Wolverhampton, 2009
– Liam, vamos pular na água?
– Você não acha que é um pouco alto para pular daqui?
– Realmente, é alto, mas vai ser legal.
– Eu não vou deixar você se jogar daqui de cima. Nem sabemos o que há lá em baixo.
– Lá só tem água, Liam. Vamos? Qual é, hoje é trinta e um de dezembro, não sabemos quando teremos outra chance de pular de uma pedra.
– É claro, também não sabemos quando teremos a oportunidade de cometer suicídio pulando de uma pedra. Nós vamos descer e ir embora, isso sim. – Liam levantou-se.
– Vamos, Liam, se você não pular comigo, eu pulo sozinha.
– Você não vai pular, você nem sabe o que tem no fundo desse rio.
– Por isso mesmo, eu vou descobrir.
– Vai descobrir o caminho de volta para a casa. Vamos.
Liam virou as costas para o rio, ele iria descer da pedra, assim como Marie deveria fazer. Mas ela iria o fazer de outro modo.
– Sabe, Marie, eu estava pensando, como vivemos tanto tempo aqui e nunca tínhamos vindo neste rio?
Nenhuma resposta.
– Marie, você não vai ficar magoada comigo, vai?
– Liam olhou para atrás, onde Marie deveria estar, mas não estava.
– Marie?
Ela havia pulado na água.
Liam chegou a ponta da pedra, olhando para baixo, a água estava calma.
– Saia daí agora, Marie! – gritou.
Nenhum sinal dela.
– Pare de brincar comigo.
Ele estava começando a ficar preocupado.
Rapidamente, Liam desceu da pedra, sem saber o que havia dentro, entrou no rio.
Estava escuro demais para encontrar alguém sob a água.
“Marie” – ele gritava.
As águas estavam agitadas em certa parte do rio. Era ela.
Ele nadou até lá, mas antes que pudesse chegar, a agitação parou.
Liam gritava o nome de Marie, mas não obteve resposta alguma. As lágrimas já tomavam seu rosto, mas eram quase imperceptíveis misturadas à água doce do rio.
Algo se chocou-se com as pernas de Liam, era o corpo de Marie.
“Marie, acorde” – Liam havia levado o corpo para a terra.
“Vamos, Marie”
Desesperado, colocou o corpo de Marie no banco traseiro de seu carro.
(...)
Para mim, é como se ela estivesse dormindo, como se Marie fosse acordar a qualquer momento. Mas não. Fazem-se mais de trinta dias desde que ela entrou neste estado.
A cada dia que passa, eu alimento o pensamento de que, amanhã ela estará bem e sorridente, como sempre foi. Eu não peço nada além de que esse “amanhã” chegue.
Após levá-la ao hospital, descobrimos que Marie havia entrado em coma, e não havia previsão para ela sair deste estado.
A família dela não falou mais comigo após o ocorrido no rio, para eles, eu era o culpado, e talvez eu realmente fosse.
Duas semanas depois de descobrirmos que Marie entrou em coma, eu recebi uma proposta, eu viraria cantor, mas para isso, eu precisaria me mudar para a capital e deixar tudo para trás, inclusive Marie.
Eu aceitei.
Apesar de amá-la, eu não poderia vê-la mais, pois sua mãe havia me processado, e eu não poderia chegar perto dela.
Passaram-se anos, estamos em dois mil e dezesseis, tudo está perfeito, minha carreira deu certo, eu sou milionário. Mas quase nenhuma notícia sobre Marie, não sei se ela está viva, ou se ainda está em coma, ou até se ela acordou, encontrou alguém, e está feliz com sua família.
Todas as noites, quando me deito, a única coisa em que penso é ela. Seus cabelos ruivos, seus lindos olhos verdes. Fico pensando na mulher linda a qual ela se tornou.
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