História Red Water - Indignation

Sirius Pov

Eu havia decidido na semana anterior, que iria seguir em frente e deixar meus sentimentos por Remus morrerem, mas simplesmente não havia conseguido fazer qualquer coisa para seguir nessa direção, porque ao mesmo tempo, também tinha decidido que não iria perder Moony.

Já faziam duas semanas que ele estava saindo com o tal Will da corvinal, e eu realmente detestava isso tudo.

Remus disse que não era um namoro, mas que os dois estavam se entendendo bem, e para mim, a gota d´água foi o fato de Moony, todo correto e certinho, ter voltado para o dormitório depois do horário duas vezes naquela semana.

Eu realmente odiava o tal Will!

De qualquer maneira, isso me fez começar a fugir de Moony, e é claro que isso se tornou um problema.

O suficiente para ele resolver me encurralar.

Eu estava jogando xadrez com James no salão comunal, já era quase meia noite... e em um instante eu apenas ouvi o feitiço.

— Merda — Reclamei ao sentir meu corpo se petrificar, vendo Remus caminhando até nós com o cenho franzido.

— Moony...

— Nada de Moony! — Ele bradou — Passei semana inteira tentando nos reunir para fazer a droga do trabalho! Se querem prejudicar, que seja apenas a nota de vocês! Se não me ajudarem a fazer, AGORA, eu nunca mais farei trio com vocês!

— É, agora você tem o Will — Reclamei, vendo ele amarrar ainda mais a expressão, vindo até mim, e arrancou a varinha que estava pousada no meu colo, e fez a mesma coisa com James.

No minuto seguinte, nos liberou do feitiço de petrificação, mas não fui otimista, porque logo em seguida cordas firmes nos amarraram ali.

Ele realmente era muito bom com feitiços!

— Apenas... vamos fazer isso logo, tudo bem? Na próxima semana eu vou estar indisposto demais — Nos lembrou, e eu assenti. Não conseguia argumentar contra ele quando Remus nos lembrava da licantropia.

— Não vai nos soltar?

— É claro que não — Ele rebateu, e eu revirei os olhos ao ver que as cordas amarraram nossos corpos, deixando apenas que conseguíssemos mover os braços, para escrever.

Remus pousou os livros e pergaminhos em nossos colos, e pelos próximos instantes organizou o que cada um deveria fazer.

O real problema nisso, foi que eu não pude deixar de notar a diferença entre eu e James.

Ele parecia irritado por estar preso ali, resmungando baixinho e se contorcendo na cadeira.

E eu não conseguia tirar meus olhos de cima de Remus, vendo sua pose cansada, as mangas do uniforme dobradas até os cotovelos, os dois primeiros botões da camisa abertos, e a gravata jogada de qualquer jeito sobre o sofá na nossa frente.

O fato de achar ele muito atraente, me fazia não ter qualquer controle sobre como me sentia ao seu redor.

Porque o castigo de estar amarrado, sendo controlado por ele... Em um instante começou a soar muito mais excitante do que deveria.

— Está prestando atenção?

— Não — Respondi, e estava sendo sincero. Estava ouvindo ele falar, mas só conseguia lhe encarar, vendo aquela expressão concentrada, e ele suspirou.

— Sirius, quanto mais rápido começarmos...

— Eu não consigo me concentrar quando estou sendo forçado a estudar — Reclamei, e ele arqueou o cenho.

— Isso é apenas uma sugestão amigável. Você ainda não me viu te forçando a estudar — Ele disse, sério, e é claro que eu me arrepiei ao invés de querer colaborar ou me sentir ameaçado.

Como todas as pessoas costumavam fazer questão de dizer: Eu  realmente não tinha qualquer senso, noção ou vergonha.

Eu sabia que não havia necessidade alguma de fazer birra, e que não era um trabalho complicado. Em uma hora poderíamos terminar tudo, mas aquele joguinho de provocações sempre me deixava tão cheio de agitação, que eu não resistia.

Não sabia a razão para isso, mas provocar Remus sempre me fez bem.

Ficar tentando tirar ele do controle, apenas para vê-lo perder a paciência era meu talento, e minha maneira de punir ele sempre que fazia ago que me irritava.

— James também não está prestando atenção — Apontei, e Remus se virou na direção de Jay, que tinha a cabeça caída para o lado, a boca aberta, e parecia quase cochilar.

— Eu queria encurralar você, não ele, para ser sincero. A oportunidade só pareceu boa de aproveitar para o trabalho — Ele disse, largando o livro, e apoiou o corpo de lado no sofá, para olhar nos meus olhos.

— O que foi que eu fiz?

— Pad, você precisa me dizer qual é o problema. É o fato de eu ser gay?

— Eu já disse que...

— Desde aquilo, você está estranho. Me evita o tempo inteiro! Tem noção de que essa é a maior quantidade de tempo que estamos próximos um do outro sem que você arranje uma boa desculpa para ir embora, e só está acontecendo porque eu te amarrei?

— É, amarre o cachorro. Vá em frente — Resmunguei irônico, e ele riu, mas negou com a cabeça.

— Você não me deixou escolha. Só é um bom garoto quando está na coleira — Ele brincou, e eu engoli seco, porque aquela frase besta não deveria me deixar com... vontades!

— Me solta, Remus.

— Você só me chama assim quando está irritado — Ele insistiu em seus pontos — O problema é Will? Você não parece gostar muito dele.

É claro que a mera menção do nome daquele cara me fez revirar os olhos com rancor, sem conseguir me conter.

‘WILL’

Odiava ele, o nome dele e a cara idiota dele.

— Me solta, Remus — Insisti, e ele suspirou.

— É Will então. Ele te fez algo? Ou você sabe algo sobre ele?

— Eu não dou a mínima para você e para esse cara estúpido, da corvinal estúpida.

— Está vendo? Sirius, você sempre disse que, depois da grifinória, a Corvinal é a melhor casa. Isso é implicância pura? Eu não entendo! Você surtou quando James começou a namorar, mas não desse jeito. Não com essa intensidade. Eu só.... sempre fui mais próximo de você do que de James, porque sempre soube entender seus chiliques. Eu... queria que estivéssemos bem. Nós nem conversamos nas ultimas semanas!

— Você quer conversar? Ótimo, Vamos conversar — Falei, sentindo a raiva fervendo por todo meu corpo — Me solta, anda. Vamos conversar, Remus — Ele pareceu dividido, mas as cordas me soltaram, e eu pulei da cadeira de uma só vez — Porque está chegando tão tarde, hã? Einh amigo? Vamos, fale comigo! —  Bradei, encarando ele de perto, deixando que sentisse como eu estava chateado.

— Sirius...

— Você não queria conversar? — Falei, tão irritado que nem pude olhar para ele, saindo andando com irritação para as escadas, sentindo ele me seguir.

— Eu não entendo porque você...

— Então, estava fazendo o que?

— Você sabe o que eu estava fazendo — Ele resmungou baixo, e eu finalmente entrei no dormitório, virando para ele, que tinha o cenho franzido.

— Você fez sexo com aquele cara? — Questionei exasperado, ignorando aquela dorzinha no fundo do meu ser só de pensar nisso.

— Eu...

— Não diga! Eu não quero saber! —  O interrompi antes que dissese qualquer coisa.

— Pad...

— Você fez, não fez?! — Bradei energeticamente, e ele suspirou.

— Isso é o que? Ciúmes? Eu realmente não estou entendendo qual é o problema com Will!

— Will não é o problema. Você é o problema! — Falei, empurrando ele, mas Remus se quer saiu do lugar, e a mostra da força dele apenas me irritou ainda mais.

Eu simplesmente não sabia lidar com aquelas emoções todas juntas. A paixão, a raiva, o ciúmes, a saudade de passar os dias com o quarteto reunido, o sentimento ruim sempre ao acordar e ver a cama de Moony vazia...

Tudo pareceu explodir para fora.

— Eu estar saindo com um cara é um problema?

— É! — Concordei, sem querer pensar que provavelmente parecia insano — Sim, você sair com um cara é um problema!

— Eu achei que não se importasse sobre eu ser gay!

— Eu não dou a mínima se você é gay. Eu só não quero que você saia com aquele cara.

— Então... tem um problema com ele?

— Não, não tem nada de errado com aquele idiota. Eu só não quero que você saia com ele — Falei, cruzando os braços, encarando ele — Era o que você queria? A verdade? Essa é a verdade. Eu não quero que você fique com ele, ou com qualquer outra pessoa.

— Você... o que? Só não quer que eu saia com ninguém? De onde veio isso?

— Você queria sinceridade, estou te dando sinceridade — Dei de ombros quase agressivamente — Eu não quero que você saia com ninguém. Nem aquele corvinal idiota, nem ninguém.

— Isso estaria acontecendo se eu não fosse gay?

— Eu já falei! Não quero que você saia com NINGUÉM — Reforcei — Você queria que eu dissese qual é o problema, ESSE é o problema. Agora você pode me deixar em paz e ir lá com aquele cara. Não é o que gosta de fazer? Ficar se esfregando com ele por ai?

— Padfoot — Ele chamou, o tom de voz baixo, e seu cenho arqueado se suavizou, enquanto ele sorria — Tudo bem. Eu não vou sair com ele.

— O... que? — Falei surpreso, sentindo minha raiva dar lugar para perplexidade.

— Tudo bem — Ele repetiu — Eu vim mais cedo hoje para fazermos o trabalho, mas... na realidade, eu e Will não vamos mais sair juntos. Nós conversamos hoje a tarde e... só não vamos continuar. Está resolvido, não é? Se o problema é esse.

— Vocês terminaram? Por quê? — Questionei, e Remus suspirou.

— Ele queria algo sério, e eu... não tenho certeza sobre isso. Quero dizer... meu exemplo de relacionamento sério é Lily e Prongs, e eu não tenho isso com Will. Não estou apaixonado por ele, e acho que é horrível sujeitar ele a um relacionamento unilateral assim. Então... nós tivemos uma conversa, e decidimos que é melhor assim.

Assenti, tentando não sorrir, sentindo aquela onda de alivio, e Remus aproveitou meu momento calmo para me abraçar.

— Então tudo bem. Eu não estou com ele, e não vou mais sair com ele —  Disse, manso.

Merlin, como eu sentia falta dos abraços dele!

— Me desculpe, Moony. Eu... tentei ficar longe para não brigar com você por essas coisas que não fazem sentido e... —  Me vi impulsionado a dizer, só pelo fato dele estar me abraçando depois de tantos dias sem me dar atenção.

— Está tudo bem, Pad. Estou feliz que nos acertamos. Se soubesse que só precisava te amarrar, teria feito antes — Ele brincou, se afastando para olhar meu rosto — Só... fique tranquilo. Eu não estou com ninguém. Se esse era o problema, está resolvido. Eu não vou ficar com ninguém. É o que você quer, não é?

— Mas... eu estou sendo um maluco — Falei, porque não fazia o menor sentido ele dizer que não ficaria com ninguém, se o fato de eu não querer ele com outra pessoa não tinha qualquer motivo que ele soubesse.

— Se não for maluco, não é você — Disse sorrindo, enroscando os dedos por meu cabelo daquele jeito que eu tanto gostava.

— Ei! Idiotas! — Nos viramos para a porta, vendo Lily muito irritada ali, guiando um James totalmente cambaleante de sono, e um pouco sonâmbulo — Quem de vocês largou meu namorado amarrado naquela cadeira?!

— Ah! Desculpa, Prongs! — Remus disse, rompendo nosso abraço — Eu amarrei ele porque faríamos um trabalho, mas eu e Padfoot viemos conversar e...

— Hmm — James disse apenas, se jogando na cama, e Lily com muito amor o cobriu, e tirou seus sapatos, se inclinando para deixar um beijinho sobre os lábios dele — Não, eu amo minha namorada — Prongs resmungou, e ela riu.

— Tão fofo — Murmurou, se erguendo e nos olhos feio — Já para cama, vocês dois!

— Ok, ok! — Concordei, erguendo as mãos em rendição, e pelos próximos instantes tudo o que eu e Remus fizemos foi nos preparar para dormir.

De uma maneira estranha, eu me sentia mil vezes mais calmo em saber que ele não estava mais junto com aquele cara, ainda que lembrasse da expressão que ele fez quando perguntei o que estavam fazendo juntos.

Essa era a principal razão para fugir de Moony.

Eu sabia que tendia a surtar com muita facilidade, e tinha essa mania de provocar ele até o limite.

O problema era a maneira que ele reagia a minhas provocações. Ora com calma, ora nos amarrando nas cadeiras.

Não conseguia entender como eu conseguia gostar tanto de ser sempre ativo nos meus relacionamentos com garotas, e tomar atitudes e assumir o controle, e ao mesmo tempo, simplesmente amava quando Remus me subjugava.

De qualquer forma, ao deitar para dormir, eu me senti muito leve, e tive a melhor noite de sono das ultimas semanas.

Ao amanhecer, eu me sentia uma nova pessoa. Uma determinada.

Se Moony disse que não iria ficar com ninguém, então aquela era minha chance.

Não pretendia fazer nada sobre o que sentia por ele, mas apenas a mostra de duas semanas tendo que conviver com a ideia de que ele estava com outra pessoa havia sido o suficiente.

Eu iria conquistar o coração dele.