História Recomeço em Seoul - 1. Um pouco de mim

Me chamo Samira moro em Sorocaba no interior de São Paulo.Sou conhecida por ser uma pessoa fria e calada, bom pelo menos é o que ouço da minha família desde sempre. Meus pais são comerciantes temos uma vida financeira estável, mas sempre trabalhei nas férias e em fins de semana, por dois motivos: não gosto de depender do dinheiro do meu pai e por sempre sonhar em estudar nos Estados Unidos ou Coreia do Sul ; sobre meu pai ele não é a pior pessoa do mundo, mas ele parou no tempo tem alguns preconceitos que eu não aceito, sempre foi muito ríspido e  mente fechada, o que não me ajudou já que sempre tive uma mente muito livre e sempre fui muito curiosa, para evitar conflitos com ele me tornei uma pessoa mais retraída em casa e com meus parentes. Minha mãe sempre foi quieta e autoritária o que me levou a me afastar dela com o passar dos anos, eu por muito tempo não entendi que o relacionamento dela com o meu pai era abusivo, ele sempre fez muita pressão psicológica em nos duas, nos desmerecendo e diminuindo muitas vezes; o que eu não entendia é que o que era ruim pra mim era pior para minha mães, eles frequentemente brigavam, brigas que me assombram até hoje. Com o passar dos anos vi a minha mãe se destruir com o seu vício pelo cigarro e por bebidas, frequentemente tinha que ajudá-la a se levantar e ir para o seu quarto pois ele bebia a ponto de não conseguir sair da sala sem cair ao chão.  

Me formei no ensino médio, comecei a trabalhar em período integral e assim eu e minha mãe nos mudamos para um pequeno apartamento. Pouco tempo depois minha mãe conseguiu se firmar em um emprego e eu comecei a fazer minhas inscrições para faculdades, meu sonho era me formar em engenharia de produção audiovisual nos Estados Unidos ou na Coreia do Sul. 

Voltando para as fases ruins da minha vida, pouco tempo depois de que comecei a morar sozinha com minha mãe, meu avô foi diagnosticado com câncer terminal, ele morava na fazenda da família numa pequena cidade no interior do Mato Grosso. Uma das poucas pessoas da família que eu realmente amava sinto muito a falta dele. 

Aos 15 anos de idade comecei a fazer bicos, nessa mesma época eu conheci Amanda, que sempre estudou na minha escola, porem só nos conhecemos quando mudei de sala por conta de problemas de convivência com as garotas da sala, tínhamos muito em comum, boas notas, queridas pelos professores e tocávamos o terror fora da escola. Rafaela eu conheci numa loja de roupas em que trabalhava nas férias, era uma garota difícil de lidar, tem temperamento forte e não abaixa a cabeça pra ninguém. As duas sempre foram meus alicerces, tivemos os nossos primeiros “porres” juntas, descobrimos juntas que não somos feitas para relacionamentos sérios e que como meu avô dizia tínhamos a “sexualidade questionável”, Amanda foi a minha primeira garota frequentemente acabávamos juntas. Era sagrado sair todas as sextas e sábados, éramos três malucas bebíamos muito e frequentemente voltamos para casa acompanhadas. 

Tudo mudou para mim quando uma corrente de coisas ruim aconteceu, um mês após perder meu avô, Amanda sofreu um acidente de carro e veio a falecer. Eu e a Rafa nos unimos mais do que eu achava possível, para superar a perda da nossa parceira; ela me encorajou a prosseguir com o meu sonho de estudar fora e me ajudou a seguir em frente. Sempre fui emocionalmente fraca, mas não deixava isso aparente, somente minhas amigas sabiam sobre meus altos e baixos, eu sempre preferi deixar de lado as emoções ruins e seguir em frente, tenho medo de quando tudo se acumular e eu não souber mais lidar com tudo, mas por hora estou bem e é só o que importa. 

Estou com a viagem marcada para a Coreia, passei na Universidade Hongik em Seul, vou começar no segundo semestre de 2013 estou indo vinte dias antes para me ambientar e arrumar o apartamento, aliás obrigada vovô ele me deixou alguns bens para que possibilitaram a locação do apartamento, se não fosse por ele eu teria que morar nos dormitórios. Sim, sim, eu sou chata gosto de ter meu próprio espaço, a ideia morar com pessoas desconhecidas me assustava um pouco. Minha mãe tentará me fazer uma visita no próximo ano, e Rafaela também.