História Reflexo - Família

Louis estava apoiado na varanda do quarto de Harry no castelo. Depois de todo o acontecido na praça todos resolveram que era melhor velar o Rebel para descansar e no dia seguinte todos conversariam. Enquanto isso a rainha Anne e o rei Adam conversavam com Johannah para entender mais a situação toda e decidir os termos da prisão da mesma. Harry não desgrudava do menor nem por um segundo, havia passado a noite com ele dormindo e quando acordou ficou observando-o dormir, tinha medo de algo acontecer, assim como as outras pessoas e o próprio Louis. Ele tinha tanta coisa para entender, queria se desculpar com tanta gente. E naquela varanda ele refletia sobre o que falaria para seus amigos, como lidaria ou olharia para eles depois do que fez. Era tanta culpa e arrependimento que seu coração chegava a doer.

- Está tudo bem, babe? - Harry havia voltado para o quarto, tinha ido buscar água para o Rebel que dizia estar desidratado.

- Eu não sei, Hazz. - respondeu encostando a cabeça no parapeito onde respirou fundo tentando colocar os pensamentos em ordem.

- O que te aflige? - questionou o príncipe entrelaçando seus dedos com o do menor. 

- Eu ainda estou com medo. - suspirou. - E com motivo. Será que aquilo que estava em mim vai voltar? Eu não quero machucar mais ninguém.

- Quando eu acordei ontem e não te encontrei no quarto entrei em pânico. Nunca tinha sentido aquele tipo de medo, mas então eu vi a carta. Pensei "poxa, ele deve ter saído e deixou a carta avisando". Eu li ela com certo receio e cada palavra me machucava de um modo diferente. Eu chorei de medo, medo por você estar em perigo, medo por estar doendo tanto você ter ido, medo por nunca mais te ver. E quando eu li aquelas últimas palavras que diziam que me amava eu sabia, não importava onde você estava, não importava o que estava fazendo, não importava nada, eu iria te encontrar e te trazer para meus braços porque eu também te amo...

- Eu não quero que continue. - pediu Louis secando suas lágrimas. - Por favor, eu não aguento saber que você se machucou tanto por minha causa.

- Eu não quero colocar isso como um peso sobre você. - Harry abraçou a cintura do Rebel que desviava os olhos a cada segundo. - O que eu quero dizer é que qualquer coisa pode vir para cima de nós, mas estando juntos, nada nem ninguém vai nos derrubar.

- Promete?

- Eu prometo. - sussurrou dando um selinho no menor.

- Eu ainda tenho que falar com todos. - respirou fundo sem sair do aperto do namorado.

- Nós vamos passar por isso juntos. - sorriu mostrando suas covinhas. - Eu estarei sempre com você.

- Promete?

- Prometo.

- Parece que "promise" é o nosso "okay". - brincou Louis recebendo uma gargalhada do maior que beijou sua tempora.

- Eu te amo.

- Eu te amo também. - e, com as mãos entrelaçadas, eles desceram as escadas para conversar com os amigos.

**

Estavam todos sentados em frente a Louis e Harry, amigos, familiares, conhecidos. Era um tanto vergonhoso olhar para todos eles, pensar no mau que os causou e agora pedir desculpas. Ele precisava ser forte, e iria.

- Eu não sei por onde começar, para ser sincero. Eu tenho tanta coisa para explicar que até fica confuso, e pode ser estranho, mas as coisas eram complicadas até mesmo antes de eu nascer. Em um resumo, eu fui amaldiçoado pela avó da Taylor, minha mãe passou todo o tempo dela tentando achar minha cura, mas toda magia vem com um preço. Ela se tornou má e assim se sucedeu minha vida. O que eu não esperava era conhecer Liam quando éramos crianças, ou conhecer todos vocês. Quando descobri sobre o livro que poderia ajudar minha mãe, eu surtei, era meu único objetivo durante um tempo. Mas então nós invadimos o castelo e eu conheci Harry e todos os Royals. Eles nos ajudaram, estenderam a mão e arriscaram suas vidas por uma meta que não tinha interesse para eles, apenas para curar uma vilã. Então coisas estranhas foram acontecendo, eu comecei a ver coisas e achei que estava louco, mas não. Depois que descobri que eu teria que morrer para salvar minha mãe eu hesitei, claro. Estava envolvido com Harry e tinha medo de deixar todos vocês. Só que quando aquelas três irmãs me mostraram que eu poderia ser um mau para todos, do que valia minha presença? Deixei aquela carta na esperança de em algum momento vocês me perdoarem, mas eu fui um covarde e ingrato por ter deixado todos. Só que quando eu descobri sobre meu passado e meu destino, tive medo de machucar vocês e decidi que seria o certo fazer um sacrifício. Mas eu não morri no processo, eu apenas ferrei com tudo, aquele poder maligno dentro da minha mãe ativou a maldição e eu sucumbi ao mau. Era como se minha humanidade tivesse sido desligada, por isso eu machuquei vocês. Se soubesse o quanto me envergonho disso, de ter ferido vocês e os atacado. Quando minha mãe usou a magia dela para me trazer os sentidos de volta, eu vi todos vocês. Nossos momentos juntos, vi o amor que tínhamos. Isso me trouxe de volta, porque eu soube que valia a pena estar com vocês acima de tudo. E se não fosse o beijo de Harry, eu jamais teria conseguido. Eu só tenho que me desculpar por tudo e acima de tudo agradecer, porque foram vocês que me salvaram. 

O silêncio se fez presente, todos estavam sem reação, até mesmo Harry não tinha muito o que fazer naquele momento além de dar suporte ao menor. Mas Zayn se pronunciou:

- Acho que digo por todos que não tem pelo que se desculpar. Você jamais quis que isso acontecesse, então não teve culpa. E nós estamos orgulhosos pelo tanto que você foi forte acima de qualquer mau. 

- Estamos com você. - Niall levantou e assim todos fizeram. - Afinal, temos carinha de mocinho ou coração de vilão?

- Se tem uma coisa que eu aprendi nesse tempo foi que ser Rebel não significa ser mau assim como ser Royal não significa sempre fazer o certo. - Louis sorriu. - Nós somos humanos acima de tudo, erramos e erramos. Mas nós tentamos nos redimir e é isso que importa. 

- Então nós somos Neutral. - brincou Harry e todos concordaram.

- Nós somos a nova geração desse reino, nós podemos decidir mudar esse estereótipo se quisermos. Podemos criar um lugar melhor onde não somos julgados por quem são nossos pais. - disse Liam entrelaçando sua mão com a de Zayn. - Afinal, somos Neutral.

- Felicite. - Louis chamou. - Sei que o que fiz com você não tem desculpas, mas eu queria que soubesse que eu sinto muito.

- Está desculpado. - ela sorriu para o menor que pareceu feliz.

- Eu estive pensando, Louis. - disse Johannah pela primeira vez. - Acho que nossa nova casa é muito grande para apenas duas pessoas.

- O que quer dizer? - Louis estranhou o que a mãe dizia.

- Será que Charlotte e Felicite aceitariam morar conosco junto com seus irmãos? - a expressão de surpresa das duas irmãs foi impagável. Elas estavam chocadas com a proposta. 

- Tem certeza? - duvidou Charlotte.

- Tenho. - as duas comemoraram ao ouvir tais palavras da mulher. Era a primeira família que iriam ter depois que sua mãe morreu.

- Obrigada. - disse Fizzy derramando algumas lágrimas. 

- Talvez esse final termine feliz. - sussurrou Harry no ouvido de Louis.

- Talvez. - os dois se beijaram felizes. Um estrondo foi ouvido e todos se viraram para a porta principal. Um homem grande e forte apareceu cheio de raiva encarando todos com ódio.

- Quem é ele? - perguntou Ed confuso.

- Gaston? - Harry sussurrou confuso. 

- Papai? - Lottie e Fizzy falaram confusas.

- Elas me pertencem, e não vai ser um garoto que se acha dono do mundo que vai mudar isso. - Gaston andou até às duas, mas Louis se colocou na frente criando uma barreira de magia em volta de todos.

- Saia daqui, antes que eu te tire a força. - a voz de Tomlinson estava pesada.

- Eu vim preparado para seus truques de mágico barato. - então o homem soltou um pó no ar que fez a barreira se desfazer. Assustado o menor se afastou pedindo desesperado:

- Corram, todos. - ele conhecia aquela magia, era a parte proibida do livro de sua mãe que nem mesmo ela havia usado. - Zayn, chame os guardas.

Todos começaram a correr desesperados, mas tudo parou quando ouviram o grito de Harry. Tudo se desfez naquele momento. Os olhos voltaram para Louis que estava parado no meio da sala, ele olhou para a própria barriga e viu algo que o assustou. Era uma espada atravessada em seu corpo. As vozes começaram a ficar distantes e confusas, assim como as coisas começaram a borrar. Mas ele entendeu muito bem quando Harry começou a falar consigo o segurando depois de ele cair no chão:

- Por favor, fique comigo. - sussurrou. - Eu não posso te perder de novo, dói demais. Eu preciso que você reaja, Louis eu confio em você. 

- Você tem olhos lindos. - sussurrou Louis sentindo suas lágrimas caírem ao que via as do maior cair também.

- Pare de falar como se fosse se despedir, você vai ficar aqui. - a sala ficou em silêncio vendo os dois. - Não vá, por favor, por mim.

- Sabe que eu nunca vou te deixar, não é? - Louis disse sentindo a dor se intensificar. - Porque eu te amo.

- Eu te amo mais que tudo, Louis. - e tudo ficou preto para Louis. 

- Ele está tendo uma parada cardíaca! - gritou o médico enquanto um enfermeiro tentava tirar Harry de dentro do quarto, vários outros enfermeiros se aproximavam para cuidar do namorado de Styles. O cacheado se debatia irritado e bravo querendo ficar com seu amado mesmo que entendesse a posição do homem que o arrastava para fora da sala. 

Antes que eles fechassem a porta Harry pôde ver o médico com o desfibrilador gritando "afasta" e depois os colocando sobre Louis. Duas tentativas depois o menor ficou ereto sobre a maca e com os olhos azuis completamente abertos ele gritou: 

- HARRY! - mas o maior não podia voltar lá, e enquanto esperava a angústia no corpo passar ele foi para a sala de espera onde seus amigos estavam. 

- Como ele está? - perguntou Zayn preocupado.

- Ele teve uma parada cardíaca, mas os médicos conseguiram estabiliza-lo. - garantiu o rapaz tentando demonstrar otimismo.

Sentados estavam Niall e Ed de mãos dadas cochichando entre si. O restante do pessoal resolveu esperar em suas casas para não lotar o hospital, mas estavam todos preocupados com o estado do garoto.

Tudo havia começado quando Niall deu a ideia de todos se reunirem em um bar para comemorar a pré-inauguração de sua balada. Todos aceitaram felizes, porém Harry disse que sairia do hospital mais tarde - ele havia herdado uma rede de hospitais de seu avô - e pediu ao namorado para ir primeiro que eles se encontrariam lá. Liam havia dito que estava tudo bem e que ele havia conversado com Tomlinson antes dele sair de casa, mas quando todos estavam reunidos no bar uma Mercedes foi acertada em cheio por uma Equinox monstruosa, curiosos eles foram ver se alguém havia se machucado. Foi então que reconheceram a Mercedes prata de Louis, logo ligaram para a emergência e Harry foi avisado. Deu entrada no hospital e estava lá a algumas horas. 

Na entrada Harry podia ver sua mãe entrando com sua irmã, ambas muito preocupadas. 

- Como ele está querido? - pediu Anne. - Saímos da empresa assim que soubemos.

- Obrigado, mãe. - respirou fundo puxando os cabelos. - Estou esperando alguma informação.

- Você é o dono disso aqui, pode muito bem ordenar que te deem notícias. - Gemma esbravejou.

- Não é assim que funciona. - Harry respondeu com calma. - Bem que eu queria que fosse.

- Ele vai ficar bem, meu amor. - sussurrou Anne abraçando o filho que se permitiu chorar nos braços da mãe. Ele merecia aquele momento.

**

- Senhor Styles. - chamou o médico responsável pelo caso, James Corden. Todos os amigos e familiares se aproximaram. - Louis está estável e acordado, ele parece muito bem. Apenas com o tornozelo torcido, fizemos alguns exames e Raio X, mas não encontramos nada de errado.

- Mas e a parada cardíaca? - pediu Styles.

- Não sabemos o motivo, mas ele parece incrivelmente saudável. - o médico garantiu. - Vamos fazer mais alguns exames amanhã, hoje ele precisa descansar.

- Obrigado, James. - Harry agradeceu lhe mandando um sorriso brilhante.

- É o meu trabalho. - retribuiu o sorriso. - Você pode ir vê-lo. 

A alegria no coração do maior foi indescritível quando, ao entrar no quarto, deu de cara com lindas safiras o encarando. Ele sorriu para o garoto que o observava, e sussurrou carinhoso.

- Amor. 

Mas sua resposta foi assustadora.

- Eu te conheço?

O choque bateu de frente com Harry que petrificou no lugar. Arregalou os olhos tentando processar a informação, mas estranhou quando Louis caiu na gargalhada.

- Estou brincando. - disse o enfermo. 

- Louis! - repreendeu ainda assustado, se aproximou da maca ficando próximo ao namorado que lhe encarava sorridente. - Eu te amo.

- Eu te amo mais. - respondeu puxando Styles para um beijo apaixonado. Ele estava com saudade daqueles lábios.

- Eu fiquei tão preocupado com o que aconteceu. Ver você chegando na ambulância foi como se tirassem meu chão. 

- Desculpe ser tão descuidado. - respondeu o menor recebendo carinho nos cabelos.

- A culpa não foi sua, o outro motorista estava em alta velocidade e bêbado. - Harry praguejou.

- Ele está bem?

- Quebrou duas costelas e o braço. - respondeu o maior sentando ao lado do namorado na maca. 

- Que bom, príncipe.

- Que tipo de apelido é esse? Você nunca me chamou de príncipe. - Harry perguntou se divertindo.

- Eu preciso te contar sobre o sonho que tive durante o tempo que estive desacordado. - a expressão do menor foi de extrema alegria.

A porta foi aberta revelando os amigos que entraram no quarto. Depois que todos abraçaram Louis e falaram sobre o acontecido, Niall começou:

- Sobre o que falavam antes de chegarmos? 

- Louis ia me contar do sonho que teve durante o tempo que esteve desacordado. - Harry abraçou o namorado pela cintura.

- Conte para nós. - pediu Liam.

- Então escutem. - decretou Louis. - Nós vivíamos no reino encantado, o mundo da Branca de Neve e Cinderela. Nós éramos filhos desses príncipes e princesas. Harry era filho da Bela e a Fera, Liam do Capitão Gancho, Zayn de Aladdin e Jasmin, Ed era filho de Ariel, Niall do Chapeleiro Maluco e eu da Rainha Má. Nós nos conhecemos no sonho tentando salvar minha mãe, a Rainha Má, e torna-la boa de novo. Até que começaram os namoros e problemas, tinha até um dragão. - todos riram. - Eu consegui salvar minha mãe, mas me tornei mau no lugar dela e quase matei vocês, mas Harry me deu o beijo de amor verdadeiro e me trouxe de volta. 

Zayn fez som de vômito. 

- Zayn, não vou te dizer que vi por webcam você e Liam transando. - provocou Louis vendo os amigos ficarem constrangidos. - Só que nesse mundo eu não era irmão das minhas irmãs, mas minha mãe resolveu adotar elas. Mas o pai biológico delas apareceu e nos atacou. Eu usei magia nele, mas ele era imune.

- Quem era ele? - perguntou Ed.

- Gaston. - Louis continuou. - Ele acabou me matando com uma espada. Foi uma cena triste, Harry me segurou no colo e disse para eu ficar com ele, disse que me amava. Eu respondi, mas acabei morrendo. Então eu acordei.

- Louis, quando você foi morto em seu sonho, você teve uma parada cardíaca aqui. - Harry disse impressionado. 

- Eu queria ter visto o final do sonho, você era um príncipe mocinho que namorava um vilão. Era um ótimo casal. - Louis disse decepcionado.

- Pergunta, por que vocês eram filhos de umas pessoas incríveis, mas eu era filho de um peixe? - Ed zombou.

- Sereias não são peixes. - retrucou Liam. 

E a discussão continuou, assim como as perguntas sobre o sonho maluco.