.
- Que foi meu amor? – Ajeitei seu cabelinho, ainda ralo e ela fez bico e depois riu. – Queria acordar o papai?
Ela começou a fazer raça com a boca e eu me sentei na cama.
- Vem com o papai! – A puxei pelos pés até mim e ela riu gostosamente.
Depois de brincar um pouco com ela, dei um banho e vesti uma roupinha de frio.
Ao descermos para a cozinha, vi Ana terminando de esquentar uma mamadeira.
- Ainda bem que acordaram, já estava quase na hora do mamá dela.
- Bom dia Aninha. Que horas são?
- Quase 7. - Olhei para Ellie de cara feia.
- Acordando o papai de madrugada é? – Fiz cara de bravo e ela riu. – Dá um beijo? – Ela me olhou com curiosidade e eu beijei seu rosto.
Ellie riu e Ana e pegou do meu colo para dar mamar, e eu me sentei para começar a tomar café.
(...)
Aproveitei mais alguns minutos que tinha com ela para dar uma volta no condomínio mesmo, já que ainda está um pouco frio para ir até a praia.
Estendo uma toalha no gramado e me sento junto com Ellie.
Entrego uns brinquedos para ela e acendo um cigarro a vendo entretida com os bichinhos. Então uma cena me chama atenção.
Um casal se senta a alguns metros de mim e começam a tirar comidas de uma cesta. A mulher tira um pedaço de bolo e dá na boca do homem, que come e entrega um copo de-o-que-quer-que-tenha-dentro para ela, que lhe dá um selinho e toma um pouco do conteúdo do copo.
Foi impossível não lembrar de Ashley e em como ela adorava vir pra cá comigo fazer piquenique. Ela tinha um espírito tão jovem, que me fazia esquecer do mundo.
Aonde foi que nós erramos? Quantas vezes eu já me perguntei isso?
Por que não damos certo?
- Ai, merda – xinguei baixinho quando o cigarro ficou quente demais, constatando que já havia chegado ao fim.
Olhei para aquela “Bituca” mais tempo que o necessário, até entender o que eu havia feito errado.
Ai merda! Pensei dessa vez e me levantei rapidamente.
Peguei Ellie no colo, que reclamou de ter sido tirada da sua diversão e voltei para casa.
Ao chegar lá, joguei todas as carteiras de cigarro no lixo, depois joguei algumas garrafas de whisky e depois vesti uma jaqueta de couro.
Fui de carro até um shopping com Ellie e cortei o cabelo, comprei um óculos novo e uns dois bichos de pelúcia para Ellie.
- Papai tá bonito? – Disse parando na frente da porta do carro com Ellie nos braços.
Ela riu e bateu palmas.
- Vou entender isso como um sim. – sorri e abri a porta para coloca-la na cadeirinha. – Então, quer ir pra casa do papai, ou da mamãe? – Silêncio. – Quando você vai começar a falar com o papai? Não quer parecer um doido pra sempre meu amor. – Ela riu. – Tá curtindo com a minha cara? Magoei. – Ri e liguei o carro.
(...)
Pedi para o porteiro não me anunciar. Não sabia ao certo o que encontrar lá, e se ela soubesse que eu estaria chegando, poderia tentar esconder um possível amante.
Ou não. Não sei.
Preciso parar de pensar coisas confusas.
Saí do elevador e arrastei a bolsa de Ellie com o pé até a porta. Exitei um pouco e toquei a campainha.
Silêncio total. Ellie me encarou como quem dizia “aperta de novo seu besta”. Apertei outra vez.
Ashley apareceu alguns segundos depois, com um pote de cera na mão e um pijama transparente todo dobrado.
Caralho, ela não está usando nada embaixo do pijama.
- Bruno! – Ela me olhou assustada e exitou entes de colocar o pote em algum outro lugar. – Eu não achei que você fosse aparecer tão cedo.
- Eu... Você estava se arrumando? – É claro que sim, pergunta idiota.
- E... Não, era só... Que eu não tive muito tempo para... Você sabe. Coisas de mulher. – Ela se apoiou na porta e a blusa do pijama subiu um pouco.
Ela notou meu olhar indiscreto ao seu corpo e arrumou o pijama até que o short virasse uma calça toda marcada de dobraduras.
- Então... – Fomos interrompidos pelos apitos dos nossos telefones. – Só um momento.
“De: Pediatra
Bom dia, não se esqueça da consulta da Elleanor Kennedy hoje, ás 14h.”
- Ai merda – Ela murchou.
É, ela ia sair sim.
- Que houve?
- Hoje a Ellie tem consulta. Eu havia me esquecido.
- Foi mesmo? – Ashley me olhou de sobrancelhas arqueadas.
- Você veio me traze-la né?! Pode me entregar. – Ela quase puxou Ellie dos meus braços, que abriu o berreiro. – Minha filha, é a mamãe, calma. Não chora vai.
- Não precisa ser grosseira, eu te fiz um favor trazendo ela até aqui.
- Aham, tá bom.
- Deixa eu me despedir dela.
- Por que não despediu antes de vir em casa sem avisar?
- Tá de TPM hoje?
- Anda Bruno. – Ellie começou a espernear e ficar vermelha de chorar. – Meu deus Ellie, o que está acontecendo?
- Me dá ela aqui. – Puxei Ellie, que grudou no meu pescoço e ficou fungando. – Por que ela ficou agitada com você?
- Eu não sei. Meu amor o que houve? – Ela passou a mão na cabeça de Ellie, que levantou e pegou a mão dela.
Ellie puxou a mão de Ashley, até que ela se aproximasse de nós, bateu palmas ao nos ver perto um do outro.
Sua danadinha...
- Por que eu sinto que você e ela combinaram alguma coisa? – Ash arqueou a sobrancelha e me encarou com ar de riso.
- Eu não fiz nada. – Sorri. Me aproximei mais dela e senti seu corpo enrijecer. – Que foi Ashley, estou invadindo seu espaço?
- Não sei do que está falando. – Ela colou nossas testas e eu mordi o lábio inferior.
Ellie fez força no meu braço e eu a deixei sair, indo em direção ao chão.
- Eu acho que nós deveríamos combinar mais dias para eu ficar com a Ellie, já que você precisa fazer mais coisas de mulher.
- Não, só os fins de semana estão bons. Vou levar ela pro salão comigo hoje. – Ela roçou nossos narizes.
- Será, e se eu ficar com ela hoje, você pinta seu cabelo de loiro? Você vai ficar tão gostosa loira. – Roçei nossos lábios.
Ashley respirou fundo e sorriu cinicamente.
- Eu odeio você, sabia?
- Sabia. – Fiz menção de me afastar, mas ela puxou a gola da minha jaqueta, encostando seus lábios nos meus.
Puta merda!
Saí trombando em cima da bolsa de Ellie e imprensei Ashley na parede.
Apertei sua cintura enquanto nossas línguas dançavam freneticamente e a peguei suspirando por entre o beijo.
- Caralho! – Sussurrei e não dei tempo de ela responder, voltando a beija-la com ainda mais força.
Um grito abafado soou ao fundo e nós nos soltamos abruptamente.
Andrye e Ed estavam paralisados na porta.
- Vocês...? Ai meu deus! – Drye disse e eu tive que me apoiar na parede para recuperar o fôlego.
- Não aconteceu nada. – Eu e Ashley dissemos ao mesmo tempo.
- Aham! Claro. – Ed se abaixou para pegar Ellie, que estava brincando com o cadarço do seu tênis.
- Eu-É... Vou... Mais tarde a gente... Consulta. – Gesticulei, e Ash que parecia um pimentão, assentiu, entrando para dentro do apartamento. – Tchau Ed, Drye.
- Tchau.
(...)
POV Ashley
Ainda podia sentir os lábios de Bruno contra os meus, uma hora depois de ele ter saído de casa.
Depois que ele foi embora, eu precisei ir diretamente para o banheiro. Se ele pegar o hábito de me devolver Ellie desse jeito, não vou aguentar muito tempo.
Por que nós gostamos tanto do que nos faz mal?
- Ashley querida? Você vai sair do banheiro alguma hora? Nós queremos saber o que houve aqui. – Drye gritou.
- Não nos dedura assim, ela vai achar que somos curiosos. – Ed gritou de volta.
- Mas vocês são curiosos. – Entreabri a porta para gritar.
Arrumei meu cabelo em um coque e saí do banheiro.
- Vocês vão se contentar só com o que viram.
- Vocês vão voltar? – Drye perguntou.
- Não, nós só nos beijamos.
- Por que vocês não ficam juntos de uma vez? – Ed disse com uma xícara de chá na mão.
- Por que vocês não ficam juntos de uma vez? – Imitei Ed, e vi os dois disfarçarem. – Vão cuidar da vida de vocês e me deixem em paz. – Bati na bunda do Ed, fazendo ele se mexer. – Vai pancinha, tenho que me arrumar.
- Pra onde você vai?
- Drye, para de ser curiosa, tchau.
- Tá de TPM hoje?
- Não tô de TPM. VÃO EMBORA! – Gritei e acabei rindo.
Por fim eles foram embora e eu fiquei sozinha com Ellie.
- E você – Apontei para ela, que brincava com as bolas de enfeite da mesa. – Você é bem espertinha. – Ela me olhou com inocência. – Cobrinha. – Rimos.
(...)
Cheguei ao restaurante 15 minutos atrasada, ainda calçando o salto e tirando Ellie da cadeirinha ao mesmo tempo.
Espero que ele não se importe com ela.
Entrei e procurei por ele acima de várias pessoas, e o avistei conversando no telefone distraído.
- Nem demorei né? – Sorri e dei um beijo em sua bochecha.
- Está no prazo. – Ele sorriu. Ai meu deus, morenos sorrindo são a minha morte. – E quem é essa coisa fofa? – Apontou para Ellie, que estava puxando a presilha do cabelo.
- Essa é minha filha do coração, Elleanor. – Sorri.
- Ela é tão fofa, parece com você.
- Você acha?
- Sim, apesar do cabelo loiro, ela tem seus olhos. Perfeitos. – Sorri.
- Obrigada.
Ele se levantou e puxou cadeira para eu me sentar, e eu sorri constrangida. Logo surgiu uma cadeira de criança para eu por Ellie, que estava muito agitada e quase chorou por ter ficado na cadeira.
- E então, trabalhando muito? – Perguntei assim que fizemos os pedidos.
- Demais, não paro um segundo quase...
Guilherme me contou que provavelmente ele ficará mais 6 meses nos Estados Unidos, se tudo der certo ele vai conseguir um contrato com uma agência bem grande e irá se mudar para Nova York. Mas que mesmo assim ainda irá continuar fazendo trabalhos no Brasil.
Não falei muito sobre minha vida pessoal, mantendo o foco da conversa sempre nele.
Guilherme é lindo e tudo mais, e ainda atraiu muitos olhares enquanto conversávamos, mas eu não conseguia prestar atenção nele. A cada vez que eu fechava meus olhos ou o via sorrir, para mim era Bruno que estava ali.
E para ajudar, meus lábios ainda formigavam de saudade daquele beijo.
Quando eu vou conseguir desapegar de você ein Bruno?!
(...)
Eu não sabia que teria que ver o Bruno mais uma vez. Não hoje.
Não sei quantas vezes eu já tive que mudar o cruzamento das pernas, ou quase roí as unhas recém pintadas de vermelho. Ou chequei a maquiagem para ver se estava tudo bem.
Já Bruno não parece ter ficado nem um pouco abalado com o beijo, já que me cumprimentou normalmente (saidinho), mas não tinha aquele brilho constrangido no rosto. Que eu estava e ainda estou.
- ...Que é completamente normal na idade dela, já que ela está começando a adquirir um pouco de independência, vocês só precisam cuidar para que ela não se machuque. – O médico falava e eu olhava fixamente para ele, sem nem piscar direito.
- Eu tenho mesmo visto que ela começou a interagir mais com a gente, e já começa a pedir algumas coisas como a mamadeira ou se quer ir para o chão.. – Bruno disse.
- Isso é ótimo, por que significa que a prematuridade não afetou muito o seu desenvolvimento. – O médico pegou uma pasta e me entregou. – Aí tem uma nova dieta para Ellie, já que ela está mais velha, precisa de mais vitaminas, coisas mais sólidas.
- Ah sim, obrigada doutor.
- Bom – Ele se levantou e nós nos levantamos juntos. – Qualquer coisa é só nos ligar, tudo bem?!
- Claro, claro.
- Até mais. – Ele apertou a minha mão e a de Bruno e depois saímos da sala.
- Que bom que está tudo bem com ela. – Bruno disse balançando Ellie pelo corredor, que resmungava sem parar.
- É sim, pelo menos ela. Agora eu quero dar uma passada no hospital. Ver Gabe.
- Não aguento mais não poder leva-lo para casa.
- Nem me fale Bruno – Saímos do consultório.
- Quer uma carona? Também vou para lá.
- Precisa não, eu estacionei meu carro logo abaixo. – Apontei na direção do meu carro, estacionado a beira da calçada.
- O seu alarme está ativado?
- Está, por que? – Olhei para Bruno, colocando os óculos.
- É do seu carro então esse barulho?
Aí notei o barulho de alarme disparado e abri a bolsa para pegar as chaves.
Fomos andando em direção ao carro e eu desliguei o alarme ainda antes de me aproximar.
- Mas que p...
Antes que ele pudesse terminar de falar, eu me aproximei do carro a tempo de ver os dois vidros da frente quebrados e a palavra “vadia” pinchada na lataria.
- Eu não tô acreditando. Bruno, me diz que isso é mentira. Diz que eu não tô vendo o que penso estar vendo, por favor. – A última frase saiu trêmula. - Por que ninguém nessa porra de rua fez nada pra que não fizessem isso? Qual é o problema dessa maldita cidade? – Olhei para as minhas mãos trêmulas. – Desde que eu vim pra cá, minha vida só tem desandado! CARALHO BRUNO, FALA ALGUMA COISA!
- Os pneus estão murchos também. – Ele me olhou preocupado. – Todos os 4.
- QUE MERDA! MERDA, MERDA, MERDA – Comecei a chutar a lataria do carro, a deixando pior do que já estava.
Comecei a surtar no meio da rua, xingando Deus e o mundo por causa do meu carro.
Bruno não sabia se me acodia, ligava pra polícia ou acalmava Ellie.
- O que eu fiz pra merecer isso? – Soquei o porta-malas do carro. – Ein Bruno, me responde!
- Eu não sei – Ele estourou também. – Eu sei lá, talvez alguém que não goste de você, resolveu se vingar.
- SE VINGAR? SE VINGAR DO QUE? EU NUNCA FIZ MAL A NINGUÉM!
- Eu não sei, se acalma, tá deixando Elleanor nervosa.
Respirei fundo. Contei até 10 e fechei os olhos.
As pessoas, continuavam passeando na rua, como se nada tivesse acontecido. Odeio americanos individualistas!
- Vou ligar pra polícia e pra algum gancho. De onde vou tirar dinheiro pra consertar isso! Sabe quando custa um pneu pra esse carro?!
- Não faço ideia. – Bruno me disse ao telefone.
Deixei algumas lágrimas caírem de nervoso, enquanto discava o número da polícia.
(...)
- Toma – Bruno me entregou um copo de água. – Coloquei um pouco de açúcar, pra você se acalmar.
Depois do meu pequeno surto, a polícia chegou e eu fiz um boletim de ocorrência.
Graças a deus, o carro tem seguro, então não vou pagar pelos estragos, ainda bem.
- Já estou calma. – Olhei para o relógio do mecânico, aonde deixaram o meu carro, e apontou 5 horas da tarde. – Merda, eu me atrasei para ver Gabe.
- Calma, amanhã você vai vê-lo, eu te levo lá.
- Eu quero vê-lo hoje Bruno, não amanhã! – Me levantei e comecei a caminhar pela sala de espera.
Bruno colocou Ellie recém-adormecida no bebê conforto e me abraçou.
- Calma Ash...
- Com licença – O mecânico entrou na sala. – Nós acabamos de fazer a vistoria no seu carro. O pior estrago feito foi no pneu. Os arranhões são superficiais, acredito que dê pra remover lixando e encerando. Mas seu carro também está precisando fazer revisão, e isso não vai ser cobrado pelo seguro dona.
- Quanto fica a revisão?
- Se não precisarmos trocar nenhuma peça, mil e quinhentos dólares.
MIL E QUINHENTOS DÓLARES?!
- Pode fazer. – Bruno disse.
Vou vender meu carro.
- Pode fazer. Você conhece alguém que gostaria de comprar uma Range Rover vermelha 2010?
O mecânico me olhou desconfiado.
- A senhora quer vender seu carro?
- Quero sim. Pode fazer a revisão e cuidar dos reparos, e se você souber de algum comprador, me avise.
- O que? – Bruno me olhou espantado. Mas não o respondi e fui em direção ao bebê conforto.
- Bruno, você pode me fazer um último favor?
- Por que você vai vender seu carro?
- Deixa, eu pego um táxi. – Disse rolando os olhos e indo em direção a porta de entrada.
(...)
- Ashley espera! – Bruno me alcançou na entrada da oficina. – Por que você vai vender seu carro?
- Você ouviu o preço da revisão? São mil e quinhentos dólares. Eu estou desempregada Bruno, vivendo de economias e do dinheiro que você paga a Ellie. Não posso me dar mais ao luxo de circular com aquele carro.
- Se o problema é esse, eu pago!
Só me faltava essa! Bruno querendo pagar as minhas contas.
- O que? Tá louco? – Controlei meu tom de voz. – Isso não faz o menor sentido. – Voltei a andar em direção a rua, mas Bruno me seguiu.
- Eu não quero que você venda.
- Por que?
- Por que foi um presente meu.
- Foi um presente seu sim, mas você me deu, então ele é meu e eu posso fazer o que quiser.
- Então, eu compro ele. – Bruno cruzou os braços.
Tá me zoando Bruno?!
- Compra o que?
- O carro. – Esbugalhei os olhos e apertei a alça do bebê conforto, para não voar na sua garganta.
- Por que você quer comprar o meu carro?
- Você está vendendo, e eu quero uma range rover.
- Por que você não vai a uma concessionária e compra um modelo 2016?
- Por que eu quero aquele carro.
Olhei para o relógio, se quisesse ver Noah, precisaria sair agora.
- Você está falando sério? – Ele assentiu. – Mas eu não vou vender pra você.
- Por que não? Eu sou só um comprador.
- Você tem uns 10 carros na garagem.
- E daí, eu quero aquele carro.
Pensei nas possibilidades por 10 segundos, olhando dentro de seus olhos e tentando achar alguma armação.
- Você tá me zoando?
- Não Ash. Eu o acho muito bonito mesmo, e já que você o está vendendo.
- Mas você vive reclamando dele.
- Eu vivia... Você quer vender ou não?
- Quanto você me dá nele?
- 200 mil dólares. – Sorriu.
Rolei os olhos e chamei um táxi.
- O que foi?
- 200 mil dólares? Isso é o preço de dois desse carro, 0 km!
- Eu estou oferecendo o meu preço pelo carro. – Ele abriu os braços.
- Não! – Apontei o dedo na cara dele. – Você só quer dar um jeito de continuar me sustentando. Nós nos separamos Bruno! Você não vai ficar me sustentando por que eu vou começar logo a advogar, assim que conseguir minha licença entendeu! Eu vou ter o meu dinheiro, fruto do meu trabalho FINALMENTE!
O táxi parou na minha frente e eu abri a porta do carro. Bruno ficou me encarando perplexo enquanto eu o deixava sozinho na calçada.
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