História Redemption - Prólogo

Estampado na capa de pelo menos três jornais, em letras garrafais, estava a notícia sobre a falência de uma das maiores empresas de engenharia e arquitetura da região. Da noite para o dia as ações simplesmente desvalorizaram, levando à perda de vários investidores e revenda das mesmas a preços extremamente baixos.

Mayu não se interessava em ações, bolsa de valores, negociações, nem nada do tipo. Ela só pegou o jornal para ler o horóscopo do dia e algumas tirinhas, mas ver o nome da empresa naquela notícia fez suas mãos tremerem levemente.

Largando o café da manhã pela metade, a menina correu escada abaixo, invadindo a recepção da clínica veterinária e a seguir a sala de atendimento do irmão, parando apenas para tomar fôlego, ignorando a cliente presente no local.

– Você precisa ver isso aqui. – Mayu estendeu o jornal, o pedido saindo num tom de voz urgente.

Katsuya intercalou olhares entre a irmã, sua cliente e o cãozinho em suas mãos, decidindo resolver uma coisa de cada vez.

– Só um instante, Mayu. Espera na minha sala.

A menina concordou a contragosto, saindo do consultório cabisbaixa. Esperava que a notícia fosse falsa, apenas para chamar atenção. Entrou na sala ao lado, depositando o jornal na mesa, mas não conseguiu ficar sentada esperando. Caminhou devagar entre os móveis, por vezes parando em frente à janela, como se a qualquer instante um carro conhecido fosse estacionar próximo à clínica, mas todos passavam direto. Sobressaltou-se ao ouvir a porta abrindo, se dando conta que estava atrapalhando o serviço do irmão, mas era importante.

– O que aconteceu? Pra você invadir assim do nada…

– É a empresa dele, não é? – Mayu se apressou até a mesa, apontando um nome no jornal – Você está sabendo de algo?

Katsuya encarou-a confuso, sentando-se e puxando a notícia para ler, uma ruga surgindo entre suas sobrancelhas conforme entendia o que havia acontecido. Não tinha noção da gravidade, mas sabia que era sério. Sem responder a pergunta da irmã, pegou o celular no bolso da calça e discou para o namorado, ouvindo os toques até a ligação cair na caixa de mensagens. Tentou de novo, sem sucesso. Na terceira vez ligou para o escritório, estranhando ao ouvir a voz de um homem do outro lado da linha ao invés da voz de Kojima, mas mesmo assim pediu para falar com o empresário, ouvindo a resposta esnobe de que todos ali queriam o mesmo.

Guardando o celular novamente, Kurosaki ergueu o olhar para a irmã, sentada à sua frente com uma expressão ansiosa, mordendo a ponta da unha enquanto esperava uma resposta.

– Ele não atende e no escritório foi um homem que atendeu ao invés da secretária dele. Disse que também queria falar com ele.

– Será que ele está bem? Vocês não se viram esses dias? Ele não falou nada?

– Eu não sei… a gente se viu no final de semana, mas ele não comentou nada a respeito, parecia bem, como sempre. Não deu sinal de estar com algum problema.

– Nós vamos atrás dele? Ver se ele está em casa ou no escritório?

– Não, calma… não podemos fazer isso, sair procurando sem rumo… – Katsuya suspirou, organizando as ideias – Eu ainda tenho consultas pra hoje, não posso desmarcar tudo em cima da hora.

– Mas…

– Calma, Mayu… nós vamos procurar. Vai ficar tudo bem! – o veterinário tentou sorrir para a irmã, mas estava tenso. Alguma coisa não parecia certa – Eu vou terminar de atender os clientes e quero que ligue pro Shiroyama-san, pergunte se tem notícias, se sabe algo a respeito, quando falou com Mikaru pela última vez… Veja também se pode nos ajudar a procurar e o que ele sugere que façamos.

– Você age como se ele conhecesse o Mikaru melhor que você… – Mayu comentou amuada, mas aceitou o celular que foi estendido em sua direção. Iria ligar e fazer como o irmão pediu.

– Ele conhece, Mayu-chan. Não tenho dúvidas disso. Vamos trabalhar juntos pra achar ele e confirmar que está tudo bem, ok?

A menina confirmou com um aceno, procurando o nome do outro rapaz na lista enquanto o irmão saia da sala, mas parou ao ouvi-lo chamar novamente.

– Se ele não atender, tente Izumi-san e na cafeteria também.

– Entendi.