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História Redemption - Capítulo XLIV - Eternal Gratefulness



Notas do Autor


Oi, oi, oi~
Mais um capítulo recém saído do forno!
Espero que gostem ♥
Boa leitura! ;)

Capítulo 49 - Capítulo XLIV - Eternal Gratefulness


Fanfic / Fanfiction Redemption - Capítulo XLIV - Eternal Gratefulness

— Jamais imaginei que um dia te veria cercado por estas paredes.

A voz suave e doce trouxera Rinmaru de volta à realidade, fazendo seu coração falhar algumas batidas por tamanho alívio e felicidade que sentiu ao ouvi-la.

Levantando-se rapidamente da cadeira em que antes estava sentado, o loiro caminhou com pressa até Misa, próxima da porta, onde a abraçou de uma maneira que não lembrava-se de tê-la abraçado algum dia.

Ela retribuiu o gesto após alguns segundos de surpresa se passarem, mas não demorou muito para ele separar-se da cortesã e passar a procurar qualquer sinal de ferimento no corpo esguio da jovem.

— Você está bem? — perguntou agitado, segurando-a pelos braços enquanto continuava a procurar. — Fizeram alguma coisa com você? Te feriram? Se algum deles te fez mal eu-

— Pare — pediu firme, embora ainda tranquila e então sorriu. — Eu estou bem, Rinmaru. Não encostaram um único dedo em um único fio de cabelo meu. Apenas disseram-me que eu precisava vir para a Shinikayou sob custódia, por suspeita de ser cúmplice em crimes de terrorismo. Mas como eu não ofereci resistência, não fizeram absolutamente nada contra mim.

Ele sorriu com escárnio.

— Custódia por ser cúmplice? Aqueles desgraçados... — xingou com ironia. — Eles blefaram capturando você, para me fazerem falar o que queriam ouvir.

— E foram inteligentes em fazer isso — concordou, abrindo a pequena maleta que trazia consigo, repleta de itens de curativos e primeiros socorros. — Não tiveram muito tempo de cuidar de suas feridas, não é? — Encarou as faixas mal enroladas.

Rinmaru olhou a si mesmo no reflexo do vidro espelhado da sala, pela primeira vez percebendo o dito fato. Até aquele momento estava tão transtornado ­— primeiro com o ataque e com a preocupação com ela, depois com as palavras do vice-comandante — que sequer havia parado pra observar tal coisa. E, realmente, seus curativos haviam sido feitos as pressas, por conta de toda a situação que se desenrolava na cidade.

— Eles têm mais o que fazer do que tratar as feridas de um prisioneiro hediondo — ironizou com amargura.

Misa aproximou-se mais, fazendo-o sentar na cadeira novamente, para então começar a remover as faixas maltrapilhas e fazer novos curativos.

— Eu passei em frente à sala em que eles estão — ela comentou enquanto concentrava-se também em sua tarefa. — Sempre vemos aquela mulher caminhar radiante pelas ruas de Aokigahara, oferecendo sorrisos e simpatia a todos por quem passa, como um verdadeiro Sol incandescente. Não achei que algum dia veria novamente nela olhos tão tristes como os que ela carregou naqueles dias, após perder um dos gêmeos.

Uma pontada em sua costela o fez contrair-se dolorosamente, sabendo que aquilo nada tinha a ver com suas feridas externas.

— Misa — chamou-a baixo, com um tom pesado, carregado de algo que ela só conseguiu identificar como culpa. — Você acredita em mim, quando digo que minha intenção jamais foi fazê-la perder aquela criança, não acredita?

— Você sabe que sim.

Ainda com os olhos baixos, fixos no chão, ele demorou alguns instantes para voltar a falar.

— Você acha que algum dia eles seriam capazes de me perdoar?

Por um breve momento, a estudante de enfermagem interrompeu sua tarefa, ainda mais surpresa com o que acabara de ouvir.

— Essa noite você está me surpreendendo de muitas maneiras — comentou já voltando à sua tarefa. — O que aconteceu neste lugar para que eu pudesse presenciar isso? — questionou terminando de colar o esparadrapo no curativo finalizado no braço esquerdo, para partir para a próxima ferida.

— Como você se sentiria se descobrisse que por toda a sua vida você perseguiu uma mentira? — devolveu com outra pergunta, ainda sem conseguir encará-la. — Se descobrisse que se deixou consumir a vida toda por um ódio mortal pela pessoa que, na verdade, te salvou? Que todo esse ódio era sem sentido?

Ela não respondeu de imediato. Ao invés disso, antes enrolou o braço direito em faixas novas e limpas.

— Um ódio que te consome como fogo em brasa e te leva a ombros pesados em culpa, já não deveria ser inútil e sem sentido por ele mesmo?

Ele finalmente levantou seus olhos, encarando-a com certa resignação. Sorriu sem humor.

— Era o que você vinha tentando me mostrar por todo este tempo, não é?

A cortesã continuou empenhada em seu trabalho, também finalizando aquele braço.

— Era o que eu tinha esperança de que você compreendesse antes que fosse tarde demais — respondeu com doçura, agora concentrando-se no corte na testa do parceiro.

— Você não me respondeu à primeira pergunta — voltou ao início da conversa. — Você acha que eles ainda seriam capazes de me perdoar?

— Se serão capazes ou não, isso só saberemos quando você pedir esse perdão a eles. Mas ter ou não ter o perdão deles não mudará o que você está sentindo, mudará?

Silêncio.

Fora a única resposta que ele conseguira entregar. Porque, embora não fosse o que ele queria admitir a si mesmo, no fundo sabia que o peso que sentia em suas costas naquele momento, jamais o abandonaria. Todo o sangue que ele tinha em mãos jamais seria apagado, independente do perdão que o seria concedido ou não.

(...)

Se lágrimas podiam realmente falar por nós quando não temos palavras para expressar o que sentimos, aquelas sem dúvidas foram as palavras mais duras que tivera que ver sair dos olhos de alguém.

Embora os braços dela estivessem movimentando-se rapidamente em sua direção, obrigando-o a se defender com sua espada, os olhos claros lhe diziam tudo o que precisava sabe. E tudo o que ele não queria fazer.

E por mais que sua consciência lhe dissesse com todas as forças para apenas largar sua lâmina e deixar-se ser atingido, algo em seu interior — motivado por aqueles olhos — não permitia que ele a obedecesse.

Talvez fosse desde ali que ele compreendera que sua vida seria uma trágica sequência de escolhas das quais, ao mesmo tempo em que se martirizaria eternamente por tê-las feito, jamais seria capaz de arrepender-se de uma sequer.

Provavelmente fora naquele exato momento, no qual atravessara o coração daquela mulher, que ,lá no fundo, já entendera o que deveria ser protegido até o fim, mesmo que pra isso antes precisasse destruí-lo.

Abriu os olhos.

Gintoki se encontrava sentado à mesa de sua sala, apoiando a cabeça nas mãos entrecruzadas e apoiadas sobre os cotovelos.

Incrível e incômodo como certas memórias se apossavam de sua mente desde o enfretamento com Kaoru e seus capangas no Instituto. Há poucos instantes estava forçando seu cérebro a pensar e encontrar uma explicação para como Ichiro havia escapado do incêndio e, consequentemente, da morte. E então simplesmente viu-se novamente naquela sala, sendo observado pelo mesmo médico, anos mais novo, cometendo aquele que ele considerava o primeiro grande pecado de sua vida, e que daria origem a tantos outros depois.

Riu interiormente com ironia quando percebeu o desejo que acabara de surgir-lhe, de poder voltar à sua infância, onde, após aqueles tipos de memórias inconvenientes, podia sempre contar com um belo pedaço de pudim de Shouyou  ou qualquer outra coisa que o distraísse...

Gostaria que seu professor não tivesse desaparecido pelas últimas horas, sem dar qualquer notícia. Embora confiasse plenamente na capacidade e na promessa implícita dele de que encontraria suas filhas, não conseguia não ficar agoniado ou desesperado por qualquer pista mínima que pudessem encontrar.

Apertou o osso entre os olhos, agora também sentindo sua enxaqueca gritar em seu crânio. Uma pontada relativamente dolorosa surgiu quando a porta abriu-se, dando passagem para sua esposa, que trazia uma pequena bandeja com um copo de porcelana fumegante sobre ela.

Sem pronunciar-se verbalmente, a morena tornou a fechar a porta e caminhou em sua direção, abandonando a bandeja sobre a mesa. Sorriu singela.

— Fiz na cozinha dos dormitórios. — Colocando delicadamente o copo sobre a mesa, aguardou-o dar um primeiro gole no chá. — Achei que estaria precisando.

— Obrigada — agradeceu ao mesmo tempo em que sentia as pontadas diminuírem.

Por um momento, se pôs a encarar o líquido que soltava vapor no copo em suas mãos, tentando encontrar o início daquela conversa. Mas por mais que quisesse dizer inúmeras coisas a ela, não parecia ser capaz de expressar uma única sílaba.

— Mayah... — forçou-se a falar, levando-a a olhá-lo com maior atenção.

As palavras que aqueles olhos lhe diziam também eram pesadas o suficiente para ele sentir seu estômago pesar. Ainda assim, o sorriso que ela o ofereceu após os breves momentos de silêncio o fez refletir o quanto não o merecia.

A morena aproximou-se, dando a volta na mesa. Ajoelhando-se perante ele, trouxe com delicadeza o rosto do marido para mais próximo do seu, encurvando-o e encostando sua testa à dele.

— Eu não preciso que me diga nada — declarou em voz baixa, fechando os próprios olhos. — Apenas não adicione mais esse peso ao seu fardo. — Abriu os olhos novamente, refletindo-os nos vermelhos do albino, os quais a encaravam, pegos de surpresa. — Não me peça desculpas por algo que jamais foi e jamais será sua culpa. E eu sei que vamos encontrá-las e trazê-las de volta, porque é isso que meu coração diz, e instinto de mãe nunca erra. — Sorriu mais uma vez, levemente divertida, e acariciou-o suavemente a bochecha. — Eu confio no Shouyou-sensei, porque foi ele quem criou o homem que está à minha frente agora, e sei que assim como você sempre faz, ele também irá até o fim para proteger nossa família. Então, nesse momento, apenas compartilhe isso comigo. Você já foi forte o suficiente para me trazer a paz e a confiança de que eu precisava em meio a esse caos. Agora me deixe fazer isso por você também — concluiu com suavidade, o que trouxe mais alguns segundos de silêncio, durante os quais o comandante ainda meditava sobre cada palavra dita.

Finalmente, após um longo momento de silêncio no qual fixava-se unicamente nas esmeraldas da morena, ele também ergueu sua mão até a face esquerda feminina, agora fechando os próprios olhos.

— Obrigada. — Mais uma vez foi tudo o que fora capaz de dizer.

Perdia as contas sempre que tentava pensar em todas as vezes que aquela era, realmente, a única palavra que ele conseguia proferir quando se direcionava à sua esposa. Porque, de fato, nenhuma palavra seria o suficiente para expressar o quanto era grato pela existência dela em sua vida.

Irônico e, se arriscava a dizer, ardiloso como o que ele acreditava ser a pior coisa que poderia acontecer com ele naquela cidade, quando nela chegou, tornou-se, na verdade, a melhor coisa que lhe acontecera por toda a sua vida. Nem de longe se sentia merecedor de tamanha benção, mas com toda a certeza seria eternamente grato por tê-la recebido.

Abriu os olhos.

— E eu prometo que irei fazer jus a essa confiança — declarou com firmeza, enxugando a pequena lágrima que marejara os olhos vivamente esverdeados. — Eu irei trazer nossas meninas de volta, Mayah. Nem que pra isso seja necessário eu ir ao inferno e voltar.

Ela riu baixinho, pra dentro, fungando em seguida, mas não deixando o sorriso esmorecer.

— Tenho pena de Enma, então. Certo, Demônio de Aokigahara? — comentou divertida, talvez numa tentativa de deixar as coisas um pouco mais leves; com êxito.

— Claro, pretendo tomar o trono dele quando chegar minha hora — concordou fingidamente muito sério.

Ela levantou-se abandonando mais um risinho e um beijo demorado nos lábios do marido.

— Só não tenha pressa, por favor. — Sorriu uma última vez antes de ouvirem batidas na porta.

— Entre — ele permitiu, enquanto a morena voltava a contornar a mesa e pegar a bandeja ali deixada antes.

A porta abriu-se, revelando o vice-comandante da Shinikayou, o qual carregava uma expressão muito séria, embora aparentemente um tanto aliviada.

— Com sua permissão, Comandante ­— ajoelhou-se como de costume, levantando assim que o foi permitido. — Rinmaru e Ayanara resolveram falar — informou sem muitas voltas, surpreendendo ao casal.

Gintoki levantou-se de imediato e também contornou a mesa, ficando de frente para o companheiro de farda.

— Com quem você acha que devo falar primeiro? — pediu a opinião do velho amigo.

— Ayanara, senhor — respondeu sem hesitar. — Pelo que parece, há muita coisa que Rinmaru sequer faz ideia sobre a aliança entre os dois grupos.

— Tudo bem — concordou. — Vamos até ela então. Mayah, — Voltou-se para a esposa e, de maneira breve, lhe deu as direções para o que devia fazer. — diga a Shinpachi e Kagura que os quero na sala em que Rinmaru está. Depois de falar com Ayanara, eles serão os próximos.



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