História Redenção - Provocação

Desde sua saída do hospital , a um par de dias atrás, Levi apesar de parcialmente incapacitado de suas atividades diárias, permanecia observando os treinos físicos dos soldados que eram realizados nas arenas , e claro, inspecionando a limpeza feita no perímetro do castelo.

O Cabo observava ao longe Yui auxiliar Eren com a limpeza das janelas. Aquele pirralho titã era mesmo um folgado. Sempre pedia ajuda de alguém para se safar das tarefas. Alguns o faziam por medo , já que ele era um humano meio titã, outros por não se importarem, mas quanto à Yui, a menina parecia mais que  satisfeita em ajudá-lo .Enquanto ele a segurava pelas costas, em uma espécie de apoio para que a menina não caísse enquanto passava o pano na janela, o chacoalhar do corpo deles enquanto suas feições se tornavam alegres comprovava a alegria de ambos. Curioso e aborrecido, resolveu então se aproximar para comprovar a eficiência do trabalho.

-“Não... Yui, você não esta falando direito.Vamos, você tem que aprender rápido,Jean vai passar aqui em poucos minutos .”-Eren ria enquanto falava com Yui.

-“Mas.. Mas é difícil, Yui não consegue falar isso.”

-“Vamos tentar de novo então. Repita o que eu disser. Ba-Ka”

-“Baio-ka”.Assim?”-

-“Não”-O menino ria como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.-“Ainda esta errado Yui.”

-“Haaaa, a Yui desiste.”-A menina deu uma batidinha nas mãos de Eren , e o mesmo a ajudou a descer do parapeito da janela-“Yui vai lavar o pano e volta.”

Levi acompanhou com os olhos a menina sair correndo em disparada, se dirigindo ao tanque distante. Ele se aproximou da janela que a poucos segundos atrás ela estava limpando.Parte da poeira já havia sido eliminada corretamente, mas ainda havia muito trabalho a ser feito.

-“Heichou, ainda não acabamos, em breve estará tudo limpo.”-Eren interveio. Provavelmente amedrontado quanto ao que o Cabo diria sobre a sujeira.

-“Hum.”-Levi viu o menino tomar seu caminho em direção a pequena-“Oe, Eren, seu porco imundo, não ensine essa merda para Yui.”-Levi pôde ver Eren endurecer como uma rocha, possivelmente nervoso por ter sido pego ensinando palavrões para a menina.

-“Hai, Heichou, sinto muito.”-Dito isso, sem nem mesmo virar para o cabo o garoto continuou seu trajeto, um pouco mais rápido agora.

-“Tsc. O que esse moleque tem? Vento no lugar do cérebro? Francamente.”- Estava aborrecido, não que isso seja novidade, mas o fato de ainda não estar totalmente recuperado o angustiava, a sensação de impotência e fraqueza retornavam de forma opressora . Não conseguia nem mesmo se lembrar qual foi a última vez que havia sentido tais coisas. A dor na perna não era mais intensa,o pequeno rompimento no músculo vasto lateral não era algo sério, no entanto, tinha noção de que cometesse qualquer movimento em falso voltaria direto para o hospital.Precisava melhorar o quanto antes, a  exploração fora das muralhas aconteceria em menos de cinco dias, e não poderia deixar seus companheiros na mão.

Tendo inspecionado todas as janelas , Levi segue aos balneários restritos do castelo .

                                            -------------------------------------------------------------------

-“É só fazer como te expliquei Yui, não terá erro.”- Mikasa devolvia a embalagem para a menina.

Depois que a pequena fora apresentada à deliciosa pasta de feijão preto, ficara apaixonada pelo sabor do alimento. E como o jantar no refeitório hoje era salada de batatas, o que não era  de sua preferência, ela resolveu dar seu prato para Sasha e fazer sozinha a comida que tanto queria.

-“Arigatou Mika.”- A menina respondeu feliz antes de subir correndo para o quarto de Levi. Chegando no mesmo tomou um banho rápido vestindo como sempre as roupas do homem. E foi logo em direção a pequena cozinha acoplada ao pequeno apartamento.

As instruções eram claras, não deveria ser tão complicado fazer o conteúdo do pacote.Era apenas seguir as regras que a menina sem expressão passara a ela.

-“Primeiro uma panela.”-Yui disse para si mesma enquanto revirava os armários em busca de um recipiente grande o suficiente para a sopa que prepararia.

-“Água, uma coisa para poder mexer, e temperos.”-Depois de recolher o que faltava, a menina colocou a panela no fogão e aderiu o resto dos produtos.

-“Acho que é isso. Mika disse que tem que esperar dar bolhas”- Yui puxou uma cadeira e se sentou em frente ao fogão . Puxou os joelhos em direção ao peito e apoiou o queixo pequeno em cima das pernas enquanto se abraçava.

A pequena menina pensava em como as coisas haviam mudado.Por mais que quisesse fugir , sua mente a obrigada a organizar suas idéias. Primeiro a morte de sua mãe, depois a destruição de sua aldeia. Ela estava dentro das muralhas, convivendo com pessoas diferentes das quais estava acostumada. Não que estivesse a reclamar, era obvio que havia gostado de conhecer Armin, Mikasa, Eren e principalmente Levi. Mas ainda sim era doloroso saber que não tinha para onde voltar.Seu lar não existia mais, as pessoas que carregavam a mesma historia, os mesmo ideais, os mesmos costumes, estavam mortos. Não havia restado nada além de sangue , corpos e fogo.

O ronco alto em sua barriga a assustou . Como não havia tomado café da tarde, já que havia se prontificado a ajudar Eren com a limpeza das janelas, Yui sem querer esperar a sopa ferver, tratou de pegar uma cuia para que pudesse comer .

Quando estava colocando a terceira concha de sopa em seu prato o estalo agudo da porta do quarto se abrindo foi estrondoso o suficiente para assustá-la. Consequentemente entornando pelo chão o prato que segurava. Por sorte , não havia esperado o caldo ferver , caso contrario, a queimadura em sua mão seria algo grave.

-“Você é mesmo um desastre.”-Yui olhou para Levi, sua expressão entediada, como se sempre tivesse razão sobre tudo e todos, o que  a irritava . Primeiro ele a assusta , o que causou todo o desastre da cozinha. E agora, apesar de não estar a ponto de queimar, a sopa que havia entornado em sua mão estava começando a queimar sua pele.

-“Ri.... BA-..................KA” – Finalmente, pensou a pequena . Ela havia aprendido a difícil palavra que Eren estava tentando ensiná-la. Não entendia bem o significado, mas era suposto que tal vocábulo irritasse o ser a quem fora proferido . –“Hum.... Ajuda a Yuiiii.... Ta quente..”- Ela agora balançava as mão para cima e para baixo progressivamente com a intenção de dissipar um pouco do calor que se instalava em  sua pele.

                                                             ~~~~*~~~~

 O material escuro que escorria das mãos para a curvatura do antebraço branco e bonito era tão tentador. Levi  absorvia o desejo que tinha de castigá-la, tanto pela bagunça quanto pelo insulto inusitado . Vê-la aflita e desconcertada o excitava, e mesmo que não devesse fazê-lo , não era como se pudesse se controlar,  não era nem mesmo capaz de cessar suas ações impróprias.

Yui tagarelava distraidamente enquanto balançava  sua mão no ar implorado por ajuda , ela realmente queria tirar a calda pegajosa e quente da pasta de feijão de seus dedos. O material de espessura homogenia aliciava a carne branca e convidativa. E se ela chamava por ele , quem era para negar a vontade de ambos.

Levi prendeu o pulso de Yui em um aperto firme, e sem pestanejar levou um de seus dedos elegantemente longos a boca. O suspiro estrangulado que saiu pelos lábios dela apesar de expressar seu espanto , era também perceptivelmente libidinoso . Seu lado viril urrava em contentamento , constatar que dentro dela vivia uma coisinha tão sensual o deixava extasiado.

Quando o azul de seus olhos fitou o cinza das orbes de Yui, ele tinha certeza de que o contato visual não poderia mais  ser quebrado. Tendo a  certeza então de estar no domínio da situação , Levi permitiu sua língua saborear tanto o alimento,quanto a pele macia que estava dentro de sua boca.Sua língua acariciava  lentamente o indicador dela de forma lenta, sensual , completamente provocativa.O contato era puramente físico , poderia julgá-lo até mesmo sujo, figurado apenas ao prazer.

Depois de constatar que os pequenos ligamentos estavam limpos , ele passou a língua vagarosamente pela palma da mão da menina .

CRISTO , ela reagia tão bem a seus toques, os suspiros entrecortados que saiam de sua boca vermelha e bonita traiam sua cara de espanto. Era como se sua língua não estivesse a percorrer sua mão, e sim a  outras partes de seu corpo. Levi não queria nem mesmo imaginar quais seriam as reações dela se ele a tocasse em mais lugares do que apenas o braço. Talvez ela suspirasse , ou gemesse, ou o melhor de todos, implorasse por mais.

“Merda”... Ele sabia que deveria parar com aquilo, por mais que ela correspondesse à suas ações não era certo incitá-la daquela maneira. Se sentiu o maior lixo vivente do planeta. A desejava de maneira inapropriada, e haviam inúmeros motivos para que não desse continuidade àquilo.  

Depois de soltar seu agarro da menina, Levi a observou atentamente. Apesar de excitada , estava visivelmente perturbada, confusa, como se seu corpo correspondesse a ele , mas sua mente não. Era óbvio que sua consciência virtuosa não acompanhava os fatos. Tinha noção de que tinha agido como um fodido filho da mãe.   Estava a instigando sexualmente, fazendo-o a uma menina obviamente virgem e inocente. Mas o que estava feito, estava feito. E nada poderia ser mudado , mesmo que quisesse... – O QUE NÃO ERA O CASO- “Sou mesmo um filho da puta”

-“Arrume esta bagunça , quando voltar quero tudo isso limpo.E não quero escutar essa merda de palavra  saindo de sua boca novamente”- Disse simplesmente , com o intuito de amenizar as coisas, não que acreditasse que funcionaria. Mas se sentia na obrigação de quebrar o clima estranho de alguma forma.

E quando entrava no banheiro o som de um pequeno “Hai” foi  captado por seus ouvidos. A voz dela não soava apavorada, apenas curiosa . E ele se sentia aliviado por isso.

                                                ----------------------- * --------------------------

Enquanto passava um pequeno pano úmido no chão da cozinha , Yui não conseguia controlar seus pensamentos desordenados. Ela não compreendia o porque de Levi ter feito tais coisas. E o pior de tudo é que havia se sentido completamente cativada por seus toque, seu corpo formigava de uma forma diferente, era algo que nunca havia sentido antes. Era como se seu corpo pedisse por mais. Era como se seu corpo pedisse por algo que ela nem mesmo sabia o que era. Não tinha idéia do que sanaria a pressão que se espalhava por sua carne.

A pequena soltou o pano que segurava, e olhou fixamente para seu dedo , onde poucos minutos atrás a língua quente e molhado de Levi havia percorrido . Era tão fascinante e encantador. Estava curiosa, queria saber até onde seu corpo chegaria.

Mas apesar de curiosa quanto a tais reações , tinha a ligeira impressão de que o que desejava era errado. De alguma forma muito errado.Ela se lembrou então das palavras de Hanji, a mulher havia explicado muitas coisas a ela.

Espantando o pensamento conflituoso , continuou a limpar os restos das gostas de feijão que haviam pingado pelo chão. A última coisa que desejava agora era ver Levi bravo por ela ter deixado sua cozinha suja. Ele podia ser uma dor na bunda quanto a sua mania de limpeza.E tomaria cuidado quanto as palavras que Eren ensinava para ela ,não as falaria perto de Levi de forma alguma.

                                         -----------------------------------------------------------

A umidade do ar devido a chuva fria e constante o relaxava. Não que o ambiente escuro e repleto de sons assustadores o enervassem, na realidade, havia se acostumado ao inepto ,á solidão . Havia formado sua integridade social e mental em meio a pedradas e torturas. Nada mais o assustava, nem mesmo a lembrança de ser amarrado em meio a uma fogueira para que morresse queimado vivo enquanto implorava por misericórdia o impressionava mais. Havia escolhido seu caminho, e por mais que fosse escuro, era completamente reconfortante.

Não queria misericórdia ou olhares de piedade. Desejava apenas vingança, faria sofrer àquelas que o desprezaram por ser como é. No começo se odiava mais do que os que o cercavam , acreditava ser a besta que os religiosos tanto abominavam, a descrição da destruição, o demônio abominável descrito pelos livros sagrados. Mas com o tempo compreendeu o que tinha, e o que era. Adivinha de si o poder do controle,era capaz de aterrorizar até mesmo o mais corajoso dos homens, era capaz de fazer recuar até mesmo outros titãs . Não havia o que temer.

Pouco faltava para que conseguisse o que tanto almejava. Aquela garota o entregaria o que tanto desejava, a quebraria lentamente, até destruir o resto de alegria que lhe restava, ela sofreria tanto quanto ele sofreu .A  maldita que  havia assassinado na floresta havia lhe causado grandes problemas, e sua queria filha pagaria um preço alto por isso.Depois que tivesse nas mãos o objeto que os deploráveis humanos nem sequer tinham noção da existência, realizaria seu  tão almejado sonho. Humilharia e pisaria , literalmente ,nos vermes que o aterrorizaram . O temeriam, seria o primeiro e o único . O “ser” capaz de exterminar as duas raças existentes no planeta. Acabaria com os titãs, acabaria com os humanos.

Os olhos gélidos fitavam sem ao menos piscar o emblema da Tropa de Exploração na entrada das muralhas.Nem mesmo a chuva densa era capaz de obstruir a visão do homem, sedenta por sangue Estava tão concentrado que mal escutou a movimentação atrás de si. Quando percebeu os corpos próximos, se levantou , seu plano se iniciaria em dois dias,  e os indivíduos à sua frente , seriam apenas mais  duas peças do tabuleiro .

-“Vamos, se continuarmos aqui correremos o risco de sermos devorados  por algum gigante.”- Os três subiram  com o auxílio do DMT, e se instalaram na copa das árvores. A  chuva era um refrigério para sua alma, as gotas de água eram o prenuncio das lágrimas que seus inimigos derramariam futuramente.