Lola P.O.V’s On
Logo que terminamos de gravar eu corri para casa. Nada contra os meninos, eu só queria esquecer aquela sensação, aquela nostalgia. O dormitório do Red Smoke estava vazio, o que não é muito estranho, já que era o primeiro horário da tarde, todas já deviam ter almoçado e voltado para onde quer que estivessem trabalhando.
Entrei sem pressa, tirei os sapatos e caminhei até o meu quarto. Coloquei uma roupa qualquer para ficar em casa, prendi o cabelo. Voltei à cozinha, indo direto para o fogão para preparar alguma coisa para comer. Foi então que ouvi a campainha tocar. Quando abri, ele estava com o boné nas mãos.
- Oi, Lola. – disse Jackson.
- Ai, meu deus, de novo.
Ele riu.
- Sim, de novo. – ele colocou o boné na cabeça e o virou para trás – Eu só quero que você assuma.
- Ãh? Assumir?
- É. Por um instante você me beijou de volta. Ainda gosta de mim e sabe disso, agora quero que assuma.
- Isso é ridículo. – eu disse.
- Não, não é. Se você assumir, vai ser uma prova de que eu sempre estive certo.
- Então isso é só pelo seu orgulho?
Ele sorriu, debochado.
- Sim. Isso e, provando que eu estou certo, é questão de tempo até que você venha rastejando até mim.
- Você é patético. – afirmei, tentando fechar a porta.
Porém, Jackson colocou a mão e me impediu.
- E você sabe que estou certo.
- Não, não está.
Ele suspirou e soltou a porta, mas se escorou no batente.
- É, talvez não esteja, não 100%.
- Como assim “100%”?
- Você gosta de mim, mas também gosta dele, por isso não assume.
Senti meu rosto corar. Não de vergonha, mas de raiva.
- Agora chega! – eu o empurrei para longe e bati a porta com força – Você tem um minuto para ir embora, se não vou chamar a polícia e prestar queixa contra você.
- Fala sério...
- UM! DOIS! TRÊS! QUATRO! – comecei a contar enquanto o observava pelo olho mágico.
Vi ele se afastando, vez ou outra olhando para a porta. Jackson sorria, mas no último instante antes de ir embora, ele ficou cabisbaixo. Virou o boné para frente e o abaixou o máximo possível, cobrindo seus olhos. Minha reação foi a confirmação de que ele precisava, mesmo que machucasse ele precisava disso. A confirmação de que eu ainda estava presa a antigos sentimentos, mas não os sentimentos por ele.
Encostei minhas costas na porta e deslizei até que fiquei sentada no chão, abracei meus joelhos e senti o silêncio de tudo.
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