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História Reencarnei no mundo Shinobi - Entre Risos e Humilhação


Escrita por: Joleiker

Capítulo 9 - Entre Risos e Humilhação


Fanfic / Fanfiction Reencarnei no mundo Shinobi - Entre Risos e Humilhação

Na academia ninja de Konoha, onde vários jovens aspirantes a ninjas lendários eram treinados, o barulho das vozes infantis dos estudantes podia ser ouvido de longe.

"Que idiota! Hahaha!" Riam alguns dos alunos, apontando para um garoto de viseira laranja e jaqueta azul. Ele havia dormido durante a aula e se tornado o alvo das piadas dos colegas.

Hiasu riu enquanto olhava para as costas do garoto. Ele deveria prestar mais atenção na aula...

"Talvez ele não tenha dormido bem." Disse Rin, tentando defendê-lo. Mas ela também parecia concordar com Hiasu.

"Talvez... mas não tente encontrar desculpas para ele." Provocou Hiasu, apoiando seu rosto nas mãos enquanto olhava para Rin com um sorriso malicioso. "Não me diga que você gosta dele..."

Rin corou e balançou a cabeça rapidamente. "Não é isso! Não seja boba, Hiasu-san! Eu não o vejo dessa maneira!"

Hiasu riu. "Claro, claro..."

Enquanto isso, Kakashi observava os outros alunos com seu olhar inexpressivo, amassando uma folha de papel. Ele olhou na direção de Obito, o garoto que havia dormido na aula, e jogou a bolinha de papel em sua direção.

Idiota. Pensou Kakashi, enquanto a bolinha voava na direção da primeira fileira de carteiras, onde Obito estava sentado. A bolinha acertou a cabeça do garoto, que acordou assustado.

"SI... SIM!?" gritou Obito exageradamente, levantando a cabeça. Mas tudo o que ele viu foram os colegas rindo dele.

"Isso foi tão engraçado!"

"Ele é tão idiota!"

"Kakashi é tão legal!"

As garotas riam, elogiando Kakashi por ter jogado a bolinha em Obito. Enquanto isso, o próprio Obito era o alvo das gargalhadas dos colegas.

Kakashi observava tudo sem expressão, sem se importar com a reação dos outros alunos. Ele parecia viver em seu próprio mundo, indiferente às emoções dos outros.

O garoto mantinha a cabeça baixa, envergonhado com a situação em que se encontrava. Sem saber o que fazer, Obito sentou-se em sua carteira e cobriu o rosto com um livro, tentando se esconder do julgamento de seus colegas. Aquilo fora uma humilhação tremenda.

Droga! Pensou ele, ainda ouvindo as risadas de fundo que ecoavam na sala.

Hiasu observava a cena com atenção, percebendo que tudo seguia o enredo conhecido do Kakashi Gaiden. As engrenagens do mundo pareciam girar de forma natural, como se o destino já estivesse traçado desde o começo.

A garota havia sido cuidadosa nas últimas semanas, evitando grandes movimentos que pudessem alterar o curso dos eventos. Era natural que as coisas não fossem tão imprecisas ou diferentes do que havia sido mostrado no anime.

Mas apesar de conhecer o desfecho da história, Hiasu sentiu uma pontada de empatia por Obito. Aquele garoto não merecia ser humilhado daquela maneira, e ela se perguntou se poderia fazer algo para ajudá-lo. Não que ela realmente fosse fazê-lo, é claro. 

❍❍❍

Algumas semanas já haviam se passado desde que Hiasu ingressara na academia, e os eventos que se desenrolavam na escola eram exatamente como havia sido mostrado no arco do Kakashi Gaiden, com algumas mínimas alterações. 

Isso trazia certa tranquilidade à assalariada, pois se tudo estava indo de acordo com seu conhecimento prévio, significava que os vários personagens desconhecidos, também apelidados como "cartas coringa", não tinham qualquer influência sobre o mundo e pareciam seguir as entrelinhas do roteiro original. Pelo menos por enquanto.

Contudo, Hiasu não podia confiar apenas nos seis olhos, da mesma forma que não podia se dar ao luxo de confiar nas habilidades do Gold Experience Réquiem, as quais nem mesmo sabia se teria acesso. Seu único poder real era justamente o conhecimento obtido por ter assistido ao anime e ter tido curiosidade suficiente para pesquisar a respeito da franquia Naruto.

Mas ela sabia que não podia ser complacente. O conhecimento do futuro era sua principal arma, um fato incontestável, e ela precisava usá-lo para se preparar para o pior cenário possível. Não posso ser otimista desde o começo. O máximo que posso fazer é aproveitar o conhecimento do futuro e me preparar para o pior cenário possível.  Concluiu ela.

O arco do Kakashi Gaiden não era a melhor referência. Seus acontecimentos possuíam um intervalo de tempo desconhecido, já que se tratavam de vários flashbacks que criavam uma retrospectiva narrativa dos fatos precedentes à linha do tempo original da obra. Claro, era possível distinguir os períodos de tempo citados, mas não era algo tão simples de se fazer e também não haveria resultados precisos o suficiente para deixá-la confortável.

Além disso, Hiasu não era uma viciada em animes que conhecia tudo sobre o universo de Naruto. Ela não pôde se dar ao luxo de jogar suas responsabilidades empresariais para seus subalternos e passar horas a fio assistindo e jogando games do referido anime. Foi exatamente isso que você fez! Disse a voz em sua cabeça, lembrando-a da sua própria irresponsabilidade.

Recentemente, os eventos mais básicos do arco começaram a ocorrer. Uma competição de arremesso de ferramentas ninja foi realizada e Kakashi obteve nota máxima, tornando-se a estrela da turma!

A proficiência de Kakashi em arremesso de ferramentas ninja era notável e estava acima da média esperada para sua turma! Para Hiasu, isso não era algo inesperado, afinal, ele era filho do lendário Canino Branco de Konoha, uma lenda entre os ninjas de Konohagakure e frequentemente comparado aos lendários sannins da folha.

Hiasu sentiu inveja. Se ela tivesse nascido em uma família de prodígios, talvez tudo pudesse ter sido mais fácil para ela. Mas em vez disso, nasceu em uma família aleatória.

Obviamente, também houve uma sessão de treinamento de taijutsu. E, mais uma vez, o garoto grisalho brilhou ao derrotar um dos membros do clã Uchiha, Uchiha Obito. Foi uma batalha rápida, mas o nível de taijutsu utilizado pelo prodígio foi suficiente para arrancar elogios de todos que assistiam ao duelo.

Claro, tratando-se de Kakashi, uma mera demonstração de puro taijutsu não era o suficiente. Então, o pirralho demonstrou ter conhecimento do jutsu de substituição do corpo, atraindo ainda mais atenção para si mesmo.

Nada fora do roteiro e dos limites dos personagens abençoados!

Nessas duas modalidades, Hiasu também se destacou dos demais estudantes. No lançamento de ferramentas ninja, ela escolheu arremessar Senbons, uma ferramenta semelhante a palitos de churrasco metálicos. Sua proficiência com a ferramenta foi boa o suficiente para ela se igualar ao garoto de cabelos grisalhos.

Bem, ela não acertou todos os alvos, mas isso era IRRELEVANTE! Se tivesse usado Shuriken, como a maioria da turma, ela definitivamente poderia ter acertado todos os alvos! Sim, definitivamente…

Certamente, se tivesse treinado o suficiente, ela também poderia realizar arremessos tão precisos quanto ele. Sim, certamente! Pensou Hiasu, tentando convencer a si mesma de que não havia negligenciado seu treinamento de arremesso de ferramentas ninja.

Era lamentável, mas ela nunca foi adepta ao trabalho físico e os velhos costumes ainda se faziam presentes neste novo mundo. Os mais comuns eram: "eu posso treinar isso amanhã", "eu lavo os pratos na próxima semana", "eu levo o lixo na próxima semana também", e assim por diante.

Por outro lado, a competição de taijutsu se mostrou um grande desafio para ela. Seu corpo ainda não era totalmente desenvolvido e, portanto, não conseguia acompanhar o ritmo dos demais alunos, que, inclusive, eram um pouco mais velhos do que a assalariada.

Hiasu não possuía qualquer experiência em luta e, o que era ainda mais desafiador, não tinha um clã para apoiá-la. Ela não possuía esse PRIVILÉGIO. Portanto, não foi surpresa quando sofreu uma derrota para um personagem desconhecido que, pelo símbolo do clã, deveria ser um Uchiha qualquer, cuja existência não era relevante para o enredo principal.

Apesar disso, Hiasu demonstrou habilidade ao se esquivar dos ataques do oponente, perdendo apenas porque a luta se estendeu por muito tempo e a exaustão a venceu. Isso está sendo mais difícil do que eu imaginava. Pensou Hiasu enquanto colocava um bento sobre a mesa.

"Hiasu-san, você está bem?" Perguntou Rin, que estava sentada ao seu lado. Elas haviam saído juntas da sala para almoçar.

"Estou bem, Rin." Respondeu Hiasu, prolongando o tom da resposta. Depois da derrota anterior, Hiasu intensificou seus treinamentos enquanto tentava manter sua rotina de estudos e deveres no orfanato em dia. Ela também se esforçava para desenvolver seu jutsu de selamento. Seu pequeno corpo estava exausto, e mesmo com a venda cobrindo seus olhos, não era difícil perceber as grandes olheiras sob eles.

"Hm... Você parece cansada." Comentou Rin, preocupada com a amiga. "Deve ser impressão sua. Eu me sinto ótima! Uaah…!" Respondeu Hiasu, bocejando.

"Você obviamente está mentindo, Hiasu-san. Estou ficando preocupada com você." Afirmou Rin, mantendo o olhar preocupado.

Por algum motivo, Rin começou a chamá-la de 'Hiashi-san', o que não era ruim, mas Hiasu não era mais Ayami, uma profissional bem remunerada. Agora, era Hiasu, uma criança de quatro anos, alguns centímetros mais baixa que Rin. Não queria que a amiga a tratasse de maneira formal, já que supostamente eram amigas. 

"Eu já disse que pode me chamar apenas de Hiasu, Rin. Não há motivos para formalidades entre nós. Somos amigas, afinal." Disse Hiasu, encarando o rosto de Rin.

"Bem… Você é tão madura que acabo esquecendo que temos quase a mesma idade, Hiasu-San." Explicou Rin. Realmente... Pensou Hiasu, observando o ambiente ao redor.

O intervalo era um dos raros momentos em que as crianças podiam interagir umas com as outras. Desde os primeiros dias de aula, várias facções haviam se formado, criando diferentes grupos de crianças espalhados pelas instalações da academia. 

Muitos aproveitavam esse tempo para conversar sobre os mais variados assuntos. As meninas pareciam discutir sobre coisas triviais, como quem era o menino mais bonito da turma e quem namoraria Kakashi, enquanto os meninos, ainda mais imaturos, conversavam sobre bobagens sem sentido. Não valia a pena nem mencionar um de seus grandes debates.

Comparada com essas crianças, Hiasu parecia mais do que madura para sua idade. "Agora que você tocou no assunto..." Ela murmurou, percebendo que era a mais responsável entre eles. "Ainda assim, me chame apenas de Hiasu. H-i-a-s-u..."

"Tudo bem, Hiasu-chan, não fique brava. Diga 'ahhh'. " Rin colocou um bolinho de arroz na boca de Hiasu com um sorriso provocador.

Será que estou sendo uma piada para ela? Pensou Hiasu, mas não recusou a comida. De alguma forma, ela tinha feito amizade com Rin, mas não planejava ser influenciada pelo contato que fazia com as pessoas deste mundo. 

Seu ciclo de amigos em seu mundo anterior era quase inexistente, e o mundo ninja era um lugar frio e cruel, onde a maldade e a traição estavam sempre presentes. Hiasu sentia pena do futuro de algumas pessoas, mas se houvesse uma maneira de ajudá-las sem colocar o futuro em risco, ela faria isso.

"O que foi, Hiasu? Você ficou séria de repente...", murmurou Rin, inclinando a cabeça em confusão pela súbita mudança de humor de Hiasu.

"Não é nada! Só estou irritada com este mundo ridículo!" Exclamou Hiasu, começando a comer freneticamente.

"Ei, este é meu bento!" Rin lutou contra as pequenas mãos de Hiasu. "Me deixe comer essa carne! Eu preciso desses nutrientes mais do que você!" Disse Hiasu, que estava perdendo a disputa devido à sua baixa força física.

Sim, aquela era a orgulhosa assalariada japonesa que havia pisado em vários funcionários para chegar ao topo. O que ela poderia fazer? O bento dado a ela pelas freiras consistia apenas em algumas variedades de batatas! Batatas! Orgulho? Ela já havia perdido isso há muito tempo. No momento, ela estava seguindo o mais antigo dos instintos humanos: a fome.

Depois de muita luta - na verdade, quase nenhuma - as garotas chegaram a um acordo. "Ok. Vamos dividir nossa comida." Rin juntou os dois bentos.

"Rin-sama..." Hiasu estava emocionada até as lágrimas.

Orgulho? Isso a alimentaria? Iria livrá-la dessa porção de batatas? A resposta é não. Se fosse possível, ela se ajoelharia diante de Rin e se curvaria por comida. 

O diálogo das duas garotas foi abruptamente interrompido pelo barulho de um grupo de garotas que cercavam outro estudante. Elas se aglomeravam em volta dele, disputando sua atenção e demonstrando uma completa falta de decoro. 

"Kakashi-kun, você não quer lanchar com a gente?" Provocou uma delas. "O que? Ele vai lanchar comigo!" Retrucou outra. "Do que vocês estão falando? Ele vem comigo!" Insistiu uma terceira. A discussão foi esquentando, com cada garota tentando provar que merecia a atenção do garoto em questão.

Hiasu sentiu-se incomodada com a cena, incapaz de explicar o motivo para as garotas. Era simplesmente vergonhoso e ridículo, uma situação que poderia ser engraçada em um anime, mas na vida real era apenas constrangedora.

Enquanto isso, Kakashi desapareceu sorrateiramente, escapando da situação desagradável criada pelas garotas.

Rin, por sua vez, observava a cena com um olhar apaixonado. "Kakashi-kun é incrível." Murmurou ela para Hiasu.

A assalariada não pôde deixar de notar o olhar de Rin e soltou um sorriso provocativo. "Então você gosta dele, hein?" Perguntou ela.

"N-não é isso!" Gaguejou Rin, enrubescendo.

Hiasu sabia que crianças eram previsíveis e deixou escapar um elogio sincero: "Mas de fato, ele é incrível".

Rin ficou surpresa com o comentário de Hiasu e se perguntou se ela também gostava de Kakashi.

"Não se preocupe, Rin. Eu não tenho interesse em nenhum garoto em específico." Garantiu Hiasu, virando o rosto para olhar para a garota.

Rin ficou chocada com a precisão de Hiasu e recuou um passo, criando um escudo com as mãos. "Você leu minha mente?!" Exclamou ela.

"Você é muito óbvia, Rin. Mas esse é apenas seu primeiro amor, provavelmente haverão muitos outros." Aconselhou Hiasu, um pouco desconfortável com as próprias palavras.

Rin ficou envergonhada com a sugestão de que havia outros amores em seu futuro e berrou para Hiasu, chamando-a de "Idiota."

Ignorando o ataque de Rin, Hiasu sorriu e elogiou a carne que havia comido no almoço. "Traga mais amanhã." Pediu ela.

"Sim..." Respondeu Rin, ainda envergonhada, mas satisfeita por ter recebido um elogio de sua amiga.

❍❍❍

Depois de uma tarde exaustiva estudando o jutsu de substituição do corpo, Hiasu finalmente estava livre! Ela não odiava estudar, mas algumas informações simplesmente não entravam em sua cabeça. Era como se fossem além do senso comum do seu antigo mundo, mas isso não significava que ela estivesse atrasada em relação aos outros estudantes. Pelo contrário, ela estava muito adiantada na teoria.

No momento, Hiasu caminhava tranquilamente pelo pátio da academia. De acordo com seu professor, o jutsu de substituição do corpo consistia em substituir seu próprio corpo por algum outro objeto, geralmente um tronco de madeira, no momento em que houvesse uma pausa no ataque do inimigo. Um truque básico! Mas Hiasu conseguia imaginar muitas formas criativas de usar o jutsu.

O dia estava estranhamente tranquilo até que ela avistou uma pequena aglomeração de estudantes numa área mais isolada do prédio da academia. "Tire suas mãos dele, idiota!" Berrou o garoto de cabelo roxo.

Assim que ouviu a voz irritante do garoto, Hiasu reconheceu imediatamente como a de um de seus "irmãos" do orfanato. Era Daret. O que esse idiota está fazendo? Pensou Hiasu, arqueando sua sobrancelha.

Com passos pesados e audíveis, Hiasu começou a acelerar a caminhada. Ainda irritada com seu suposto irmão, ela já estava imaginando o soco que daria no garoto. O motivo para isso? Eles tinham um acordo. Se os garotos não se metessem em confusão, ela faria vista grossa sobre certos acontecimentos no orfanato, como quem quebrou o caro vaso do escritório de Ferda.

No entanto, quando se aproximou o suficiente, Hiasu percebeu que um estudante do terceiro ano da academia segurava Mieli pelo colarinho. Hiasu estranhou a cena, já que o garoto em questão era calmo e passivo. No outro extremo, estavam Daret e Saneli, que eram segurados por outros dois garotos.

Mieli não parecia ter intenção de resistir ao seu oponente. Na verdade, se possível, ele gostaria que o estudante lhe desse um soco e acabasse com isso rapidamente. Seus olhos quase cobertos por seus cabelos negros estavam fixos em uma direção específica. Hiasu...

O garoto desviou os olhos para o lado oposto. Ela vai me bater! "Pode acabar logo com isso?" Ele murmurou. "Se possível, por favor, não me bata no rosto. Não quero que a Ferda-san se preocupe comigo. Se não for pedir demais, peço para que não bata na minha cabeça também. Alguém provavelmente já vai fazer isso..." Murmurou Mieli, fechando os olhos.

"Hã? Desgraçado, você tem coragem... Está brincando comigo? Acha que vou deixá-lo ir com tão pouco depois do que você falou?" 

"Desculpe-me por chamá-lo daqueles nomes feios. Eu não esperava que você tivesse uma audição tão boa. Me desculpe." Disse Mieli com um olhar cansado.

O estudante bufou e estava prestes a socar a cara de Mieli, quando uma garota muito menor apareceu.

"Ei, bolo fofo. Largue-o. Bater nele não vai fazê-lo ficar mais bonito ou magro. Na verdade, nem mesmo se você nascesse de novo! Não tem jeito, você é feio que dói." Disse Hiasu, dando ênfase à suposta feiura do garoto.

O garoto caminhou na direção de Hiasu, largando Mieli.

"O que você disse?!" Exclamou o garoto.

"Além de feio, é surdo?" Perguntou ela, com um sorriso debochado.

Normalmente, Hiasu não se envolveria em discussões de seus irmãos, mas Mieli não era alguém que se envolvesse em confusão com facilidade. Era provável que o terceiranista tivesse feito algo que o deixou irritado o suficiente para agir dessa forma. Ainda assim, ela iria dar um soco em cada um deles mais tarde.

"Tampinha… Não vá se arrepender depois! Tome isso!" Berrou o valentão.

Seu punho fechado se movia na direção do rosto de Hiasu. Mas, aconteceu que o ataque do garoto parecia se mover em câmera lenta. A percepção visual de Hiasu estava totalmente focada em seus arredores, de modo que tudo parecia estar acontecendo mais devagar. 

A destreza mental dos seus seis olhos podia transformar um momento na realidade em mais de um minuto dentro do cérebro do usuário, não que Hiasu planejasse ir tão longe. Isso funcionava perfeitamente em conjunto com a visão aprimorada dos seus seis olhos, o que lhe permitia calcular as posições de tudo dentro do seu campo de visão de forma instantânea.

Que irritante… Contanto que esse garoto não me canse, eu acho que posso lidar facilmente com ele. O Uchiha só me venceu porque ele realmente era forte! Ela pensou.

Mas não parecia que o garoto pertencia a algum clã, o que significa… QUE VOCÊ, ASSIM COMO EU, NÃO TEVE O PRIVILÉGIO DE RECEBER TREINAMENTO ADEQUADO! Concluiu Hiasu com um sorriso doentio.

Ainda com um sorriso estampado em sua face, Hiasu habilmente desviou do primeiro soco do oponente, enquanto aproveitava a brecha criada pela esquiva para desferir um soco contra o maxilar do valentão.

No entanto, não havia brilho algum nesse estilo de luta, eram meramente movimentos superficiais que qualquer pessoa poderia replicar. Afinal de contas, ela ainda não era uma especialista em taijutsu.

Felizmente, o garoto não era tão habilidoso no taijutsu como ela havia previsto. Ele dependia exclusivamente de seu tamanho e força para intimidar crianças menores. Hiasu adorou saber disso, pois agora poderia facilmente se aproveitar da deficiência do garoto para fazer fama para si mesma.

No entanto, o soco de Hiasu não era tão pesado quanto o de um garoto da mesma idade. Sua falta de força era algo muito irritante e que constantemente a prejudicava. Infelizmente, treinar seu corpo ia muito além de simples exercícios físicos. No fim, ela era apenas uma criança.

Ayami suspirou profundamente ao perceber que o garoto ainda estava de pé. Seu objetivo desde o início não era derrubá-lo, mas sim acertar seu maxilar. Ela pôde vê-lo ficar levemente desorientado.

"Orfãzinha, eu vou acabar com você!" berrou o garoto ainda com a mão no local do soco, lutando para se manter de pé.

Hiasu afastou-se alguns passos, olhando para sua pequena mão avermelhada. Merda! Eu machuquei minha mão! Tá doendo demais! Pensou consigo mesma.

"Não diga bobagens, idiota!" Respondeu Hiasu irritada por ter machucado sua mão. Ela podia estar agindo de forma confiante, mas na verdade, ainda existia uma pitada de medo em seu coração.

Ayami, em sua vida anterior, encarou o mundo de cabeça erguida. Formou-se como primeira da turma, conseguiu um emprego em uma das melhores empresas do país e posteriormente acabou se tornando uma das representantes da mesma. Ela foi uma vencedora. 

Mas agora, ela era apenas Hiasu, uma órfã do país do fogo, sem qualquer tipo de treinamento ou grandes qualificações. Sua vida era uma página em branco e suas poucas ações escreviam uma nova história para si. Essa não era uma simples briga entre duas crianças da academia ninja. Era algo muito maior, muito mais significativo do que isso. Era um parágrafo em sua existência neste mundo!

Sua reflexão foi interrompida por uma dor aguda no interior de sua cabeça. Ela queria poder fechar os olhos para amenizar o máximo possível daquela dor, mas se o fizesse, estaria dando uma oportunidade para o seu adversário. Ela não iria fazer isso!

Minha cabeça começou a doer… O preço das habilidades destes olhos é muito alto! Afirmou Hiasu, começando a sentir os efeitos de utilizar os seis olhos.

Hiasu ainda estava convencida de que poderia vencer o valentão, mas tudo iria depender de quanto a luta se prolongasse. Ela olhou para Mieli, buscando seu apoio, mas o garoto estranhamente desviou o olhar. Esse merdinha pretende me deixar lutar sozinha?! Pensou Hiasu, irritada.

Doron não era idiota. Ele já estava no terceiro ano da academia, o que significava que já havia estudado tudo que Hiasu estava vendo. Naturalmente, ele conseguia distinguir os novatos mais fracos dos mais fortes. Ele podia dizer com total certeza que Hiasu, fisicamente, era fraca.

Ainda assim, essa nanica tá sorrindo como se estivesse gostando da situação. Doron pensou, cerrando o punho.

"Ei, qual o seu nome?" Perguntou Doron.

Hiasu agiu o mais respeitosamente possível, apesar das provocações feitas anteriormente. "Hiasu. E você?" Perguntou ela, depois de se apresentar.

"Doron Akegayama." Respondeu o garoto.

Hiasu não conhecia nenhum clã com aquele nome. Era provável que ele fosse apenas um estudante comum de Konoha.

"Então, Doron. O que me diz de mandar seus amigos soltarem os me-meus irmãos?" Perguntou Hiasu, olhando na direção de Daret e Saneli.

"Se eles me pedirem desculpas, eu irei deixá-los ir." Disse o garoto, desviando o olhar.

"Ei, peçam desculpas!" Exclamou Hiasu, encarando as três crianças.

Hiasu percebeu que não queria se meter nos problemas dos outros ao perceber o clima estranho ao redor de seus irmãos. O primeiro a se posicionar contra foi Daret. "Por que eu deveria pedir desculpas para esse idiota? Eu não tenho culpa se ele toma todo o espaço dos corredores!" Bufou Daret, demonstrando sua aversão ao garoto.

"Por que eu também tenho que pedir desculpas? Eu não fiz nada..." Murmurou Saneli, confusa.

"Doron, ela está dizendo a verdade?" Perguntou Hiasu.

"Ela ficou rindo de mim!" Explicou Doron.

"Hiasu, por que você está acreditando nele?!" Exclamou Saneli, chocada.

"Quem não conhece vocês que compre! Mas e quanto ao Mieli?" Perguntou Hiasu, ainda chocada com o envolvimento do introvertido do trio.

"Ele me chamou de rolha de poço e balde de banha. Mas pelo visto, ele não esperava que eu fizesse uma leitura labial de suas palavras." Disse o garoto, confiante em suas habilidades.

Hiasu pensou que era esperado de um terceiro anista.

Hiasu olhou para Mieli com um misto de decepção e raiva. Ela não esperava esse tipo de comportamento por parte do garoto.

Mieli, por sua vez, sentiu um frio na espinha. Ele sabia que Hiasu não deixaria barato a atitude covarde de desviar o olhar em um momento como esse.

Com uma expressão séria no rosto, Hiasu tomou a palavra: "Eu peço desculpas, Doron-senpai. Mas poderia deixá-los ir? Eu prometo fazer com que eles sofram por isso! E também peço desculpas pelas minhas palavras de antes…" Disse Hiasu, curvando-se em sinal de humildade.

Doron, por sua vez, ficou um pouco constrangido ao ouvir Hiasu chamá-lo de 'senpai', seu rosto ficou levemente corado. "Hmmm… Soltem eles. Eu também peço desculpas por agir de forma tão violenta, Hiasu." Disse ele, desviando o olhar.

Hiasu assentiu, mas seu olhar demonstrava que ela ainda estava insatisfeita. "Parece que chegamos a um consenso. Quanto a vocês… É melhor estarem preparados." Disse ela, estalando os dedos enquanto cerrava o punho.

Depois de dar uma boa lição em seus irmãos, Hiasu despediu-se de Doron. Ela sabia que não seria ali que faria seu nome conhecido na academia, mas isso não a desmotivava. Hiasu estava determinada a se tornar a melhor ninja de Konoha, e para isso, ela estava disposta a enfrentar qualquer desafio.









Notas Finais


Peço desculpas pela ausência de novos capítulos nos últimos dias. Não foi por falta de tempo ou bloqueio criativo, mas sim porque comecei a ler outras histórias e acabei comparando-as com a minha. Foi um erro, pois me fez questionar a qualidade da minha escrita, enredo e história em geral. Isso me desanimou e acabei não escrevendo. No entanto, após refletir bastante, cheguei à conclusão de que mesmo que minha história não seja perfeita, posso melhorá-la com o tempo. Os comentários e elogios que recebi dos leitores foram o que me deu forças. Agradeço do fundo do coração a todos que estão lendo, avaliando e deixando suas opiniões sobre a história. Gosto de responder aos comentários e discutir ideias para aprimorá-la. Estou de volta, embora talvez não com a mesma frequência do início, mas prometo não demorar tanto como antes. Aguardem o próximo capítulo! O que acharam deste capítulo?


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